7/29/06

II FNCMT: Um apontamento de Glória de Sant'Anna a respeito do Estádio de Pemba.


Muito me alegrou ter visto transmitido na televisão um trecho do Festival Nacional da Canção e Música Tradicionais de Moçambique no Estádio de Pemba.
Aquele estádio foi projectado e orientada a sua construção pelo Arquitecto Andrade Paes, aquando da visita do Presidente da Répública de Portugal - General Craveiro Lopes - A Pemba (naquela época chamada Vila de Porto Amélia, a fim de ser aquela Vila elevada a Cidade).
A construção do estádio, gerou um movimento muito simpático de solidariedade, pela disponibilidade dos que se juntaram (trabalhadores e outros) para gratuitamente colaborarem com esforço de trabalho e oferta de materiais, sem qualquer outro encargo.
Porto Amélia (cujo nome foi posto pelo Rei de Portugal D. Carlos I em honra de sua Mulher a Rainha D. Amélia) - o historiador Ungulana Ba Ca Cossa sabe isso com certeza -.
Porto Amélia ( Pemba ) dizia eu, era nessa altura uma povoação sossegada.
Nesses festejos de elevação a cidade, o Estádio foi estreado à noite com grupos de batuque e a assistência de altas individualidades.
O Arquitecto Andrade Paes pintou um mural simples na parede exterior à entrada do estádio.
Muito me apraz que o trabalho dos que deram longos anos da sua vida com humanismo e generosidade, seja agora ainda mais valorizado pela alegria dessa gente dançarinos e cantantes movimentando-se para o futuro dessa terra bendita de Moçambique.

Glória de Sant'Anna - 29/06/2006

II FNCMT: Participantes macharam em Pemba.


A corresponder com o lema do Festival Nacional de Canção e Música Tradicional, "Celebrando a Diversidade Cultural Livres do HIV/SIDA", os mais de 300 artistas participantes, marcharam ontem, nas artérias da capital provincial de Cabo Delgado, para dizer "não à pandemia" e ouviram o que dizem as pessoas vivendo com a doença, uma mensagem do quanto é necessário acatar as mensagens de prevenção, o seu actual sofrimento e o apelo para que a sociedade não os discrimine.
"Estamos sujeitos a todas as críticas, os nossos direitos são constantemente violados. Verificamos, com muita tristeza, que as pessoas vivendo com o HIV/SIDA perdem os seus postos de trabalho, as mulheres são abandonados pelos seus maridos e familiares", denunciou o líder da associação CAERIA ("não se dizia", em língua emakwa), António Raímo, falando para todo o público, incluindo altos dignitários da nomenclatura política e governativa no nosso país, na Praça dos Heróis Moçambicanos.
António Raímo disse que o HIV/SIDA é uma realidade que cria embaraços no desenvolvimento de Moçambique, onde se notam, com amargura, crianças órfãs, vulneráveis, mulheres e homens viúvos e uma ainda presente discriminarão social, apesar de tudo o que o Governo e a sociedade civil fazem em contrário.
"Respeitem os nossos direitos, somos todos iguais e todos sujeitos à infecção pelo vírus do HIV/SIDA. Apelamos a cada um dos moçambicanos que tenha consciência da sua vida", clamaram os seropositivos.
António Raímo pediu à comunicação social um espaço gratuito para os seropositivos passarem a sua experiência de pessoas que já vivem com a doença, pois na sua opinião, é preciso fazer uma campanha de sensibilização, dado que a maioria dos portadores do HIV/SIDA não tem acesso aos anti-retrovirais.
Pediu esforços suplementares de todas as forças vivas da sociedade, incluindo, em primeiro lugar, o Governo, para que os anti-retrovirais sejam mais acessíveis, bem como advertiu que a falta de cuidados domiciliários, a nível nacional, faz com que, por exemplo, por falta de alimentos, aqueles abandonem o tratamento, do que resultam consequências trágicas.
Na tentativa de contornar este cenário, segundo António Raímo, a organização de que é chefe tem iniciativas visando o melhoramento da dieta alimentar, dando o exemplo de ter já, no posto administrativo de Miéze, arredores de Pemba, uma machamba de 10 hectares que nesta campanha está a produzir hortícolas.
Políticos e governantes foram ao pódio para apresentar as suas mensagens de apelo aos moçambicanos para a luta contra a SIDA.
O veterano Marcelino dos Santos, por exemplo, repetiu a mensagem do Presidente da República, Armando Guebuza, segundo a qual, "nós podemos acabar com o HIV/SIDA".
Mas seria o governador de Gaza, Djalma Lourenço que, de forma didáctica e pedagogicamente compreensível, e em três minutos, deu a lição, a partir de um adágio secular, segundo o qual, "vale a pena perder um minuto na vida do que a vida num minuto", para, mais adiante, explicar: "temos fogo em presença. Sabemos que queima. Temos agora é que escolher se pegamos o fogo para nos queimamos ou se evitamo-lo para não nos queimarmos".
PEDRO NACUO
Maputo, Sábado, 29 de Julho de 2006:: Notícias