2/11/08

"Hotel Califórnia" em madrugada macua...

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Imagem do álbum "Pemba 2008" de Paulo Pires Teixeira onde poderá ver mais de 200 fotos de Pemba e região realizadas em Janeiro 2008. Encontrará este álbum no grupo "Pemba-Bar da Tininha/MSN" - aqui !
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Hotel Califórnia - António Pita Oliveira
Estou há três horas a conduzir nesta estrada infernal.
Os buracos alternam com pedaços de asfalto, só para lembrar que em tempos o alcatrão passou por aqui.
A noite está escura e o jeep tem apenas um máximo, que aponta para o céu.
Fazer a viagem só com médios torna-a mais arriscada, mas diminuir a velocidade está fora de questão.
Somos sete pessoas num carro com lotação para quatro.
Estivemos numa festa em Pemba, Cabo Delgado, e regressamos a Nampula.
Centenas de quilómetros ainda nos separam do destino.
Jota dormita agarrado a Naíssa, e ela faz-lhe festas no cabelo.
Myra, uma brasileira globetrotter, diz de vez em quando:
- “Ó cara, o negócio é o seguinte. Não dá para ir mais devagar?”
Há duas horas que conversamos pois o resto dos habitantes daquele Toyota velho e ferrugento dorme.
A festa em Pemba foi forte.
A alternativa alcoólica era dualista: ou cerveja 2M ou whiskey Cardhu.
Claro que a cerveja ficou lá quase toda.
Myra não se cala e ainda faltam cinco horas para chegar ao destino.
A minha sorte é que a sua voz é musical.
A conversa entra em aspectos pessoais. Humm. Mas de vez em quando lá vem com “ó cara...”.
Myra vem do Quénia e quer estar na cidade do Cabo, África do Sul, dentro de duas semanas.
Conheci-a há 12 horas, quando chocamos ao virar de uma esquina no centro da cidade de Pemba. Depois do choque, começou a conversa.
Para ser franco, estamos a falar há 12 horas.
E o leitor de cassetes do carro não pára de tocar o álbum dos Eagles “Hotel Califórnia”.
É a única cassete que ainda toca, pois todas as outras passaram à história.
A noite continua escura e o céu muito brilhante.
De vez em quanto, os silêncios entre nós tornam-se cúmplices.
Myra tem 23 anos e para quebrar o silêncio cantarola “welcome to the Hotel Califórnia...”.
Aliás cantamos os dois, os únicos sobreviventes daquela nave de alcoólicos.
Depois de uma curva mais apertada, assinalada por dois buracos gigantes, eis que aparece mais uma recta enorme.
Ao longe, uma ligeira luz começou a tomar forma.
- “Espero que seja uma cantina. Se for, queres beber um copo, Myra?”
- ”Legal, cara.”
Era mesmo.
Uma casa rústica, iluminada no exterior por uma luz amarela, assinala um verdadeiro oásis.
São três da manhã.
Dois camiões estão parados num descampado que deve ser o parque de estacionamento.
Entrámos.
O ambiente é dominado por uma lâmpada vermelha de 40 watts.
Três pessoas conversam numa mesa do fundo.
Dois pares dançam ao som de uma música suave do Roberto Carlos.
Myra sorriu.
- “Roberto, aqui?”
O bar só tem cerveja 2M e whisky Glenwood.
Não arriscamos fazer misturas.
A música mudou e agora pertence a Caetano, que canta com aquela voz inconfundível.
Fomos dançar.
Havia “uma história pra contar/De um mundo tão distante/Debaixo dos caracóis dos seus cabelos/Um soluço e a vontade/De ficar mais um instante...”
E ficámos.
A praia é mesmo ao lado e mergulhamos na areia.
Depois do amor, o mar brilhante chama para um banho revigorante.
Duas horas depois voltamos ao bar.
Apenas um par dança.
Um camionista de fato-macaco e a empregada de vinte e poucos anos.
O som era familiar.
“Hotel Califórnia”.
Está mesmo a perseguir-me.
Fomos também dançar.
Myra está linda, com os seus caracóis.
Perguntei se havia quartos.
- ”Sim, temos apenas um vago”
O quarto é revestido a canas de bambu e tem uma janela mesmo virada para o mar, cuja brisa entra sem cerimónias.
Do lado esquerdo, numa placa pode ler-se: “California Lodge”.
Aquele casebre rústico tem um nome simpático.
Sorrio e vou para a cama, que não tem rede mosquiteira.
- “É bom estar na Califórnia”, disse Myra.
- “Só espero que os mosquitos estejam ocupados, a fazer amor ou surf.”
- “Quem se importa”?
Semanário Savana de 08/02/2008

2/09/08

Amenizando seu final-de-semana - Recordando BONANZA.

(Imagem original daqui)
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Em Março de 2005 escrevi aqui:
Quem não lembra de "Bonanza", de Lorne Greene, de Michael Landon, Dan Blocker, Pernell Roberts e das previsíveis, quase ingénuas "aventuras" assistidas a "preto-e-branco" (a TV em Portugal, à época, ainda não era colorida), quando estudante no Porto, em noites de sábado, lá pelos cafés da estação de Campanhã onde residia minha Avó paterna ???...
Pois é...e hoje, com as "facilidades" permitidas pela net e levado pela nostalgia própria da idade, resolvi dedicar aos meus Amigos de sempre e daquela época o "acordar" ou reacender de algumas apetitosas emoções que nos levarão ao tempo de nossa mágica adolescência...Digo mágica porque foi única, temperada pelo sol das desenhadas pradarias e pelo imaginário a que nos transportaram esses "heróis" de aventuras onde imperavam a decência, a ética, o sentimento de honra, o romantismo, o compromisso, a bravura, o respeito pelo ser humano, a preocupação com o próximo e a "vergonha-na-cara" tão escassas nos dias de hoje.
Bonanza mantém ainda hoje a posição de segunda maior série de tevê no tipo faroeste, em termos de longevidade, com 431 episódios distribuídos em 14 temporadas, perdendo apenas para Gunsmoke - A Lei do Revólver, do calmo mas durão delegado da cidade de Dodge City - Kansas - Matt Dillon, da qual foram produzidos 635 episódios, distribuídos em 20 temporadas.
Ninguém poderia imaginar que a quase marca de um bilhão de telespectadores algum dia seria atingida em todo o mundo. Nem se poderia vislumbrar que a série seria o tremendo sucesso que é até os dias atuais.
Aqui ficam pois e para amenizar o final-de-semana, dois videos. Outros existem. É só ir até ao YouTube e aproveitar esta "viagem no tempo":
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(Para evitar sobreposição de sons, não esqueça de "desligar" a "Last.FM" no lado direito do menu deste blogue.)