8/22/05

Portugal em chamas...



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Todos nós, portugueses ou não, acompanhamos preocupados:

Segundo pior Verão dos últimos 15 anos (Diário de Notícias OnLine)

O ano de 2005 vai ficar para a história dos incêndios em Portugal como o segundo pior dos últimos 15 anos.
Quem o diz é o presidente da Liga dos Bombeiros, Duarte Caldeira, que considera que este ano ultrapassará 1991, em que arderam 185 mil hectares, ficando apenas atrás de 2003.
Mas em termos de detenções já atingiu o recorde, tendo a Judiciária capturado 108 suspeitos do crime de fogo posto.
A situação tornou-se preocupante durante o fim-de-semana.
Os 50 fogos que atingiram o País no sábado, sobretudo os verificados no distrito de Viana do Castelo e em Pampilhosa da Serra, levaram o Governo a pedir ajuda à União Europeia.
Ontem chegaram a Portugal dois aviões Canadair vindos de França e um helicóptero Puma de Espanha.
Da Alemanha chegam hoje três helicópteros Puma e um avião Canadair.
Mas durante o dia de ontem já esteve a operar no terreno um avião espanhol.
A distribuição destes meios não foi ainda definida pelo Ministério da Administração Interna (MAI), que afirma que esta será feita de acordo com as necessidades e a gravidade das situações.
O certo é que a maioria destes meios irá operar no Norte e Centro do País.
Foi ainda feito um pedido a todos os militares da GNR que se encontrem de folga ou em férias para que ajudem na evacuação de populações e na abertura de estradas, de modo a permitir a circulação dos meios de socorro.
De acordo com o MAI, mais de duas centenas de militares acederam à solicitação e, ontem, "foi já visível esse apoio".
Ontem, à hora de fecho desta edição, os maiores incêndios por circunscrever eram os de Urmar (Soure), Gens (Gondomar), Portel/Meixial (Abrantes), Arneiro/Lagoa de S. Catarina (Ourém) e France (Vila Nova de Cerveira).
Ao mesmo tempo, a cidade de Coimbra era ameaçada pelas chamas que deflagraram numa das suas freguesias, Ceira.
Uma das pontes que dá acesso à cidade foi cortada e a electricidade também. O fogo de Pampilhosa da Serra ficou circunscrito ao início da noite.
Apesar de se recorrer à ajuda internacional, o Executivo mantém a opinião de que "os meios nacionais são suficientes".
O facto é que até agora já arderam mais de 138 mil hectares e, de acordo com Duarte Caldeira, esse número chegará aos 200 mil. "É que os dados apresentados oficialmente continuam como provisórios, existem incêndios não contabilizados e estamos a caminho de ultrapassar o número de hectares ardidos em 1991", afirmou ao DN.
Longe, no entanto, do verificado em 2003, ano em que arderam 425 mil hectares.
Recorde-se que por contabilizar estão ainda os incêndios ocorridos em Pombal, Albergaria, os dois de Pampilhosa, Viana e Viseu.detenções.
Os militares vão reforçar a vigilância das matas, dada a suspeita de que grande parte dos incêndios tem como origem mão criminosa.
Aliás, ascende a 108 o número de detidos pela Judiciária por suspeita de fogo posto, números que ultrapassam já o recorde de 2003, que registou 98 detenções.
Mas estes números, que não param de aumentar, poderão mesmo atingir uma fasquia superior, pois as brigadas de investigação continuam no terreno.
A PJ capturou só este mês 38 indivíduos no âmbito de investigações de crime de incêndio florestal.
Números impressionantes, contabilizados desde o início do ano e que têm vindo a aumentar desde que o mapa do País se desenha em chamas.
A PJ continua a calcorrear terra queimada para investigar a origem dolosa dos incêndios e os investigadores continuam a lidar com pessoas que, em traços gerais, têm grande fascínio pelo fogo.
Nalguns casos chegam a confessar, abertamente e sem pudor, que gostam de "ver o fogo". Refira-se que, dos 108 indiciados, 26 estão actualmente em prisão preventiva e os restantes obrigados a apresentações periódicas às autoridades, enquanto aguardam julgamento.
Em 2004 a PJ deteve 80 suspeitos, mas os números deste ano superam todas as estatísticas. Segundo fonte policial, "ainda é cedo para fazer uma avaliação profunda do fenómeno do crime de incêndio deste ano".
O fogo, que já engoliu casas, fábricas e já fez perder vidas humanas, consome floresta a um ritmo avassalador.
Apesar dos resultados da PJ, vários investigadores têm admitido ao DN o desconforto de algumas decisões sobre as medidas de coacção aplicadas a detidos pelo crime de fogo posto. Ainda recentemente, após ter sido capturado e de ter confessado o crime, um indivíduo de Figueiró dos Vinhos, de 23 anos, já com cadastro, ficou com termo de identidade e residência, após o interrogatório judicial.
Sustentam os investigadores que os incêndios causam grande alarme social e é enorme o risco de reincidir na mesma prática.

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