2/15/08

Inundações no Norte de Moçambique...

Maputo, Sexta-Feira, 15 de Fevereiro de 2008:: Notícias - Cinco povoados do norte do país estão a enfrentar inundações desde há sensivelmente uma semana, devido à subida dos caudais dos rios Megaruma, Messalo, Montepuez e Lugenda, em consequência da chuvas acima do normal que caem na região. Com a ocorrência destas inundações, o país regista uma situação excepcional e preocupante no presente ano hidrológico em que a maior parte dos rios da região centro e norte do país apresentam elevados volumes de escoamento.
A Direcção Nacional de Águas indica um cenário de inundações em Mandimba, Majune e Gonda (zonas reibeirinhas do rio Lugenda), Chai e Miangalewa, no rio Messalo, nos próximos dias, recomendando-se, por isso, que sejam tomadas medidas de precaução.
Na bacia do Zambeze o Centro Nacional Operativo de Emergência em Caia iniciou esta semana o processo de distribuição de víveres às vítimas das cheias dos rios Zambeze e Licungo. Esta operação está a ser possível com a chegada a dias na região do terceiro helicóptero, que está a imprimir uma nova dinâmica na assistência aos afectados, particularmente os que se localizam em áreas de difícil acesso rodoviário e terrestre.
Com relação às inundações na região norte do país, a Direcção Nacional de Águas disse ontem que as bacias hidrográficas dos rios Megaruma, Messalo, Montepuez e Lugenda registam um elevado volume de escoamentos. Por isso, prevaleciam até ontem inundações ribeirinhas nos rios Lugenda, em Mandimba, Majune e Gonda. No rio Montepuez estão afectados os povoados de Chai, Nairoto e Miangalewa.
Enquanto isso, as bacias da região centro do país, nomeadamente Zambeze, Búzi, Púnguè, Save e Licungo continuam em estado de alerta, não obstante apresentarem uma tendência generalizada de ligeira diminuição do volume de escoamentos. Como resultado do abrandamento das chuvas nos países vizinhos e no interior do país, a HCB acaba de reduzir as descargas de água dos anteriores 4000 para 3800 metros cúbicos por segundo, facto que poderá contribuir para a melhoria da situação a jusante.
As cheias do Licungo inundaram as zonas de Morla, Intabo, Mugomola, Muquera, Magida, Sopa, Mambeia, Mundema-Mutabune, Niquide e Novicoto. Provocaram a morte por afogamento de uma criança de sete anos de idade no povoado Intabo.As atenções do Centro Nacional Operativo de Emergência estão neste momento concentradas no pós-cheias, particularmente depois de dada por terminadas as operações de busca e salvamento a partir desta semana no vale do Zambeze.
Horácio João

A África emergente onde o Brasil vai lucrar bilhões...

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Interessante artigo de Lena Pinheiro publicado na revista "Isto É - Dinheiro - Caderno Economia" (Brasil) de 08/02/08:
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A ÁFRICA ESTÁ BOMBANDO. E O BRASIL VAI LUCRAR BILHÕES.
O continente cresce acima da média dos emergentes, atrai investimentos e muitas empresas brasileiras estão atentas ao despertar desse grande mercado.
A região não costuma estar no radar de grandes bancos de investimentos nem pertence ao BRIC, bloco criado pela Goldman Sachs para indicar os países emergentes mais promissores – entre eles, o Brasil. Muitas vezes, é lembrada apenas por epidemias, guerras civis ou massacres étnicos. Só que essa é a velha África, historicamente marginalizada pelo Ocidente. Há uma outra que se desenvolve num ritmo alucinante, sendo liderada por Angola, que cresceu 25% em 2007. Na média, o PIB da África vem avançando cerca de 5% ao ano, desde 2004. As exportações, puxadas por minérios e petróleo, têm crescido 28% ao ano e vários países, com fartos superávits comerciais, estão colocando em marcha grandes programas de investimento na área de infra-estrutura. As empresas brasileiras, naturalmente, estão atentas ao despertar da África. Na semana passada, executivos da Camargo Corrêa estavam em Moçambique finalizando o contrato para a construção de uma das maiores usinas hidrelétricas da região, a Mphanda Nkuwa, um projeto orçado em US$ 3,2 bilhões. “Há um forte ciclo de desenvolvimento ocorrendo na África e o Brasil está aproveitando essa maré via investimentos diretos e exportação”, analisa o empresário Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp.
Os investimentos brasileiros na região têm contado com apoio oficial. Ao anunciar uma linha de crédito de US$ 1 bilhão para Angola, no fim do ano passado, o presidente Lula afirmou que o Brasil deve “ter uma participação mais forte” na região. Já na iniciativa privada, o trabalho é intenso. A Petrobras e as construtoras Camargo Corrêa e Norberto Odebrecht investem juntas bilhões de dólares no continente para garantir presença em suas mais importantes obras. A identificação cultural e lingüística facilita a aproximação. Na Norberto Odebrecht, onde a África já é a terceira maior fonte de receita, com peso de 13,77%, um dos projetos que mais chama a atenção é a construção do Terminal de Contêineres de Doraleh, no porto de Djibuti. A obra de US$ 300 milhões une trabalhadores de 16 nacionalidades, dentre brasileiros, africanos e indianos. “Por muito tempo, o Ocidente não soube como tratar a África”, diz Roberto Dias, diretor da construtora. “A China os colocou no colo e isso fez o Brasil finalmente acordar.”
A maior estatal nacional, a Petrobras, é uma das maiores investidoras na região, com planos de aplicar US$ 1,3 bilhão somente em Angola e na Nigéria até 2012. Angola, vale dizer, já produz mais petróleo do que o Brasil e é sócia da Opep, a organização dos países exportadores.
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PIB DE US$ 1,2 TRILHÃO JOGA LUZES SOBRE O CONTINENTE ESQUECIDO.
Se os investimentos diretos estão em alta, a balança comercial está igualmente favorável. Dados de 2006, indicam um recorde na corrente de comércio entre Brasil e África, de R$ 32,3 bilhões, uma evolução de 153% em relação ao ano anterior. A complementaridade das economias explica parte do avanço, mas o crescimento da classe média local é, de fato, o grande motor da expansão brasileira em países como a África do Sul. Conhecida como “Black Diamonds”, a classe média sul-africana cresceu 30% no ano passado e consome cerca de US$ 25 bilhões anualmente.
“Esse grupo está demandando como nunca celulares, automóveis e outros bens de consumo”, afirma o professor da Unicamp, Adalto Roberto Ribeiro. Só na região metropolitana de Campinas, o número de empresas que passaram a exportar para algum país africano saltou de 63, em 2001, para 131, em 2007. O melhor é a qualidade. “Nossa pauta de exportações para lá é basicamente de manufaturados”, diz Maria Paula Velloso, diretora da Apex, a agência de promoção às exportações, que encabeça projetos para que essa boa maré esteja também ao alcance de pequenos e médios empresários brasileiros.
Lena Pinheiro - Isto É - Dinheiro.