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Do "Estado de São Paulo" - sexta-feira, 24 de agosto de 2007, 14:53
Sudão ainda fornece armas para Darfur, diz Anistia
Grupo de defesa dos direitos humanos afirma que governo viola embargo da ONU.
Grupo de defesa dos direitos humanos afirma que governo viola embargo da ONU.
A organização de defesa de direitos humanos Anistia Internacional acusou o governo do Sudão de enviar armas para a região de Darfur, contrariando o embargo imposto pela ONU.
O grupo afirma que fotografias de helicópteros militares de fabricação russa e um avião de transporte em um aeroporto em Darfur, tiradas em julho, comprovam as violações.
A embaixada do Sudão em Londres disse à BBC que as fotografias são suspeitas e acusou a Anistia Internacional de fazer uma "cortina de fumaça".
Pelo menos 200 mil pessoas teriam morrido na região de Darfur desde 2003.
A resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em março de 2005, proíbe o fornecimento de armas a todos os envolvidos no conflito na região. Mais de 2 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas desde que os grupos rebeldes começaram com as ações contra o governo.
Milícias formadas por africanos muçulmanos de origem árabe, denominadas Janjaweed, são acusadas de crimes de guerra, assassinatos, estupros e roubos contra a população negra africana da região.
O governo do Sudão é acusado de apoiar essas milícias. As autoridades sudanesas afirmam que a escala da crise foi exagerada e dizem que, na verdade, 9 mil pessoas morreram no conflito.
Em um comunicado, a Anistia Internacional diz que as fotografias de aeronaves militares sudanesas tiradas por testemunhas em Darfur reforçam provas recolhidas em maio de que o governo do Sudão continua alimentando graves violações dos direitos humanos no país.
Tiradas no aeroporto de El Geneina, uma cidade perto da fronteira entre Sudão e Chade, as fotografias mostram contêineres sendo retirados de um avião de carga Antonov 12 e carregados em veículos militares, além de helicópteros Mi-24 e aviões Mi-17, da Força Aérea sudanesa.
"O governo sudanês ainda está enviando armas para Darfur desafiando o embargo de armas da ONU e os acordos de paz para Darfur", afirmou Brian Wood, gerente de pesquisa em controle de armas da Anistia Internacional.
"Mais uma vez, a Anistia Internacional pede que o Conselho de Segurança da ONU tome medidas decisivas para garantir que o embargo seja aplicado, incluindo a colocação de observadores da ONU em todos os portos de entrada no Sudão e em Darfur", acrescentou. Moradores locais disseram ao grupo que os aviões transportam equipamentos militares para soldados do governo e milícias Janjaweed, que operam em Darfur.
Um Antonov do governo sudanês também fez ataques aéreos depois de um ataque do grupo rebelde Movimento da Justiça e Igualdade em Adila, no dia 2 de agosto, segundo a Anistia Internacional.
Khalid al-Mubarak, diplomata na embaixada sudanesa em Londres, afirma que "existe um padrão de fotografias falsas" e que isso é parte de uma tentativa de desviar a atenção da opinião pública de questões como os conflitos no Iraque, na Faixa de Gaza e na República Democrática do Congo.
"O governo sudanês tem soberania em todo seu território. Se move aviões de um lugar para outro, isso é prova de que existem armas?", questionou o diplomata à BBC.
Mubarak também acusou a Anistia Internacional de se transformar em "parte da indústria de demonização do Sudão".
A Anistia Internacional, por sua vez, afirmou que a recente proliferação de pequenas armas e veículos militarizados em Darfur levou a um aumento em ataques armados contra comboios de ajuda e civis.
BBC Brasil - Estado de São Paulo