9/03/07

Queimadas afectam metade das florestas em Moçambique.

As queimadas descontroladas chegam a atingir cerca de 40 por cento dos cerca de 63 milhões de hectares de floresta nativa no país, situação considerada grave pelas autoridades do sector, que procuram sinergias para conter este mal. Segundo informações de Pedro Mangue, chefe do Departamento de Normação e Controlo na Direcção Nacional de Terras e Florestas (do Ministério da Agricultura), as províncias mais afectadas pelo fenómeno são Niassa, Cabo Delgado, norte de Tete, algumas zonas de Sofala, Manica, Zambézia e Nampula.
O principal foco de queimadas descontroladas são, entre outros, a prática comum de abertura de machambas através do uso do fogo para queimar capim, caça e produção de carvão.
Ainda não existem estudos que possam associar a ocorrência de queimadas no nosso país às mudanças climáticas que nalgumas regiões do globo são a principal fonte de fogo em plantações florestais.
“Temos queimadas em quase todo o país. O país é vasto e tem diferentes ecossistemas. A acção do Homem tem sido o principal foco de queimadas descontroladas e por isso mesmo a nossa acção tem incidido sobre a mudança de algumas práticas que contribuem para este fenómeno”, disse a fonte.
O pico das queimadas descontroladas no país, que chegam a afectar áreas florestais com elevado valor comercial em prejuízo da economia, ocorre, segundo o nosso interlocutor, entre Julho a Outubro, que coincide com a preparação de terras para a campanha agrícola em perspectiva. Este é também o período seco, que antecede as sementeiras.
Segundo Mangue, é importante gerir e travar este mal, pelo que a Direcção Nacional de Terras e Florestas tem um programa de prevenção e de educação das comunidades mas que carece de outras sinergias, como o envolvimento de instituições especializadas nesta matéria.
Com efeito, já está em discussão a perspectiva de integrar a componente queimadas descontroladas no sistema de aviso prévio que, segundo Mangue, poderá dar uma nova dinâmica na abordagem desta situação através do Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE).
A integração desta componente no CENOE pressupõe que os comités de gestão de risco de calamidades, baseadas na comunidade, terão alguma coisa a dizer no processo de gestão das queimadas descontroladas através da sinalização dos perigos e mobilização das comunidades para práticas sustentáveis.
As áreas cobertas no nosso país contam com o predomínio da savana ou miombo, que parte do norte do rio Limpopo e se estende até ao Rovuma. É dominada por uma vegetação de capim que chega a atingir dois metros de altura e arbórea.
Este tipo de ecossistema é bastante assolado pelas queimadas devido à sua característica. O capim é um forte condutor do fogo.
“As comunidades, para efeitos da agricultura, queimam o capim que depois transporta o fogo até à floresta. O fogo é superficial. Há zonas em que o fogo pode passar para as copas, mas é numa vegetação densa que ocorre nas montanhas ou ao longo dos rios em que temos lianas que transportam a chama para as copas. Também temos outro tipo de vegetação que ocorre nas zonas áridas ou semi-áridas, o Mopane, nas províncias de Gaza e sul de Tete onde o capim é raro e não cresce muito. Enquanto que no miombo pode atingir dois metros, aqui raramente chega a meio metro e temos poucos focos de queimadas”, caracterizou.A integração da gestão de risco das queimadas no CENOE surge da constatação de que as queimadas descontroladas são como as cheias, secas e sismos, ameaças para a população e carecem dum sistema de gestão mais integrado.
Maputo, Segunda-Feira, 3 de Setembro de 2007:: Notícias

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