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6/27/09

Pemba - Uma denúncia por seguir.

Com a devida vénia ao Notícias e a Pedro Nacuo, transcrevo:

Não gosto daqueles que pensam e, às vezes, agem contra estrangeiros pura e simplesmente porque eles não são nacionais. Daqueles que acham que aqueles que não são moçambicanos vieram apenas porque nos seus países tudo lhes corre mal, que não têm como viver ou que “só aqui se podem sentir bem”. Daqueles que tudo fazem contra quem não sendo deste país chega e prospera, que consideram exploradores todos os não moçambicanos que vivem bem. Pura e simplesmente!

Vieram e ficaram ricos, é assim que muitos falam, como se nós fôssemos proibidos de estar ricos ou impedidos de também ir a outros países e lá prosperar conforme quisermos. Que pensam que o nosso país é bom, simplesmente porque acham que há muitos que demandam.

Parece ser com base nessa forma de pensar que há uma denúncia, feita por cidadãos a viverem em Pemba, com algum cheiro a xenofobia em miniatura que aconselhamos as autoridades competentes a seguir com algum cuidado, para matar à nascença a alergia pelos estrangeiros ou a vida desregrada destes no território nacional.

Se for verdade que determinado chefe de bairro, em Pemba, tem estado a intimidar a família de um cidadão estrangeiro, questionando a sua proveniência e finalidade em Moçambique, vezes sem conta (como quem diz todos os dias), apenas para o ameaçar e daí tirar proveito, havendo muitas formas de provar o que quer que seja sobre a legalidade no país, algo está fora dos carris.
Se for verdade que tal chefe de bairro age em conluio com alguém da Migração que “todos os dias” querem que ele tire “algum” para a sobrevivência da sua corrupção, estamos ainda mal, sobretudo quando se apresentam como quem quer ajudar uma pessoa que o melhor caminho que escolheu foi seguir a legalidade de aqui viver.

Se for verdade que outros vão ter ao cidadão estrangeiro para sugerir que para evitar possíveis problemas tem que desembolsar dinheiro (neste caso 4000 dólares norte-americanos), não só estamos perante uma ameaça, como sobretudo nos confrontamos com a corrupção que muitas vezes não tem rosto.

Se é verdade que a Polícia vem em socorro desta forma de agir, ameaçando todos os dias o cidadão estrangeiro e, em cadeia, repercutir-se para as outras entidades competentes, apenas para obrigar que o cidadão pague sempre “algum” para a sua permanência em Pemba, estamos “lixados”.

Se é verdade que o cidadão tem sido detido e liberto de forma reiterada, simplesmente para se sentir obrigado a largar “algum”, estamos perante não só a violação das regras de jogo do nosso país e no mundo, como dos direitos humanos, não só porque ele tem família e vive envolto desta sociedade sempre exigente e facilmente (des) educável.

Sendo verdade que ele e a família já não têm os passaportes ou que não lhos são devolvidos, para forçar a satisfação da nossa pequena e grande corrupção, estaremos perante um serviço mal prestado, porque não custava que fossem mandados “em-boa-hora” assim que se concluísse estarem no país ilegalmente.

É uma denúncia que está a seguir o caminho normal, que nós estamos a acompanhar sem exigirmos a compensação ilegal que muitas vezes nos faz mal. Foi assim que, em Macomia, um juiz conversando com jornalistas, à volta de uns copos, disse que havia passado por ele estrangeiros com muito dinheiro no carro, exageradamente avultado, sem saber que os mesmos acabavam de ser detidos na província de Manica, exactamente por causa do que ele achou normal. Quer dizer, viu muito dinheiro, não se alarmou e, em Manica, quem esteve atento deteve-os, e com muita razão!

É dizer, quando somos chamados a prestar serviço não o fazemos e quando a nossa acção se torna ruim à sociedade, lá estamos, incluindo desmobilizar investidores, como é o caso em apreço, que já tem nomes, que por uma questão de ética não é agora que vamos publicar. Espero que não seja necessário ir até lá.
- Pedro Nacuo, Maputo, Sábado, 27 de Junho de 2009:: Notícias

5/23/09

Os Taxistas de Setúbal vistos por Pedro Nacuo de Pemba

Interessante, como sempre, o que nos conta Pedro Nacuo, jornalista de Pemba, no Notícias de Maputo acabado de ler nesta madrugada de sábado:

""EXTRAS - Os taxistas de Setúbal - Foi boa a nossa estadia, por uma semana, em Setúbal, cidade portuguesa que nos impressionou por muitas razões, desde a sua orla marítima de excepcional riqueza piscícola, uma identidade gastronómica da região que se afirma mormente nos pratos de peixe, de que merecem especial referência a caldeirada, a feijoada de choco, a espetada de tamboril, o choco frito e a sopa do mar, bem assim a variedade de pratos de peixe assado - a sardinha e do carapau ao linguado e ao salmonete. Muito prato cheio, sobretudo de peixe, incluindo amêijoa, camarão (à maneira de um mar menos rico que o moçambicano) e santola, iguarias que podem ser encontradas em esplanadas solarengas.

Muita água na boca, vêm daí a doçaria, as tortas, os queijinhos doces e os “esses” de Azeitão, que gozam, igualmente, de justa fama, como famosos são os taxistas setubalenses, com os quais convivíamos de cada vez que quiséssemos nos deslocar de um ponto para o outro, que não foram poucas. Interessante foi que só no dia de regresso tive um taxista que disse não conhecer Moçambique, pois mais de oito me tinham confidenciado o facto de terem estado no meu país, do qual têm muitas recordações e gostariam de cá voltar.

Mas os taxistas, como em todas as cidades, andam cheios de histórias para contar aos seus clientes e eu fui, mais uma vez, “vítima” do que eles são exímios repositórios, com a desvantagem de que todas elas giravam à volta do país onde uma vez estiveram a cumprir o serviço militar - Moçambique.

O trajecto a utilizar era, muitas vezes, do Novo Hotel, do grupo IBIS, onde nos encontrávamos hospedados, à Estalagem do Sado, outro hotel, onde decorriam os trabalhos do Congresso das Mais Belas Baías do Mundo, ou do local de hospedagem ao JUMBO, o maior Shopping de Setúbal, mas para todos estes lugares quase sempre dava em 6.10 euro, equivalente a 226,00 Mt ao câmbio daquela semana. Sem discussões nem negociações, o taxímetro falava mais alto e certo e estava claro, porque regulado que o ter sido chamado, simplesmente, estava em 80 cêntimos.

Invariavelmente, exibindo sempre o seu “certificado de aptidão profissional de motorista de táxi”, que são obrigados a ter, logo depois de dizer: “Leve-me à Estalagem do Sado ou ao JUMBO” a pergunta seguinte era “o senhor é angolano?”, como acontece sempre que estou na Europa (nunca acertam à primeira, pois na opinião deles o africano que fala a língua portuguesa é normalmente angolano).

- Não, sou moçambicano, senhor Ferreira da Silva.

-Como soube do meu nome?

- Pelo seu certificado de aptidão profissional de motorista de táxi, é a primeira coisa que vejo normalmente.

A seguir a esse intróito, vinham as histórias sobre Moçambique, terra bonita, rica, pena ter ido em cumprimento do serviço militar, cumpri a tropa em Mocímboa da Praia, depois às vezes subia para os macondes, em Mueda, etc. e no fim, 6,10 euro. Obrigado!

Da outra vez foi Jorge da Rocha que, depois de me identificar como acima, foi falando das suas histórias em Nova Freixo (Cuamba), mas já esteve alguns meses em Vila Pery, em Manica e Sofala. Com este taxista o meu trabalho era dizer-lhe os actuais nomes e chamar-lhe à atenção para o facto de que agora Manica e Sofala são províncias separadas uma da outra, a nível da administração territorial.

Rápidos quando chamados pelos recepcionistas dos hotéis, os taxistas de Setúbal iam-me enchendo de histórias da minha terra. O José Neves Capouchinhos trouxe uma sobre a sua digressão, como tropa colonial, em quase todo o norte de Moçambique.

Em Porto Amélia gostava duma pequena aldeia, mas interessante, chamada Paquitequete, confirmei-lhe que ainda era assim que se chamava e expliquei-lhe a razão porquê eu e outros moçambicanos estávamos na sua cidade, precisamente para receber o diploma de Pemba, como uma das Belas Baías do Mundo. O taxista exclama: “Merece, aquela maravilha da natureza, merece, merece, mesmo!”

Depois contou-me das suas andanças por Catur, Cóbwe, em Niassa, esta última região que tinha uma missão. Chamei-lhe à atenção para o facto de que ali saíram homens que agora estão a dirigir com competência o país. Não me pergunta os nomes e logo desvia-se para contar a história dum bairro da cidade de Nampula.

- Uns amigos disseram que havia muita mulher bonita, uma vez, aos copos fomos dar ao Namutequelíua, à porta duma cabana, iluminada apenas por uma lamparina, estava uma africana que era destinada a mim. Sinceramente não cheguei de certificar se aquela também era bonita ou não, estava escuro, mas lá fui eu, só soube que a minhoca lá entrara, dois dias depois a minhoca ficou inchada, estava escantado. Ah, ah, coisas da tropa!

P.S. A equipa do Vitória de Setúbal veio estagiar no hotel onde nos encontrávamos. Conversámos maningue com o treinador, que tinha, dia seguinte, o jogo decisivo em que perderia e por isso lhe afastaria da principal liga. Falou muito bem de Chiquinho Conde, o moçambicano que deixou saudades naquela cidade. Decretou-se que a assistência àquele jogo era gratuita, mas mesmo assim, ficou-se na bicha para adquirir o bilhete, apenas para contar quanta gente entrara. Perdeu, Setúbal emudeceu, até que no dia seguinte apareceu uma satisfação a partir dos feitos de Mourinho, na Itália.
- Pedro Nacuo, Maputo, Sábado, 23 de Maio de 2009, Notícias.

1/26/08

Há vagas para cobradores de chapa em Pemba...ou cenas do cotidiano.

(Imagem original daqui)
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Escreve o Pedro Nacuo no Notícias (Maputo) deste sábado, 26/01/08 - Há vagas para cobradores dos “chapa” que circulam na província de Cabo Delgado, bem como os mini-“bus” que ligam competentemente esta província à de Nampula, duas vezes ao dia, vulgarmente conhecidos por tanzanianos.
Estes meios de transporte semicolectivos pretendem fechar as lacunas deixadas por aqueles que deixaram o emprego por razões que mais tarde havemos de dizer.
Os requisitos passam por ter, em primeiro lugar, residência fixa em Pemba, por o alojamento não fazer parte das regalias que o trabalhador vai ter na empresa. Portanto, é preciso que vivam em Pemba, de preferência nos bairros Cariacó ou na parte costeira de Natite “Inos”, ou ainda no histórico Bairro de Paquitequete. Outro requisito é ter “partido” o lápis muito cedo, assim, na quarta ou quinta classe.
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Traços Psicológicos: indivíduos que pensam que por terem aquele emprego nada mais lhes resta na vida, que com ele atingiram o apogeu de que ouviam falar e na sequência disso capazes de não respeitar os passageiros, por claramente estarem abaixo do seu nível de vida e existencial, como cobradores. Que pensam que o que lhes interessa dos passageiros é apenas dinheiro e a eles só interessa viajar, aliás, chegar, não importando as condições em que viajam nem do tratamento a que são sujeitos.
Devem, entretanto, ter o hábito de chamar a todos os homens, tios, e as mulheres, tias. Mesmo que seja para a seguir insultá-los. Tio ou tia passa a ser uma terminologia que vale para tudo: respeito ou o seu contrário.
Deve ser capaz de mentir a um passageiro numa paragem instantânea de que há lugar no interior do mini-“bus”, apenas para entrar, e lá dentro não encontrar. Tudo visto que, com a viatura em movimento, mais a necessidade de viajar, incluindo a alergia pelas discussões banais, ao passageiro nada mais lhe restará senão sujeitar-se a tudo que encontrar no interior.
Para os candidatos a cobradores dos “tanzanianos” exige-se mais: fazer de contas que é do outro lado do rio Rovuma. Como? Pronunciando mal as palavras na língua de Camões, parecer que está a aprender as línguas nacionais moçambicanas e falar fluentemente Kiswahili. Nunca dizer que é de Mueda, Nangade (de Muidumbe não é possível apanhar nessa) ou de Mocímboa da Praia.
Vestir calças que descem, com uma camisa que não consegue cobrir o traseiro que de propósito deve ser visto pelos passageiros, e noutros casos, também de propósito, mostrar a 40 porcento as cuecas coloridas e consistentes.
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Traços físicos: os cobradores a admitir devem ser pessoas de entre 17 aos 21 anos. Pretende-se o espaço temporal e etário em que, normalmente, se tem pouca coisa a perder em função das relações humanas estabelecidas. Qualquer atitude não aquece nem arrefece ao seu protagonista!
Tem que ser não muito alto, mas não deve ser baixinho. Se for escuro de pele, melhor, mas se não for corpulento, pelo menos forte (de força), com braços não muito flácidos, pernas que inspirem respeito e um pé que se ajuste ao “respeito” que o resto do corpo obriga.
Ter uma mão dura, que seja capaz de bater no carro, até o motorista ouvir, sempre que seja necessário partir ou parar, associado a uma garganta que se abre tanto quanto pretende gritar, vamos ou paragem!
Deixar sempre o cabelo despenteado pode ser uma vantagem, pois traz a verdadeira diferença entre ele e o motorista, bem assim em relação a todos àqueles que vão no carro em que ele é profissional. Fica ele sozinho: cobrador!
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Habilidades: ser capaz de trocar em segundos um insulto com uma veneração, sem muitos se aperceberem. Conseguir ter na boca ao mesmo tempo um pão inteiro e no canto da mesma um “GT”. Demorar-se um poucochinho enquanto o carro arranca, para depois correr ao seu encontro, sob a vigia do condutor e saltar para o seu interior deixando o braço, normalmente esquerdo esticado cá fora, em sinal de que “já vamos”.
Nos postos de controlo tem que saber saltar antes do carro parar com uma mão amarfanhando umas notas, a mesma que vai directo, agora não é discretamente, à outra mão direita do polícia preto e branco. E dali, já há pessoas que sentaram “cinco, cinco”, o mini-“bus” não está superlotado, nem está com deficiências mecânicas a não tolerar.
Outras vezes deve ser capaz de continuar colado na bagageira, deixar o carro fazer considerável distância, para depois descer, em movimento, pedindo que os passageiros abram algum vidro por onde pretende passar para de novo fazer-se ao interior do mini-“bus”. E quem deixou as vagas que agora devem ser preenchidas? Um grupo de jovens que já passou dos 21 anos de idade, que antes andou nos labirintos do crime de roubo de peças num e noutro lado, chegou-lhes a altura em que pensavam que andando em “chapa” o caminho lhes era facilmente aberto para chegarem a motoristas, depois que o não conseguiram, mais tarde, é verdade, descobriram que perderam muito tempo e agora voltaram à escola, onde à noite estão a fazer as classes interrompidas.

12/15/07

PEMBA e os festivais...

Maputo, Sábado, 15 de Dezembro de 2007:: Notícias - Segundo o Pedro Nacuo: Tivemos o Festival Wimbe, no fim de semana passado, considerado pela crítica local como o movimento cultural que reuniu mais gente ao mesmo tempo, desde que a cidade de Pemba passou a ter esses encontros para “curtir” a sua beleza natural, o sabor da sua cultura gastronómica e a delícia que significa ser rodeado, acenado ou cumprimentado por quem é da terceira maior baía do mundo, a lutar para o ingresso ao clube das belas baías a nível planetário.
Não interessa a forma como vem o cumprimento, a saudação dos pembenses, lá eles têm diferentes, mas sempre com o cunho de aceitação.
Elas e eles até lhes fica fácil chamarem ao hóspede por TIO.
Ficas de repente tio e tratado até ao requinte pela hospitalidade de uma terra que não detesta estranhos e pelo contrário estes se cansam de serem servidos de muitos sorrisos, propostas de gente sempre disponível, menos para abusos!
E havia muitos tios em Pemba no fim-de-semana passado.
Não parecia que houvesse alguma alteração das datas que, provavelmente, pudesse desmotivar os hóspedes da cidade que desde Outubro não se mostra fácil o alojamento, pois, como se sabe, as reservas em Pemba são feitas no fim do ano para o seguinte.
Vivemos em Pemba com os donos dos hotéis em diferentes pontos do mundo.
Cada quarto tem o seu dono a viver algures num dos quatro cantos do mundo e que se fará presente quando o ano estiver no fim e a começar o outro.
Foram pagos há um ano atrás!
Por isso, ninguém discorda com aquelas iniciativas que, semeadas aqui e acolá, vão multiplicando mais casas de hospedagem ao longo dos bairros da cidade, sendo de destacar a nova hospedaria ali, frente à aldeia SOS.
Que mais ideias inovadoras venham, antes que Pemba se torne num martírio por falta de casas que substituam aquelas, como o Hotel Cabo Delgado, que de tanto degradado, já não se sabe se tem dono ou não.
E o festival realizou-se.
Sabemos ter sido furado o orçamento inicial da organização, porque a engenharia financeira viu-se desqualificada perante uma surpresa que foi a adesão ao evento.
Sabemos que há murmúrios, e não haveria?
Principalmente por os nossos “conterrâneos” Macondekos não terem actuado.
Os tanzanianos foram vítimas da sua inexperiência nessas andanças e foram legalmente “comidos” a nível contratual ao que juntaram a sua desorganização como grupo e o facto de terem confundido a sua presença em Cabo Delgado com uma passeata à sua terra.
Qual quê?
Ainda não acreditam que são estrangeiros, iguais aos outros que vinham dos seus países, devidamente organizados.
Nessas coisas têm razão os MASSUKOS, que ninguém ousa convidá-los sem ter-se preparado bem e tudo deixado claro em papéis limpos.
Não interessa que sejam chamados o conjunto mais caro de Moçambique, que por mais que haja concertos de muita robustez, ninguém, de noite para dia consegue trazer a um espectáculo, apenas para figurar.
De abusos estão cansados, preferem estar no seu cantinho, o grande Niassa, ao invés de se deixarem estar no “pingue-pongue” de cada vez que há um espectáculo.
Eles vão fazendo aquilo que é apenas, infelizmente, valorizado além-fronteiras.
Eles estão a “curtir” a importância que conquistaram, com o seu trabalho e sem favores de quem quer que fosse.
Ora, no mesmo dia em que o Festival Wimbe via o seu pano cair, realizava-se a reunião para a organização do festival turístico-cultural, ainda neste mês, de 27 de Dezembro a 3 de Janeiro.
Aquele estava sob a égide do governo provincial, através da sua direcção do Turismo e este é da responsabilidade do município.
Também se quer de arromba!
E se o festival Tambu Tambulani Tambu não tivesse sido adiado este ano, devido a grandes trabalhos relacionados com a construção do centro cultural daquela agremiação, teríamos, na verdade, ainda nesta temporada, como pode acontecer certamente nos outros anos, três festivais.
Na mesma cidade!
Porquê não juntá-los ou quem disse que são demais?
Enquanto não há respostas definitivas, Pemba fica a cidade dos festivais.
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P.S. - Mas não é de uma cidade turística, uma porta de entrada nacional, a casa de banho da sala de embarque do aeroporto de Pemba.
Na terça-feira era uma verdadeira latrina, ainda assim, muito mal tratada.
Um moçambicano que parecia algum responsável nacional, não aguentou e foi chamar alguém do aeroporto para manifestar a sua tristeza e vergonha, perante aqueles passageiros que vinham de muitos pontos do mundo, via Nairobi e Dar-es-Salaam.
O (ir)responsável daquilo é, sim senhor, contra todos os esforços para pôr Pemba no lugar que augura.

  • Pemba - Festival do Wimbe... - aqui.

9/29/07

PEMBA - Uma tarde no aeroporto...

“Preso” à procura da notícia.
É tarde de quinta-feira, dia 27 de Setembro, Dia Mundial do Turismo, na cidade turística de Pemba.
Estamos a utilizar normalmente o dia, nos nossos afazeres do dia-a-dia, com os políticos a povoarem a província, porque, já se sabe, a antecipação aos processos eleitorais que se aproximam é o que está a dar.
Recebemos dos nossos habituais amigos a informação de que um avião das LAM, procedente de Dar-es-Salaam, não estava a conseguir prosseguir a viagem para Maputo.
Algum problema técnico estava a ditar a sua demora em Pemba, com os passageiros encurralados na sala de embarque.
Fomos, como é da nossa obrigação profissional.
Afinal, o avião é daqueles de 30 lugares, que a LAM voltou a colocar na rota Maputo/Pemba/Dar-es-Salaam, vice-versa e entre os passageiros há o assédio ao jornalista para, sobretudo, o influenciar a escrever a notícia, alegadamente porque “se se tratasse de um avião da “Air Corridor” estariam aqui todos vocês da Imprensa”.
Boca para fora, mas a situação real era que a aeronave não estava a sair.
A pouco e pouco fomos sabendo que um dos pneus do trem de aterragem estava vazio, os pilotos não queriam levantar o voo em tais condições por justificadas razões de segurança.
Solicitou-se o compressor da própria companhia, encheu-se o pneu e lá se chamaram os passageiros impacientes para irem a bordo.
Cá fora vimos viaturas que falavam do poder, entre elas do camarada primeiro-secretário do partido da maioria, o que nos indicou haver na sala dos “VIPs” muita Frelimo grande.
O chefe da bancada, Manuel Tomé, havia regressado a Maputo mas outros nomes viajariam naquele voo.
Era o presidente do Conselho Municipal de Maputo, Eneas Comiche, na sua qualidade de membro da Comissão Política do seu partido, e Mateus Kathupa, igualmente nas suas atribuições partidárias.
Calcula-se que, quando se devia desejar as boas-vindas aos passageiros o pneu decidiu inviabilizar, vazando de novo e, mais uma vez a lenga-lenga dos senhores das LAM, tendo à cabeça o comandante.
Outra vez o compressor, outra vez tentar encher, mas outra vez negar ser enchido.
Solução, vamos descer, até novas ordens!
O repórter está no patamar do aeroporto a ver no que viria a dar o que estava a ver.
Provávelmente o assunto viesse a dar numa notícia.
Já parece que vale a pena ir perguntando o que se está a passar na verdade.
Parece que as pessoas não voltam mais ao avião, a coisa é, por isso, séria.
Ora, sendo um dia de avião pequeno, o aeroporto aparentava deserto, não haviam nem aqueles vendedores de objectos de arte, nem aqueles psicologicamente “apanhados” que também se fazem regularmente presentes ao aeroporto.
E no restaurante, lá de cima, estava apenas o servente e o repórter que ia sorvendo um duplo de uma “bebida séria”, enquanto assistia ao teatro que estava a acontecer com os passageiros, a tripulação e os outros funcionários das LAM.
Os pilotos usando os telefones celulares iam sugerindo a Maputo de que, em vez de esperar por um avião que de lá viesse para o socorro fossem, só os dois, à Beira onde substituiriam o pneu e a seguir voltariam a Pemba para reaver os passageiros. Essa não passou.
Ficámos a cochichar nos seguintes termos: “Como uma empresa tão grande não tem acessórios nas principais escalas, incluindo o mais simples, mesmo para um motorista de “aviões” que anda na estrada, pneu sobressalente...”.
E ficava claro que nem em Nampula havia pneus!
Sendo assim eu vou fechar cedo, diz o servente quase a obrigar que a conta fosse paga naquele instante, porque não tinha muitas razões para ali permanecer.
Foi paga.
A seguir, o repórter vai aos lavabos do restaurante.
De regresso descobre que as portas estavam todas fechadas a todas chaves possíveis.
Afinal o empregado havia ido embora.
Ficaram no restaurante o repórter e todas aquelas garrafas de tudo, incluindo bebidas que o restaurante vende muito caro.
Não parecia sério, mas o homem estava preso e o servente havia já apanhado o “chapa” para a sua casa.
Lá em baixo a movimentação de passageiros e dos tripulantes, mais os funcionários das LAM e do aeroporto ia diminuindo, sinal de que o risco de ficar fechado por muito tempo era cada vez mais provável.
Um polícia passa por baixo e pelas persianas o “preso” grita a pedir socorro pois havia sido “esquecido” no restaurante.
Alguém se lembrou que o restaurante era explorado pela esposa do primeiro-secretário da Frelimo que ainda se encontrava no aeroporto a estudar a forma de (re)acomodar os seus chefes.
Olha que (só para desfazer equívocos) a mulher do secretário explora o restaurante muito antes de sonhar que um dia o seu esposo seria grande na Frelimo.
Portanto, isto não significa aquilo e nem tem a ver com isso.
Enquanto se começa a aproximar do chefe, os bombeiros solicitados aproximavam o seu carro de combate a estudar como fazer subir a escada ao encontro do cativo, sem fazer danos.
Discute-se isto e aquilo, na mesma altura em que a esposa do chefe da Frelimo, que explora o restaurante do aeroporto de Pemba, chega muito preocupada, descalça, porque havia recebido a informação do marido.
E abriu as portas.
Haviam passado cerca de 50 minutos!
Pedro Nacuo - Maputo, Sábado, 29 de Setembro de 2007:: Notícias