5/30/07

Rui Paes (de Pemba) expôe no primeiro Simpósio Internacional de Pintura de Matosinhos.

Pintores tentam captar o espírito do Senhor de Matosinhos.
Por Jorge Marmelo - Publico.pt
Trabalho de Alberto Péssimo, João Ribeiro, José Emídio e Rui Paes pode ser apreciado, ao vivo e até quinta-feira, na Galeria Municipal.
Menos de vinte e quatro horas depois do arranque do primeiro Simpósio Internacional de Pintura, que decorre em Matosinhos até ao próximo dia 31, o pintor José Emídio já tinha duas obras de arte em avançado estado de produção. Não espanta. Emídio é um matosinhense e o único dos quatro participantes na iniciativa que já conhecia Matosinhos, cabendo-lhe, por isso, o papel de anfitrião de Alberto Péssimo, João Ribeiro e Rui Paes, o português radicado em Londres que ficou famoso quando fez as ilustrações do livro infantil Pipas de Massa, da cantora Madonna. Também por jogar em casa, José Emídio optou por contornar o tema proposto pela Câmara de Matosinhos para a iniciativa: o Senhor de Matosinhos, a sua lenda, as tradições e as festividades populares que actualmente têm por palco o centro da cidade, com o seu cortejo de barraquinhas de feira e roulottes de farturas. "Já pintei muitas vezes o Senhor de Matosinhos, vou aproveitar para fazer outras coisas", justifica o pintor. Coincidindo com a realização de uma das maiores romarias do país, o Simpósio Internacional de Pintura decorre, desde a passada quarta-feira, numa das salas da Galeria Municipal de Matosinhos. Por lá têm passado artistas e simples curiosos que querem ver ao vivo o trabalho dos pintores convidados, mas também alunos das escolas do concelho que frequentam os workshops de pintura que acompanham o simpósio, destinados a melhorar a compreensão do fenómeno artístico. "Estou a gostar muitíssimo da experiência", diz Rui Paes. "Fiz as Belas-Artes no Porto, mas não conhecia Matosinhos", reconhece o ilustrador do livro de Madonna. Com a ajuda de um postal ilustrado mostrando um dos altares da Igreja do Senhor de Matosinhos, Paes tenta passar para a tela as volutas barrocas e douradas que decoram do templo. A ideia, explica, é criar uma moldura barroca que enquadre um ícone religioso, estabelecendo uma ligação entre a tradição, a realidade actual dos festejos e o livro que o tornou célebre.
"Explosão de estímulos"
Antes de iniciarem o trabalho, os quatro pintores foram conduzidos num passeio pelos principais pontos patrimoniais do concelho, da Igreja do Senhor de Matosinhos à Casa de Chá da Boa Nova. Uma introdução que Rui Paes considera ter sido "muito boa" e que lhe trouxe à memória a última visita ao edifício que Siza Vieira instalou sobre os rochedos da Boa Nova: "Não ia lá há trinta anos, mas lembro-me que foi ali que percebi que o Siza Vieira é um génio da Arquitectura. Fui à casa de banho e vi aquela luz... Aquilo era magia", recorda. Resultado? O pintor nascido em Moçambique contava aproveitar o simpósio para descansar, mas percebeu imediatamente que tal será impossível. "Há muito dinamismo, uma explosão de estímulos e solicitações. Não vou descansar, mas sair daqui com uma energia nova", diz. Como que para ilustrar o que significa para um pintor o trabalho partilhado, Alberto Péssimo entra nesse instante no improvisado atelier dos quatro artistas. Vem falando alto e traz um saco de supermercado, oferece cerejas e arrasta os restantes pintores para uma fotografia de grupo a la minuta num cavalinho estacionado diante dos paços do concelho. Quando regressa, veste o fato-macaco, estende um pedaço de papel no chão e começa a desenhar com traços rápidos.Pouco habituados ao trabalho em conjunto, os artistas parecem não desgostar da experiência. "O que mais me impressionou foi ver os outros a trabalhar", reconhece o lisboeta João Ribeiro, apontando para o canto onde Péssimo tem já um monte de papéis desenhados, rasgados e pintados, espalhados pelo chão, pelas paredes e por toda a parte, como se um vendaval criativo por ali tivesse passado. "Ele tem uma atitude muito dadaísta", comenta, enquanto vai acrescentando pacientemente as várias camadas de cor que hão-de dar origem à sua obra. "Só daqui a alguns dias se vai ver o resultado", explica.
In "Publico.pt"

PEMBA - Turismo cultural é prioridade.

Intensificar turismo cultural continua a ser nossa prioridade diz Agostinho Ntawale, presidente do município de Pemba .
A cidade de Pemba – orgulhosamente apelidada de berço que acolhe a terceira maior baía do mundo – continua galvanizada no estabelecimento definitivo de um turismo cultural que fará daquela urbe da província de Cabo Delgado, uma janela importante e privilegiada de Moçambique. De acordo com Agostinho Ntawala, presidente do município local, que esteve recentemente na Bolsa do Turismo realizada em Maputo, há muito trabalho que está sendo feito neste momento, particularmente na área da construção de infra-estruturas. “Qualquer nacional ou estrangeiro que queira investir em Pemba, pode fazê-lo, nós estamos abertos”. Neste momento há uma grande azáfama para construção de hotéis, que incluem de cinco estrelas.
Ntawala, em conversa com a nossa Reportagem, evocou como um dos chamaris para chamar a atenção das pessoas sobre o desenvolvimento de Pemba, o Festival de Turismo Cultural da Baía, que se realiza uma vez por ano. “Este evento é o espelho de Cabo Delgado. Se você quer ir à Mueda, ou Nangade, ou outro local da nossa província por alturas desse festival, não precisa de ir lá, porque todo Cabo Delgado vem dar à Pemba”.
Apresentado este panorama, questionamos ao presidente do Município de Pemba se isso significa que a cidade por ele dirigida está de boa saúde.
“Nós estamos bem, porque o turismo não se circunscreve apenas à cidade de Pemba, mas também nas Ilhas. Temos o turismo em que as pessoas têm a oportunidade de se banhar nas águas do mar, temos também fauna bravia no Parque Nacional das Quirimbas que engloba a parte marítima e também a parte continental, onde se podem contemplar animais”.
São projectos inúmeros e ambiciosos abraçados pela equipa de Agostinho Ntawale, que passam por acreditar sobretudo na força do trabalho. “Temos em manga a urbanização da terra para poder viabilizar os projectos de construção para o bem-estar da população. Neste momento estamos numa fase de parcelamento de algumas áreas municipais em que posso afirmar que temos já 400 talhões, para ver se a nossa cidade vai ter uma habitação condigna, aliás esse é o nosso programa. Outro projecto circunscreve-se à viabilização de zonas potenciais para prática de turismo cultural, e lá nós só autorizamos a construção de infra-estruturas turísticas e achamos que podemos combater a pobreza absoluta nesse âmbito, porque as pessoas terão emprego e também, além do emprego, temos aquilo que é a contribuição dos operadores no âmbiuto da e também na agricultura de pequena escala e isso fará com que a cidade de Pemba, nos próximos tempos reduza circunstancialmente pobreza”.
BOLSA DO TURISMO
Uma das estratégias adoptadas por Agostinho Ntawala para a promover a sua cidade, foi vir à Maputo para a Bolsa do Turismo. “Eu vim a Maputo para dizer ao mundo que nós estamos aqui, não viemos na nossa máxima força, mas estamos em grande: trouxemos aqui grupos culturais habitualmente vistos na baía de Pemba, trouxemos uma gastronomia invejável, estamos no mínimo com qualquer coisa como 25 pratos que estão a girar aqui na Bolsa de Turismo, e são pratos típicos de Moçambique, então essa é uma componente muito importante”. Ainda no Bolsa de Turismo foi lançado um CD de uma cantora- revelação chamada Zainabo, que fala das potencialidades da cultura de Cabo Delgado. O nosso trabalho não é confidencial, é público e gostaríamos que qualquer moçambicano, onde estiver, acompanhasse isso”.
Outra estratégia encontrada pela edilidade é a promoção regular de festivais. “Agora capitalizamos o Festival de Turismo Cultural da Baía, que é realizado todos os anos. Isso significa que aqui nós mostramos todo o potencial de Cabo Delgado”.
Em relação ao turismo cultural, o nosso interlocutor, abre espaço para a participação do sector privado.
“Nós temos já processada a autorização de um grupo de investidores que vão construir um hotel Vip e outros hotéis. E pensamos que, de certa maneira, isso vai catalisar o turismo e a dinâmica social, económica e Cultural de Cabo Delgado”.
Esse desenvolvimento projectado passará ainda pela construção de uma auto-estrada que vai ligar a cidade velha à nova – onde estão a ocorrer grandes transformações.
DEPOIS DO FESTIVAL
Após a realização do 2º Festival da Canção e Música Tradicional realizada na cidade de Pemba em 2006, a capital provincial de Cabo Delgado, em termos de desenvolvimento cultural já não será a mesma.
“Pemba mudou muito. Ficámos a saber que afinal podemos fazer maravilhas. Como réplica desse festival nacional, acabámos criando o Festival de Turismo Cultural da Baía, que está a dar um grande sucesso e penso também que a mentalidade das comunidades também mudou, porque eles acham que hoje, afinal de contas podem promover a província de Cabo Delgado através da dança, da canção, através da cestaria, da escultura makonde, então eu julgo que, de facto, o segundo festival da canção tradicional veio, mais uma vez, dar um impulso à província de Cabo Delgado”.
Pemba é também uma cidade de muitos bairros. Qual deles o mais importante, na visão de Ntawale?
“Nós temos o bairro histórico de Paquitiquete, onde qualquer visitante que vai para ali, encontrará a cultura típica da baía de Pemba, mas no seu todo, em todos os bairros a cultura está patente e o grupo que trouxemos a Maputo é do bairro de Ngonane. É um dos melhores de Pemba, por isso o trouxemos aqui. Mas em cada bairro municipal temos grupos culturais que são o orgulho de Pemba e que precisamos de expô-los para todo Moçambique saber o quê que tem por dentro do seu país”.
O SEGUNDO FESTIVAL DO WIMBE
De 28 de Dezembro a 1 de Janeirto de 2008, vai-se realizar o Segundo Festival do Wimbe. Aí é para ver Cabo Delgado por fora. Todo Cabo Delgado estará ali representado nas suas mais variadas vertentes socioeconómica cultural.
“Estamos a criar um ambiente em que a passagem do ano para 2008, Pemba seja o lugar apropriado aqui ao nível desta zona de África. É o primeiro sítio onde se pode ver primeiro o nascer do sol, então tem mais um motivo porque você sempre quer ser o primeiro a ver o sol do primeiro dia do ano de 2008, então o lugar é Pemba.
Pemba é deveras especial. Tem recebido grandes estrelas dos Estados Unidos da América que vão ali. Aterram no nosso aeroporto, e vão para as ilhas, e eu penso que isso faz com que a cidade de Pemba seja um orgulho para o moçambicano. Pemba é procurado no mundo inteiro. O importante agora é que nós todos divulguemos este ouro para que de facto se torne destino invejável.”.
Maputo, Quarta-Feira, 30 de Maio de 2007:: Notícias - ALEXANDRE CHAÚQUE