O governador de Cabo Delgado, Lázaro Mathe, ordenou segunda-feira última, a abertura de um inquérito para o apuramento das razões porque na Escola Secundária de Macomia-Sede, mais de metade de alunos da 10ª classe reprovou nos exames recentemente realizados, depois de uma queixa pública apresentada por um estudante em pleno comício popular.
O estudante denunciante, de 16 anos de idade, de nome Bonga Issa Agostinho, acusou os seus professores de falta de transparência, pois, entre os alunos que passaram de classe, constam suas três mulheres e um sobrinho de um deles, sobre os quais ele desafia que se tratou de estudantes que durante o ano lectivo tiveram um aproveitamento péssimo.
"Peço que se faça uma investigação para sabermos o que aconteceu na escola porque muitos alunos que chumbaram foram aplicados e o seu aproveitamento ao longo do ano foi muito bom e entre os que passaram, há alunos que sabemos não terem sido bons em toda esta época", disse Bonga.
Bonga Issa não consta dos alunos reprovados, pois passou para a 11ª classe.
Disse estar a tentar defender os seus colegas com quem batalhou durante o ano e que não mereciam tal tratamento.
O estudante queixoso apresentou os nomes dos professores a quem acusa de corrupção e nepotismo e desafiou as autoridades ligadas à Educação a aprofundar a questão, convicto de que hão-de encontrar muitas falcatruas no processo dos exames.
"Há razões suficientes para que a questão não termine com o simples recurso à segunda época, porque os meus colegas, apesar de não apresentarem o problema, têm muita razão", disse Bonga Agostinho, falando depois a jornalistas.
A Escola Secundária de Macomia tinha na 10ª classe 86 alunos, dos quais 45 não conseguiram terminar o ano com bom aproveitamento, conforme os resultados publicados depois da realização dos exames.
Consta que os exames de Macomia foram corrigidos na Escola Secundária de Mueda e o nosso jornal soube de outras fontes de que há indícios de ter havido fotocópias de alguns deles, como sinais evidentes de outros terem sido feitos com a mesma caligrafia.
O governador provincial, no mesmo comício, ouviu publicamente um professor que não conseguiu contrariar o estudante, bem como pôs a falar o director distrital da Educação e Cultura, Francisco Saíde, que disse ter encaminhado o caso à direcção provincial respectiva que ordenou a que todos os chumbados fizessem os exames da segunda época, na tentativa de resolver a aparente injustiça.
Mas para Lázaro Mathe, a segunda época não resolve o problema que Bonga Issa Agostinho apresentou como denúncia, pelo que interessa que se apure com profundidade os termos da queixa do estudante, para o que deixou ficar em Macomia, o representante da Educação e Cultura, na sua comitiva que ainda está a efectuar visitas aos distritos, o porta-voz da mesma, Castro João Balão.
Balão vai chefiar a comissão de inquérito que inclui o director distrital da Educação e Cultura, o da escola visada, o estudante queixoso e um popular que se ofereceu durante o comício a fazer parte da mesma.
Maputo, Quarta-Feira, 6 de Dezembro de 2006:: Notícias