3/22/07

O saque das florestas em Moçambique...


Florestas sagradas a saque.
As áreas madeireiras de conservação, consideradas sagradas, no país estão a ser ilegalmente exploradas na zona centro e norte, situação que está a contribuir, em larga medida, para a degradação do ambiente, disse a directora Executiva do Centro Terra Viva, Alda Salomão, abordada pela nossa Reportagem por ocasião do dia Internacional das Florestas, assinalado esta quarta-feira, 21 de Março de 2007.
A legislação moçambicana prevê, através do decreto número 10.99 de 7 de Julho a protecção das florestas e da fauna bravia, impondo multas e outras medidas coercivas aos que transgridem o preconizado na lei.
Em Moçambique existem cerca de 62 milhões de hectares de florestas, dos quais 30% está direccionada para a produção da madeira. 47% para áreas diversas e 11,5% para protecção.
Segundo dados obtidos no Centro Terra Viva a nossa floresta está a ser evadida e explorada a ritmos inconcebíveis por indivíduos desconhecidos. A associar com os dados desta organização, o relatório ambiental do Estado do Mundo 2005 refere que caso medidas não sejam tomadas, provavelmente até 2020 a província da Zambézia não tenha florestas.
Alda Salomão diz que é responsabilidade do Estado controlar este cenário, uma vez dispor de mecanismos próprios para o efeito.
Avançou, ainda, que o desflorestamento no país tem como diversas causas especificamente exploração florestal ilegal, queimadas descontroladas, agricultura não sustentável alterações climáticas e outras situações.
Outra causa mais seria ainda consiste na corrupção praticada por funcionários do Estado no sector, permitindo que grandes quantidades de madeira sejam cortadas e exportadas em forma de touros. Relativamente a exportação dados não confirmados indicam que existe na Zambézia touros prontos a serem exportados avaliados em vários milhões de dólares.
A fragilidade no sistema de fiscalização e a falta de consideração do dano ambiental também são outras causas que concorrem para o desmatamento das florestas.
O sector de florestas em Moçambique tem uma grande importância sócio-econmica e ambiental. Cerca de 80% da população vive em áreas rurais e depende da lenha para cozinhar. Entretanto, menos de 10% recorrem ao carvão.
A produção e utilização de todas as formas de energia tem associadas consequências ambientais. A combustão de lenha, por exemplo, contribui para o desflorestamento, a destruição das florestas reduz a capacidade da região de refrear as alterações climáticas, uma vez que as florestas actuam como colectores de dióxido de carbono.
Redacção de "O País" - 22/03/2007.

Pemba sofre invasão da água do mar...


Duas capitais provinciais, nomeadamente Beira e Pemba, foram afectadas pelas fortes marés que desde o passado domingo atingem diferentes pontos da costa moçambicana e não só. As águas do mar invadiram casas precárias erguidas ao longo da Praia Nova, na cidade da Beira, e no Bairro de Paquitequete, na baía de Pemba, em Cabo Delgado.
Na capital provincial de Sofala, o facto, que resulta de um fenómeno espacial pouco comum derivado da posição relativa entre o sol, a terra e a lua, registou-se nas manhãs da última terça-feira e ontem, afectando cerca de 1300 famílias, algumas delas obrigadas a abrigarem-se numa pequena escola e nas bermas da rua da marginal.
Relativamente à baía de Pemba, informações colhidas pela nossa reportagem dão conta de que as fortes marés registaram-se na noite de terça-feira e as águas do mar atingiram o Bairro de Paquitequete.
Ontem a Rádio Moçambique noticiou que a ligação entre Marracuene e Macaneta, na província do Maputo, estava interrompida.
Entretanto, na capital do país, mais concretamente no Bairro dos Pescadores, onde o fenómeno se regista desde o passado domingo, há indicação do agravamento da situação e, de acordo com informações facultadas pelo secretário daquela zona residencial, Orlando Machava, foram já afectados mais de 150 agregados familiares.
Segundo ele, a maré alta da noite de terça-feira e madrugada de ontem atingiu mais áreas do bairro e a água do mar ameaçava invadir o Centro Educacional do Chiango, que alberga crianças em situação difícil.
Naquele centro vivem em regime de internato 65 menores que a qualquer momento poderão ser evacuados se a tendência persistir.
Orlando Machava disse que para caso de emergência o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) prometeu disponibilizar pelo menos 20 tendas de campanha para os que ficarem sem abrigo. Num outro desenvolvimento disse que, derivado da situação, as autoridades locais estão preocupadas com a ocorrência de surtos de cólera e/ou de malária, dado o agravamento das condições de saneamento na zona.
Para mitigar uma possível situação de cólera, o Ministério da Saúde disponibilizou ontem algumas quantidades de cloro para o tratamento da água de consumo.
De referir que com a invasão das águas do mar os pouco poços existentes na zona estão inoperacionais, sendo que o abastecimento de água está desde ontem a ser assegurado pelo Corpo de Salvação Pública (bombeiros) e por um privado amigo da zona que ainda ontem forneceu 10 mil litros do precioso líquido, contra quatro mil fornecidos pelos bombeiros.
O Conselho Municipal de Maputo, em coordenação com o Instituto Nacional de Gestão de Calamidade (INGC) e a Cruz Vermelha de Moçambique (CVM), segundo informações em nosso poder, continua a monitorar a situação, tendo tomado medidas para evitar a perda de vidas humanas e minimizar os efeitos das marés.
De referir que o fenómeno foi provocado por um alinhamento perfeito entre o sol, a terra e a lua, provocando perturbações atmosféricas que resultaram na forte agitação das águas do mar. Há notícias segundo as quais outros pontos do mundo se estão a ressentir do fenómeno, sendo que o porto de Durban, na África do Sul, chegou a ter que ser encerrado.
Maputo, Quinta-Feira, 22 de Março de 2007:: Notícias