«AGENTES SECRETOS EM CABO DELGADO», é o nome que Pinto Monteiro deu ao livro de sua autoria e será lançado em Setembro próximo. O próprio autor anunciou este fim-de-semana ao «Canal de Moçambique» que no próximo dia 05 de Setembro em Maputo irá proceder ao lançamento da obra que versa o “1.º Ano da Luta Armada de Libertação Nacional desenvolvida pelas FPLM-FRELIMO, nos anos de 1964 e 1965”. O lançamento deverá ocorrer pelas 17 horas no Clube dos Empresários. Pinto Monteiro dá a saber que “o presente livro é uma continuação do anterior, editado a 15 de Fevereiro de 2002, com o título «Gabinete de Propaganda e Contra-Propaganda, do mesmo autor”. Diz Monteiro que “quando chefe da 2.ª Brigada de Informações da Polícia de Segurança Pública de Moçambique” (nome por que se designava a Polícia aquando da administração portuguesa do território que é hoje a República de Moçambique) “teve acesso a vários relatórios dos SCCI, especialmente os relacionados com a ofensiva militar da FRELIMO e parte dos documentos que publica” no livro hoje aqui anunciado e presentemente a ser imprimido no CEGRAF. Monteiro refere que “junto da Administração Civil” teve “oportunidade de identificar os nomes de todos os administradores, em serviço nas zonas onde havia mais incidência da Luta Armada” isto é, “nas áreas administrativas de Macomia, Macondes, Mocímboa da Praia e Palma, bem como de todas as suas regedorias, com estatísticas da totalidade dos seus habitantes, por etnias”. O autor afirma a dado passo da introdução à obra que “os factos que…são referidos…situam-se numa época de grande intensidade dos guerrilheiros (FPLM da FRELIMO) que não davam tréguas ao governo português, logo após o início da Luta Armada de Libertação Nacional, em 25 de Setembro de 1964, com uma poderosa ofensiva militar, política, económica e social, onde as chefias de defesa e segurança do Governo Português, especialmente as de Cabo Delgado, já reconheciam o avanço qualitativo e quantitativo que a FRELIMO desenvolvia, com grande êxito nas suas áreas, ao mesmo tempo que admitiam e reconheciam o seu fracasso, na segurança, na protecção e defesa das populações, bem como territorial”. “Consequentemente”, prossegue o autor, “foi preocupação do Governo Português, mandar formar AGENTES ESPECIAIS COMO forma de travar essas ofensivas e criar contra-ofensivas”. “Após a formação desses «agentes especiais» portugueses, pelos serviços militares da África do Sul, estes agentes foram integrados nos Serviços de Centralização e Coordenação de Informações (SCCI), em cada província (NR.: então distritos), onde alguns já eram funcionários”. Escreve ainda Pinto Monteiro, que os “agentes especiais” trabalhavam sob orientação do governador-geral e deveriam por em pratica, em coordenação com os administradores, da Administração Civil, a formação de redes de pesquisa de informações, internas e externas, efectivas”. Segundo o autor “a coordenação e orientação seria de cada Administrador, enquanto que a centralização ficaria à responsabilidade do GABINFO” – gabinete do SCCI na então cidade de Porto Amélia, hoje Pemba, que por sua vez “ficava subordinado ao gabinete provincial em Lourenço Marques (actual Maputo”. “Ao darem início à formação de redes de pesquisa de informações, mais profissionalizadas, na Guiné-Bissau, Angola e Moçambique foi preocupação do governo português a intensificação de redes externas como forma de infiltrar «agentes secretos» nos movimentos de libertação” – PAIGC (Guiné) MPLA (Angola) e FRELIMO, com especial relevância, a infiltração de agentes nos países vizinhos que lhes davam protecção e apoio”. “A obrigatoriedade e a responsabilidade” de “prepararem órgãos de pesquisa de informações dando prioridade sobre quaisquer outros assuntos administrativos” ficara a cargo “dos Administradores dos Concelhos, Circunscrições e Postos ou dos seus adjuntos”. “Prioritariamente”, afirma Pinto Monteiro, competia-lhes a “formação de agentes para a rede e sua infiltração na FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) e na República Unida da Tanzania que havia adquirido a sua independência a 26 de Abril de 1964”. “Os factos narrados referem-se ao período já citado e dos contactos efectuados, cujos nomes dos contactados são mencionados, em cada área administrativa da actual província de Cabo Delgado, por aquele «agente especial»”, escreve também o autor. Pinto Monteiro cita, entretanto, o general Alberto Chipande a afirmar que “Há factos que são narrados (no livro) tal e qual como eu os vivi, assim como as atitudes dos administradores, que não deixam de ser, a realidade daquilo que eram e do que pensavam”. E já a concluir a introdução a “AGENTES SECRETOS EM CABO DELGADO” que foi “elaborado e coordenado em 12 capítulos” o autor diz que o livro “mais não deixa de ser” que não “o pensamento do Governo Português, em relação à Luta Armada de Libertação Nacional de Moçambique, pela FRELIMO”.
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 13.08.2007 via "Mocambique para Todos".
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