7/31/07

Cabo Delgado - Estradas e electrificação...

A província de Cabo Delgado precisa de uma maior intervenção e reforço do Governo central para alcançar as metas inscritas no quadro do plano quinquenal do Executivo, principalmente para as estradas e expansão da rede de energia eléctrica. A Primeira-Ministra, Luísa Diogo, considera que a expansão da rede de energia pode viabilizar o desenvolvimento das telecomunicações e o sector da Educação, a partir da introdução de cursos nocturnos, a Saúde, que poderá conservar convenientemente as vacinas, o turismo, actualmente tido como dos potenciais contribuintes para a receita da província, entre outros.
Na opinião da PM, que recentemente esteve em Pemba, particularmente o problema da energia eléctrica deve ser resolvido, com um acompanhamento cerrado dos órgãos centrais. Ela prometeu que tal vai acontecer, porque reconhece que a província está a fazer aquilo que está ao seu alcance.
“A província faz aquilo que pode, que é fazer o acompanhamento e de nos alertar sobre determinadas questões ligadas ao programa do Governo. Nós, a nível central, temos que ver se o trabalho de electrificação está a acontecer no terreno ao ritmo que desejamos ou não”, disse.
Por outro lado, Luísa Diogo entende que há outros desafios a enfrentar em Cabo Delgado, entre os quais o abastecimento de água ao chamado “Planalto dos Macondes”, que integra os distritos de Mueda, Nangade e Muidumbe, que considerou uma grande preocupação do Executivo.
“Há distritos onde 50 porcento da população ainda não tem água, muito embora a província esteja a fazer um trabalho extraordinário em relação à construção de pequenos sistemas e abertura de furos. É preciso fazer mais, porque as pessoas percorrem grandes distâncias para trazer água para o seu sustento”, disse.
Este facto contrasta com a realidade segundo a qual, e de acordo com a primeira-ministra, a província tem uma taxa de cobertura de abastecimento de água acima de algumas no país, cerca de 50 porcento.
Também fazem parte do grupo de questões que são pontos de penumbra do cumprimento do programa quinquenal do Governo em Cabo Delgado as estradas e pontes e as telecomunicações, que a PM acredita poderem ser ultrapassadas se for resolvido o problema da electrificação.
Porém, impressionou à primeira-ministra o crescimento que é notável na província, tendo como aspectos de realce o cumprimento das orientações deixadas pelo Presidente da República na sua última visita, em Abril último. Entre tais tarefas constam as ligadas à transformação da escola como unidade produtiva, através da aplicação do princípio “um aluno/uma planta” e a colocação de quadros qualificados nos distritos, tendo em conta que estes são pólos de desenvolvimento.
Maputo, Terça-Feira, 31 de Julho de 2007:: Notícias

7/30/07

Ronda pelos blogues - O "Ma-Schamba" do JPT e o "Xicuembo" do Carlos Gil.

O Moçambique de Carlos Gil transcrito no Ma-Schamba:
Já passaram anos desde que o Carlos Gil editou o seu Xicuembo, memórias daqui e não só, uma imensidão de saudades daqui, uma coisa que em blog e no livro sempre parece a entreolhar um qualquer outro talvez:
"Para mim, o Aeroporto de Mavalane foi só uma porta de saída, atrás dela ficou uma vida que podia ter sido talvez assim, e hoje é, naturalmente, assado". (116)
Ler o Gil, e para além do encanto de ver como as vezes aparece mesmo nu lá no meio das páginas, é ler essas saudades de um outro tempo mocambicano, saudades pesadas até. Mas nunca saudosistas, um olhar para tràs mas sem lá querer estar:
"Nunca ouvi falar num negro milionário no período colonial. Agora, parece que os há aos pontapés e, por infeliz norma, aceito que a regra é obtida com percursos escuros nesse enriquecimento pessoal, em detrimento dum país que já foi o mais pobre do mundo. Só que, antes, não se conhecia ou ouvia falar de algum. Zero. Classe média? Só se for média lá para o muito baixo, a roçar o nível do desenrascanso diário. E isto na cidade e sua periferia, pois não recordo antes do final de 1974 qualquer negro a viver nas “Polanas” das cidades de Moçambique. (...) Tanta coisa que estava errada e só em 25 de Abril de 1974 se tornou visível para uma certa população que olhava, no seu global, só de soslaio para as injustiças que, sob esses olhos, corriam a céu aberto, Eu, inclusive. "(76-78)
Depois, as saudades dão-lhe também para moralizar. E ai discordamos no tom - e ainda bem, que isto de concordar em tudo daria em nada:
"Todos nós, hemisfério norte europeu, branco e rico, devemos algo muito importante a África, negra e pobre. Durante séculos foi o nosso quintal de férias e banco estrangeiro, a Europa possui obrigações que secular incúria gerou, e não pode olvidá-las"(121)
(Carlos Gil, Xicuembo, Pé de Página, 2005)