Até o "pão nosso de cada dia" está a ficar inacessível à maioria dos portugueses.
Transcrevo:
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Comprar oito pães em vez de 12 representa uma poupança mensal de quase 18 euros. Pode parecer pouco, mas as migalhas são pão – como diz o povo – e a crise não perdoa.
As famílias vivem o maior aperto financeiro dos últimos vinte anos e estão a cortar em tudo, mesmo em bens tão essenciais quanto o pão, o leite e a carne.
Os industriais da panificação e as associações do sector dizem que a quebra no consumo, que já vem de meados de 2006, se acentuou nos últimos tempos, tendo as vendas decrescido no primeiro semestre deste ano cerca de vinte por cento.
"Nos últimos dois anos a venda de pão em Portugal caiu mais de trinta por cento, mas a queda verificou-se sobretudo no primeiro semestre deste ano, à razão de vinte por cento", disse ao Correio da Manhã Carlos Santos, presidente da Associação do Comércio e Indústria da Panificação.
A questão é simples, diz este dirigente associativo: "Uma família que comprava 12 pães passou a comprar oito e a poupar sessenta cêntimos por dia."
Para Luís Borges, administrador da Panibral de Braga, uma das maiores empresas de panificação do País, "as pessoas cortam no pão e noutros bens alimentares porque há despesas obrigatórias nas quais não podem cortar, como os empréstimos de casa ou a saúde".
De resto, Luís Borges diz que o sector da panificação atravessa a "maior crise de sempre", sublinhando que "os custos, sobretudo da farinha e do gasóleo, têm aumentado de forma assustadora e a quebra do consumo impede qualquer aumento no preço do pão".
Mas não é só o sector do pão que sofre com a crise. Também se vende menos carne e menos leite. Armindo Santos, comerciante de carnes, disse ao nosso jornal que "para além de comprarem menos quantidade as pessoas estão a optar por carnes mais baratas". Quanto ao leite, tem havido um aumento das marcas brancas, mais baratas.
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CARCAÇA MAIS CARA 50% NUM ANO E MEIO.
No litoral centro e sul, nomeadamente nos distritos de Setúbal, Lisboa, Santarém, Leiria, Coimbra e Algarve, a carcaça passou de dez cêntimos em finais de 2006 para 15 cêntimos em meados de 2008. Foi um aumento de 50 por cento, mas, dizem os industriais, mesmo assim inferior a outros produtos alimentares. "Um pacote de esparguete subiu de 36 para 59 cêntimos, ou seja, teve um aumento ainda superior", disse Carlos Santos, presidente da ACIP. No entanto, no Norte do País, e em diversas zonas do Interior, o pão está mais barato. No Porto, a carcaça vende-se a 13 cêntimos, em Braga a 11 e em Viana do Castelo a dez. Nos distritos de Viseu, Vila Real e Bragança, há concelhos onde se compra uma carcaça por sete cêntimos. Dizem os industriais que é por pouco tempo.
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EM DOIS ANOS FECHOU-SE 700 PANIFICADORAS.
O aumento do preço dos combustíveis e da farinha e as novas condições impostas pela União Europeia ditaram nos últimos dois anos o encerramento de cerca de 700 empresas de panificação em todo o País. Algumas delas de grande dimensão, como foi o caso da Panibar de Barcelos, que empregava 75 pessoas, e dos Unidos de Setúbal, com mais de 80 trabalhadores. Carlos Santos diz que o sector tem sido esquecido pelo Governo e adiantou ao CM que "ainda esta semana vai ser feito um pedido a Bruxelas de representação do sector, a nível da União Europeia". A ideia é reclamar apoios.
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NOTAS:
FARINHA CUSTA O DOBRO.
Em menos de um ano o preço da farinha passou quase para o dobro. Em Junho do ano passado custava 23 cêntimos o quilo e agora está nos 42 cêntimos.
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AÇÚCAR MANTÉM-SE.
É provavelmente o único produto alimentar que tem resistido à inflação. Há sete anos que custa os mesmos: 80 cêntimos por quilo.
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EMPRESAS FAMILIARES.
Porque é nos donos, pai, mãe e filhos, que está a base da mão-de-obra, são as únicas que vão resistindo à crise.
- Correio da Manhã, Lisboa, 04 Julho 2008- 0h30, Secundino Cunha.
Transcrevo:
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Comprar oito pães em vez de 12 representa uma poupança mensal de quase 18 euros. Pode parecer pouco, mas as migalhas são pão – como diz o povo – e a crise não perdoa.
As famílias vivem o maior aperto financeiro dos últimos vinte anos e estão a cortar em tudo, mesmo em bens tão essenciais quanto o pão, o leite e a carne.
Os industriais da panificação e as associações do sector dizem que a quebra no consumo, que já vem de meados de 2006, se acentuou nos últimos tempos, tendo as vendas decrescido no primeiro semestre deste ano cerca de vinte por cento.
"Nos últimos dois anos a venda de pão em Portugal caiu mais de trinta por cento, mas a queda verificou-se sobretudo no primeiro semestre deste ano, à razão de vinte por cento", disse ao Correio da Manhã Carlos Santos, presidente da Associação do Comércio e Indústria da Panificação.
A questão é simples, diz este dirigente associativo: "Uma família que comprava 12 pães passou a comprar oito e a poupar sessenta cêntimos por dia."
Para Luís Borges, administrador da Panibral de Braga, uma das maiores empresas de panificação do País, "as pessoas cortam no pão e noutros bens alimentares porque há despesas obrigatórias nas quais não podem cortar, como os empréstimos de casa ou a saúde".
De resto, Luís Borges diz que o sector da panificação atravessa a "maior crise de sempre", sublinhando que "os custos, sobretudo da farinha e do gasóleo, têm aumentado de forma assustadora e a quebra do consumo impede qualquer aumento no preço do pão".
Mas não é só o sector do pão que sofre com a crise. Também se vende menos carne e menos leite. Armindo Santos, comerciante de carnes, disse ao nosso jornal que "para além de comprarem menos quantidade as pessoas estão a optar por carnes mais baratas". Quanto ao leite, tem havido um aumento das marcas brancas, mais baratas.
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CARCAÇA MAIS CARA 50% NUM ANO E MEIO.
No litoral centro e sul, nomeadamente nos distritos de Setúbal, Lisboa, Santarém, Leiria, Coimbra e Algarve, a carcaça passou de dez cêntimos em finais de 2006 para 15 cêntimos em meados de 2008. Foi um aumento de 50 por cento, mas, dizem os industriais, mesmo assim inferior a outros produtos alimentares. "Um pacote de esparguete subiu de 36 para 59 cêntimos, ou seja, teve um aumento ainda superior", disse Carlos Santos, presidente da ACIP. No entanto, no Norte do País, e em diversas zonas do Interior, o pão está mais barato. No Porto, a carcaça vende-se a 13 cêntimos, em Braga a 11 e em Viana do Castelo a dez. Nos distritos de Viseu, Vila Real e Bragança, há concelhos onde se compra uma carcaça por sete cêntimos. Dizem os industriais que é por pouco tempo.
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EM DOIS ANOS FECHOU-SE 700 PANIFICADORAS.
O aumento do preço dos combustíveis e da farinha e as novas condições impostas pela União Europeia ditaram nos últimos dois anos o encerramento de cerca de 700 empresas de panificação em todo o País. Algumas delas de grande dimensão, como foi o caso da Panibar de Barcelos, que empregava 75 pessoas, e dos Unidos de Setúbal, com mais de 80 trabalhadores. Carlos Santos diz que o sector tem sido esquecido pelo Governo e adiantou ao CM que "ainda esta semana vai ser feito um pedido a Bruxelas de representação do sector, a nível da União Europeia". A ideia é reclamar apoios.
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NOTAS:
FARINHA CUSTA O DOBRO.
Em menos de um ano o preço da farinha passou quase para o dobro. Em Junho do ano passado custava 23 cêntimos o quilo e agora está nos 42 cêntimos.
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AÇÚCAR MANTÉM-SE.
É provavelmente o único produto alimentar que tem resistido à inflação. Há sete anos que custa os mesmos: 80 cêntimos por quilo.
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EMPRESAS FAMILIARES.
Porque é nos donos, pai, mãe e filhos, que está a base da mão-de-obra, são as únicas que vão resistindo à crise.
- Correio da Manhã, Lisboa, 04 Julho 2008- 0h30, Secundino Cunha.
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