1/25/08

Palma, em Cabo Delgado tem uma doença chamada administrador...

Maputo, Sexta-Feira, 25 de Janeiro de 2008:: Notícias - População não quer administrador : Palma vive dias conturbados: Oreste António é um residente do distrito de Palma, em Cabo Delgado, que no passado dia quatro, em pleno comício popular, considerou o governador da província, Eliseu Machava, um médico.
Na oportunidade, Oreste acabava de ser autorizado a tomar a palavra, naquilo que o dirigente máximo qualificou como pedido de conselhos para uma boa governação.
O interveniente disse que o médico deveria curar todos os doentes, caso vertente, a população do distrito de Palma, atacada por uma doença chamada administrador, Momade Tame, há dois anos em frente dos destinos daquela parcela provincial, na fronteira com a República Unida da Tanzania, e que tem a particularidade de ser ali onde se localiza o Cabo Delgado, que dá nome à província.
“Senhor governador hoje é médico. Vai ter que curar todos os doentes, neste caso todos os residentes do distrito de Palma, de uma doença que se abateu contra nós, há dois anos, e se está a transformar numa endemia. Chama-se administrador! Nome dele é Momade Tame”, declarou Oreste António.
O orador foi mais além ao dizer que “o administrador comprou uma guerra com a população”, não sendo possível um convívio salutar, factor suficiente para que os programas de desenvolvimento sonhados pelo Governo central, provincial e pelo povo de Palma sejam uma miragem.
Contou que tudo começa com uma atitude jamais pensada em pessoas adultas, ainda que não tivesse partido de um dirigente da estatura de um administrador distrital, de rasgar em público notas da moeda nacional, o metical, e as moedas jogadas ao mar, como medida contra um grupo de jovens que estava envolvido num jogo de azar.
“Será administrador aquele que para condenar o jogo de azar leva o dinheiro da República de Moçambique, rasga e deita o resto ao mar? Que dirigente é esse que faz precisamente aquilo que a lei proíbe e fá-lo publicamente, como se nos estivesse a educar a também fazermos”.
Oreste António informou ao governador que, de há algum tempo para cá, a população residente na parte baixa, maioritariamente constituída por praticantes da religião muçulmana, com as quais sempre se reuniu e deu prioridade mesmo na atribuição dos sete mil meticais, portanto, um grupo conhecido pela sua simpatia em relação aos partidos da oposição política.
Viria a ser essa a razão, segundo dados apurados pela nossa Reportagem, que estaria por detrás da ausência de representantes da Igreja Católica no comício popular, que entretanto se previa que viessem fazer orações para o novo governador provincial.
Na verdade, segundo o programa de actividades, durante o comício havia espaço para que diferentes congregações religiosas dessem a sua bênção ao nóvel dirigente, sendo que por várias vezes foram chamados os nomes de um padre e de uma freira que não se fizeram presentes, tendo se optado por improvisar um animador de um dos bairros da vila-sede.
Para terminar a sua intervenção, Oreste António pediu, em moldes não muito simpáticos, ao governador da província para que levasse o seu administrador naquela mesma viagem, por não estar a fazer nada a favor do distrito de Palma, e advertiu: “se o deixar o problema vai ser consigo, senhor governador, nós não nos vamos responsabilizar pelas consequências que disso resultarem. Falei em nome de todos, e se calhar, como tem sido hábito, aqui atrás serei vítima de retaliações, mas isso não me interessa, já disse o que havia para dizer”.
Há também uma queixa sobre um acto considerado desumano pela população, que consistiu na retirada compulsiva de cerca de mil pessoas que viviam na Ilha de Quifuqui, usando a força policial e tendo, de seguida, ateado fogo às palhotas dos ilhéus que foram obrigados a pernoitar na praia ao relento.
Na realidade, segundo contam, o administrador pretendia agilizar a desocupação da ilha para nela ser implantado um empreendimento turístico que ainda não está a ter pernas para andar, pertença de um investidor estrangeiro, para o que não hesitou em enviar o seu ajudante de campo armado, na companhia de dois agentes do conselho de policiamento comunitário.
Estes, ante a resistência da população, que exigia a negociação directa com o interessado por aquela parte insular de Palma, usaram a força das armas e a seguir atearam fogo às palhotas, deixando os seus ocupantes em alvoroço e em debandada.
Um outro interveniente, de nome Cristóvão, afirmou que Palma não viu e nem consegue ver os sete milhões de meticais, alocados pelo Governo central, para a geração de rendimentos, emprego e produção de comida alegadamente porque os problemas do distrito continuam os mesmos, incluindo a inacessibilidade das vias de acesso.
“Para nos enganar trouxe moageiras que disse terem custado 300 mil meticais a unidade, quando sabemos que cada uma custa entre 35 e 45 mil meticais cada. Reabriu a pista de aterragem, não sabemos como é que isso é prioritário, e desde então não vimos nenhuma avioneta a aterrar em Palma”, palavras de Cristóvão.
Ele disse que foi comprado um tractor que apenas serve para transportar água para a casa do administrador e agora está alugado em Mocímboa da Praia, donde o haviam devolvido na véspera da visita do governador, quando na verdade serviria para fazer agricultura num distrito basicamente agrícola. ... ...

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  • Leia também - Em Palma-Cabo Delgado população denuncia abusos do administrador - aqui !

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