10/29/08

A CRISE: Queda do real ameaça teoria de Brasil 'descolado' da crise, escreve o Financial Times.

Desde junho, investidores estrangeiros já retiraram cerca de US$ 23,5 bilhões da Bolsa de São Paulo.”

Londres - A noção de que o mercado de capitais do Brasil está “descolado” do resto do mundo foi destruída nos últimos meses, segundo reportagem publicada nesta quarta-feira (29) pelo jornal britânico Financial Times, citado pela BBC.

O real se desvalorizou frente ao dólar e o índice da Bovespa caiu para menos de 30 mil pontos na segunda-feira pela primeira vez em três anos, o que o tornou um dos cinco mercados mundiais com pior desempenho nos últimos seis meses, diz o jornal.

Analistas citados pelo FT associam a situação à influência de fatores externos e locais, como a queda no preço das commodities, fatores que parecem disfarçar, segundo o jornal, a crença de que o Brasil "está muito melhor posicionado para resistir a turbulências globais do que há uma década, quando chegou à beira do calote depois que as crises russa e asiática provocaram ataques contra sua moeda.”

O jornal explica uma série de mudanças positivas ocorridas "desde então", dizendo que "o governo agora é credor líquido do resto do mundo" e que "a recente desvalorização do Real, na verdade, reduz o peso da dívida soberana, em vez de elevá-la, como no passado". Além disso, afirma o diário, “o Brasil tem mais de US$ 200 bilhões em reservas de moeda estrangeira para se defender de ataques especulativos”. “Mas as reformas que produziram essa resistência maior incluíram uma reforma nos mercados de capital do Brasil que os deixou muito mais integrados com o resto do mundo do que antes.”

O FT lembra que entre os anos de 2004 e 2006, cerca de 70% do dinheiro investido veio de fora do país, e com o desenrolar da crise, esses investidores "correram para retirar seu dinheiro". “Desde junho, investidores estrangeiros já retiraram cerca de US$ 23,5 bilhões da Bolsa de São Paulo.” Mas para o FT, o governo agiu rápido para aliviar o medo causado pela queda no preço das commodities, a desaceleração do crescimento no Brasil e em todo o mundo no ano que vem, e o temor de que centenas de empresas brasileiras sofram prejuízos por ter apostado erroneamente no câmbio.

O jornal cita a liberação de crédito para empresas, o leilão de dólares e a compra de ações de bancos particulares por bancos estatais por parte do governo, como medidas para aliviar os efeitos da crise. “Mas o sentimento dos investidores está, em última instância, a mercê de fatores que vão além do controle do governo”, conclui a reportagem.
- In Portugal Digital.com, 29/10/08.

10/28/08

Moçambique - A ameaça da fome continua...

Apesar de parte da sociedade Moçambicana, que não compactua com os exageros, luxo e onstentação de determinadas "elites" estabelecidas principalmente em Maputo e sempre aceirando o poder, se aperceber, preocupar e procurar soluções que combatam esse flagelo originado por políticas equivocadas que ao longo do tempo foram agravando a situação de penúria das populações pobres e desamparadas (lembrando essencialmente as do norte de Moçambique e Cabo Delgado em seus pontos mais recônditos) e do apoio internacional que esta jovem nação vem recebendo, que também precisa ser questionado abertamente sobre a forma como essa ajuda é aplicada ou para onde é canalizada, a fome continua alastrando e ameaça ampliar o número de vítimas entre a população, conforme transcrevo do G1(Globo.com):

""Fome ameaça mais de 300 mil pessoas em Moçambique.
Maputo, 27 out (EFE). - O ministro de Administrações Públicas de Moçambique, Lucas Chomera, anunciou hoje que a fome ameaça mais de 300 mil pessoas em seu país, e que, portanto, precisam de ajuda urgente para atenuar a situação.

O Ministério de Administração junto com o Programa Mundial de Alimentação (PMA) lançou um apelo para que as agências que atuam no país contribuam com assistência humanitária.
Moçambique, segundo alguns cálculos, tem um déficit de produção de arroz de cerca de 200 mil toneladas, causado pelas secas e as inundações que atingiram no último ano a região sul do país.

Apesar de a crise de alimentos poder se prolongar até abril de 2009 segundo o Instituto Nacional de Gestão de Catástrofes (INGC), Chomera descartou a possibilidade de fazer um apelo internacional.

O Governo de Moçambique precisa de US$ 13 milhões (cerca de 10 milhões de euros) para comprar 18 mil toneladas de arroz, e o PMA já anunciou que enfrenta sérias carências de recursos para poder realizar a assistência humanitária solicitada.
- EFE.(rb/fal) - G1-Mundo.

10/27/08

Ecos da imprensa Moçambicana - Nos cinquenta anos de Pemba...

Segundo o Notícias-Maputo desta manhã, assim aconteceu o aniversário de cinquenta anos da cidade de PEMBA:

""Emoção e muita animação foi a radiografia feita pelos pembenses, turistas nacionais e estrangeiros que não quiseram perder a oportunidade de ver “in loco” aquele momento ímpar.
E o pretexto foram os cinquenta anos da terceira maior baía do mundo, que seduz inúmeras figuras do universo até de Hollywood, nos Estados Unidos, fazendo com que eles se sintam cada vez mais apaixonados pelas límpidas águas daquele ponto do país.

Várias foram as opções para cada um se fazer presente à Baía de Pemba. Houve quem de boa vontade preferiu juntar-se a uma caravana composta por mais de cinquenta turistas nacionais entre eles jornalistas, grupos musicais, até famílias inteiras que, através do convite da Associação dos Naturais e Amigos de Cabo Delgado, seguiram via terrestre até ao local da grande festa que já prometia. Esta foi uma viagem em que os ocupantes do autocarro acabaram transformando-a numa odisseia cheia de emoção, o que permitiu que se transformasse num ambiente familiar, humorístico e amistoso ao longo do percurso. Curiosamente, foram necessárias 50 horas e mais de cinco mil quilómetros, para se chegar ao destino sem que se registasse avaria alguma ou imprevistos.

Chegados à cidade pretendida já pela madrugada do segundo dia e meio, todas as condições estavam criadas.

Dia 18 de Outubro. Logo pela manhã, data em que ela foi elevada à categoria de cidade há 50 anos, a urbe foi aplaudida calorosamente pelas suas gentes em várias actividades culturais que justificaram a efeméride incluindo a realização do “Miss, Pemba” que infelizmente terminou mal, porque foram anunciados prémios de que as vencedoras não chegaram a usufruir na íntegra, caso concreto da viatura Kia Picanto ou Volvo, prometida e que não chegou a ser entregue à vencedora.

À noite, chegou o tão grande momento anunciado: apresentação pública da obra “As Inconfidências dos Homens”, segundo livro da jornalista radiofónica Rosa Langa.

O jardim do “Pemba Beach”, prestigiado complexo turístico, esteve ornamentado ao requinte sob a coordenação da Associação dos Naturais e Amigos de Cabo Delgado. Várias foram as figuras presentes no local, destacando-se o general na reserva Alberto Chipande.

Alberto Chipande usou da palavra para falar da celebração das bodas de Ouro da cidade e homenagear a autora do livro.

A cantora Júlia Mwitu brindou o público presente na festa com o seu tema “Pemba” e os grupos tradicionais islâmico Damba, cujo líder é um dos entrevistados no livro “As Inconfidências dos Homens”, e "Massacre de Mueda" e a Academia de Dança Tropical também marcaram presença no acto, tendo se deslocado de Maputo a Pemba a propósito.

A apresentação do livro da escritora e jornalista cultural da Rádio Moçambique Rosa Langa foi feita pelo Professor Doutor Mateus Katupha, igualmente prefaciador da obra.

Falando no acto, a jornalista agradeceu aos presentes, em particular à equipa de produção que ajudou-a na concretização de um sonho: produzir a segunda obra. Falou ainda do seu filho Pedro Langa, que foi responsável pela digitação da obra e o apresentou como seu assessor particular.

No domingo, a festa continuou em grande, com a exposição-venda de gastronomia típica de Moçambique, muito concorrida até ao anoitecer pelos naturais e turistas.
- In Maputo, Segunda-Feira, 27 de Outubro de 2008 :: Notícias.
  • Pemba é cidade hà 50 anos. Parabéns PEMBA - Aqui!

Hadijatou Mani - A ex-escrava do Niger é símbolo de luta e coragem !

Um exemplo contra a vergonha da escravatura em África e no mundo. Transcrevo da BBCParaÁfrica.com de 27/10/08:

""... O tribunal decidiu a favor de Hadijatou Mani, que afirma que foi vendida com doze anos e forçada a trabalhar durante dez.
Um juiz ordenou que o governo, que diz que fez todos os possíveis para irradicar a escravatura, pague a Mani 10 milhões de francos CFA, o que equivale a cerca de 19 mil dólares.
Apesar de ser proibída por lei, a escravatura persiste noutros estados da África Ocidental.
Mani foi citada como tendo dito aos jornalistas que estava "muito contente" com a decisão dos jornalistas.
O correspondente da BBC para a África Ocidental, Will Ross, afirma que a decisão jurídica é embaraçosa para o governo do Niger e envia uma mensagem forte, que é preciso um maior esforço para acabar com a escravatura.
Este caso pode também ter consequências importantes para milhares de outras pessoas que podem estar a ser escravizadas por toda a região, acrescenta.

Cativa
Mani, que tem agora 24 anos, afirma que foi vendida a um homem chamado Souleymane Naroua, quando tinha apenas 12 anos, por um valor equivalente a 500 dólares.
Ela diz que foi forçada a fazer tarefas domésticas e trabalho agrícola durante dez anos.
Mani acrescenta que foi violada com 13 anos e obrigada a ter os filhos de Naroua.
"Fui espancada e muitas vezes fui ter com a minha família que passado um dia ou dois me levava de volta para ele", disse Mani à BBC.
"Na altura não sabia o que fazer mas quando ouvi que a escravatura tinha sido abolida, disse a mim própria que não seria mais uma escrava."
Em 2005, Souleymane Naroua libertou-a e deu-lhe um "certificado de aforro", conforme dá conta a Anti-Slavery Internacional, que a ajudou a apresentar o caso à justiça.
Mas quando ela o deixou e tentou casar com outro homem, Naroua disse que ela era casada com ele.
Um tribunal local decidiu a favor de Mani e ela avançou com o novo casamento.
Mas depois de um recurso, ela foi condenada a seis meses de prisão por bigamia.

Justiça
Ela levou o seu caso ao Tribunal de Justiça da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental ou CEDEAO, no início deste ano.
Mani acusou o governo do Niger de não a conseguir proteger contra a escravatura, que foi criminalizada há cinco anos.
Uma organização local que luta para o fim da escravatura afirma que há mais de 40 mil escravos no NIger. Mas o governo diz que estes números são exagerados.
A decisão do tribunal da CEDEAO poderá ter repercussões em todos os 15 estados membros.
Durante gerações, os filhos de uma escrava tornavam-se automaticamente propriedade do seu detentor.
Mani afirma que uma das razões que a levou a avançar com o processo legal foi para assegurar a liberdade dos seus filhos.
A escravatura é também praticada no Mali e na Mauritânia.

Navio PEMBA - Lembram-se dele ?...

Segundo o ShipStamps.co.uk o navio Tenos, construída como navio de carga pelo estaleiro naval Zosen Mitsui Engineering Co. Ltd., Tamano, Japão para Rederi A / B Sirius, Helsingborg, Suécia foi em 21 Setembro 1960 lançado à água sob o nome TENOS, com velocidade máxima de 16 nós e podendo alojar em simultâneo 12 passageiros.

Em Julho de 1970 foi vendido à Comp. Nacional de Navegação em Lisboa, Portugal e renomeado PORTO AMÉLIA tendo sido transferido em 1972 para a Comp. Moçambicana de Navegação na então Lourenço Marques.

Com a independência de Moçambique em 1975 seu nome foi alterado para Pemba, assim como o nome da empresa parece-nos ter mudado para EE Navique Empresa Moçambicana de Navegação, que o vendeu para o Paquistão em 1986 para desmonte.

Saiu em 23 de julho de 1986 do porto de Maputo, rebocado, com destino a Karachi onde parece ter chegado em 07 de Setembro de 1986... (Fontes: Hillerström's 1891-1976 por Tomas Johannesson. Navicula e Marinhas Notícias-ShipStamps.co.uk.).

Encontrei também no blogue SHIPS & THE SEA - BLOGUE dos NAVIOS e do MAR em post de 24 de Fevereiro deste ano:

""O navio de carga português PEMBA, que operava na cabotagem em Moçambique desde 1996, foi vendido pela Transinsular (East Wind - Transportes Marítimos, Lda., Madeira) à companhia World Shipping Management Corporation, de Miami e entregue em Lisboa a 29-11-2007, data em que se passou a chamar SILVY e foi registado no Panamá (World Neptune SA, Panamá).

O PEMBA entrou em Lisboa pela última vez a 29-08-2007 procedente de Durban e foi substituído na costa de Moçambique por um navio afretado de maior capacidade. Esteve imobilizado no Seixal até Novembro quando veio para Lisboa permanecendo atracado a Santa Apolónia até ser entregue aos compradores. Trata-se de uma empresa propriedade de um emigrado cubano sediado e Miami, que opera navios nas Caraíbas. Construído na Alemanha pelo estaleiro Buesumer Werft (construção nº 2034), foi acabado em Junho de 1986 e chamou-se KAROLA S até 1992, e depois JETTY (1992-1996) e PEMBA (1996-2007).

Com 2.726 TAB e 2.958 TDW, o PEMBA tem capacidade para 204 contentores de 20 pés. O PEMBA é gémeo do SONGO, construído no mesmo estaleiro em 1985 e comprado pela Soponata em 1996 para operar em Moçambique. O navio foi posteriormente adquirido pela Transinslar e ainda se encontra na costa oriental de África ao serviço da Navique, empresa gerida pela Transinsular"".(Imagens e post em Ships & The Sea).

Deduz-se pelos textos acima das duas fontes, que existiram ou existem dois navios Pemba percorrendo os portos da costa moçambicana. Ficariamos gratos se algum leitor com conhecimentos sobre o navio Pemba e factos da história da navegação comercial desde os tempos de Moçambique colónia, colocasse por aqui, como comentário, informações adicionais a respeito.

  • Duas imagens sobre o navio Porto Amélia (ex-Tenos) aqui!