10/17/08

Portugal - Saúde: Negócio de shopping ???

Assim "diz" o Jornal virtual "Labor" de hoje:

""S. João da Madeira e Santa Maria da Feira estiveram na corrida, mas terá sido o concelho oliveirense a apresentar as melhores contrapartidas
O arranque da construção está previsto para o próximo ano, em local próximo da cidade de Oliveira de Azeméis. A autarquia oliveirense não quis divulgar os termos das negociações com a Sanusquali, o grupo privado proprietário do conceito Casa da Saúde que esteve nos últimos meses em conversações semelhantes com as câmaras municipais de S. João da Madeira e Santa Maria da Feira. Pelo menos, não até haver uma decisão oficial sobre o assunto, o que deverá acontecer no início de 2009. No entanto, a empresa confirmou ao Labor que Oliveira de Azeméis será a primeira localidade a acolher uma Casa da Saúde, juntamente com outra no sul do país.

As Casas da Saúde são uma espécie de “loja do cidadão da saúde”, já que concentram no mesmo espaço físico uma diversidade de prestadores de cuidados de saúde e de todas as actividades que apoiam a acção médica, com excepção da cirurgia de internamento. Estão assegurados todos os meios complementares de diagnóstico e terapêutica, mas também uma clínica de medicina física e reabilitação , residências seniores, etc.

A lógica do conceito passa também por concentrar no mesmo espaço serviços comerciais que complementem os médicos, como farmácias, lojas de produtos naturais, ópticas, loja de próteses auditivas, loja de aparelhos ortopédicos, etc., e outros como restaurantes, cafés, papelaria, banco, seguradora, cabeleireiro, florista, health club, spa e OTL.

Em Oliveira de Azeméis, a Casa da Saúde será em “versão maxi”, uma vez que será complementada com uma unidade de internamento. Estima-se que a inauguração seja em 2011.

Inicialmente, o projecto previa abranger os utentes do Serviço Nacional de Saúde, mas feita a proposta ao Ministério da Saúde, este nunca respondeu. A ausência de uma confirmação por parte da tutela acabou por atrasar todo o processo e implicar reduções de investimento.

Se antes estava prevista a construção de 25 Casas de Saúde, hoje são 15 as unidades que a Sanusquali se propõe construir, sendo que o orçamento passou de 1,2 milhões de euros para 800 milhões.

O projecto foi apresentado a 68 câmaras municipais, sendo que mais de 50 se mostraram interessadas. Desta meia centena foram seleccionadas as melhores ofertas de contrapartidas.

A Sanusquali SGPS e a Sanusquali Serviços “sentam à mesa” várias figuras conhecidas da Saúde em Portugal. Na lista de nomes sonantes estão o presidente do Grupo Trofa, José Vila Nova, o representante da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, Teófilo Leite, e o ex-deputado do PSD Nuno Delerue.

Aos investidores juntam-se ainda o ex-bastonário da Ordem dos Médicos — e responsável pelo laboratório de análises do Hospital Amadora-Sintra — Germano de Sousa e o economista e professor na Universidade Católica Miguel Gouveia. Ambos asseguram a presidência da Assembleia-geral das empresas.

Não foi possível recolher comentários da Câmara Municipal de S. João da Madeira sobre este assunto, a tempo do fecho desta edição.
- Por: Anabela S. Carvalho, Labor.pt, 16/10/08.""

E termino só com uma pergunta: Será possível um aposentado(a) português(a) usufruir de todas essas mordomias-hospitalares "vendidas" em shopping, com uma reforma miserável de 316,00 Euros por mês???... ...

10/15/08

Em Angola, poucos reagem à reabertura do escândalo Angolagate... 2

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Em Angola pouco se fala, por medo uns ou conveniência outros, do julgamento dos envolvidos no caso/escândalo "Angolagate" que corre no momento em tribunais franceses e que envolve o fornecimento em 1992 de armas e equipamentos de guerra ao MPLA, milhares de mortes inúteis, setecentos e noventa milhões de dólares depositados em paraísos fiscais, diversos traficantes de armas e senhores ligados ao poder passado mas recente da França e Angola... ...

Na íntegra abaixo, do jornal português "Expresso", 14/10/08, um pouco do pouco que em Angola e na net se comenta a respeito, com alguns detalhes dos contornos políticos que envolvem este caso escabroso:

""Julgamento do 'Angolagate' - Falcone e Gaydamak ganharam 397 milhões de dólares.

A acusação revelou, em Paris, que os dois sócios ganharam mais de metade do valor global (790 milhões) pago por Angola para comprar armas russas. Quando ouviram falar nos lucros astronómicos de Pierre Falcone e Arcadi Gaydamak com o negócio da venda de armas russas a Angola, nos anos 90, algumas pessoas na assistência nem queriam acreditar.
No banco dos réus, um dos acusados de ter recebido "comissões" da parte dos dois homens para "facilitar" a compra das armas, o ex-ministro francês do Interior, Charles Pasqua, bocejava ostensivamente. Com um sorriso trocista, o 'gaullista', actualmente com 81 anos, alegou "uma constipação" e saiu da sala quando foi evocado o seu envolvimento no negócio.
O representante do Ministério Público informava nessa altura o tribunal de que Pasqua tivera uma reunião com o Presidente José Eduardo dos Santos, em Paris, em Fevereiro de 1994, precisamente no dia em que foi assinada, na capital francesa, uma parte do contrato de armamento, no valor de 463 milhões de dólares.
A acusação diz ter provas de tudo o que tem estado a avançar nas audiências, iniciadas no passado dia 6. Designadamente sobre os "lucros fabulosos" dos dois sócios da empresa que montou a operação - 397 milhões de dólares. E também sobre as dezenas e dezenas de milhões que eles "generosamente" distribuiram por personalidades francesas e angolanas - entre elas, José Eduardo dos Santos, membros da sua família, militares e políticos do seu círculo mais próximo, bem como 40 franceses de primeiro plano, como Jean-Cristophe Mitterrand e Jacques Atali, respectivamente filho e ex-conselheiro do falecido ex-Presidente francês.
Nas audiências, Pierre Falcone, cérebro do negócio, tem seguido uma linha de defesa idêntica à dos outros arguidos. Todos garantem ter agido por "razões humanitárias". Por exemplo, a acreditar no que disse Jean-Cristophe, o 'Angolagate' teria tido como origem apenas a intenção de socorrer um país onde "faltava tudo, alimentos, medicamentos...".
Pierre Falcone, que tem as nacionalidades francesa, angolana e brasileira, confirmou: 'Senhor Presidente, exclamou para o juiz, a primeira coisa que lançámos de páraquedas na periferia de Luanda foi água!". Depois, foi um pouco mais explícito sobre as armas: "É bonito exibir grandes emoções em Paris e depois deixar morrer à vista de todo o mundo um Governo legítimo!".
Falcone, que é acusado de tráfico de armas, corrupção e fuga ao fisco, fazia alusão à "necessidade urgente" de armamento da parte do regime angolano que, na altura, estaria "a perder a guerra" contra a guerrilha da UNITA.
Porém, quando foi instado pelo juiz-presidente a explicar-se sobre uma sua viagem a Moscovo e à natureza do armamento comprado por Luanda, Falcone invocou a sua qualidade de "mandatário oficial" de Angola para efectuar o negócio e, em nome do princípio do "segredo-defesa", recusou responder.
O Estado angolano continua a contestar o julgamento, que prossegue hoje, e cujas audiências deverão durar até Março do próximo ano. De acordo com o seu advogado, o francês Francis Teitgen, Angola poderá apresentar um processo contra a França num tribunal internacional por "violação da sua soberania".
A acusação garante ter em sua posse extractos de contas bancárias, transferências e correspondência sigilosa que implicam o Presidente Eduardo dos Santos no escândalo.
- 13:47, terça-feira, 14 de Out de 2008, Daniel Ribeiro, correspondente do 'Expresso' em Paris.

  • Em Angola, poucos reagem à reabertura do escândalo Angolagate... 1 - Aqui!

Brasil - 'call centers' obrigados a atender em um minuto a partir de Dezembro... Será ???

Para quem conhece o quotidiano e a abundância de leis bem intencionadas, inúmeras vezes não obedecidas ou até desconhecidas que proliferam no belo Brasil (como por exemplo as Leis de Trânsito), surgiu mais uma desde o dia 13 último para entrar em vigor a partir de 1º de dezembro, que busca proteger o tempo e a paciência do consumidor brasileiro, estabelecendo prazo máximo para que o mesmo seja atendido nessas afrontosas, desgastantes, muitas vezes incompetentes, complicadoras "câmaras-de-tortura" em que se transformaram os 'call centers' disponibilizados pelas empresas.
Esperando tenha êxito e se transforme em exemplo para os demais países de língua portuguesa, transcrevo do sempre atualizado site, no que se refere ao campo jurídico brasileiro e não só, "Espaço Vital":

""Um minuto. Esse será o prazo máximo de espera nos serviços de atendimento ao consumidor, os chamados call centers. A partir de 1º de dezembro, entra em vigor a norma que estabelece o prazo máximo para que o consumidor seja atendido. A portaria foi assinada ontem (13) pelo ministro da Justiça, Tarso Genro.

"Esta regulamentação faz uma inversão: a partir de hoje, quem deve sempre é o prestador do serviço e não o tomador. É uma conquista revolucionária do consumidor brasileiro", avaliou o ministro, que disse já ter sido vítima da demora dos serviços de call center diversas vezes antes de se tornar ministro. Agora, segundo ele, "quem acaba sofrendo é minha secretária", brincou. A regra vale para serviços regulados pelo governo - caso dos setores de telecomunicações, aviação civil, energia elétrica e água. As exceções são para o setor financeiro (bancos e financeiras), que deverá atender o consumidor em até 45 segundos, e de energia elétrica. Às segundas-feiras, no quinto dia útil de cada mês e nos dias que antecedem e sucedem feriados, os call centers bancários poderão demorar até 90 segundos para atender o cliente.

De acordo com a portaria assinada ontem (que regulamenta o Decreto nº 6.523/08, assinado no fim de julho), o consumidor que se sentir lesado - seja pelo atendimento que ultrapasse o período previsto, seja por uma postura da empresa de não atender ao telefone - deverá procurar os Procons estaduais e registrar uma reclamação. Não será preciso levar provas: quem deverá provar a eventual inexatidão da reclamação é a empresa.

- Mais detalhes:

  • O consumidor deve exigir o número do protocolo do registro da reclamação. Ele pode reclamar na própria empresa ou nos Procons, Ministério Público e Defensorias Públicas.
  • As multas vão de R$ 200 a R$ 3 milhões. O valor da multa poderá variar de acordo com alguns critérios: a gravidade da infração, da vantagem aferida e da condição econômica da empresa.
  • As regras valem para todos os setores em que não havia regulamentação específica, ou seja, Internet banda-larga, transporte aéreo de passageiros, planos de saúde, transporte terrestre de passageiros, bancos, cooperativas, financeiras, seguros e transportes aquaviários de passageiros.
  • Para telefonia, já existe regulamentação específica: o prazo é de até 10 segundos para o atendimento.
  • Os serviços de atendimento ao consumidor devem estar disponíveis 24 horas, sete dias por semana, quando o serviço fica disponível 24 horas (como a Internet banda-larga, transporte aéreo etç.), ou quando o consumidor pode usufrui-lo a qualquer momento, como os planos de saúde e seguros.""

-Decreto nº 6.523/08: Dispõe sobre normas gerais de Serviço de Atendimento ao Consumidor - SAC. - Aqui!

-Portaria: Estabelece o tempo máximo para o contato direto com o atendente e o horário de funcionamento no Serviço de Atendimento ao Consumidor – SAC - Clique aqui para ver a minuta da portaria.

Internet - KidZui: um navegador para crianças...

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O Leandro Reinaux, estudante de Ciência da Computação do CIn/UFPE em Olinda-Brasil, noticia através do diHITT (rede social para quem é viciado em notícia) e eu compartilho aqui, pensando nas crianças de Moçambique e do mundo lusófono que têm possibilidade de acesso à internet:

""A KidZui inc, empresa que desenvolve aplicações para crianças, possui um navegador que tem como público alvo a criançada de 3 a 12 anos. O browser possui uma série de figuras para tornar a navegação fácil, além de ter uma grande preocupação dos dias de hoje: o conteúdo acessado pelas crianças. O KidZui possui um conteúdo analisado por pais e professores, o que torna totalmente seguro à navegação. A empresa que recebeu 10 milhões de dólares de investimento inicial, tem um modelo de negócio simples, conta paga e possui funcionalidades exclusivas tanto para as crianças quanto para os pais.

O KidZui também conta com uma rede social, que possibilita que a criança converse com seus amigos ou saiba de algo que elas estejam olhando também.

Para os pais, na conta free, é possível ver um relatório dos sites acessados pelas crianças e um site individual onde podem ser acessadas informações da escola ou de um blog da família. O download do navegador pode ser feito no próprio site do KidZui ou nesse link. Quanto ao mercado no Brasil, pelo que pude perceber fazendo algumas buscas, apenas os grandes portais como Uol, Ig e Terra possuem conteúdo voltado para crianças. Ainda não existe um portal voltado para o segmento ou alguma solução do tipo KidZui. Fica em aberto uma grande oportunidade para um mercado crescente, exigente e que também consome tanto conteúdo quanto produtos.""

Obrigado ao Leandro pela notícia.

10/14/08

Em Angola, poucos reagem à reabertura do escândalo Angolagate...

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Em Angola pouco se fala, por medo uns ou conveniência outros, do julgamento dos envolvidos no caso/escândalo "Angolagate" que corre no momento em tribunais franceses e que envolve o fornecimento em 1992 de armas e equipamentos de guerra ao MPLA, milhares de mortes inúteis, setecentos e noventa milhões de dólares depositados em paraísos fiscais, diversos traficantes de armas e senhores ligados ao poder passado mas recente da França e Angola.

Lamenta-se entretanto, que os braços da Justiça internacional não alcancem territorio angolano onde, "heróis de barro" ligados e na origem desse e outros escândalos proporcionados pela "guerra de libertação", continuam, arrogantes e soberanos, impunes.

Na íntegra abaixo, do "Global Voices", um pouco do pouco que em Angola e na net se comenta a respeito, com alguns detalhes dos contornos políticos que envolvem este caso escabroso:

""O famoso caso “Angolagate” chega este mês às barras dos tribunais de França, envolvendo figuras de topo daquele país e supostamente angolanos influentes, a começar por José Eduardo dos Santos, presidente de Angola. Os fantasmas estão à solta e Angola tenta a todo o custo impedir o debate público, alegando “respeito do segredo de defesa” de uma nação estrangeira.
Convém relembrar que este “Angolagate”, também conhecido como o caso Mitterrand-Pasqua, remonta a 1992, quando José Eduardo dos Santos apercebeu-se da desvantagem militar diante da UNITA de Jonas Savimbi, que na altura ocupava mais de 80% do território angolano.

Diante deste quadro, o presidente angolano optou por quebrar o embargo imposto pelas Organizações das Nações Unidas a que estava sujeito e adquiriu mais de quatrocentos carros de combate, aproximadamente cento e cinquenta mil obuses, mais de cem mil minas anti-pessoais, cerca de uma dezena de helicópteros, meia dúzia de navios de guerra entre outros armamentos originários do antigo bloco soviético.

O valor destas aquisições ficou-se pelos setecentos e noventa milhões de dólares, feitos através da empresa francesa Brenco. Seu presidente, o empresário Pierre Falcone e o político israelita Arkadi Gaydamak foram as peças chave em toda esta missão e encontram-se neste momento no banco dos réus. Ao todo, 40 outros acusados, alguns dos quais membros do alto escalão da política Francesa, serão julgados e poderão pegar 10 anos de prisão, se considerados culpados.

O julgamento começou na segunda-feira passada, 6 de outubro, e a apuração deve continuar até 4 de março do ano que vem. Nessa primeira semana da reabertura do caso, houve bem pouca reacções na blogosfera angolana, e a imprensa também continua calada.
Um dos poucos bloguistas a comentar sobre o assunto, Roberto Ivens, do blog Nos Cus de Judas, revela um facto insólito em relação à ausência de arguidos angolanos neste processo:

  • “Não haver neste processo um único arguido angolano não deixa de ser curioso. Que todo o material de guerra, tanques, navios, helicópteros, obuzes, minas, tivesse entrado em Angola sem que ninguém o houvesse solicitado faz pensar que, afinal, poderá ter havido uma... invasão estrangeira?!”

A justiça francesa acusa ainda Jean-Christophe Miterrand, filho do antigo e já falecido presidente Miterrand, Jean-Bernard Curial, o cabeça do Partido Socialista francês para a África Austral, e Charles Pasqua, antigo Ministro do Interior, entre outros. O blog Moçambique para Todos [pt], também participa da temática “Angolate” com um texto do Angolano Eugénio Costa Almeida:

  • “Pois então não é que a justiça francesa, sem tomar em linha de conta os superiores interesses da República Francesa, decidiu iniciar o julgamento deste processo, com acusações que vão desde tráfico de armas, abuso de confiança, fraude fiscal e tráfico de influências. Tudo por causa de uns míseros 420 carros de combate, 150 mil obuses, 170 minas anti-pessoais, 12 helicópetros e 6 navios de guerra, eventualmente comprados por Angola e para os quais uns quantos auferiram umas míseras dezenas de milhares de dólares em “luvas”, Gingubas (amendoins) ou peanuts, como diriam os nossos amigos norte-americanos, eventualmente depositadas em contas obscuras em empresas, cidades francesas, suíças ou israelitas, antes de seguir para as de companhias e empresas financeiras sedeads em paraísos fiscais onde o dinheiro “adormece” por uns tempos antes de voltar a circular… é que parar é morrer, e há tantas quintas e palácios na Europa para serem comprados”.

Como seria de esperar, Angola rejeita as acusações de tráfico ilegal de armas e fraude fiscal, afirmando que o material era legal, não era de origem francesa e não transitou pela França. As entidades angolanas ameaçam retaliar a França contra os interesses petrolíferos no país.
Este julgamento surge em má hora, já que a França procura desde o início do ano, estreitar relações com o governo angolano. Prova disso foi a visita feita por Nicolas Sarkozy há cinco meses a Angola. (Publicado originalmente por Clara Onofre - In "Global Voices", 2008-10-13 @ 18:59 UTC, Traduzido por Paula Góes. Veja o post original).