8/14/08

Retalhos da História de PEMBA - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia. Parte 2.

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A COMPANHIA DO NIASSA E A FUNDAÇÃO DE PORTO AMÉLIA. - (continuação daqui!)
A colónia de Pemba foi um fracasso e foi abandonada alguns anos depois, tendo a corveta Mindelo encontrado em 1882 no Ibo, "dois negociantes portugueses, os únicos que restavam da colónia de Pemba, que ali se haviam estabelecido há 24 anos". (António Marques Esparteiro, Op. cit., Vol. XVII, p. 44).
Em 1884, Augusto Castilho, informava "que o único vestígio d'esta ephemera e desastrosa occupação reduz-se apenas a uma insignificante fortificação abandonada" (Augusto Castilho, Relatório acerca de alguns portos da província de Moçambique, p. 49.), com o formato de um hexágono regular "de uns 10 metros de lado com duas canhonheiras por lado, e uma porta a meio da face occidental. As muralhas terão uns 3 metros de alto acima do terreno, e são cercadas de um ridículo fosso de 1,5 metros de largo, sobre talvez 0,8 metros de fundo", mas informa que a sua localização fora bem escolhida.
António Enes deixou-nos um relatório já antes mencionado, que além de ser um texto de grande qualidade literária, é também um documento de grande interesse histórico para a compreensão da situação da administração portuguesa em Moçambique. Neste documento, o norte de Moçambique só marginalmente é referenciado porque de facto não tinha instalada uma administração coerente e não havia uma lei a cumprir, sendo afirmado que "capitais há de distritos e distritos inteiros, como o de Cabo Delgado, onde totalmente faltam elementos policiais".
No que respeita aao povoamento do território diz António Enes que "em 1891 vi desembarcar e acompanhei com a vista os centenares de colonos que a Metropole despejou para Moçambique por medida policial e económica, e o resultado da minha observação foi mandar pedir ao governo que não continuasse a remeter para lá semelhante gente". (António Enes, Moçambique, p. 62).
A calamitosa situação administrativa de Moçambique também o inspirou a propor importantes reformas, que apoiou com um projecto de orçamento das receitas e despesas da província. (António Enes, Op. cit., 4.ª Edição, Agência Geral do Ultramar, Lisboa, 1971, p. 557-577).
Relativamente ao distrito de Moçambique, esse orçamento previa a colocação de um comandante militar superior de Cabo Delgado e concelho do Ibo, um comandante militar de Palma e um comandante militar de Mocímboa, além de outros funcionários administrativos, significando a vontade de instalar uma administração no concelho do Ibo, que não existia de forma estruturada.
Em finais do século, na linha do pensamento expresso por António Enes, também o governador Mouzinho de Albuquerque traçava um panorama desolador em relação ao povoamento europeu de Moçambique: "Hoje abona o Estado um certo número de passagens mensaes a colonos, mas estes são escolhidos a capricho, sem ter em attenção as circunstancias e carencias da provincia. Vão muitos vadios, vão pobres jornaleiros do campo que é muito dificil, senão impossivel, empregar alli. Succede por vezes, como ainda em Janeiro de 1897, chegar alli mais de um cento de colonos, a maior parte sem officios ou profissão definida, sem que d'isso houvessem sido avisadas as autoridades locaes. Isto não é colonisar, povoar ou nacionalisar, é apenas fazer um estendal de miséria." (J. Mousinho de Albuquerque, Moçambique (1896-1898), Sociedade de Geografia de Lisboa, 1913, p. 110.)
- Continua em breve...
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O autor:
Adelino Rodrigues da Costa entrou para a Escola Naval em 1962 como cadete do "Curso Oliveira e Carmo", passou à reserva da Armada em 1983 no posto de capitão-tenente e posteriormente à situação de reforma. Entre outras missões navais que desempenhou destaca-se uma comissão de embarque realizada no norte de Moçambique entre 1966 e 1968, onde foi imediato da LGD Cimitarra e comandante das LFP Antares e LFG Dragão.
Especializou-se em Artilharia, comandou a LFG Sagitário na Guiné, foi imediato da corveta Honório Barreto, técnico do Instituto Hidrográfico, instrutor de Navegação da Escola Naval, professor de Navegação da Escola Náutica e professor de Economia e Finanças do Instituto Superior naval de Guerra. Nos anos mais recentes foi docente universitário, delegado da Fundação Oriente na Índia e seu representante em Timor Leste. É licenciado em Sociologia (ISCSP), em Economia (ISEG), mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação (ISCTE) e membro da Academia de Marinha.
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O livro:
Título - As Ilhas Quirimbas - Uma síntese histórico-naval sobre o arquipélago do norte de Moçambique;
Edição - Comissão Cultural da Marinha;
Transcrição da publicação "As ilhas Quirimbas de Adelino Rodrigues da Costa, edição da Comissão Cultural da Marinha Portuguesa, 2003 - Capítulo 11, que me foi gentilmente ofertado pelo Querido Amigo A. B. Carrilho em Pinhal Novo, 26/06/2006.

8/13/08

ECOS DO BRASIL - Político não é confiável, afirmam em pesquisa 82% dos brasileiros.

Onde se fala da imagem negativa que os políticos transmitem ao cidadão brasileiro. E que penso não seja exclusividade brasileira... Acontece em outros quadrantes da lusofonia!
Transcrevo do sempre atualizado site jurídico "Espaço Vital":
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Pesquisa revela que 82% dos brasileiros não confiam nos políticos.
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) divulgou ontem uma pesquisa constatando que a população tem uma imagem negativa dos políticos brasileiros. Para 82% dos entrevistados, a maioria dos políticos não cumpre as promessas que faz durante a campanha. Segundo 85% dos ouvidos, de maneira geral, a política é uma atividade na qual "os próprios políticos são os principais beneficiados". Mais da metade dos entrevistados discorda de que as eleições no Brasil são feitas de maneira limpa e sem fraudes e têm resultados confiáveis. Apesar disso, apenas 21% dos entrevistados acreditam que no sistema eleitoral brasileiro os políticos têm como ficar sabendo em qual candidato cada eleitor votou. Durante entrevista coletiva de imprensa realizada em Brasília, para divulgar a pesquisa "Perfil do eleitor brasileiro: voto, eleições e corrupção eleitoral", o presidente da AMB, juiz Mozart Valadares Pires, afirmou que a participação da sociedade é fundamental para que haja mudanças efetivas no País. “Não pode haver mudança sem a participação popular. Se a sociedade não tivesse saído às ruas, não tivesse gritado, não teríamos conseguido avanços sociais significativos, como a Constituição Cidadã”, ressaltou. Uma das ações da campanha Eleições Limpas – Pelo Voto Livre e Consciente – parceria da AMB com o Tribunal Superior Eleitoral –, o levantamento foi encomendado pela AMB ao Instituto Vox Populi e revelou, entre outros pontos, que os cidadãos brasileiros estão mais conscientes de seu papel como eleitores. Segundo a pesquisa, 73% dos entrevistados avaliam como muito importante as propostas de trabalho do candidato, e 37% consideram a indicação de um amigo nada importante. O estudo também mostrou que 51% dos entrevistados exerceriam a sua cidadania por meio do voto, mesmo que este não fosse obrigatório.
O levantamento foi realizado em âmbito nacional, de 27 de junho a 6 de julho de 2008. Foram feitas 1.502 entrevistas, com pessoas de idades superiores a 16 anos e das cinco regiões brasileiras. A margem de erro para o total do estudo é de 2,5%.
Para 76% dos ouvidos, o político é mais importante do que o partido na hora da escolha em quem votar. Os três fatores mais importantes para escolher um candidato, de acordo com os entrevistados, são: propostas de trabalho, benefícios que poderão ser concedidos ao bairro e à comunidade e experiência pessoal do político. Além disso, para 68% dos entrevistados é muito importante ou importante que o político seja simpático.
Uma pequena parcela dos ouvidos (5%) concorda que o eleitor pode receber ajuda em troca do voto. No entanto, 61% dos entrevistados disseram conhecer pessoas que aceitariam votar em um candidato em troca de vantagens pessoais. A pesquisa detalhou algumas expectativas dos entrevistados em relação aos políticos. Para a maioria dos ouvidos (93%), é obrigação dos políticos fiscalizar contas das prefeituras. Grande parte dos entrevistados entende que eles deveriam tentar resolver problemas pessoais de seus eleitores. Para 42% dos entrevistados, por exemplo, é obrigação dos políticos pagar despesas de hospital e de enterro para pessoas necessitadas. Para 40% dos ouvidos, isso "não é obrigação, mas deveria fazer". Apenas 17% consideram que os políticos "não deveriam fazer de jeito nenhum". Na avaliação da maioria dos entrevistados, os políticos deveriam dar proteção para pessoas ameaçadas, ajudar eleitores a conseguir emprego, providenciar dinheiro para pessoas necessitadas e construir escolas e hospitais.
- In "Espaço Vital" com informações da AMB e da Agência Estado, 13/08/08.