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7/04/08

Ronda pela imprensa lusa: No Portugal pós 25 de Abril...Portugueses já cortam no pão !

Até o "pão nosso de cada dia" está a ficar inacessível à maioria dos portugueses.
Transcrevo:
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Comprar oito pães em vez de 12 representa uma poupança mensal de quase 18 euros. Pode parecer pouco, mas as migalhas são pão – como diz o povo – e a crise não perdoa.
As famílias vivem o maior aperto financeiro dos últimos vinte anos e estão a cortar em tudo, mesmo em bens tão essenciais quanto o pão, o leite e a carne.
Os industriais da panificação e as associações do sector dizem que a quebra no consumo, que já vem de meados de 2006, se acentuou nos últimos tempos, tendo as vendas decrescido no primeiro semestre deste ano cerca de vinte por cento.
"Nos últimos dois anos a venda de pão em Portugal caiu mais de trinta por cento, mas a queda verificou-se sobretudo no primeiro semestre deste ano, à razão de vinte por cento", disse ao Correio da Manhã Carlos Santos, presidente da Associação do Comércio e Indústria da Panificação.
A questão é simples, diz este dirigente associativo: "Uma família que comprava 12 pães passou a comprar oito e a poupar sessenta cêntimos por dia."
Para Luís Borges, administrador da Panibral de Braga, uma das maiores empresas de panificação do País, "as pessoas cortam no pão e noutros bens alimentares porque há despesas obrigatórias nas quais não podem cortar, como os empréstimos de casa ou a saúde".
De resto, Luís Borges diz que o sector da panificação atravessa a "maior crise de sempre", sublinhando que "os custos, sobretudo da farinha e do gasóleo, têm aumentado de forma assustadora e a quebra do consumo impede qualquer aumento no preço do pão".
Mas não é só o sector do pão que sofre com a crise. Também se vende menos carne e menos leite. Armindo Santos, comerciante de carnes, disse ao nosso jornal que "para além de comprarem menos quantidade as pessoas estão a optar por carnes mais baratas". Quanto ao leite, tem havido um aumento das marcas brancas, mais baratas.
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CARCAÇA MAIS CARA 50% NUM ANO E MEIO.
No litoral centro e sul, nomeadamente nos distritos de Setúbal, Lisboa, Santarém, Leiria, Coimbra e Algarve, a carcaça passou de dez cêntimos em finais de 2006 para 15 cêntimos em meados de 2008. Foi um aumento de 50 por cento, mas, dizem os industriais, mesmo assim inferior a outros produtos alimentares. "Um pacote de esparguete subiu de 36 para 59 cêntimos, ou seja, teve um aumento ainda superior", disse Carlos Santos, presidente da ACIP. No entanto, no Norte do País, e em diversas zonas do Interior, o pão está mais barato. No Porto, a carcaça vende-se a 13 cêntimos, em Braga a 11 e em Viana do Castelo a dez. Nos distritos de Viseu, Vila Real e Bragança, há concelhos onde se compra uma carcaça por sete cêntimos. Dizem os industriais que é por pouco tempo.
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EM DOIS ANOS FECHOU-SE 700 PANIFICADORAS.
O aumento do preço dos combustíveis e da farinha e as novas condições impostas pela União Europeia ditaram nos últimos dois anos o encerramento de cerca de 700 empresas de panificação em todo o País. Algumas delas de grande dimensão, como foi o caso da Panibar de Barcelos, que empregava 75 pessoas, e dos Unidos de Setúbal, com mais de 80 trabalhadores. Carlos Santos diz que o sector tem sido esquecido pelo Governo e adiantou ao CM que "ainda esta semana vai ser feito um pedido a Bruxelas de representação do sector, a nível da União Europeia". A ideia é reclamar apoios.
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NOTAS:
FARINHA CUSTA O DOBRO.
Em menos de um ano o preço da farinha passou quase para o dobro. Em Junho do ano passado custava 23 cêntimos o quilo e agora está nos 42 cêntimos.
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AÇÚCAR MANTÉM-SE.
É provavelmente o único produto alimentar que tem resistido à inflação. Há sete anos que custa os mesmos: 80 cêntimos por quilo.
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EMPRESAS FAMILIARES.
Porque é nos donos, pai, mãe e filhos, que está a base da mão-de-obra, são as únicas que vão resistindo à crise.
- Correio da Manhã, Lisboa, 04 Julho 2008- 0h30, Secundino Cunha.

6/04/08

Ecos da Imprensa lusa - Manuel Alegre: "Portugueses sofrem porque votaram PS"

Num Portugal socialista empobrecido, em crise, limitado, injusto, sem saúde, de hospitais fechados, velhos desamparados, de produção industrial baixa, nada competitiva, que muito importa, intimidado por vizinhos europeus com poder económico desenvolto, de salários insuficientes para um custo de vida elevado, de políticas equivocadas, políticos insensíveis, birrentos, inconvenientes, teimosos e jovens sem perspectivas de emprego e futuro, vão-se levantando vozes que clamam por justiça, por ajustamento igualitário da sociedade portuguesa, por direito à saúde, ao emprego, à vida com decência...vozes do povo cansado, desgastado, revoltado, já impaciente e de socialistas até, como a de Manuel Alegre, em comício de hà poucas horas em Lisboa, que transcrevo:
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Manuel Alegre: "Portugueses sofrem porque votaram PS".
"Nunca precisei de pedir licença a ninguém para estar onde estou. E, hoje, apetece-me estar aqui!"
Foi desta forma que o deputado socialista Manuel Alegre terminou o seu discurso no comício festa "Abril Maio, Agora Aqui".
Um comício-festa que se realizou ontem à noite no Teatro da Trindade, em Lisboa, com o objectivo de denunciar as "desigualdades gritantes que existem na sociedade portuguesa" e que corporizou um manifesto já subscrito por diversas personalidades da Esquerda portuguesa, desde bloquistas, socialistas a "renovadores" do PCP e outras esquerdas independentes.
Naquele que foi o discurso mais esperado da noite, Manuel Alegre explicou que o comício-festa mais não foi do que um "acto cultural com contornos políticos" e que o que uniu todos os presentes foi "a preocupação, inquietação e solidariedade para com todos os portugueses que passam momentos difíceis porque votaram nos socialistas".
Foi também a forma que este histórico do PS encontrou para responder aos seus companheiros de partido, nomeadamente Vitalino Canas e António Vitorino, que o criticaram por participar num evento que consideram ter sido organizado pelo Bloco de Esquerda para atacar as políticas do Governo.
Neste comício-festa marcaram presença nomes da Esquerda portuguesa tão diferentes como os de Helena Roseta, Francisco Louçã, Miguel Portas, Mário Tomé, o ex-tarrafalista Edmundo Pedro, o general Alfredo Assunção (que foi braço direito de Salgueiro Maia), Alípio de Freitas (antigo companheiro de Zeca Afonso) e José Neves, um dos fundadores do PS.
Os 490 lugares sentados do teatro Trindade foram escassos para todos quantos queriam assistir ao vivo ao evento - no qual discursaram também o deputado José Soeiro e a professora universitária Isabel Allegro Magalhães -, o que gerou alguns protestos, com algumas pessoas a exibirem os cartões do PS. Como alternativa, foi montado um écrã gigante no espaço Chiado, onde a festa pôde ser acompanhada em directo via internet.
Antes dos discursos, houve um momento musical a cargo do vocalista dos UHF, António Manuel Ribeiro, e dos Rádio Macau, que receberam uma grande ovação quando cantaram "Quando uma rosa morre (outra nasce em seu lugar)".
- Jornal de Notícias - 04/06/2008 - 02H00.