O assunto polémico que li hoje fala da mulher negra e racismo no mundo das novelas e não só:
Vocês viram uma matéria no Fantástico sobre modelos negros no mercado brasileiro de moda?... ...
Estava mesmo pensando nessa exploração da sexualidade negra, ao ver alguns capítulos da PA-VO-RO-SA novela Duas Caras (olha que sou noveleira, assisto quase tudo, mas essa está na lista das absolutamente insuportáveis).
A tal novelinha, entre muitos outros preconceitos de arrepiar (professores, universitários e qualquer pessoa que tenha lutado contra a ditadura militar são mostrados como canalhas, oportunistas ou figuras ridículas) acaba sendo um bom exemplo do que é o imaginário brasileiro em relação às mulheres negras, segundo o qual, só existem duas opções na vida para elas.
Elas são jovens, gostosas, predadoras sexuais:
a empregada que quer ser madrinha de bateria; a empregada que vive levando cantada do filho do patrão (foto e video ao lado... o sonho do Barretinho) ou
duas amigas que só pensam em arrumar um namorado nos condomínios da barra.
E se envelhecem, elas viram
mães de santo (
que já se encarregaram de matar, pra ser substituída pela jovem gostosona,...) e empregadas "de confiança" da mocinha branca e desamparada.
Se quase toda mulher de meia idade, no Brasil, já é descartada dos meios de comunicação, imagine as negras, são completamente invisíveis. Enquanto elas são over-sexualizadas na juventude, depois de uma certa idade, são tratadas como seres assexuais e desaparecem das novelas e filmes. Até voltar, como velhas sábias ou empregadas de confiança.
Atrizes brancas têm sempre um papel garantido, independente da idade, tem lugar pra Renata Sorrah, Suzana Vieira, Marilia Pera, Beth Faria e até Maríiia Gabriela. Pobres ou ricas, são personagens que têm um mínimo de complexidade ou alguma história.