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5/18/11

Makondes & Macuas...

Quem são os Makonde?

Os Makondes são um povo da África oriental, que habita 3 planaltos do norte de Moçambique e sul da Tanzânia. Têm como actividades principais, a agricultura e a escultura. Sendo apreciados mundialmente pelas suas belas máscaras e esculturas em madeira, que reflectem a sua estética e cultura ricas.

A maioria dos cerca de 1.260.000 Makondes mantêm uma religião tradicional embora parte da população seja hoje cristã.

Os Makondes são um povo Bantu provavelmente originário de uma zona a sul do lago Niassa – Na fronteira entre Moçambique, Malawi e Tanzania. A hipótese desta origem foi apurada a partir da análise de fontes escritas e orais, e é ainda reforçada por semelhanças culturais com o povo Chewa, que ainda hoje habita uma vasta zona a sul e sudoeste do lago Niassa, no Malawi e na Zâmbia.
Os Makondes teriam assim pertencido, em tempos remotos, a uma grande federação Marave, que teria iniciado a sua migração para nordeste, ao longo do vale do rio Lugenda, em tempos bastante longínquos.
Mantiveram-se muito isolados até tarde, pois só no século XX é que os portugueses, que na altura colonizavam Moçambique, conseguiram controlar as zonas por eles habitadas. Isto deveu-se à sua localização, protegida por zonas ingremes de difícil acesso e por florestas densas. O facto de os Makondes terem ganho uma imagem de violentos e irrascíveis, também ajudou ao seu isolamento.

Desta forma, conseguiram manter uma forte coesão cultural, que apesar de ter diminuido nos anos que se seguiram à chegada dos portugueses, ainda assim conseguiu resistir em vários aspectos. Também a religião tradicional se manteve dominante, tendo as conversões ao cristianismo começado apenas por volta de 1930.

Este povo tem grandes preocupações estéticas, que se podem observar não só nas máscaras e esculturas, mas em todo o tipo de objectos. Também na arquitectura das aldeias e caminhos de acesso, se nota um cuidado estético.

Todos os tipos de objectos são feitos com grande sensibilidade estética e demonstram um amor pela beleza, caixas de remédio e rapé, cachimbos, rolhas de garrafa, bilhas, potes e panelas de cerâmica, tambores, insígnias de poder, instrumentos rituais, etc.

Os Makondes, assim como muitos outros povos, dão muita importância aos ritos de passagem, sendo os mais importantes os ritos de iniciação masculina e feminina. E ligada aos ritos de iniciação masculina, está a mais importante dança dos Makondes, o Mapico, onde são usadas máscaras com o mesmo nome.

Esta dança é muito importante na vida dos Makondes de Moçambique, havendo uma aura de mistério e segredo rodeando a preparação das máscaras e a dança propriamente dita, sendo por exemplo importante que não se saiba a identidade do dançarino.

Para a dança, um jovem mascara-se de homem ou animal, vestindo panos e usando uma máscara Mapico na cabeça. Existem vários passos que o dançarino executa, sempre em sintonia com a música dos tambores, apresentando uma espécie de encenação teatral, que encanta e diverte todos os que assistem.

Depois de um extase de actividade por parte do dançarino, segue-se uma encenação de perseguição e fuga, entre o dançarino e um grupo de aldeões.

O Mapico é o centro das festas tradicionais, em que são realizadas as cerimónias de iniciação.

Depois da chegada dos portugueses às áreas Makondes, muito rapidamente as autoridades coloniais e os missionarios, se aperceberam do grande talento e técnica dos artistas, e usaram esse talento para satisfazer os seus interesses. Dando origem a esculturas de cristos e virgens por um lado, e bustos do ditador Salazar, do poeta camões, Alexandre Herculano, e de outras individualidades da história portuguesa, por outro. Também surgiram esculturas tipificadas, tais como: o fumador de cachimbo, o caçador, o lavrador, a mulher transportando água, a mulher pilando alimentos, etc.

O interesse por esta produção de esculturas foi tão grande que levou a uma maior organização da produção, com diversificação e criação de novos temas.

Este fenómeno mudou por completo o mundo do escultor Makonde, que passou de camponês que também esculpe, a um artista quase a tempo inteiro.

Apesar destas mudanças importantes e do impacto da cultura exterior na sociedade Makonde, a tradição continua a ter muita força e a enquadrar a vida dos artistas, que continuam a cumprir os seus deveres na sociedade tradicional.

Aconteceram grandes alterações económicas e sociais nas últimas décadas na sociedade Makonde, que no entanto tem conseguido adaptar-se relativamente bem às mudanças e manter um saudável equilibrio.
- Transcrito de Quem são os Makonde?
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Clique nas imagens acima para ampliar.
Makonde people - Wikipédia
Retalhos: De Porto Amélia a Pemba - Quem são os Makonde?
Retalhos: De Porto Amélia a Pemba - Quem são os Makonde?-Parte 2
Arte Makonde - Imagens
Arte em Moçambique - Fotos de Godelieve Lodewyckx

9/25/09

Galeria de Arte Moçambicana na internet

Foi lançado ontem em Maputo no Consulado Geral de Portugal o site Galeria de Arte Moçambicana e Internacional - http://www.interseccoes.net/. Este site nasce na perspectiva da prossecução da ideia-chave que esteve na base da organização da exposição de Artes Plásticas ''intersecções", exposição que está ainda patente nas instalações do Consulado.

Assim sendo, o site inicia-se com esta mostra, pretendendo-se para ele fazer confluir, no futuro, eventos que traduzem ou permitam cruzamentos de obras de autores moçambicanos que se cruzaram com outros paises, e autores portugueses e outros que se cruzaram com o universo moçambicano.

Expõem em "Intersecções" os artistas plásticos Malangatana, Chichorro, Sitoe, Dito, Idasse, Ciro Pereira, Mazula, Geraldes, João Tinga, Sérgio Veiga e Sônia Sultane.
- Redacção, Diário Independente, Maputo, 24 de Setembro de 2009.

4/09/09

REINATA SADIMBA: De Mueda para o mundo!

(Clique na imagem para ampliar. Imagem original daqui)

Diz acertadamente o "Notícias"/Maputo de hoje:

Reinata Sadimba: rejuvenescendo sempre - É uma das faces mais visíveis do cenário artístico moçambicano. Com obras cerâmico-escultóricas que já roçaram as mais prestigiadas galerias de Moçambique, de África e do resto do mundo. Reinata Sadimba, à medida da aldeia de Nimu, no Planalto de Mueda.

Reinata Sadimba voltou recentemente ao Centro Cultural Brasil-Moçambique (CCBM), palco que ela conhece com todos os detalhes, devido às inúmeras vezes que por lá passou.

Na galeria Djanira daquele centro cultural, ela tem patente a sua exposição individual “Rejuvenescer”, formada por cerca de 30 obras de esculturas em cerâmica. Todas talhadas com base na técnica de terracota.

No seu mais recente trabalho artístico, Reinata Sadimba faz uma incessante busca pelo inovativo e transfigura uma acção que se situava somente na cerâmica para trazer uma dimensão mais escultórica. Embora não se separe dos traços e das texturas que caracterizam os seus trabalhos artísticos.

Do ponto de vista temático, nesta exposição, a conceituada artista plástica nos apresenta um discurso social mais feminista. Não se trata de um feminismo exacerbado. Não. Mas, é uma acção discursiva que se centra mais nas relações sociais que dizem respeito à mulher. “Rejuvenescer” também é uma espécie de estrondosa ovação à mulher, aos seus feitos. Mas, também àquilo que ela procura fazer na sociedade e não consegue. E ainda dos seus sucessos, dos seus anseios e das suas realizações. O seu quotidiano.

Mas também “Rejuvenescer” tem a força de ser uma gazua que se lança àqueles que fazem da mulher um escafandro.

Dando uma vista de olhos vemos, nos títulos, que Reinata nos dá que estão lá patentes as sugestões dos problemas sociais que se vive, mas também estão as suas inquietações.

Assim, obras como “Pancada”, “O Arrependido”, ou ainda “Mulher Abandonada” são alguns dos exemplos, dentre vários que podem ser citados.

Uma verdadeira referência nacional e internacional, Reinata Sadimba é uma figura incontornável no panorama artístico nacional, com trabalhos de uma qualidade ímpar e que encerram aspectos de ordem tradicional, social e os comportamentos humanos nas suas variadas multiplicidades.

Reinata Sadimba começou a sua trajectória com o barro pela cerâmica utilitária e quando já estava madura na manipulação deste material e do forno, e também como mulher batalhadora e sofrida, resolveu enveredar pela escultura.

Tendo como base artística a cultura maconde, que, como se sabe, é tradicionalmente rica em escultura em madeira, sobretudo em pau preto, ela vem, por isso, dar uma mais valia exraordinária à arte do planalto dos macondes e ao país, não só pelo figurativo que imprime às suas obras, mas também por romper com uma tradição artística em que a mulher apenas trabalhava o utilitário.

Com obras em museus da Inglaterra e dos Estados Unidos, e com exposições já efectuadas em muitos países africanos, europeus e do mundo, Reinata quer com esta individual mostrar mais uma vez o seu valor artístico.
- Francisco Manjate, Maputo, Quinta-Feira, 9 de Abril de 2009:: Notícias.

  • Reinata Perve Galeria - Aqui!

Reinata Sadimba nasceu em 1945 na aldeia de Nemu, Moçambique. Filha de agricultores, recebeu a educação tradicional dos Makondes que incluia o fabrico de utensílios em barro. Apesar dos makondes atribuirem o papel preponderante na sociedade às mulheres, em Moçambique, e também na Tanzânia, a escultura é ainda um "trabalho de homens". É provavelmente por esse facto que poucos levaram a sério o trabalho de Reinata no início.
No entanto, em 1975 ela inicia uma transformação profunda das suas cerâmicas tornando-se conhecida pelas suas formas fantásticas e estranhas. Reinata Sadimba é hoje considerada uma das mais importantes mulhes artistas de todo o continente africano.
Recebeu inúmeros prémios e distinções pelo seu trabalho na Bélgica, Suiça, Portugal e Dinamarca e o seu trabalho está representado em várias instituições como o Museu Nacional de Moçambique, o Museu de Etnologia de Lisboa ou a colecção de Arte Moderna da Culturgest e inúmeras colecções privadas em todo o mundo.

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11/23/07

ARTE DE MOÇAMBIQUE EM PORTUGAL

(Imagem daqui)
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Comércio justo/Moçambique: 400 artesãos vendem em Portugal.
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Produtos de cerca de 400 artesãos moçambicanos começaram hoje a ser vendidos nas seis lojas do comércio justo do Norte de Portugal, disse à agência Lusa Miguel Pinto, da cooperativa Equação.
Miguel Pinto referiu que a integração dos produtos de artesãos moçambicanos no circuito do comércio justo começou «há dois ou três anos», através da importadora italiana CTM-Altromercato.
O artesanato colocado hoje à venda em Portugal resulta de uma importação conjunta (Portugal e Itália) de batiks (tecidos tingidos), mobiliário e arte maconde (de artesãos de Maputo), de prata e bijutaria (de Pemba e ilha do Ibo) e de cestaria (de Mekufi, Cabo Delgado).
A maior parte desta importação, que custou 250 mil dólares (cerca de 170 mil euros), destina-se ao mercado italiano, onde já existem «quase 500 lojas», mas a Equação espera que muitos produtos sejam vendidos em Portugal, especialmente neste época natalícia.
Miguel Pinto salientou que a venda de produtos é a face visível de um vasto projecto, que envolveu a recolha de fundos e a identificação de produtos e de necessidades dos artesãos moçambicanos.
O Projecto Moçambique, que está a ser desenvolvido pela Equação, em parceria com a organização não-governamental italiana Raggio Verde, envolve também apoio à educação e formação profissional dos artesãos.
«É uma formação claramente virada para a qualidade dos produtos», afirmou Miguel Pinto, acrescentando que será apoiado também o acesso à educação dos filhos dos artesãos, todos oriundos de «zonas bastante pobres de Moçambique».
O responsável da cooperativa destacou que este projecto visa também aumentar a presença de países de língua portuguesa no circuito do comércio justo.
«Há um défice claro de produtos oriundos de países de língua portuguesa», afirmou, realçando que o comércio justo envolve já «mais de 45 países».
Miguel Pinto referiu que, em vez dos habituais cabazes de Natal com produtos fixos, as seis lojas do Norte de Portugal vão propor aos clientes a construção de um cabaz a partir de um cesto feito em Moçambique, cujo preço inclui dois euros para o projecto.
O comércio justo visa facilitar a integração, no circuito internacional de comércio, de produtos oriundos de países em desenvolvimento, através do pagamento ao produtor de um valor justo.
A Equação, sediada em Amarante, é a primeira importadora e distribuidora portuguesa de produtos de comércio justo, e foi fundada pelas associações Reviravolta (que gere as duas lojas do Porto), Alternativa (Braga e Barcelos), Aventura Marão Clube (Amarante) e Cor de Tangerina (Guimarães) e pela CTM-Altromercato.
Miguel Pinto referiu que, ao todo, há 10 lojas de comércio justo em Portugal (as outras são em Coimbra, Almada, Pragal e Faro), estando marcada para sábado a inauguração de mais uma, em Tondela, a que se seguirão outras em Aveiro e Lisboa.
Diário Digital / Lusa , 22-11-2007-0:54:00