1/25/07

PEMBA - “Horizonte” sob fogo cruzado.


O semanário Horizonte, uma publicação local e única, em Cabo Delgado, está a enfrentar dois processos-crime movidos pela “Latrinas Melhoradas, subtutelada pela Direcção Provincial das Obras Públicas e Habitação e UMOKAZI, uma organização não-governamental nacional de apoio ao desenvolvimento rural, ambos acusando o periódico de difamação.
A “Latrinas Melhoradas” diz sentir-se difamada pelo facto de o jornal ter publicado uma peça jornalística que dava conta do atraso de vencimentos na empresa e que o seu ex-coordenador desviava dinheiro resultante do aluguer do camião no carregamento de areia.
A UMOKAZI entende que a denúncia, pelo jornal, da crise interna, criada pelas lamentações de interferências dos órgãos sociais na direcção executiva, contra recomendações saídas da IX sessão ordinária da assembleia geral da organização a terá manchado sobremaneira, pelo que pede reparos monetários, por via de uma arbitragem judicial.
Na verdade, para além disso, o “HORIZONTE”, através de uma série de artigos publicados, denunciou, igualmente, o desvio de fundos, a má gestão, mau relacionamento que provocou a saída precipitada dos membros-fundadores daquela organização pioneira em Cabo Delgado, na componente desenvolvimento rural, bem como a acumulação de dívidas em salários dos seus colaboradores.
É este último caso que vai a julgamento hoje, segundo foi notificado o jornal, em 22 de Janeiro corrente, perante uma expectativa geral que obrigou a que o MISA-Moçambique, Núcleo de Cabo Delgado, emitisse um comunicado, assinado pelo oficial de informação, Afonso Alberto Chakubanga, no qual diz estar atento ao decorrer da contenda desde finais do ano passado.
Diz o MISA não estar a favor nem contra a solução judicial do caso, mas alerta que tal signifique uma tentativa de silenciar o único jornal da província e que tem estado a cumprir a sua missão de informar.
Ontem o MISA voltou à carga, escrevendo uma carta ao Tribunal, depois de se aperceber que o jornal e os respectivos jornalistas vão a julgamento sem nenhum tipo de assistência jurídica.
“Sem pretender imiscuir-se nos aspectos meramente processuais, por não ser competente e depois de o MISA se aperceber que o jornal vai ao julgamento sem nenhuma defesa, vimos por este meio apelar ao Tribunal Judicial da cidade de Pemba, no sentido de aceitar um adiamento do mesmo para dar tempo a que o “HORIZONTE” possa constituir advogado”, lê- se na carta remetida às 10 horas de ontem.
A UMOKAZI pede, para a reparação dos dados que acha terem sido causados pela publicação daquelas notícias, a módica quantia de 12 milhões de meticais (12 biliões da antiga família), que observadores atentos dizem não estar sob alçada de um tribunal da categoria daquele que vai julgar o caso.
Entretanto, até ao fim da tarde de ontem não havia informações que dessem a entender que os apelos foram considerados pela instância judicial que vai dirimir o caso, mas ressalva-se que o “HORIZONTE” ainda se encontra em período legal para o fazer, pois a notificação é datada de 22 de Janeiro corrente .

Maputo, Quinta-Feira, 25 de Janeiro de 2007:: Notícias

Cabo Delgado: INSS ameaça levar empresas a Tribunal.

Um total de 69 empresas sedeadas na província de Cabo Delgado e que não canalizam as contribuições dos seus trabalhadores ao sistema de segurança social poderão fazê-lo mediante medidas coersivas, caso não legalizem a sua situação a breve trecho.
Estas empresas fazem parte de um total de 71 notificadas ano passado pela delegação provincial do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) para regularizarem o pagamento do seguro social dos seus trabalhadores, o que já não fazim há bastante tempo.
Destas, apenas duas ultrapassaram o problema, faltando as restantes 69, algumas das quais alegam estar a atravessar momentos de crise financeira.
Esta situação está a privar cerca de sete mil trabalhadores dos seus direitos de beneficiários de seguro social.
Maputo, Quinta-Feira, 25 de Janeiro de 2007:: Notícias

1/24/07

Moçambique: Autoridades religiosas recebem símbolos de Jornadas da Juventude.

Maputo, 23/01 - O Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no distrito da Namaacha, província de Maputo, foi segunda-feira palco da entrega dos símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude da Igreja Católica, numa cerimónia em que participaram quase três mil jovens.
De acordo com a Lusa, a delegação moçambicana, chefiada pelo arcebispo de Maputo, D. Francisco Chimoio, recebeu da sua congénere da vizinha Swazilândia a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora, dois objectos de devoção presentes nas jornadas desde 1984.
"É um privilégio para Moçambique receber estes símbolos", enfatizou D. Francisco Chimoio, destacando o facto de o país receber pela primeira vez a Cruz, que "gira o Mundo há 23 anos".
O arcebispo de Maputo convidou os jovens a rezarem pelos que sofrem de SIDA, fome, injustiça e outros males que afectam a sociedade.
Os símbolos "itinerantes" irão agora percorrer as cidades de Maputo, da Beira, de Nampula e de Pemba.
Depois de atravessarem os continentes americano, europeu e asiático, os símbolos já percorreram em África países como o Ghana, a Côte d´Ivoire, o Botswana, o Senegal, o Togo, as Ilhas Reunião, os Camarões e as Maurícias.
No final de Janeiro, os símbolos serão entregues à África do Sul - último pais africano a recebê-los -, rumando depois para a Austrália, país que acolherá as Jornadas Mundiais da Juventude da Igreja Católica.

Moçambique: Banco Central impulciona instalação de bancos comeciais em zonas rurais.

Maputo, 24/01 - O Banco de Moçambique quer promover o estabelecimento de mais bancos comerciais nas zonas rurais moçambicanas, onde são frequentes relatos de perdas avultadas de dinheiro guardado em sacos, latas e outros utensílios, devido à ausência de bancos.
A "bancarização da economia" e a "expansão dos serviços financeiros para as zonas rurais" será, por isso, o tema central do 31º Conselho Consultivo do Banco Central moçambicano, a realizar sexta- feira, em Nampula (norte), refere um comunicado de imprensa da instituição.
Na mesma perspectiva, o Banco de Moçambique inaugurou recentemente agências nas cidades de Quelimane e Tete (centro), Lichinga e Pemba (norte) e Maxixe (sul).
Com a medida, o Banco de Moçambique pretende facilitar o estabelecimento de bancos comerciais nas zonas rurais próximas das referidas cinco cidades.
O Governo moçambicano considera essencial "a bancarização" das zonas rurais, para o cumprimento do seu objectivo de "transformar o distrito em pólo de desenvolvimento do país". O aproveitamento das delegações dos Correios de Moçambique para a captação das poupanças rurais é uma das ideias defendidas pelo executivo moçambicano, de modo a integrar a actividade produtiva do campo no circuito formal da economia do país.

Moçambique - Objectivos governamentais continuam a falhar.


O Estado moçambicano continua com grandes dificuldades em contribuir para o desenvolvimento humano no país.
Com um Plano Quinquenal longo, sinuoso e vago, reduziu a discurso as estratégias de combate à corrupção e mantêm obscuras as políticas de combate à pobreza absoluta, acusa relatório divulgado pela Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (LDH) há dias em Maputo.
A falta de transparência na administração, o despreparo e a falta de conhecimentos de administração, para além da ineficiência do sistema de fiscalização e monitoria na gestão governativa, são, de acordo com LDH parte das razoes que contribuem para o fraco desempenho dos planos que tem sido traçados desde, 1992, aquando do Acordo Geral de Paz.
Em finais de 2006 soube-se, em função de um relatório internacional, que Moçambique é dos países africanos que está a registar grandes avanços económicos, apesar de não produzir petróleo. Entendidos iam mais longe, acreditando que o país estava a caminhar num ritmo galopante, sem comparação a nível mundial.
O Relatório da LDH, que faz uma abordagem mundial, sustenta que dois principais problemas inquietam a população moçambicana.
Nomeadamente, o enriquecimento ilícito de minorias ligadas ao poder e a ausência de políticas públicas impulsionadoras de um rendimento familiar capaz de promover vida economicamente estável.
O principal desafio do Presidente da República, Armando Guebuza, e seu Executivo é indubitavelmente o combate à pobreza absoluta.
Apregoado a nível das bases e por grande parte dos dirigentes do Estado este projecto não é visto por todos com bons olhos.
Determinados círculos de opinião acreditam que é preciso demonstrar e flexibilizar os mecanismos pelos quais este projecto se vai servir para atingir as suas respectivas metas.
“Como desafio ao combate à pobreza absoluta foram identificados as seguintes áreas como sendo prioritários: Educação, Saúde, Agricultura, Infra-estruturas e as regiões com desenvolvimento relativamente baixo”, indicam os dados.
A desigualdade de oportunidades e a generalização de salários extremamente baixos tendem a ser a principal causa da pobreza absoluta.
Esses factores constituem o maior empecilho na concretização das metas propostas tanto na esfera do governo central como na esfera local.
No que toca as principais doenças, o relatório refere que a malária, HIV/SIDA, cólera, e diarreias endémicas continuam sendo os maiores problemas de saúde e principais causas de mortalidade em Moçambique.
Das mulheres grávidas, 20% são portadoras do parasita da malária e de 15% a 30% das mortes maternas resultam disso.
A população moçambicana é calculada em 20 milhões, das quais cerca de 13 milhões vivem no campo e sobrevivem graças a uma agricultura de subsistência praticada com métodos rudimentares e em pequena escala.
De acordo com o relatório a vida na periferia das cidades e no campo é fortemente caracterizada pela ausência de Estado.
À medida que se caminha para fora de Maputo, capital, o Estado vai gradualmente enfraquecendo a sua actuação, presença e efectividade na vida dos cidadãos.
Os dados acrescentam que o Estado desenhou várias reformas para o sector judiciário em 2006. Das principais interessa citar a expansão do Tribunal Administrativo, realização de fóruns com a media, faculdades de direito e divulgação de brochuras para informar a população sobre seus direitos, além de conceber assistência jurídica gratuita a indivíduos pobres.
Porém, os dados lamentam que “o Instituto do Patrocínio e Assistência Jurídica, criado pelo Estado para oferecer uma assistência jurídica gratuita, acabou transformando-se numa espécie de sociedade onde técnicos e assistentes jurídicos chegam a cobrar valores como se fossem advogados, embora seja um serviço público”.
O relatório adianta que Portugal é um dos 17 Parceiros do Apoio Programático de Moçambique com uma contribuição anual de 1,5 milhão de dólares.
Boaventura Mucipo Júnior - In "O País OnLine" - 22/01/07