Mostrar mensagens com a etiqueta Poetas de Pemba. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Poetas de Pemba. Mostrar todas as mensagens
8/05/10
Glória de Sant'Anna - O CÂNTICO DA MÃE
Homens,
esses meninos
foram colhidos fundo no meu ventre
gritaram para a luz
sujos de sangue e sebo
face e corpo moldei-os
ao longo dos meus dedos
pus sol em suas mãos
e flores em seu cabelo
articulei seu lábio
e sondei sua fronte
virei seu rosto ao espaço
seu olhar ao mais longe
(Por entre cada pétala era tempo
de tecer o aroma das màluas
de tocar uma a uma cada nuvem
e de entrançar a chuva
era tempo
de medir a raiz pela pergunta
de escutar a semente mais profunda
em luta com o muchem pela terra húmida
do chicuvi
do todo azul madinde todo azul
do chèrule
do fumo esbranquiçado dos brazidos
sobre a castanha verde curva escura...)
Homens,
esses meninos
são do silêncio puro do meu ventre
sou sua cicatriz
e primeira palavra
(e se é tempo de ser gume e de ser espada,
estilhaço, ferro, lança, bronze e ouro)
amaldiçôo aquele que não mos traga
como lumes na sombra
sujos de sangue e belos
mãos rasgadas e firmes
e cinzas no cabelo
de pé, crucificados
de olhar seguro ao longe
e no lábio a palavra
que os fez de ouro e de bronze
Glória de Sant'Anna
(Considero Glória de Sant'Anna a "Poetisa do Mar Azul de Pemba")
Ligação a Facebook - Glória de Sant'Anna
Glória de Sant'Anna no ForEver PEMBA
(Cortesia de F. A. C. R.)
Location:
Porto Amelia, Mozambique
Atravesso o mar sempre azul e, lá mais ao norte de Moçambique, na costa oriental da África da esperança deixando para tráz a neblina das madrugadas do tempo, vou redescobrindo os contornos sensuais da musa da saudade e das eternas recordações de minha adolescência!
3/24/10
O Senhor EU (Quem sou Eu...)
Eu não sou alto nem baixo...
Não sou gordo nem magro...
Não tenho côr nem raça...
Não sou macho nem fêmea...
Não tenho idade:
Pois antes de ser Eu já era...
E depois de ser seguirei sendo...
O tempo não me consome!
Na minha natureza
A água não me molha...
O fogo não me queima...
O vento não me refresca...
E tão pouco me resseca!
O que pensa que conhece o meu nome se engana:
O meu corpo, o meu rosto, o meu nome
São mera maquilhagem de um personagem de teatro
Convidado a representar no palco do Mundo.
Não sou rico nem pobre
Porquanto tudo que tenho
(Muito ou pouco... até o meu própio corpo...)
Foi-me emprestado
E, um dia, de tudo serei despojado!
Eu sou essa Chispa Viva,
Actuando detras da máscara,
Esse Heroi adormecido,
Que, sem nada buscar,
Procura libertar-se HOMEM!
Por Herculino Loureiro.
- Primeiro poema escrito por Herculino Loureiro em 1972 - Moçambique/Pemba (ex Porto Amélia) e publicado à época na "Página de Cabo Delgado" do então "Diário de Lourenço Marques" onde colaborava com seus textos. Acrescento, segundo o autor: "Embora um pouco tarde (dia da poesia), venho tentar prestar um pequeno tributo à memoria e amizade do teu saudoso Pai - Jaime Ferraz Rodrigues Gabão"; "Escrevi este poema aos 19 anos de idade. Tem rima solta porque eu sempre compunha ao correr da pena...". De minha parte, só tenho que agradecer a meu Amigo Herculino a honra de sua dedicatória e o privilégio/permissão de editar aqui, depois de 38 anos, seu primeiro poema.
Atravesso o mar sempre azul e, lá mais ao norte de Moçambique, na costa oriental da África da esperança deixando para tráz a neblina das madrugadas do tempo, vou redescobrindo os contornos sensuais da musa da saudade e das eternas recordações de minha adolescência!
Subscrever:
Mensagens (Atom)