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1/29/10

Retalhos da História de Moçambique - Ilha de Moçambique: Toponímia dos seus Bairros, em 1876

Por Carlos Lopes Bento(1)

A Câmara Municipal de Moçambique, em sessão de 31 de Maio de 1876, sob proposta do administrador de concelho, deliberou que a Cidade ficasse dividida em dois Bairros,- em 1857 em sete- sendo cada um deles composto das ruas, em seguida designadas:

1º Bairro de S. Domingos, compreendendo:
  • Campo de S. Gabriel
  • Rua de S. Sebastião
  • Rua de São Paulo
  • Travessa da Paz
  • Rua de S. Domingos
  • Travessa de S Domingos
  • Praia Grande
  • Largo da Alfândega
  • Rua da Alfândega
  • Adro da Misericórdia
  • Rua nova do Conselheiro Leal
  • Rua de Misericórdia
  • Largo do Teatro
  • Travessa do Teatro
  • Rua dos Baneanes
  • Travessa dos Baneanes
  • Rua da Sé
  • Travessa da Sé
  • Travessa de entre muros
  • Travessa do Poço
  • Travessa do Pombal
  • Rua das Amoreiras
  • Rua do Tesouro
  • Rua do Concelho
  • Travessa do Durão
  • Rua do Fogo
  • Travessa do Fogo
  • Rua de Missanga, a leste da Travessa da Missanga
  • Praia de Boavista
  • Largo da União
  • Travessa da Amizade
  • Travessa do Tesouro
  • Rua Fresca
  • Rua do Hospital
  • Travessa do Hospital
  • Rua da Fidelidade
  • Travessa das Hortas
  • Rua do Celeiro
  • Travessa da Saúde
  • Largo da Saúde
  • Bairro da Marangonha
  • Rua Formosa
  • Travessa do Cotovelo
  • Travessa do Brigadeiro
  • Rua do Arsenal
  • Travessa da Cadeia
  • Largos das Amoreiras.
2º Bairro do Concelho, compreendendo:
  • Travessa dos Fornos
  • Rua do Meio
  • Baixa das Pedreiras
  • Alto das Pedreiras
  • Caminho Novo
  • Estradas das Ferras
  • Travessa de Santo António.
Numa rápida análise, verificamos que continua a não existir, na toponímia loca, nomes relacionados com figuras portuguesas, políticas ou outras, e que ela está ligada à realidade local: eco-geográfica, socio-política e económica e ao domínio do sagrado.

Fonte: Edital da C.M.M., de 21 de Junho de 1876, in BO 26, de 26.6.1876, p.162.
(1) Antropólogo e Prof. Univ., que pesquisou e escreveu texto.
Almada/Portugal, 28.01.2010.

ANEXO QUE MOSTRA AS ALTERAÇÕES VERIFICADAS NA ANTROPONIMIA DA CIDADE DE MOÇAMBIQUE, ENTRE DE 1857 E 1876:
  • Adro da Misericórdia
  • Adro da Misericórdia
  • Alto das Pedreiras(1)
  • Bairro da Marangonha(1)
  • Baixa das Pedreiras(1)
  • Bazar Grande(2)
  • Caminho Novo
  • Caminho Novo
  • Campo de S. Gabriel
  • Campo de S. Gabriel
  • Esquina(2)
  • Estrada Bela(2)
  • Estradas das Ferras(1)
  • Largo da Alfândega(1)
  • Largo da Saúde
  • Largo da Saúde
  • Largo da União
  • Largo da União
  • Largo das Amoreiras(2)
  • Largo do Bazar(2)
  • Largo do Celeiro(2)
  • Largo do Teatro(1)
  • Largo dos Ferreiros(2)
  • Largos das Amoreiras(1)
  • Praia de Boa Vista
  • Praia de Boavista
  • Praia Grande
  • Praia Grande
  • Rua Central da Missanga( a leste da Rua da Missanga) (2)
  • Rua Central da Missanga( a oeste da Rua da Missanga) Elm
  • Rua da Alfândega(1)
  • Rua da Fidelidade
  • Rua da Fidelidade
  • Rua da Sé
  • Rua da Sé
  • Rua das Amoreiras
  • Rua das Amoreiras
  • Rua das Hortas(2)
  • Rua de Misericórdia
  • Rua de Misericórdia
  • Rua de Missanga
  • Rua de Missanga, a leste da Travessa da Missanga
  • Rua de S. Domingos(1)
  • Rua de S. Sebastião
  • Rua de S. Sebastião
  • Rua de São Paulo
  • Rua de São Paulo
  • Rua do Arsenal
  • Rua do Arsenal
  • Rua do Asilo(2)
  • Rua do Celeiro
  • Rua do Celeiro
  • Rua do Concelho
  • Rua do Concelho
  • Rua do Durão
  • Rua do Durão
  • Rua do Fogo(1)
  • Rua do Hospital
  • Rua do Hospital
  • Rua do Meio(1)
  • Rua do Pagode dos Baneanes(2)
  • Rua do Tesouro
  • Rua do Tesouro
  • Rua dos Baneanes
  • Rua dos Baneanes
  • Rua Formosa(1)
  • Rua Fresca
  • Rua Fresca
  • Rua Nova do Conselheiro Leal(1)
  • Travessa da Alfandega(2)
  • Travessa da Amizade
  • Travessa da Amizade
  • Travessa da Cadeia
  • Travessa da Cadeia
  • Travessa da Maragonha(2)
  • Travessa da Misericórdia(2)
  • Travessa da Paz
  • Travessa da Paz
  • Travessa da Praia da Boa Vista(2)
  • Travessa da Rua dos Baneanes(2)
  • Travessa da Saúde
  • Travessa da Saúde
  • Travessa da Sé
  • Travessa da Sé
  • Travessa das Flores(2)
  • Travessa das Hortas(1)
  • Travessa de entre muros
  • Travessa de entre Muros
  • Travessa de S Domingos(1)
  • Travessa de Santo António
  • Travessa de Santo António
  • Travessa do Asilo(2)
  • Travessa do Brigadeiro(1)
  • Travessa do Caminho Novo(2)
  • Travessa do Cotovelo
  • Travessa do Cotovelo
  • Travessa do Durão
  • Travessa do Durão
  • Travessa do Fogo(1)
  • Travessa do Hospital
  • Travessa do Hospital
  • Travessa do Pagode(2)
  • Travessa do Poço
  • Travessa do Poço
  • Travessa do Pombal(1)
  • Travessa do Teatro(1)
  • Travessa do Tesouro(1)
  • Travessa dos Baneanes(1)
  • Travessa dos Ferreiros(2)
  • Travessa dos Fornos
  • Travessa dos Fornos
  • Travessa do Pombal(2).
(1)- Novas designações em 1876.
(2)- Designações que faziam parte da antroponimia de 1857 e não fazem parte da de 1876
  • Post's anteriores deste blogue com temas históricos sobre Moçambique de autoria do Dr. Carlos Lopes Bento!

10/15/09

Moçambique - A Ilha


A Ilha de Moçambique é uma cidade insular situada na província de Nampula, na região norte de Moçambique, que deu o nome ao país do qual foi a primeira capital. Devido à sua rica história, manifestada por um interessantíssimo património arquitetónico, a Ilha foi considerada pela UNESCO, em 1991 Património Mundial da Humanidade.

Actualmente, a cidade é um município, tendo um governo local eleito. De acordo com o censo de 1997, o município tem 42 407 habitantes, e destes 14 889 vivem na Ilha.
O seu nome, que muitos nativos dizem ser Muipiti, parece ser derivado de Mussa-Ben-Bique, ou Mussa Bin Bique, ou ainda Mussa Al Mbique, personagem sobre quem se sabe muito pouco, mas que deu o nome (na 2ª versão) a uma nova universidade, sediada em Nampula.
... ...
A exportação de escravos era o principal comércio da ilha, tal como a do Ibo mas a Independência do Brasil em 1822, que era o principal destino deste comércio, voltou a deixar a ilha no marasmo. O golpe final foi a passagem da capital da colónia para Lourenço Marques, em 1898. Depois da abertura do porto de Nacala, em 1970, a ilha perdeu o que restava da sua importância estratégica e comercial.
- Fonte de Dados: Youtube-Captomente.

8/05/09

Mudando de assunto: Ilha de Moçambique... Conhece?

Histórica e bela, esquecida ao relento do tempo, inspira agora, entre ruínas altivas e por ruas estreitas onde se imaginam em "requichós" copiados das Índias, turistas, poetas e musas transportados a idílicos passeios e romances que o passado conta... ... E quanto Passado e História essa Ilha de Moçambique não tem para contar?... ...

Diz a Wikipédia - A Ilha de Moçambique é uma cidade insular situada na província de Nampula, na região norte de Moçambique, que deu o nome ao país do qual foi a primeira capital.

Devido à sua rica história, manifestada por um interessantíssimo património arquitetónico, a Ilha foi considerada pela UNESCO, em 1991 Património Mundial da Humanidade.

Actualmente, a cidade é um município, tendo um governo local eleito. De acordo com o censo de 1997, o município tem 42 407 habitantes, e destes 14 889 vivem na Ilha.

O seu nome, que muitos nativos dizem ser Muipiti, parece ser derivado de Mussa-Ben-Bique, ou Mussa Bin Bique, ou ainda Mussa Al Mbique, personagem sobre quem se sabe muito pouco, mas que deu o nome (na 2ª versão) a uma nova universidade, sediada em Nampula.

A Ilha tem cerca de 3 km de comprimento e 300-400 m de largura e está orientada no sentido nordeste-sudoeste à entrada da Baía de Mossuril, a uma latitude aproximada de 15º02’ S e longitude de 40º44’ E.

A costa oriental da Ilha estabelece com as ilhas irmãs de Goa e de Sena (também conhecida por Ilha das Cobras) a Baía de Moçambique. Estas ilhas, assim como a costa próxima, são de origem coralina.

Arquitectonicamente, a Ilha está dividida em duas partes, a "cidade de pedra" e a "cidade de macuti", a primeira com cerca de 400 edifícios, incluíndo os principais monumentos, e a segunda, na metade sul da ilha, com cerca de 1200 casas de construção precária. No entanto, muitas casas de pedra são igualmente cobertas com macuti.

A Ilha de Moçambique está ligada ao continente por uma ponte com cerca de 3 km de comprimento, construída nos anos 60(que nos consta estar a passar por processo de reforma).

Quando Vasco da Gama chegou, em 1498, a Ilha de Moçambique tornara-se uma povoação swahili de árabes e negros com seu xeque, subordinado ao sultão de Zanzibar e continuava a ser frequentada por árabes que prosseguiam o seu comércio de séculos com o Mar Vermelho, a Pérsia, a Índia e as ilhas do Índico.

Onde na Ilha é hoje o Palácio dos Capitães-Generais, fizeram os portugueses a Torre de São Gabriel no ano de 1507, data em que ocuparam a Ilha, construindo a pequena fortificação que tinha 15 homens a proteger a feitoria nela instalada.

A Capela de Nossa Senhora do Baluarte, construída em 1522 na extremidade norte da ilha, a mais próxima da Ilha de Goa, é o único exemplar de arquitectura manuelina em Moçambique.

Em 1558 principiou a construção da Fortaleza de S. Sebastião - totalmente com pedras que constituíam o balastro dos navios, algumas das quais ainda se vêem na praia próxima - que só terminou em 1620 e é a maior da África Austral. Esta fortaleza era muito importante, porque a Ilha tinha-se tornado o entreposto da permuta de panos e missangas da Índia por ouro, escravos, marfim e pau preto de África, e era da Ilha que partiam todas as viagens comerciais para Quelimane, Sofala, Inhambane e Lourenço Marques e os árabes não queriam perder os privilégios comerciais que tinham adquirido ao longo dos séculos.

Para além dos portugueses outros concorrentes europeus apareceram na corrida pelo controlo das rotas comerciais. Os franceses conseguiram assumir o papel de intermediários do negócio da escravatura para as ilhas do Índico, os ingleses começavam a controlar as rotas de navegação nesta região e s holandeses tentaram a ocupação da Ilha em 1607-1608 e, não o conseguindo, devastaram-na pelo fogo.

A reconstrução da vila foi difícil, uma vez que o governo colonial não existia senão para cobrar impostos e estava muito mais interessado nas terras de Sofala - na Zambézia tinham-se institucionalizado os Prazos da Coroa, e o desenvolvimento do comércio do ouro naquela região leva a que a Ilha perca a sua primazia. Então, os cristãos decidiram fundar na Ilha uma Santa Casa da Misericórdia que funcionaria como Câmara Municipal, para a defesa dos cidadãos e da terra, até 1763, ano em que a povoação passou a Vila. Esta viragem resultou da decisão do governo colonial em separar a colónia africana do Estado da Índia e criar uma Capitania Geral do Estado de Moçambique baseada na Ilha, em 1752.

A vila voltou a prosperar e, em 1810 é promovida a cidade. A exportação de escravos era o principal comércio da ilha, tal como a do Ibo mas a Independência do Brasil em 1822, que era o principal destino deste comércio, voltou a deixar a ilha no marasmo.

O golpe final foi a passagem da capital da colónia para Lourenço Marques, em 1898. Depois da abertura do porto de Nacala, em 1970, a ilha perdeu o que restava da sua importância estratégica e comercial.

  • Outros link's na Wikipédia - Aqui!

Segundo nos consta existe intenção com iniciativas já em andamento por parte do governo de Moçambique e com apoio internacional, para recuperação dessa magnífica ilha e de seu valioso património histórico. É muito bom que isso aconteça. Entretanto, a ilha já vai oferecendo condições modelares de hospedagem para quem a deseje visitar, como por exemplo a casa de hóspedes "Terraço das Quitandas".

1/30/09

A Ilha de Moçambique, a História que se perde e a inutilidade da UNESCO!

(Clique na imagem para ampliar)

Num já distante dia de 1957, depois de quase trinta dias de viagem pelo oceano que me separava de Lisboa e do Portugal de minhas raízes, desembarcamos do navio "Pátria" (Companhia Colonial de Navegação[1]) tomando uma lancha que nos deixou na sempre inesquecível e bela Ilha de Moçambique, ponto de abrigo e descanso até à próxima etapa da viagem rumo à então Porto Amélia colonial, hoje Pemba.

Inesquecíveis o calor africano que não conheciamos, o sorriso do povo ilhéu, as "capulanas", os "cófiós"[2], os "requichós"[3] e tudo quanto era "novidade" para quem vinha de pequeno burgo provinciano do Douro lusitano. Tudo isso está gravado em minha memória e foi recebido por mim, criança à época, como abraço paternal, hospitaleiro, também como lição única de cultura, de história representada no valioso tesouro arquitétónico que a colonização deixou nesse magnífico "cofre" da História Luso-Moçambicana que é a Ilha de Moçambique.

Hoje constato, ao ler o que me chega pela internet, que a Ilha de Moçambique corre mais uma vez perigo de submergir e desaparecer nas brumas da irresponsabilidade de quem gere Moçambique e do alheamento de orgãos como a UNESCO, que se afirmam preocupados com a cultura no Mundo mas ... "paga 3000 ou 4000 contos (15.000 ou 20.000 euros) por mês aos funcionários de topo" e não disponibiliza, por exemplo, "200 ou 300 contos (1000 ou 1500 euros) para restaurar um edifício na Ilha de Moçambique"....

Lamentável... E o texto do Jornal de Notícias de hoje:

""
Património Mundial: UNESCO como está "não serve para nada".
Historiador Pedro Dias. - Coimbra, 30 Jan (Lusa) - O catedrático Pedro Dias, conselheiro científico para as "Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo", disse hoje que a UNESCO "é um sorvedouro de dinheiro" e deverá ser extinta se não adoptar outro modo de funcionamento.

"A UNESCO, como está, não serve para nada. Devemos fazer um esforço para que haja uma inversão do seu funcionamento", declarou Pedro Dias à agência Lusa.

Ao admitir que Portugal deveria "repensar a sua presença" na organização, recordou que, devido ao peso alegadamente excessivo das "despesas de funcionamento", em prejuízo dos resultados, países como os Estados Unidos e o Reino Unido estiveram afastados "um longo período".

Na sua opinião, "no limite, a manter-se como está, não se perderia nada com a própria extinção" da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), com sede em Paris, França.

Na última década, Pedro Dias trabalhou durante cinco anos como investigador do projecto ACALAPI, com que a UNESCO pretende estudar e aprofundar as relações do Mundo Árabe com a América.

Confirmou na altura uma ideia que já tinha de anteriores contactos com aquela estrutura das Nações Unidas: "é uma organização autofágica e gastadora de dinheiro, cujos funcionários fazem muitas viagens pelo mundo sem quaisquer resultados".

"O dinheiro que é investido em obras é apenas uma percentagem ínfima das despesas administrativas e de funcionamento, com muitas estadias e viagens de avião em primeira classe", acusou.

Pedro Dias disse que a UNESCO "paga 3000 ou 4000 contos (15.000 ou 20.000 euros) por mês aos funcionários de topo" e não disponibiliza, por exemplo, "200 ou 300 contos (1000 ou 1500 euros) para restaurar um edifício na Ilha de Moçambique".

Situada na província de Nampula, norte de Moçambique, a Ilha de Moçambique dispõe de um importante património arquitectónico, tendo sido classificada pela UNESCO, em 1991, como Património Mundial da Humanidade.

"Há projectos há muitos anos e não se faz lá nada. Não se prega um prego numa parede, nem se caia uma casa", denunciou o professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Entre outros cargos, Pedro Dias ocupou o de director-geral do Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, de 2004 a 2005, ano em que foi condecorado pelo Presidente da República com o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique.

Na quinta-feira, a New 7 Wonders Portugal (N7WP) anunciou ter escolhido Pedro Dias, especialista na área do Património, História de Arte e Cultura Lusófona, para conselheiro científico do concurso "Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo".
- In Jornal de Notícias, 30/01/2009, CSS. Lusa.

1 - A Companhia Colonial de Navegação -- CCN -- foi criada em 1922 pela Sociedade Agrícola de Ganda, Companhia do Amboim de Angola e Ed. Guedes Lda. para explorar o serviço de ligações marítimas entre a Metrópole e as suas colónias, principalmente as africanas.
Em Fevereiro de 1974, a CCN juntou-se à Empresa Insulana de Navegação para formar a Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos (CPTM).

2 - Cofió: um adorno pitoresco, caído em desuso na década de sessenta - era o cofió, um barrete vermelho em forma de tronco de cone [vê-se muito em filmes com cenas passados no Cairo] que a tropa indígena usava quando fazia serviço de sentinela. Os brancos nascidos ou não nas colónias não o usavam - aqui.

3 - "Requichós": pequenos veículos de duas rodas com origem na India, puxados por nativos da Ilha de Moçambique.

3/19/08

ILHA DE MOÇAMBIQUE: "Jokwe" arrasou património histórico.

(Clique na imagem para ampliar. Imagem original captada na net - Aqui!)
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Maputo, Quarta-Feira, 19 de Março de 2008:: Notícias - Os efeitos devastadores da passagem, semana passada, do ciclone Jokwe por alguns pontos costeiros do país atingiram o património histórico e cultural edificado na Ilha de Moçambique, província de Nampula, causando danos cuja reparação vai acarretar elevadas somas em dinheiro. Para além de vários materiais de construção, a reabilitação dos edifícios vai exigir o recrutamento de empresas ou pessoas especializadas para a reconstituição das infra-estruturas destruídas em consequência daquele fenómeno natural que atingiu principalmente algumas zonas de Nampula e da Zambézia.
A nossa reportagem escalou há dias aquela que foi a primeira capital de Moçambique (até 1898) e que em 1991 foi elevada à categoria de património cultural da humanidade pela UNESCO. Na ocasião, apurámos que o Museu de São Paulo, um impotente imóvel edificado em 1610 e reconstruído 64 anos depois devido a um incêndio que sofreu, ficou seriamente afectado pelos efeitos do ciclone "Jokwe", cujos ventos chegaram a atingir cerca de 200 quilómetros por hora.
Os ventos violentos quebraram varias janelas e respectivos vidros assim como arrancaram a cobertura, abrindo brechas que permitiram a infiltração da água da chuva que se registou durante a noite do dia 7, quando o museu se encontrava encerrado. Este facto contribuiu para a destruição total de um tapete de grandes dimensões produzido na década de 1960.
As destruições do "Jokwe" não pararam por aí. Na sua caminhada imparável e destruidora arrasou espécies vegetais da ilha, incluindo as resistentes palmeiras com décadas de vida que se localizavam no Jardim da Memória, inaugurado em Agosto do ano passado com pompa e circunstância para homenagear os escravos que foram trocados como mercadoria para trabalhar nas Américas e noutras ilhas do Índico. O Jardim da Memória é um espaço físico para fazer convergir o passado e o presente do povo da ilha e de outros com que se foi relacionando ao longo do tempo.
O projecto foi desenhado conjuntamente por Moçambique, ilha Reunião - domínio francês do oceano Índico que cresceu principalmente através do trabalho escravo de muitos moçambicanos arrancados de vários pontos do que é hoje o nosso país e transportados a partir da Ilha de Moçambique – e Madagáscar. As ilhas do Índico, principalmente a Reunião, têm estado nos últimos anos a “perseguir” o seu passado no nosso país.
A fortaleza de São Sebastião, que resistiu a intensos bombardeamentos da artilharia holandesa por volta no terceiro quartel do século XVI – na vã tentativa de expulsar os portugueses –, não resistiu desta vez ao "Jokwe", que lhe arrancou algumas portas.
A maqueta da fortaleza, uma bonita obra que tem mais de um século e que se pode ver logo à entrada daquela fortaleza, é única em África. Sofreu sérios danos cuja recuperação se adivinha difícil.
A primeira mesquita erguida no país, no século XIX, o museu da marinha bem como o templo hindu foram “vandalizados” pelo "Jokwe", que na sua marcha arrancou chapas de zinco e de lusalite, destruiu portas e janelas, assim como algumas prateleiras que suportavam alguns objectos valiosos da antiguidade. Na sua queda pura e simplesmente deixaram de existir para a amargura dos gestores locais.
Outro património histórico na Ilha de Moçambique que ficou sem a vedação, nomeadamente a capela de São Francisco. Alguns panfletos contendo informação para turistas – que não param de chegar àquela cidade apesar dos danos causados pelo Jokwe – foram violentamente arrancados do local onde tinham sido fixados.
Celestino Gerimula, director do Gabinete de Conservação da Ilha de Moçambique (GACIM), precisou que do levantamento efectuado por equipas do seu sector para avaliar o grau dos estragos causados pela passagem do ciclone por aquela velha cidade indicam a necessidade de mobilizar valores bastante altos para custear as obras de reparação.
“Não basta pensar na aquisição dos materiais para a reconstrução, nomeadamente tintas, madeira do tipo pau ferro, portas, vidros, tapetes entre outros, mas essencialmente no que vão facturar os técnicos especialistas em trabalhos de restauração de museus e monumentos antigos que teremos de recrutar”, disse Gerimula.
Apontou que na Ilha de Moçambique se encontram alguns técnicos especialistas na área de conservação de museus. A ida e permanência destes insere-se no quadro dos acordos rubricados pelo governo visando a restauração de algum património histórico edificado. Os mesmos poderão ser recrutados dentro do dialogo que as partes deverão manter visando a concretização do objectivo do GACIM.
A fonte precisou que a sua instituição funciona apenas com um fundo de bens e serviços, muito rígido e, consequentemente, não pode suportar tamanha intervenção que os imóveis afectados pela intempérie necessitam.
A Ilha de Moçambique, uma cidade cujos imóveis, num total de 1.749, foram construídos à base de cal e pedra e nos bairros basicamente de cobertura de macuti e estacas de mangal, tem 52 monumentos histórico-culturais, para além de 12 locais históricos.