Do prometedor "Vouguinha" que tem como articulista Branquinho de Almeida (também "macua" convicto e por afinidade), menciono:
Nas minhas digressões regulares pelos "sítios" da Net, relembrei Lourenço Marques, actual Maputo, capital de Moçambique.
O pedaço da minha vida naquela terra enraizou-se, sobretudo, no Norte, por terras macuas.
Considerei-me sempre um "bicho do mato".
Circunstancialismos de ordem profissional - a vida de saltimbanco administrativo -, e familiar (os meu pais viviam numa vila do interior de Cabo delgado), não me permitiram uma vivência substancial nas principais cidades, passe o facto de ser Porto Amélia a minha "base de apoio", sempre que me era possível ou necessário.
A capital conhecia-a em Agosto de 1968, quando uma guia de marcha me fez seguir de Balama (na zona de Montepuez), para a cidadela militar de Boane.
Durante cerca de 10 meses, os fins de semana eram, inevitavelmente, passados naquela cidade grande, que recordo muito limpa, arejada, de amplas artérias, desenhada a compasso e esquadro.
Para essa agradável contestação, o tempo foi mais do que suficiente.
Mas não é só na policromia das acácias, na beleza estética das avenidas e do betão, que um homem se completa.
E, mais por culpa da minha juventude introvertida, talvez, ensimesmada, do que pela sociedade local, nunca cheguei a integrar-me, a conhecer, na vertente humana, aquela índica cidade!
Para além de meia dúzia de companheiros, como eu deslocados naquela urbe, para cumprimento de obrigações militares e um ou outro ali residente, que partilhavam os convívios informais dos dias de descanso, não conheci mais ninguém, nem, que soubesse, por lá tinha familiares.
Assim, numa exploração quase solitária, ia passando as horas pelo Nacional, pelo Piri-Piri, numas geladinhas no Continental ou no Bar do Negresco, nuns passeios por Malhangalene, numas "voltas" pela Baixa, nuns filmes no Manuel Rodrigues (o César Rodrigues era meu companheiro em Boane), num "piscar de olho" às bifas na Costa do Sol...e nos inevitáveis raids pela Rua do Nosso Major...no Pinguim, Luso e quejandos...e umas "visitas à Pensão Nini (?) lá para as bandas da Polana, quando haviam mais umas notas na depauperada bolsa!...Passe a lacuna da deficiente integração no ambiente social laurentino, bem me sentiria se por ali continuasse até ao fim da minha "guerra", que de lá me devolveu ao Norte, não de calção e camisa "casca de ovo" (rsrsrsr..) como ali chegara quase um ano antes, mas espartilhado num camuflado fruta-cores!
E é porque também ali fui feliz e aquela bela cidade ficou a fazer parte do meu roteiro de vida, que sinto prazer em revisitá-la através destes "clips", com imagens daqueles tempos e mais recentes: