9/22/07

Ronda pelos blogues - O Vouguinha fala de Lourenço Marques...

Do prometedor "Vouguinha" que tem como articulista Branquinho de Almeida (também "macua" convicto e por afinidade), menciono:
Nas minhas digressões regulares pelos "sítios" da Net, relembrei Lourenço Marques, actual Maputo, capital de Moçambique.
O pedaço da minha vida naquela terra enraizou-se, sobretudo, no Norte, por terras macuas.
Considerei-me sempre um "bicho do mato".
Circunstancialismos de ordem profissional - a vida de saltimbanco administrativo -, e familiar (os meu pais viviam numa vila do interior de Cabo delgado), não me permitiram uma vivência substancial nas principais cidades, passe o facto de ser Porto Amélia a minha "base de apoio", sempre que me era possível ou necessário.
A capital conhecia-a em Agosto de 1968, quando uma guia de marcha me fez seguir de Balama (na zona de Montepuez), para a cidadela militar de Boane.
Durante cerca de 10 meses, os fins de semana eram, inevitavelmente, passados naquela cidade grande, que recordo muito limpa, arejada, de amplas artérias, desenhada a compasso e esquadro.
Para essa agradável contestação, o tempo foi mais do que suficiente.
Mas não é só na policromia das acácias, na beleza estética das avenidas e do betão, que um homem se completa.
E, mais por culpa da minha juventude introvertida, talvez, ensimesmada, do que pela sociedade local, nunca cheguei a integrar-me, a conhecer, na vertente humana, aquela índica cidade!
Para além de meia dúzia de companheiros, como eu deslocados naquela urbe, para cumprimento de obrigações militares e um ou outro ali residente, que partilhavam os convívios informais dos dias de descanso, não conheci mais ninguém, nem, que soubesse, por lá tinha familiares.
Assim, numa exploração quase solitária, ia passando as horas pelo Nacional, pelo Piri-Piri, numas geladinhas no Continental ou no Bar do Negresco, nuns passeios por Malhangalene, numas "voltas" pela Baixa, nuns filmes no Manuel Rodrigues (o César Rodrigues era meu companheiro em Boane), num "piscar de olho" às bifas na Costa do Sol...e nos inevitáveis raids pela Rua do Nosso Major...no Pinguim, Luso e quejandos...e umas "visitas à Pensão Nini (?) lá para as bandas da Polana, quando haviam mais umas notas na depauperada bolsa!...Passe a lacuna da deficiente integração no ambiente social laurentino, bem me sentiria se por ali continuasse até ao fim da minha "guerra", que de lá me devolveu ao Norte, não de calção e camisa "casca de ovo" (rsrsrsr..) como ali chegara quase um ano antes, mas espartilhado num camuflado fruta-cores!
E é porque também ali fui feliz e aquela bela cidade ficou a fazer parte do meu roteiro de vida, que sinto prazer em revisitá-la através destes "clips", com imagens daqueles tempos e mais recentes:

Diversificando - África inspira mais um filme de amor.

São Paulo (Reuters) - No cinema e na literatura, a África é muitas vezes um lugar de sonho para europeus problemáticos, que se reencontram em meio a um continente mostrado como selvagem e de costumes exóticos.
"A Massai Branca", que chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira, integra a lista de filmes desse gênero.
Os longas "Entre Dois Amores" (baseado nas memórias da dinamarquesa Karen Blixen), "África dos meus Sonhos" (baseado no livro da socialite italiana Kuki Gallmann) e a premiada produção alemã "Lugar Nenhum na África" (do livro de Stefanie Zweig) trilharam o mesmo caminho.
"A Massai Branca", dirigido por Hermine Huntgeburth ("Bibi, A Bruxinha"), tem roteiro baseado no livro de memórias da suíça Corinne Hofmann, que abandonou uma vida de conforto na Europa para viver ao lado de um guerreiro no Quênia.
No filme, ela ganha o nome de Carola e é interpretada pela atriz Nina Hoss.
Para qualquer europeu que vai para uma região mais reclusa da África, o choque cultural é muito grande.
Mas a fascinação pode vir com a mesma intensidade.
É exatamente isso que acontece com Carola, que passa as férias no Quênia com seu noivo, Stefan (Janek Rieke).
Carola se apaixona à primeira vista pela figura imponente de Lemalian (Jacky Ido), um guerreiro da tribo Samburu.
Decidida, a moça abandona a vida confortável na Europa e o namorado e decide ir atrás desse novo amor.
Logo descobre que viver na África não é tão fácil.
Depois de alguns contratempos, acaba encontrando Lemalian.
O relacionamento entre os dois não evolui como ela sonhou.
Carola logo descobre que o guerreiro desconhece o romantismo e nem imagina que uma mulher possa sentir prazer.
A relação sexual tem por função satisfazer apenas os homens, segundo a cultura local.
Nada disso a impede de seguir em frente e continuar ao lado do guerreiro, a quem ela ensina alguns novos comportamentos.
"A Massai Branca" explora bastante os choques culturais entre a civilização européia de Carola e o mundo em que ela tenta entrar agora.
Embora Lemalian se mostre mais aberto à cultura de Carola do que os outros membros da tribo, ele não se curva às sugestões dela.
A suíça, por sua vez, assusta-se com as tradições do povo de seu marido, que inclui a mutilação sexual das meninas.
Carola parece desconhecer algumas tradições africanas que são bastante debatidas, aliás, no restante do mundo.
Cabe ao padre local (Nino Prester) conduzi-la ao conhecimento e aceitação das diferenças.
Carola é teimosa e não abre mão de seus sonhos.
Por isso, não pensa em voltar para a Europa.
Acha que, com o tempo, também conseguirá produzir algumas mudanças no ambiente que adotou.
Como não podia deixar de ser, a paisagem africana emoldura bem essa história de amor e choque cultural, assim como alguns rituais tradicionais, que dão ao filme um toque semidocumental.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
Filme de Hermine Huntgeburth baseado no relato autobiográfico da suíça Corinne Hoffmann, um best seller na Europa.
A Massai Branca ("The White Massai", Alemanha/2005, 132 min.)
- Drama.
- Cotação: Bom