7/22/11

O Curandeiro N'Kanga entre os Wamwuani do IBO

Trabalho do Dr. Carlos Lopes Bento* que pretende dar a conhecer parte do profundo saber médico-religioso dos curandeiros na sociedade tradicional mwani da Ilha do Ibo, pertencente ao Arquipélago das Quirimbas em Cabo Delgado - Moçambique, apresentado em 16 de Dezembro de 2003, no Seminário “Perspectiva Antropológica das Práticas e Conceitos Tradicionais de Saúde”, realizado na Sociedade de Geografia de Lisboa, organizado pela Secção de Antropologia da mesma Sociedade.


(Use as 'ferramentas' disponibilizadas acima pelo 'Issuu' para ampliar e ler).
Alguns trabalhos do Dr. Carlos Lopes Bento publicados neste blogue
Link - O Curandeiro N'Kanga entre os Wamwuani do IBO
  • *Carlos Lopes Bento - Doutor em Ciências Sociais, especialidade História dos Factos Sociais, Licenciado em Ciências Antropológicas e Etnológicas pelo ISCSP, UTL e professor universitário. Faz parte da Direcção da S.G.Lisboa, desempenhando as funções de tesoureiro. É antropólogo e foi antigo administrador dos concelhos dos Macondes, do Ibo e de Porto Amélia (Pemba) na época colonial. Publicação neste blogue cedida e autorizada pelo autor.

7/20/11

CONCERTO DE HOMENAGEM A GLÓRIA DE SANT'ANNA - 2

Transcrição:
Homenagem a Glória de Sant' Anna - Reflexos

Já o deveria ter feito, mas ontem foi-me de todo impossível. Ainda tentei escrever, mas estava demasiado cansado e extasiado pelo domingo excepcional que tive e tivemos.

Sempre participei com a minha CAMERAʇtA IBÉRICA, desculpem-me este "puxar a brasa à minha sardinha", na mais que merecida e justa homenagem à poetisa Glória de Sant'Anna. E foi bom, muito bom, mesmo. Deu para perceber que a música orquestral tocada por 5 instrumentistas de grande valor técnico e musical, é bem aceite, assim como as minhas canções(zecas). A nossa soprano convidada, Jacinta Almeida, é sem sombra de dúvida uma cantora de eleição. Que magnífica interpretação de todas as minhas 5 canções! Obrigado, Jacinta! Aos músicos acompanhantes e integrantes deste novel agrupamento musical, Alfonso Pineda, Amadeu d' Oliveira, Antonio Mateu, Cecília García e Ruben Venegas, só lhes posso agradecer do fundo do meu coração. Parabéns a todos!

E já que estou em maré de agradecimentos, quero deixar os meus parabéns à Câmara Municipal de Ovar pela excelente organização de um evento simples, mas cheio de emoção.

Também tenho de agradecer à família Andrade Paes, irmãs Inez e Andrea e demais amigos e amigas, pela sua participação e colaboração, que sem a sua preciosa ajuda esta homenagem não teria tido nem sido tão calorosa, emocionante e comovente.

Tanto eu como os músicos adorámos estrear-nos em Ovar!

Penso que todos gostaram da nossa actuação, apesar de não ter sido brilhante, ainda que com grandes momentos de virtuosismo e musicalidade raras, não esmoreceu nem escureceu tão importante acontecimento.

Vou e vamos, de certeza que sim, ficar ligados a Ovar de coração, pela gentileza e amabilidade e pelo bem-fazer. Eu já o estava antes, pois a beleza e grandeza da poesia de Glória de Sant'Anna leva o meu imaginário para terras longínquas (Moçambique) onde nunca estive e outras onde estive.

Como não é todos os dias, nem meses, que um compositor tem a oportunidade e o privilégio de apresentar em estreia mundial, unicamente um concerto só com trabalhos seus, só tenho que agradecer a todos que trabalharam para que acontecesse. E que obras, meu Deus! Difíceis, difíceis, difíceis! Grandes músicos!

Grato, sinceramente, pelos livros, Inez e Andrea!

Em meu nome, da minha família e da CAMERAʇtA IBÉRICA, um obrigado muito grande, ENORME, à família Andrade Paes!

Até breve.

Fontes de Imagem e texto: Vasco M. N. Pereira-blogue, Jacinta Almeida - Soprano. A homenagem aconteceu na noite de 3 de Julho de 2011 no Centro de Arte de Ovar-Portugal. Clique na imagem acima para ampliar.
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Homenagem à poetisa Glória Sant’ Anna: Uma noite de poesia e música

No passado domingo, à noite, o Centro de Arte de Ovar foi palco do espetáculo de homenagem à poetisa Glória Sant’Anna. A qualidade marcou a iniciativa, que pretendia reconhecer esta grande poetisa, que nasceu em Lisboa, viveu em Moçambique e passou os últimos anos da sua vida, na terra de seu marido, em Válega.

A ideia desta homenagem partiu do compositor e maestro Vasco Pereira, que após a leitura de um dos livros da homenageada, "Amaranto", criou duas canções, "É o vento" e "Pescador", bem como a obra para um coro a quatro vozes. Vasco Pereira, bem tentou obter por escrito a autorização da poetisa Glória Sant`Anna, mas todas as entidades contactadas acabaram por ignorar os seus pedidos. Posteriormente e depois do seu falecimento, este maestro apresentou o projeto à Câmara Municipal de Ovar e esta deu "luz verde" para que o mesmo avançasse.

O espetáculo de homenagem à poetisa Glória Sant‘Anna foi dividido em duas partes. Na primeira atuou o quinteto "Cameratta Ibérica", que executou quatro arranjos de obras orquestrais de compositores famosos, como, Sabastian Bach e Bela Bartók. - Fernando Souteiro
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GLÓRIA DE SANT'ANNA no Google
GLÓRIA DE SANT'ANNA no FaceBook
'João Semana' - Homenagem à poetisa Glória de Sant’Anna
Glória de Sant’Anna em Ovar – Uma escrita de água e fogo
'João Semana' - Espelho de imagem primeira página
(Clique nas imagens acima para ampliar)

7/03/11

CONCERTO DE HOMENAGEM A GLÓRIA DE SANT'ANNA

CONCERTO DE HOMENAGEM A GLÓRIA DE SANT'ANNA
Centro de Arte de Ovar - Portugal, 3 de Julho às 21:30
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TRIBUTE CONCERT FOR GLORIA DE SANT'ANNA
Ovar Art Centre - Portugal, July 3 at 21:30
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GLÓRIA DE SANT'ANNA no blogue ForEver PEMBA
GLÓRIA DE SANT'ANNA na Wikipédia
GLÓRIA DE SANT'ANNA no Google

6/28/11

ÚLTIMA VONTADE


Quando eu morrer,
Que seja em Agosto
Com toda a gente de férias.
Quero morrer sem desgosto,
Sem dor e sem aborrecer,
Envolto na brancura de um lençol,
Só um padre, a família e os amigos,
Sem mais ninguém saber.
Quero morrer sem choros, sem gritos
E sem anúncio no jornal.
Morrer não é o fim,
E quem me diz a mim
Que a minha vida, afinal,
Não se renovará num caminho
De amor e carinho,
De risos verdadeiros,
Todos os dias renovados
Como se fossem os primeiros?
Quando eu morrer,
Lavem-me com a lágrima do adeus
Que quem morre sempre deita,
Não com pena de morrer,
Mas triste pelos que ficam,
Mais tristes e abandonados,
Sem saberem o que os espera:
Se a disputa de uma herança
Ou o fim de uma esperança.
Quando eu morrer,
Metam-me num jazigo
Com uma ampla janela
Para ver, através dela,
O sol de cada domingo.
Ponham-me flores e uma vela,
Uma cruz e um poema
Que aqui deixo escrito:
Nasceu sem saber porquê,
Viveu sem que o entendessem.
Morreu sabendo para quê:
Para que na ausência o lembrassem.
Basta para dizer tudo,
O que foi o meu mundo
Em criança e em adulto.
Atravessei mares e continentes,
Chorei nas noites de abandono,
Amei raças diferentes
E não sei se matei por engano.
Quando eu morrer,
Não quero ir para a terra;
Em vez de morrer uma vez,
Morreria, então, duas vezes.
Concordem que não o merecerei
E, se o fizerem, garanto-vos,
Nunca o esquecerei.
Afinal, quem vive com os remorsos
De uma última vontade não cumprida,
Naquele instante de amargura e despedida
Em que o sangue se esvai,
No grito intolerável que a vida dá,
Até se esbater cansado num ai
Que até parece que, depois dele, nada mais há?
Quando eu morrer,
As andorinhas farão ninhos
No beiral da casa onde nasci,
Cantando de mansinho
Para que não me interrompam o fim.
Apanhem uma que seja dócil e bela,
Prendam-na às minhas mãos
E deixem-me ir assim com ela,
Caixão aberto e o sol a brilhar,
As pessoas espantadas a olhar
Para um funeral nunca visto.
Batam palmas devagarinho,
Não se importem de parecer mal,
Não falem durante o caminho,
E vejam se vou a voar.
Quando eu morrer,
Se calhar, não terei tempo de dizer
O que sempre calei em vida:
Que amei tanto os outros
E alguns não me mereceram,
Que chorei por loucos
E por quem não devia,
Que encolhi silêncios
Pelos que nunca me lembraram
E alguns até se afastaram.
Quando eu morrer
Vai ser penoso ir-me embora,
Deitado, estrada fora,
Sem me mexer,
Sem poder beijar os frutos da minha felicidade,
Virtudes e defeitos do meu ser,
Os seus rostos mais lindos do que o sol a nascer
E sorrir-lhes, então, até à eternidade.

- De M. Nogueira Borges* extraído com autorização do autor de sua obra "O Lagar da Memória". O livro "O Lagar da Memória" foi apresentado  dia 12 de Março último na Casa-Museu Teixeira Lopes, em Vila Nova de Gaia . Informações para compra aqui. Também pode ler M. Nogueira Borges no blogue "Escritos do Douro". A imagem ilustrativa acima é formada/editada por diversas fotos recolhidas da internet livre. Clique na imagem para ampliar.
  • *Manuel Coutinho Nogueira Borges é escritor nascido no Douro - Peso da Régua - Portugal.