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Na ótica de "O País do Burro" e de muitos de nós na blogosfera, o "cenário democrátrico" lá por terras de Angola não passa senão de encenação para "tapar-os-olhos" da plateia mundial que aplaude com conveniência mercantil, de olhos cobiçosos no mercado fértil proporcionado pelas riquezas naturais daquele jovem país africano dominado por elites minoritárias abastadas e caudilhos sob suspeição.
E hoje é dia de eleição por lá, segundo "fala" o Filipe Tourais, com a participação em voto do empobrecido, generoso, dócil, manobrado povo angolano e acompanhado por mídia e observadores internacionais possíveis quando não "censurados" pelo "poder" local:
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Hoje é dia de votação em Angola.
Há quem lhe chame eleições, apesar dos contornos sórdidos de uma encenação montada para vender ao mundo uma bebedeira colectiva de democracia.
Entende-se.
Todos sabemos que em Angola pode enriquecer-se rapidamente. Tal como sabemos também que esse enriquecimento está dependente de não se cair em desgraça aos olhos de um regime que se adonou dos recursos do país e não gosta de ouvir falar nos seus atropelos aos direitos humanos, a regras elementares presentes em qualquer democracia ou da pilhagem que resulta de hábitos instituídos de sua cleptomania congénita.
Por isso, tornam-se detalhes insignificantes o facto da Comissão Nacional de Eleições angolana ser composta maioritariamente (7 em 10) por elementos indicados pelo regime e de ser a Comissão Interministerial para a Preparação das Eleições (CIPE), ligada ao Ministério da Administração do Território, e não a CNE, que está em posse do ficheiro informático central de registo eleitoral, a partir do qual foi processada a informação e elaboradas as listas dos eleitores em cadernos eleitorais.
Pelo mesmo motivo, muito pouco se disse sobre a forma como decorreu a campanha eleitoral, com dinheiros públicos e meios de comunicação estatais descaradamente colocados ao serviço do MPLA e com o impedimento dos órgãos de informação privados de emitirem nas províncias. E nem mesmo o visto de entrada no país negado aos jornalistas da SIC, do Expresso, da Visão, do Público e da Renascença teve o condão de despertar críticas mais contundentes à fantochada que decorrerá durante o dia de hoje: se se portarem bem desta vez, numa próxima oportunidade a designar, já poderão sentar-se à mesma mesa com os restantes convivas. Quem sabe numa cerimónia de aclamação dos irmãos Metralha como heróis nacionais, com José Sócrates a presidir à comissão de festas, honraria conferida quer como prémio pelo silêncio das autoridades portuguesas à negação de vistos de entrada em Angola a cidadãos nacionais, quer como prémio pessoal atribuído pelos rasgados elogios daquele serviçal em ocasiões passadas (ler aqui) e pelas negociatas que permitiu /ler aqui).
Seria uma cerimónia alegre e muito bonita, como as “eleições” de hoje. "Está tudo bem".
- In "O País do Burro", 05/09/2008
- In "O País do Burro", 05/09/2008
Eles não se lamentavam noutros tempos que estavam sob o jugo do colonialismo???
ResponderEliminarCada um tem o que merece!