2/07/07

Moçambique - Movimento "Amigos das Florestas".


Um conjuntos de cidadãos, provenientes dos mais diversos sectores da sociedade, preocupados com a situação de desflorestamento em curso no país, reuniu-se recentemente na cidade de Maputo, tendo tomado a decisão de unir esforços para, no próximo dia 21 de Março de 2007, organizar e realizar uma Marcha Comemorativa do Dia Internacional das Florestas, criando ainda aquele que será adiante designado como movimento "Amigos das Florestas".
Trata-se de uma forma de apelar à suspensão imediata do abate indiscriminado das florestas moçambicanas, exigindo, em alternativa, uma gestão sustentável dos recursos florestais.
Como se sabe, após dados tornados públicos recentemente, as nossas florestas estão a conhecer um ritmo imparável e assustador de destruição, conduzindo ao pior dos cenários num futuro que se receia bem próximo: um país sem floresta, tal como aliás já aconteceu em algumas nações africanas - Gana, Nigéria e Costa do Marfim.
A nossa madeira está a ser exportada a preço muito baixo para a China, sem que haja lugar a qualquer tipo de processamento, havendo lugar à violação de uma série de diplomas legais.
Há fortes indícios de práticas de corrupção por parte de alguns funcionários do Aparelho do Estado, bem como de operadores privados, nacionais e estrangeiros.
Mesmo os casos em que a exploração está a ser realizada nos termos do regime de concessão florestal, as notícias não são em nada animadoras, pois os concessionários, regra geral, actuam como os titulares de licença simples: cortam, procedem a um pseudo-florestamento para ingles ver, não instalam qualquer industria de processamento, não cumprem planos de maneio.
Para a província da Zambézia, por exemplo, calcula-se que dentro de 5 a 10 anos já não haverá floresta.
Para além deste caso, há registo de ilegalidades a ter lugar nas províncias de Cabo Delgado, Sofala, Nampula, Tete e Manica.
Nem as florestas sagradas das comunidades escapam.
A nossa madeira está a sair via porto (opção oficial), mas também clandestinamente, através, por exemplo, do rio Rovuma em direcção à Tanzania (opção não oficial).
Vigora a política do "corte e foge", pouco ou nada fica para as comunidades locais (salvo honrosas excepções), pouco fica para o país (muito mais ganharíamos se fizessemos uma gestão sustentável das florestas - teríamos desenvolvimento económico, desenvolvimento social e protecção do ambiente, os três pilares do desenvolvimento sustentável) e muito ganham aqueles que compram (a nossa madeira é processada na China, gerando postos de trabalho, e reexportada para diversos locais do mundo, gerando receitas bastante significativas).
Se nada fizermos de imediato, corremos o risco de vir a assistir às inúmeras consequencias de semelhante inércia: erosão, perda de biodiversidade, desertificação, alteração da hidrologia, alterações climáticas, etc.
Em termos conclusivos, o nosso comportamento está, directa ou indirectamente, a contribuir para a geração de mais pobreza absoluta.
Há que fazer qualquer coisa!
Por isso junte-se a nós, partilhando ideias, reenviando a informação, consciencializando o próximo e mobilizando toda e qualquer pessoa que queira viver num país com florestas protegidas.

Carlos Serra, jurista, membro fundador da Justiça Ambiental (Amigos das Florestas)

2/05/07

ÁFRICA - Disparidade tecnológica aumenta.


As conexões de banda larga com a Internet na África devem mais que duplicar até 2011, mas o continente está ficando ainda mais para trás do restante do mundo, porque os governos não estão promovendo a abertura de mercados e a redução de custos do setor.
As conexões de Internet de alta velocidade na África, incluindo DSL, WiMax e tecnologias sem fio como a telefonia móvel 3G, provavelmente chegarão à marca dos sete milhões até 2011, ante três milhões atualmente, de acordo com um recente relatório do grupo sul-africano de pesquisa BMI-TechKnowledge.
Esse total se compara a quase 70 milhões de conexões banda larga já instaladas na União Européia.
A disparidade significa que os serviços de banda larga continuarão inacessíveis para a maioria dos africanos, o que provavelmente limitará o investimento estrangeiro no setor.
"A África ficou muito para trás do restante do mundo, e parece que a disparidade só aumentará, a menos que alguma coisa seja feita", disse à Reuters Richard Hurst, co-autor do relatório e analista de telecomunicações na BMI.
Menos de um por cento dos africanos têm acesso a serviços de banda larga, devido a uma falta de conectividade internacional e a monopólios complexos, ante 22% dos norte-americanos e 30% dos europeus ocidentais, segundo Hurst. Mais de três quartos das conexões africanas de Internet são discadas.
Os norte-africanos são o grupo mais familiarizado com a Internet, no continente, porque os governos da região liberalizaram os setores de telecomunicações, enquanto os provedores de acesso à Internet têm acesso a diversos cabos submarinos de telecomunicações, graças à proximidade entre a região e a Europa.
Mas na África Oriental, a banda larga é virtualmente inexistente, porque não há cabo submarino que ligue a região ao resto do mundo, o que força os provedores locais a depender de conexões via satélite, dispendiosas e pouco confiáveis.
Os países da África Oriental deveriam estar construindo um cabo submarino, mas o projeto está paralisado. Embora outras empresas, entre as quais a indiana Reliance Communications, tenham expressado interesse em instalar um sistema rival de cabos, o projeto deve demorar.

Reuters - In Terra