9/02/05

Espoliados & Retornados !

Da AEMO:

Artigo de opinião publicado no Jornal de Matosinhos, em 26.08.2005, pela pena de Francisco Junqueira:

Marcelo, os judeus de Gaza e os retornados do Ultramar.

Na habitual conversa com Ana de Sousa Dias, na RTP, no último sábado, Marcelo Rebelo de Sousa, que apostou, de novo, forte, na candidatura de Cavaco Silva, vaticinando-lhe uma vitória que nem Manuel Alegre nem Mário Soares, a candidatarem-se, serão capazes de evitar, criticou algumas das afirmações do fundador do Partido Socialista, ao responder ao entrevistador António José Teixeira, relativamente à displicência com que aquele encara a necessidade de o futuro presidente da República possuir vastos e bem alicerçados conhecimentos de economia, lembran­do, a propósito, Marcelo, ter dito, Soares, que não tinha culpa de estar com 81 anos, retorquindo-lhe que também, os portugueses, nomeadamente os eleitores, desse facto muito menos culpa têm -ressaltando as condições exigidas para que alguém possa ser proposto à mais elevada magistratura da Nação - exíguas, na verdade, e até ridículas, diremos nós.
Tempo, ainda, para comparar a saída, à força, dos judeus, pelas tropas israelitas, dos colonatos onde viviam desde há 38 anos, aí fixados, estimulados, incentivados e ajudados pelos diversos governos que sempre acreditaram na construção de um Grande Israel bíblico, e consideravam, os territórios, historicamente parcelas que cumpria anexar em definitivo - contra evidências, violências, ventos, e marés - tal qual aconteceu aos pejorativamente acoimados de "retornados" das antigas Províncias Ultramarinas Portuguesas.
Esqueceu-se, Marcelo Rebelo de Sousa, que, jovem estudante, visitou o Ultramar, era, seu pai, governador-geral de Moçambique - e o general Kaúlza de Arriaga, comandante-chefe das Forças Armadas - de explicar em que é que é comparável a situação e a odisseia de uns e de outros.
Há diferenças abissais.
Ainda ninguém se dispôs a fazer uma digressão histórica comprovatória de que os territórios, ditos lusos, eram, antes da chegada dos navegadores, países organizados, com língua, com fronteiras, com um vínculo que unisse regulados, sobados, clãs, e muito mais, sem falar em estruturas básicas, inclusive invocando-se, amiúde, a escravatura -foram os portugueses a acabar com ela, em primeiro lugar, em todo o mundo (e o Padre António Vieira, nisso, foi pioneiro), assim como com a pena de morte, nessa análise, avultando a factualidade da época, a gesta protagonizada à sombra da Dilatação da Fé e do Império, sendo, os portugueses, os mais benignos, os mais humanos, os mais solidários, os mais respeitadores, os menos rapaces, dando, aqui, lições à Inglaterra, à Itália, à Alemanha, à Holanda, à França, à Espanha, aos Estados Unidos da América.
Na comparação ao episódio da expulsão dos hebreus de Gaza, há, na realidade, similitude, até na intervenção das forças judias contra compatriotas seus, no respeitante ao comportamento dos militares portugueses, que em nada ficaram desfavorecidos na brutalidade, na desumanidade, na obediência cega a chefes que ora, anchos, com o país a arder, alcandorados a principescas mordomias e reformas chorudas, vêm crescer as panças, num culto vesgo a Epicuro, a Sade, a Dionísio, ao Ventre, morada, oirescente, do seu Deus, segundo os moralistas do velho Lácio.
Os judeus, extraditados, não regressaram de mãos a abanar.
Os portugueses vieram com uma mão à frente e outra atrás - não ao cabo de 38 anos, mas de mais de 5 séculos! -, e continuam, vítimas inocentes da cupidez, à margem do que lhes é devido, entregues ao Deus-Dará, ostracizados na página mais negra da História de Portugal -à espera que, um dia, já no outro mundo, se faça justiça.
A História, às vezes, repete-se.
Vergonhosamente.
Tristemente.
Soando lugubremente, o aviso de Camões, saciado, à míngua, pelo escravo Jau, a ferretear os protagonistas desse crime:
- "Entre portugueses, traidores houve (há) algumas vezes."
AEMO - ASSOCIAÇÃO DOS ESPOLIADOS DE MOÇAMBIQUE
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9/01/05

Sida em Moçambique - Assustador...

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Quinta-feira, 01 de Setembro de 2005.


Cerca de mil polícias morrem de SIDA por ano em Moçambique

Maputo - Cerca de mil agentes da polícia moçambicana morrem de SIDA por ano, uma situação que afecta a capacidade operativa da corporação, revelou quarta-feira o ministro do Interior de Moçambique, José Pacheco.

Ao intervir na assembleia-geral dos Serviços Sociais do Ministério do Interior, o ministro reconheceu que o impacto da SIDA está atingir o esforço de combate à criminalidade no país e a atrasar o objectivo de aumento dos recursos humanos.

Descrevendo a situação actual do HIV/SIDA em Moçambique como uma "emergência nacional", José Pacheco frisou que a abordagem do problema "exige uma profunda reflexão". O ministério do Interior moçambicano recomendou recentemente aos oficiais da polícia a realização de testes da SIDA, mas a iniciativa suscitou uma reacção negativa por receio de que os resultados dos exames pudessem ser usados para marginalizar os visados.

A SIDA é um dos maiores problemas de saúde pública em Moçambique, com os últimos dados a indicar que cerca de 16 por cento da população pode estar infectada pelo vírus e que perto de 500 pessoas são contaminadas por dia.

Apesar dos elevados recursos financeiros destinados ao combate à doença nos últimos anos, o ministro da Saúde de Moçambique, Ivo Garrido, admitiu recentemente que as estratégias de luta contra o vírus do HIV/SIDA implementadas até ao momento foram um "fracasso".

- Realmente assustador !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!