12/03/06

HERÓIS ESQUECIDOS - Governo português vai rever subsídio que seria atribuído aos combatentes !


O Governo português prepara-se para rever o suplemento de pensão de reforma que iria ser atribuído aos antigos combatentes do Ultramar, segundo adiantou ontem o ministro da Defesa, Severiano Teixeira.
O responsável governamental fez estas declarações ontem de manhã, na Base Aérea nº 6, no Montijo, durante a recepção à força de fuzileiros da Marinha de Guerra e das tripulações dos C-130 da Força Aérea, que regressaram da missão no Congo.
Severiano Teixeira foi confrontado com as declarações do chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas, almirante Mendes Cabeçadas, que em entrevista ao DN/TSF levantou dúvidas sobre a capacidade financeira do Estado em cumprir com o suplemento da pensão de reforma para os ex-combatentes, uma promessa que considerou ser demagógica "Digo isto sem hipocrisia nenhuma.
Fiz três comissões, vi morrer, vi combater, mas o país não tem recursos para todos os problemas".
O ministro da Defesa esclareceu que o suplemento da pensão "é uma das várias questões que estão em cima da mesa e em que o Governo está a trabalhar".
Severiano não esclareceu em que sentido poderá avançar a decisão governamental, mas deixou fortes pistas "Naturalmente é preciso fazer opções porque os recursos não são ilimitados". Prometeu, no entanto, que a decisão final estará para "breve", que "há várias opções técnicas e estamos a estudar cada uma delas".
A ser assim será mais um motivo de discórdia com as associações e representantes de militares no activo e na reforma, uma situação que tem levado a protestos e à punição do sargento-morte David Pereira, vice-presidente da Associação Nacional de Sargentos, que começou a cumprir na quarta-feira cinco dias de detenção, determinados pelo chefe de estado-Maior da Armada.
O tribunal administrativo de Leiria determinou a suspensão do cumprimento da sanção, que não foi, no entanto, acatada pela Marinha. Severiano Teixeira, no entanto, deixou bem claro que a "competência disciplinar das Forças Armadas é das chefias militares e o ministro da Defesa não tem que comentar", parecendo dar assim razão à decisão da chefia da Armada.
Assim não o entende, no entanto, a Associação Nacional de Sargentos (ANS), que ontem à tarde entregou uma petição na Presidência da República e elaborada por David Pereira, "solicitando a S.Ex. o Presidente da República e comandante Supremo das Forças Armadas, que no rigoroso cumprimento cumprimento das responsabilidades que lhe estão cometidas faça prevalecer os despachos" judiciais para suspensão da medida disciplinar.
Mas a crer na resposta de Severiano Teixeira é de crer que a solitação junto da Presidência não venha a surtir efeito.
O ambiente de tensão que se vive nas Forças Armadas em vários escalões não se limita, no entanto, às questões profissionais e de direitos, uma situação criada na sequência da divulgação pública de uma carta de Mendes Cabeçadas ao ministro da Defesa, onde dava conta das preocupação das chefias face à forma como o poder político estava a gerir os cortes nos direitos. No entanto, Mendes Cabeçadas continua no entanto preocupado com a forma como a carta chegou à Comunicação Social "Não levanto suspeição nenhuma, eu sei como apareceu".
O ambiente parece, de facto, confuso, numa altura em que se preparam também mudanças na chefia do Exército e talvez igualmente da Força Aérea.
E nem uma nem outra foram publicamente esclarecidas.
Uma missão reservada.
A força portuguesa que regressou do Gabão, no âmbito da monotorização das eleições no Congo, era constituída por unidades especiais do Corpo de Fuzileiros e tripulações de C-130 e foi realizada no âmbito da União Europeia.
E o facto de grande parte desses elementos ser constituída pelo Destacamento de Acções Especiais justificou que na Base Aérea do Montijo, a maioria dos militares recém-chegados de África viessem encapuzados.
Foi uma medida de precaução face à presença da comunicação social, para não divulgar o rosto de homens que muitas vezes são usados em missões, no mínimo, de carácter reservado.
Mais uma vez assim aconteceu, tanto que o ministro da Defesa saudou a capacidade dos militares em realizar algumas missões de carácter complexo, mas sem deixar escapar qualquer pormenor.
E o mesmo aconteceu com o comandante da força especial, um total de cerca de 30 homens, que admitiu algumas dificuldades na realização de determinadas missões, mas recusando também entrar em elementos concretos. É que a força portuguesa estava também integrada num módulo de operações especiais, algo que não é comum, mas que reforça a reserva da missão.

Carlos Varela - 3-12-2006 - Jornal de Notícias
Via - Grupo MSN "BarreirenseI.Costa"

12/01/06

Cabo Delgado-Caju, riqueza roubada por tanzanianos...


Tanzanianos contrabandeiam castanha de caju.
A Direcção Provincial de Agricultura de Cabo Delgado, através dos Serviços Provinciais do Caju (SPC), acusa comerciantes informais tanzanianos de estarem a participar ilegalmente no processo de compra de castanha de caju a produtores dos distritos nortenhos de Cabo Delgado, sendo o produto, posteriormente, contrabandeando para o país vizinho.
Segundo o chefe dos Serviços Provinciais do Caju (SPC), Adelino Tadeu, o fenómeno deve-se à fragilidade de controlo nas zonas fronteiriças, resultando na saída ilegal de castanha de caju da província.
Não há muito tempo, eram os produtores moçambicanos que levavam a castanha para a vizinha província tanzaniana de Ntwara.
Havia duas razões para isso: a falta de compradores no mercado local e o baixo preço praticado no acto da compra.
De acordo com Tadeu, a partir da campanha de comercialização da castanha de caju são comerciantes informais tanzanianos que invadem ilegalmente Cabo Delgado e fixam postos móveis de compra de castanha nas comunidades rurais dos distritos de Nangade, Mueda e Palma, escoando depois, no final da campanha, o produto para Tanzânia.
A monitoria
Felizarda Macome, engenheira dos Serviços do Instituto Nacional de Fomento do Caju (INCAJU) na província de Cabo Delgado, acredita que as quantidades da castanha de caju que a província regista anualmente no final de cada campanha de comercialização deste produto não correspondem à realidade. lsto porque há muita castanha que sai com os comerciantes informais das vizinhas províncias tanzaniana de Ntwara e moçambicana de Nampula.
Felizarda exemplificou que, nas campanhas anteriores, os comerciantes informais de Nampula montavam os seus postos de compra de castanha na ponte sobre o rio Lúrio, que separa a província de Cabo Delgado da de Nampula.
Estes postos foram desmantelados graças à intervenção dos governos provinciais.
Face a isto, optaram por entrar nas comunidades rurais de Chiure, Montepuez, Namuno, Balama, Mueda, Nangade e Palma, onde participam ilegalmente no processo de compra de castanha de caju.
A castanha comprada é escoada para Nampula.
O mesmo acontece com os comerciantes informais tanzanianos.
Estes compram nos distritos de Mueda, Nangade e Palma, havendo ainda casos em que estes estrangeiros montam postos de compra da castanha de caju nas margens do Rio Rovuma.
Para fazer face a esta situação, foi montado um sistema de monitoria envolvendo todos os intervenientes da cadeia produtiva de castanha de caju, desde a produção até à comercialização. Tudo para permitir uma forma articulada de recolha de informação sobre o processo de comercialização e as quantidades vendidas.
Actualmente foram treinados chefes dos postos administrativos, administradores e técnicos de agricultura.
Cada um deles tem a seu cargo a coordenação do controlo das quantidades comercializadas na zona.
Também junto das alfândegas e da guarda de fronteira, está a efectuar-se um trabalho de vigilância no sentido de impedir a saída da castanha de caju para a Tanzânia.
Essa vigilância está a ser efectuada nas travessias de Namoto, no distrito de Palma, Namatil e Negomano no distrito de Mueda, e Nangade.
Sualehe Saide, produtor da castanha de caju na Comunidade Rural Litingina, no distrito de Nangade, vende a sua produção na província tanzaniana de Ntwara devido aos bons preços da venda do produto naquela zona e à falta de mercado a nível local.
O administrador de Mueda, Leôncio Julai, vê na degradação das vias de comunicação do interior do distrito o principal entrave para a venda da castanha de caju naquela região.
Outra razão é a falta de mercado para a venda deste produto.
Recorde-se que Cabo Delgado prevê comercializar este ano 7 mil toneladas de castanha de caju, contra as 4 mil da campanha do ano passado.
A província conta apenas com duas fábricas de processamento de castanha de caju, uma localizada na cidade de Pemba e outra no distrito de Chiure.
SAVANA – 01.12.2006 - Via "Moçambique Para Todos"