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5/11/10

Retalhos: De Porto Amélia a Pemba - Família Carrilho !

A origem do apelido Carrilho é matéria de controvérsia.
Tudo indica que nobres de Espanha tenham vindo fixar-se em Portugal por razões não claras, nomeadamente em Castelo de Vide, por volta do século XVII. Dai o apelido "Carrillo" foi aportuguesado para Carrilho. Estes nobres beneficiaram-se da protecção da coroa portuguesa e adquiriram brasão próprio que os distingue do brasão castelhano com algumas parecenças.
Alguns Carrilhos teriam passado a usar o apelido Gil e estes parecem ter ligação com os Albuquerques, nomeadamente o famoso Mouzinho de Albuquerque.
Tudo indica que o brasão dos Carrilhos foi por isso sofrendo mutações.
Um Carrilho é nomeado pelos reis de Portugal para ser Governador das Ilhas de Cabo Delgado, em Moçambique, no século XVIII. Este governador aparece com um corpo de soldados da guarda com um outro Carrilho como sargento. Daí a origem dos Carrilhos de Moçambique.
Muitos dos Carrilhos hoje em Portugal ainda se referem a Castelo de Vide como possível origem da família. No entanto, alguns Carrillos de Espanha podem ter migrado ao Brasil e daí terem surgido outros ramos dos Carrilhos. Nada nos diz que a origem dos Carrilhos é toda a mesma.
Isto é resultado de uma pesquisa minha muito longa na internet. Não tenho agora todas as referências. Parece que temos que continuar a procura!
- Manuel Carrilho Alvarinho - 30 de Janeiro de 2005.
O Sr. Babo Carrilho - Patrono da Família Carrilho.
D. Judith Carrilho e Sr. António Baptista Carrilho - Casal originário de famílias tradicionais da histórica Ilha do Ibo. Pais de Francisco (Chico) Carrilho, José Eduardo, Rodrigo, Zé Norberto, Teresa, Nandinha, Matilde.
José Franco Carrilho (4/6/1922 – 29/1/2001) é pai do Júlio, Luísa, Zeca, Nando, Gunass (Renato), Joneca, Tonecas, Maria do Carmo e Carlinha Carrilho.
João Manuel Zamith de Franco Carrilho - Foi vice-Ministro de Agricultura e Desenvolvimento Rural desde 2000, presidente do Instituto Nacional do Desenvolvimento Rural de 1979 a 1999 e trabalhou vários anos em questões rurais moçambicanas. João Carrilho nasceu a 22 de Setembro de 1955, na Cidade de Pemba, na província setentrional de Cabo Delgado. Descendente das famílias da Ilha do Ibo (norte de Moçambique), é o sexto dos 9 filhos de José Franco Carrilho e Maria das Dores Zamith Carrilho. Seu pai dedicou-se primeiro à venda de roupa e mais tarde foi guarda-livros. Quando João Carrilho nasce, o pai trabalhava numa empresa de sisal em Nangororo, nas margens do rio Ridi (Cabo Delgado). É aqui, onde o pequeno João vive até aos seis anos. Então, sendo grande o número dos irmãos a estudarem e por ser difícil sustentar os filhos em vários colégios, a sua mãe transferiu-se para Pemba. Dos seus irmãos, recordamos Júlio Carrilho, ex-Ministro das Obras Públicas e Habitação, Maria Luísa Carrilho, ex-Administradora do Banco de Moçambique.
José Norberto Carrilho - Filho de D. Judite e Sr. António Baptista Carrilho, nasceu em Pemba aos 9 de Maio de 1955. Exerce função no Judiciário Moçambicano.

Júlio Carilho - O escritor Júlio Carrilho, também natural de Pemba e filho de José Franco Carrilho e Maria das Dores Zamith Carrilho - entre seus nove irmãos está o Joneca, acima citado como João Manuel Zamith de Franco Carrilho. Júlio Carrilho é formado em arquitectura e desempenhou no período pôs-independência as funções de Ministro das Obras Públicas de habitação. (Notícias, 02/05/01).  Além artista, escritor, Júlio Carrilho é também Arquitecto e Professor na Universidade Eduardo Mondelane.
Algumas de suas obras - Riário, Apontamentos, Um olhar para o habitat informal moçambicano - de Lichinga a Maputo, Pemba - As duas cidades.

De Júlio Carrilho também:

OS TRUQUES
Quantas Áfricas terão de se afirmar no truque do aparente desprendimento? Quantas ainda terão de se aprimorar na sua própria ignorância calculada?

Hoje já não creio que só o futuro é que nos traz mensagens. E a Nação? Era candura a minha, essa de fazer da história uma tábua de passar a ferro. E queimei-me nas minhas próprias subtilezas de argumentação.
- "Madera Zinco", Revista Literária Moçambicana.

SER MWANI
Não é que ser mulato me abra portas:
é preciso que tenha aprendido a beber
esse saber da praia
qualquer que seja a dor que se transporta

A guerra aqui não se reproduz. Sofre-se.
A escravatura aqui não se aprimora. Degrada-se.
Na sabedoria dos escravos
Na subtileza do servir dos servos
Na paciência dos barcos adornados

Tudo sucumbe no equilíbrio sustentável
Da intriga
Viscosamente escrutinada nas sub-ilhas dos murmúrios
Dos quintais fechados.
- Júlio Carrilho (Sugestão de Andrea Andrade Paes)
Recordando ZECA CARRILHO...
Uma vez em Caia - Moçambique !

Decorriam os anos de 1975/1976.
As chuvas caiam com intensidade.
Uma avioneta faz-se á pista de Caia e, uma jovem de vinte anos com o seu filho de dois meses descem.
Além de seu marido que a aguardava, ao seu lado estava o Engenheiro Carrilho, naquele modo educado e brincalhão, a dar-lhe as boas vindas e a divertir-se com o seu ar assustado.
Foi bom encontrá-lo.
A jovem suspirava por saudades de Maputo e aquele fim do mundo, aquela umidade, aquele calor doentio, aquelas chuvas castigavam seu peito... Era enfim uma zona de Moçambique que não conhecia.
Nos serões na grande varanda de estilo colonial falava-se de terras e gentes de Cabo Delgado, da faculdade já que todos que ali estavam estudaram na mesma época na Faculdade de Engenharia em Maputo: o Zé Rendas e o Japs - José António Pereira da Silva que vive em Maputo. Eram da Somopre - da ponte sobre o Zambeze. E o marido da jovem trabalhava na Manuel da Silva Oliveira... a celebre estrada centro nordeste... O Engenheiro José Carrilho era da fiscalização por parte do governo.
Com o tempo, o estado do bebê , filho da jovem, ia piorando vítima de uma grave disfunção muscular. A jovem levou-o para se tratar e viver em Portugal,... mas ela voltou depois de deixá-lo com os seus pais na Povoa de Varzim...Voltou para Caia.
Um dia, quando regressa da Beira na avioneta do Guerra , chega a casa e é informada que o seu marido está preso e a ser interrogado pelo grupo dinamizador e policia.
Em pânico procura ajuda...
Está no seu quarto lavada em lágrimas quando alguém bate á porta e senta-se ao seu lado, abraça-a e diz-lhe:

- "Nada vai acontecer. O Delgado (marido da jovem) é um bom colega e um bom profissional, confia em mim, não permitirei que lhe façam mal."

E partiu...
A noite decorreu cheia de lágrimas.
Mais dois dias se foram e ninguém aparecia.
Disseram à jovem que o Engenheiro Carrilho presidia às reuniões sempre muito zangado quando falava.
Ao fim do terceiro dia, o sol começava a pôr-se e a jovem ouve gritos dos empregados da casa.
Corre para o portão e aos poucos vai saindo para o meio da estrada de terra vermelha batida pela chuva com explosões de pequenos cristais, tamanha era a força com que a água tocava o chão.
Ao fundo começavam a surgir duas silhuetas que pareciam emergir do estrondo da trovoada e relâmpagos... Eram José Carrilho e João Delgado!... Ali os dois... todos molhados...
A jovem desmaia e acorda na sala.
Ao seu lado o seu marido pálido com a barba por fazer de dias e o Engenheiro José Carrilho... ...
Um dia partiram para Maputo e, no aeroporto, a jovem abraçada ao Engenheiro Carrilho promete que nunca o esquecerá e voltaria a encontrá-lo.

1997 - Pemba... Um abraço bem forte: o Zéca Carrilho ali estava. Conheceu o bebê já homem e mostrava felicidade porque aquela mulher, aquela família, nunca o esqueceram...

1998 – Maputo, foi a ultima vez que o viu.

2005 – Hoje, essa jovem sou eu. O bebê é o meu filho mais velho de 30 anos, irmão de mais três. Muitas vezes me lembro da noite em que o pai dos meus filhos voltou para casa quando, numa época política instável e tumultuada que se vivia em Moçambique, quando poderia ter ido prisioneiro para um dos campos da Gorongosa.
Sou moçambicana. Com os erros passados aprende-se a construir um país melhor... mas ali, naquele tempo, o enorme coração do Engenheiro Zeca Carrilho evitou que um ser humano fosse vítima de um erro.
Considero-te Zeca Carrilho, uma das estrelas que mais brilhará no céu de Caia e Moçambique.
Quem sabe a qualquer hora, ao olhar o firmamento estrelado, irás mandar-me uma mensagem, um sinal, como acontecia quando éramos parceiros nos jogos de cartas de tantos serões?...
E então, pedir-te-ei, seja lá onde estiveres, para tomares conta de nós, como tão bem fizes-te em 1975/76 na distante Caia.
Aqui deixo a eterna saudade das famílias Delgado e Fernandes Pinto.
Um beijo terno muito meu.
- 06/10/2005, Maria Manuela de Fátima Marques Pinto (Fátinha).

- Do ForEver PEMBA em 09 de Novembro de 2005 e via mensagem postada no Bar da Tininha alusiva ao aniversário de falecimento do saudoso parceiro e amigo desde os bancos escolares na então Porto Amélia – Zeca Carrilho.

(Transferência de arquivos do sitio "Pemba/Régua" que será desativado em breve)