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5/15/10

De Porto Amélia a Pemba: Família Andrade Paes - parte 2

Já alguma vez arrancou uma planta útil da terra? Não o faça. Eu sei o que sente uma planta arrancada sem culpa do seu chão.
Glória de Sant'Anna - poetisa do mar azul de Pemba, Amaranto.

Moçambique - Cabo Delgado - Anos cinquenta - "VAMOS A PALMA?"
Vamos. Vamos rodando mais para o norte no que se considera o melhor carro para solavancos - o pequeno e útil 'carocha'.
É tempo seco. O perigo do matope não existe. Há sim a paisagem intensa de verdes e de água plana apenas mormurante do rio com nenúfares lilazes. E os pássaros gritadores colorindo de riscos de fulgor o largo espaço aberto. A baixa do M'salo preocupa-me porque é uma enorme extensão percorrida por caça grossa que ali vem beber ao pôr do sol, desafiando os olhos sornas dos grandes crocodilos. Mas o pôr do sol vem muito longe ainda. (É hora dos animais beberem. Ninguém sai de casa. - digo eu algumas vezes às crianças.) Pára-se para o batelão puxado por cordas. Sai-se. Há uma grandiosidade de princípio do mundo no silêncio de mil olhos escondidos. Algo me identifica com o sangue vegetal vibrante e vivo.
Já alguém reparou que nos troncos rugosos há uma aura suave de calor?

"Disseste alguma coisa?"
"Não. Não disse."

Está passado o M'salo e os rastos dos animais nas margens.
São ravinas, agora. Terreno onde a luz chispa vagamente, e que os antílopes e outros, vêm lamber porque é área de sal e gema. Uma vez por outra juntam-se em manadas e saciam-se.
Terra de macondes. Os artistas guerreiros cujas mulheres faladoras e descontraídas de repente me sorriem. E algumas aconchegando-se, apalpam o pano do meu vestido para ver como é. E conversam. E riem.
Nas mais novas o disco de pau preto ainda pequeno inserido no lábio superior, dá-lhes uma expressão de amuo.

(Foi em Pemba que vi o primeiro maconde. Novo, alto, de rosto tatuado e sorriso largo aberto sobre os dentes em serrilha.
Olhou os quadros dos pintores brancos postos nas paredes, com uma seriedade curiosa.
Aliás ele tinha sido convidado a ver outra forma de arte. E frente a um óleo estendeu a mão e percorreu a textura. Um dedo cauteloso e atento.
Ele, como eu, ouviu a explicação breve do dono da casa sobre técnicas e formas e materiais usados pelos artistas em concepções de estética.
Dias depois voltou sempre com aquela maneira de sorrir, trazendo a mulher tão nova como ele, bonita e de rosto liso.
E como marco de um ínicio de amizade, ofereceu um pequeno jacaré de marfim que esculpira na missão cristã onde estudou.)

Em casa do chefe de posto somos convidados a comer e a ficar. (Este hábito africano de portas abertas para a hospitalidade).
A dona da casa tem olhos verdes e cabelo preto encaracolado. Nasceu-lhe há pouco o primeiro filho.

"Palma é a solidão, é o extremo de tudo. Estou cansada. Tão cansada que nem pode supôr" - diz ela que na manhã seguinte na praia de areia muito fina, me adverte num sobressalto nervoso:
"Nunca se sente debaixo de um coqueiro! Um côco maduro cai sozinho!"

Há risadas espontâneas.
Quantos anos passaram já desde que os palmares são meus conhecidos? A sombra das longas folhas, a casca fibrosa do fruto melhor do que uma escova para dar brilho ao chão, a magnífica e fresca 'água do lenho' - bebida do côco verde.
A conversa incide sobre assuntos diversos: o decorrer dos dias; contentamentos; e descontetamentos, que não levarão muito tempo a surgir à tona da estrutura social.
Um cipaio aproxima-se dizendo que andam elefantes por perto.

"Vamos afugentá-los para não destruirem as culturas", diz o chefe de posto. "Alguém quer vir?"

Eu deixo-me ficar com Elsa sempre queixosa, mas que tem um bom senso de humor.
Continuo na tranquilidade da praia fresca de sabor salgado em terra de macondes, de entre os quais poucos anos depois e em tempo de guerra haverá um novo amigo escultor.
- Glória de Sant'Anna, Ao Ritmo da Memória - recolha de algumas crónocas publicadas no jornal Letras & Letras do Porto.
É madrugada e o n'pure voltou e canta
para o vermelho-laranja do horizonte
e o silêncio em volta dos telhados
é longo e doce
Uma linha de fumo branco sobe
da fogueira do guarda envolto na capulana escura
e a folhagem parada freme de súbito
ao grito do n'pure

Em redor dos troncos tombaram
as primeiras-tímidas flores da acácia rubra
durante a noite (penso)
ou soltas pelas asas leves do n'pure
In "Amaranto"
com tuas flores rubras farei brincos pulseiras e colares
para dar às sereias 
que na alta maré cheia
em noites brancas de lua
saem da água 
para cantar

""Para o Jaime: ...É o que chamo "o fio da amizade". Um fio que não quebra e une em espontaneidade, em memórias, pelos tempos dos tempos..."" - 28/04/2001, Glória de Sant'Anna.

SALABAI
(aí tens Salabai negra o poema que te prometi)
Salabai - podia ser o vento
deslizando nas folhas
Salabai - podia ser a chuva
tombada em leves gotas
Salabai - a palavra
que se ouve e se sonda
mas Salabai tem os olhos egípcios
na face quase negra
e perpassa sorrindo
na luz que surpreende
dia a dia hora a hora
(afinal Salabai é muito mais que tudo
o refrão matinal de uma canção de roda)
- In "Amaranto".
POEMA DÉCIMO TERCEIRO
A negra tombou entre os agrestes ramos
e um súbito espanto.

(está morta
e as aves cantam)

Do seu ventre aberto ao sol que se inclina
esvai-se o longo fio que a tecia.

(está morta
e o vento desliza)

Da face suspensa na folhagem magoada
descai o lenço que se desata.

(está morta
sob a claridade)

...toda já outra sobre o trilho que seguia
ausente das marcas de ódio que pisava
guarda entre os dedos longos da mão abandonada
sinais do áspero matope que a recolherá.

(está morta e as aves cantam
e a tarde se consome toda igual)
In "Amaranto"



BATUQUE
A negra salta e não cansa.

Entre o denso mar pálido
e a clara poeira,
a corda balança.

A negra se ergue e sorri.

Entre o leve céu pálido
e as dolentes árvores
e o tambor que vibra.

A negra se ergue e é esguia.

Dentro do batuque
e da ritmada corda
e do morto dia.

Não há segredo na boca tranquila da negra,
nem antigas e vãs perguntas que se percam,
nem místicas dúvidas ou esquecidos gestos.

Ela se ergue como uma lança,
e entre o céu e a poeira
simplesmente
dança.
- GLÓRIA DE SANT'ANNA-LIVRO DE ÁGUA (1961)- Sugerido por Andrea A. Paes.

VIAGEM
Na última vaga que a contém e arrasta
a casquinha é de ouro, de vento ou de água.

Nem âncora a amarra,
nem vela a segura,
mas o pescador
cheira a sal e a espuma.

Na última vaga que a contém e solta
a casquinha é de água, de vento ou de ouro.

Nem mastro a segura,
nem leme a norteia,
mas o pescador
cheira a sal e a areia.

(E o pescador cheira a sal e a areia
e deixa tombar sobre os búzios claros
os peixes de vidro que traz do mar largo.

E o pescador cheira a sal e a espuma
e deixa tombar sobre a areia húmida
seu longo cansaço).

A casquinha solta da última vaga,
espera sob as nuvens translúcidas,
pousada na areia como uma concha de nácar.
- GLÓRIA DE SANT'ANNA-LIVRO DE ÁGUA (1961) - Sugerido por Andrea A. Paes.
A CANÇÃO DO NEGRO
O negro canta
num timbre agudo
(agudo e rápido)
que surpreende.

Não fala: canta
num tom selvático
(denso e selvático)
alto e estrindente.

E o ritmo é tanto
tão bem marcado,
tão ansioso e
dilacerante,
que me parece
que está (sózinho)
cantando as mágoas
de toda a gente.
- GLÓRIA DE SANT'ANNA-UM DENSO AZUL SILÊNCIO - 1965 - Sugerido por Andrea A. Paes.
(Transferência de arquivos do sitio "Pemba/Régua" que foi desativado.)

7/03/11

CONCERTO DE HOMENAGEM A GLÓRIA DE SANT'ANNA

CONCERTO DE HOMENAGEM A GLÓRIA DE SANT'ANNA
Centro de Arte de Ovar - Portugal, 3 de Julho às 21:30
:: -- :: 
TRIBUTE CONCERT FOR GLORIA DE SANT'ANNA
Ovar Art Centre - Portugal, July 3 at 21:30
:: -- ::
GLÓRIA DE SANT'ANNA no blogue ForEver PEMBA
GLÓRIA DE SANT'ANNA na Wikipédia
GLÓRIA DE SANT'ANNA no Google

8/05/10

Glória de Sant'Anna - O CÂNTICO DA MÃE


Homens,

esses meninos
foram colhidos fundo no meu ventre

gritaram para a luz
sujos de sangue e sebo

face e corpo moldei-os
ao longo dos meus dedos

pus sol em suas mãos
e flores em seu cabelo

articulei seu lábio
e sondei sua fronte

virei seu rosto ao espaço
seu olhar ao mais longe

(Por entre cada pétala era tempo
de tecer o aroma das màluas
de tocar uma a uma cada nuvem
e de entrançar a chuva
era tempo
de medir a raiz pela pergunta
de escutar a semente mais profunda
em luta com o muchem pela terra húmida
do chicuvi
do todo azul madinde todo azul
do chèrule
do fumo esbranquiçado dos brazidos
sobre a castanha verde curva escura...)

Homens,

esses meninos
são do silêncio puro do meu ventre

sou sua cicatriz
e primeira palavra

(e se é tempo de ser gume e de ser espada,
estilhaço, ferro, lança, bronze e ouro)

amaldiçôo aquele que não mos traga

como lumes na sombra
sujos de sangue e belos
mãos rasgadas e firmes
e cinzas no cabelo
de pé, crucificados
de olhar seguro ao longe
e no lábio a palavra
que os fez de ouro e de bronze

Glória de Sant'Anna
(Considero Glória de Sant'Anna a "Poetisa do Mar Azul de Pemba")

Ligação a Facebook - Glória de Sant'Anna
Glória de Sant'Anna no ForEver PEMBA
(Cortesia de F. A. C. R.)

3/13/11

Glória de Sant'Anna será lida no Brasil.


""Gloria de Sant'Anna é, segundo Ana Mafalda Leite, a voz feminina da literatura moçambicana. Ela começou a escrever nos anos 60 e morreu recentemente. “Ela tem uma obra diversificada, sofreu influência de autores brasileiros como Cecília Meireles, e transita entre o bucolismo e a poesia local”. Já Luís Carlos Patraquim é uma voz representativa e é o único vivo entre os quatro. Querem trazê-lo ao Brasil em abril de 2011.""

 

Transcrição:

Poesia moçambicana começa a chegar ao Brasil:

UFMG lança coleção com poemas e poetas inéditos.
Levou tempo, mas a prosa moçambicana conseguiu sair dos círculos acadêmicos e já conquistou alguns fãs no Brasil. Mia Couto é o melhor exemplo disso. Ele tem 9 livros publicados pela Companhia das Letras e outro infantil pela Língua Geral, e é presença constante nos eventos literários realizados país afora. Agora, a Editora UFMG quer fazer o mesmo com a poesia, esta sim inédita para a maior parte dos brasileiros. Pensando nisso, acaba de lançar, com organização da portuguesa Ana Mafalda Leite e do brasileiro Wander Melo Miranda, a Coleção Poetas de Moçambique. Os dois primeiros títulos trazem poemas de Rui Knopfli (1932-1997) e de José Craveirinha (1922-2004), e outros dois, com textos de Glória de Sant’anna e Luís Carlos Patraquim, chegam ao mercado no ano que vem. A coleção foi apresentada no Fórum das Letras de Ouro Preto por Roberto Said, vice-diretor da Editora UFMG.
 
O caminho vai ser árduo, mas isso não desanima a editora. “O leitor de poesia é sempre um clã clandestino e essa coleção é dedicada aos bons leitores de poesia. É uma tentativa de trazer ao país um pouco da poesia feita na terra de romancistas já consagrados, mas de poetas inéditos”, disse Roberto Said, que pretende, com o tempo, ampliar a coleção. “Nossa ideia é trabalhar com a literatura africana em língua portuguesa e há potencial aberto para fazer o mesmo com os poetas de Angola”.
 
Para Ana Mafalda Leite, professora e pesquisadora de literatura africana de língua portuguesa, a literatura é feita de romance e de poesia e a poesia moçambicana é de uma enorme qualidade. “É um pouco dramático ver que só o romance moçambicano tem um leitor, e o que essa editora está fazendo é um enorme trabalho em prol da literatura africana”, disse.
 
A ideia dessa coleção nasceu de um encontro com o também professor Wander Melo Miranda, da UFMG, em 2006, e porque era escassa a bibliografia para adoção em sala de aula. “O estudo da literatura africana está crescendo nas universidades brasileiras e ter matéria-prima é primordial”, comentou Ana.
 
Roberto Said disse que pretende promover lançamentos em Portugal e em Moçambique, que provavelmente serão realizados durante algum seminário preparado especialmente para apresentar as novas obras.
 
 
Autores
Rui Knopfli e José Craveirinha (1922-2004) são os fundadores da poesia moderna africana e nada mais justo que a escolha dos dois nomes para o lançamento da coleção. “Craveirinha é mais nativista e Knopfli, mais universal. Eles são os dois maiores marcos da poesia moçambicana”, comentou a Ana Mafalfa Leite.
 
Gloria de Sant'Anna é, segundo Ana Mafalda Leite, a voz feminina da literatura moçambicana. Ela começou a escrever nos anos 60 e morreu recentemente. “Ela tem uma obra diversificada, sofreu influência de autores brasileiros como Cecília Meireles, e transita entre o bucolismo e a poesia local”. Já Luís Carlos Patraquim é uma voz representativa e é o único vivo entre os quatro. Querem trazê-lo ao Brasil em abril de 2011.""
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Glória de Sant'Anna - a poetisa do mar azul de PEMBA no Forever PEMBA

5/15/13

Vencedor do Prémio Literário Glória de Sant’Anna - 2013

“Nada,
Nem sequer um limpo pranto,
Um olhar branco, uma agonia.

Nada.
A tudo é imune, o faquir,
Até ao sal, disso, indiferente.

Ele, o rosto e o corpo,
Nitidamente permanecem
indeformáveis e intactos.”

- Eduardo White In O Poeta Diarista e os Ascetas Desiluminados - ALCANCE EDITORES – Moçambique
 
Júri
Fernanda Angius – Estudiosa de Literatura Moçambicana
Teresa Roza D’Oliveira – Artista Plástica
Eugénio Lisboa – Ensaísta e Crítico Literário
Victor Oliveira Mateus – Escritor
Américo Matos – Director do Jornal de Válega

Fontes e colaboração de Inêz Andrade Paes. CONTOS DE FADAS NÃO DE REIS. Prémio Literário Glória de Sant'Anna 2013 - Regulamento. Prémio Literário Glória de Sant'Anna 2013 no Escritos do Douro, no ForEver PEMBA e no São Paulo - O Colégio. Blogue Glória de Sant'Anna. Sobre GLÓRIA DE SANT'ANNA no blogue ForEver PEMBA e no Google. Clique nas imagens para ampliar. Transcrição, edição de imagens e texto de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" e "ForEver Pemba" em Maio de 2013. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

6/03/09

GLÓRIA DE SANT' ANNA: UMA REFERÊNCIA CULTURAL DE CABO DELGADO

(Clique na imagem para ampliar. Um pouco na penumbra, podemos vislumbrar a também já falecida poetisa moçambicana Noémia de Sousa)

Com o seu passamento, perdeu-se uma muito ilustre e incansável estudiosa que muito trabalhou para divulgar, especialmente, através da poesia, as memórias das gentes e terras de Cabo Delgado, que muito amou.

Para além de Porto Amélia, hoje, Pemba, dedicou especial atenção às Ilhas de Querimba, com especial relevo, para a histórica ilha do Ibo, que visitou inúmeras vezes, para melhor se informar sobre a sua realidade sociocultural.

Recordo, com saudade algumas dessas suas visitas destinadas à recolha de algumas lendas e tradições, e, como a minha homenagem e, em sua memória, seja-me permitido que do seu livro "Algures no tempo" extraia o poema Quirimbas, dedicado a Ingamo Moja, geronta mwane, que então entrevistou, na ilha do Ibo, em 1969:

QUIRIMBAS
A Ingamo Moja(1)

tranquila
índicas nos véus do tempo
guardam faces
de verdes olhos
e em segredos
de transparentes mantos
falam de búzios e oiro
e dos necangas
contam histórias
da história de memória
e vestem-se de lendas
e de encantos.

(1) Mulher velha do Ibo, de uma beleza intensa. As feições, os olhos profundos, tudo emana um denso magnetismo de mistério e sabedoria. (p.26)

No seu livro "Ao Ritmo da Memória" que nos relata a dita visita, Glória de Sant'Anna, fornece-nos um excelente perfil da sua ilustre entrevistada:

"... ... ... ... E entra na sala uma mulher velha vestida de panos de tons escuros. Usa um lenço do mesmo tecido, posto como um turbante leve com uma ponta caída.

É Ingamo Moja.

Magra, pequena, de malares levemente marcados, de uma beleza deslumbrante que se concentra nos olhos rasgados para as fontes, profundos, que de repente me parecem claros. Nariz perfeito. Boca firme e de contorno alongado. pele de cor de cobre escuro.

Uma presença calma, de ínicio vagamente desconfiada e desdenhosa, mas imediatamente tornada uma personalidade forte e cativante de que recolho sem saber porquê, uma ternura súbdita." (p.24)

Termino estes breves, mas sentidas notas, enviando a seus filhos e demais familares os nossos sentidos pêsames.
Que Deus tenha em descanso a alma da nossa querida poetiza e amiga Glória de Sant'Anna.
- Carlos Lopes Bento, Almada - Do blogue "São Paulo o Colégio", 03 de Junho de 2009
  • Quirimbas o Paraíso - Aqui!
  • Glória de Sant'Anna - Aqui!

5/26/12

Glória de Sant'Anna - POEMA DE BARRO



  • Sobre GLÓRIA DE SANT'ANNA neste blogue.
  • Sobre GLÓRIA DE SANT'ANNA no Google.
  • Sobre GLÓRIA DE SANT'ANNA na Wikipédia.
  • Sobre GLÓRIA DE SANT'ANNA no FaceBook.
Clique nas imagens acima para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue ForEver PEMBA em Maio de 2012. Todos os direitos reservados. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

8/21/09

Glória de Sant'Anna - "Trinado para a noite que avança" é seu décimo sexto e último livro...

(Clique na imagem para ampliar)
Já se encontra publicado o décimo sexto e último livro da poetisa do mar azul de Pemba, GLÓRIA DE SANT'ANNA.
Amigos e leitores interessados em adquirir esta derradeira obra (edição particular) da saudosa poetisa, poderão fazer o pedido para Inez Andrade Paes, e-mail inezapaes@yahoo.com.br
.
MÁGOA
.
não vêdes
que vou a caminho da saida
.
e que por isso
conto coisas que me são queridas
.
e não contaria
.
se não fosse
esta aura de espanto
e de
espectativa
.
não vêdes
que a solidão trazida
me cobre a face os ombros
e toda a vida
.
que por ser um resto
ainda é consentida
- Glória de Sant'Anna, in "Trinado para a noite que avança", edição autor, 2009, p15.

  • Alguns post's deste blogue que referem Glória de Sant'Anna - Aqui e Aqui!
  • Link's para Glória de Sant'Anna na net - Aqui; Aqui e Aqui!

9/20/07

Arte e sociologia de Moçambique - Referênciando Glória de Sant'Anna, Rafael da Conceição, José Pimentel Teixeira, Andrea Paes...

Encontrei na net e no blogue do JPT, onde são citados Rafael da Conceição (ex aluno de Glória de Sant'Anna), as poetisas Glória de Santanna e Andrea Paes:
"Lied Para Yonnis-Fred e Maelle (Paternidade, Morte e Quotidiano, Construções no Mar, em Terra e no Ar...)", novo livro de Rafael da Conceição, um texto sobre (antropologia d)a morte. Será lançado na próxima terça-feira, 18 de Setembro, pelas 10 horas da manhã. Na Universidade Eduardo Mondlane, campus universitário, anfiteatro 2501 do novo Complexo Pedagógico. O livro será apresentado por Carlos Serra e por José Teixeira...
...Di-lo através do poema, aqui feito epígrafe, “A Nossa Morte é a Vida que Vivemos” de Andrea Paes (recentemente estreada na poesia com o livro “O Mar Verde de Mim e as Terras Brancas Sem Açúcar”, assim seguindo as pisadas de sua mãe Glória de Sant’Anna), no qual se realça interacção inultrapassável do nosso ciclo biográfico, essa presença quotidiana e constante do ocaso…

Passeio de mãos dadas
com a morte.

Passeamos no silêncio
da nossa uniformidade
[incorrigível.

Eu, dentro da minha vontade de viver.
Ela, dentro da vontade
de me ter.

E sorrimos, porque sabemos
da força imanente e[inexorável
de que ambos dependemos
(Andrea Paes)

- A "apresentação" de José Teixeira em texto integral no 'Estendal"
- Alguns poemas de Glória de Sant'Anna
- Alguns trabalhos de Inez Andrade Paes
- Contato comercial com a artista plástica natural de Pemba , Inez Andrade Paes - inezapaes@yahoo.com.br

6/13/07

GLÓRIA DE SANT'ANNA - Novo livro de poemas

Transcrevo poema inédito retirado do agora lançado livro "E Nas Mãos Algumas Flores" de autoria da incansável e notável poetisa Glória de Sant'Anna . Este livro é de um tempo que abrange Lisboa, onde a autora nasceu e de onde partiu para Moçambique :

PARTINDO
adeus ulisses
elo africano
aqui parado
por vento brando
volto às manhãs
de bruma esparsa
onde o meu rosto
nunca se sabe

e onde o frio
inda normando
põe traços brancos
por sobre os cais

levo comigo
da Olisipo
este dezembro
por mim tecido
Glória de Sant' Anna

Ao preço de 9.00 € mais portes de envio à cobrança dos CTT, esta obra poderá ser encomendado a Inez Andrade -inezapaes@yahoo.com.br ou à Livraria Minerva-Ovar- minerva.ovarense@oniduo.pt . Por estes e.mail's e na mesma livraria poderão também encomendar as obras recentes de Inez Andrade Paes "O Mar Que Toca Em Ti" e de Andrea Andrade Paes "O Mar Verde De Mim E As Terras Bancas Sem Açucar". Inez A. Paes e Andrea A. Paes são filhas da eterna poetisa do mar azul de Pemba Glória de Sant'Anna.

10/06/14

A HORA DAS CIGARRAS - GLÓRIA DE SANT'ANNA


VEIO COM A MARÉ DA SAUDADE... POESIA DO MAR AZUL DE PEMBA

A música, as palavras, os ambientes de África.

 Poesia de Glória de Sant'Anna. Música: Pierre Aderne e Cuca Roseta, Maria Bethânia, Los Super Seven, Vadu, Lila Downs, Jussara Silveira, Touré Kunda, Paulo Flores, Gloria de la Niña Rivera. 
Primeira Emissão: 08 Set 2014
Duração: 43m - Um programa do escritor angolano José Eduardo Agualusa dito por Ana Paula Gomes, baseado em textos e músicas do continente africano.


5/25/09

ESTAS SÃO SOBREVIVENTES !

[Clique na imagem para ampliar. Imagem daqui (Delichon urbica)]

No ano passado num jornal do metro de Estocolmo vinha a notícia do aparecimento de milhares de Andorinhas mortas no Vale do Limpopo. Não consegui saber a razão depois de tentativas várias.
Este ano só chegaram duas Andorinhas-dos-beirais.

- não fiques tanto tempo lá fora

- há tantas árvores... ... elas guardam-me

- não fiques tanto tempo que te cansas

- as andorinhas levam-me com elas
dançamos subimos tão alto que vejo as flores em manchas largas
parecem tapetes no verde claro
as lágrimas do vento escorrem-me dos cantos dos olhos
e caem nas suas asas negras azuladas

- leva-me contigo

Por Inez Andrade Paes- escrito em 26 March 2009, 18:24

Acrescento: Na imagem e nas palavras ternas de Inez Andrade Paes, procuro estar perto e abraçar a minha forte e estimada poetisa do mar azul de Pemba, Glória de Sant'Anna. - J. L. G.

  • 7 registos de Glória de Sant'Anna (Fundação Calouste Gulbenkian) - Aqui!
  • Batuque ao longe - Aqui!
  • Egoísmo - Aqui!
  • Glória de Sant'Anna - Aqui!
  • Glória de Sant'Anna - uma mulher sensível - Aqui!

De Inez Andrade Paes:

  • Gente e Olhares - Aqui!
  • O Que Os Meus Olhos Vêm - Aqui!
  • Quadros - Aqui!
  • Pássaros - Aqui!
  • Pintura, Palavras, Fotografia - Aqui!

12/08/10

Glória de Sant'Anna - POEMA DE NATAL

Menino da mangedoura
não vi a estrela dos magos
mas os pastores me contaram
o teu recado

Venho do tempo da angústia
por caminhos vigiados
olhar o puro contorno
da tua face

Passei o denso limite
dos campos razos
e colhi húmidas flores
escarlates

molhadas do sangue novo
dos mortos por desagravo
à beira dos horizontes
desencontrados

Trago vestígios da lama
e largas nódoas de sal
e o eco solto na treva
de cada frase

Menino, dá-me guarida
porque te quero louvar

- Poema de GLÓRIA DE SANT'ANNA extraído da publicação "AMARANTO - Poesia 1951-1983"

Ligação a Facebook - Glória de Sant'Anna
Glória de Sant'Anna no ForEver PEMBA

12/23/06

Glória de Sant'Anna na RDP - Antena 2.




O Paulo Rato em seu programa na RDP-Antena 2 que se chama "Sons Férteis", no dia 19 de Dezembro - 11h00 falou da poetisa do mar azul de Pemba, GLÓRIA DE SANT'ANNA.
Escute aqui:
OS SONS FÉRTEIS
Glória de Sant'Anna (Portugal / Moçambique) 2006-12-19
-tempo total - 8m23s
Programa de Paulo Rato dedicado a Glória de Sant’Anna (Moçambique)

6/02/07

PEMBA - SUA GENTE, MITOS E A HISTÓRIA - Parte 1

Sobre Luis Alvarinho, autor de "PEMBA, Sua gente, mitos e a história - 1850 a 1960" diz-nos a poetisa Glória de Sant'Anna (extraído das páginas de Porto Amélia/Pemba):
""20/06/2002 - Estando em preparação um livro de crónicas em que esta será incluída, envio-a como homenagem ao Luís Alvarinho - Glória de Sant'Anna :
Moçambique – Cabo Delgado
A Escuna Angra é um marco histórico navegando o mar no reinado de D. Pedro V, para as terras de Cabo Delgado ao norte de Moçambique.
Comandada por Jerónimo Romero, 1º tenente da Armada, leva consigo sessenta colonos que irão fundar a colónia agrícola de Pemba, em 1857.
Mãos amigas fizeram chegar até mim um livro sóbrio que relata o facto.
Baseia-se ele essencialmente na adenda à memória descritiva de Jerónimo Romero, e na recolha da tradição oral de toda a região que abraça a baía de Pemba.
É seu autor Luís Alvarinho nascido em Pemba em 1959. (1)
Este jovem que na sua meninice por certo correu pela orla das ondas, colheu búzios na praia do Wimbe, bebeu sumo dos cajus, trincou maçanicas e jambalão: e na sua juventude se sentou frente aos microfones do Emissor Regional de Cabo Delgado, cativado pela magia e o poder da Rádio: este jovem, também ele elemento de mudanças políticas, inicia com o livro "PEMBA, SUA GENTE, MITOS E A HISTÒRIA – 1850 / 1960", datado de 1991, um caminho de pesquisa etnográfica e política das terras de Cabo Delgado – Pemba – nos séculos XIX e XX.
Da recolha oral conta o autor uma terna história que transcrevo:
" em anos muito recuados da nossa história a baía de Pemba era frequentada apenas por alguns pescadores malgaches e swailis que em suas pequenas lanchas e pangaios arrecadavam o alimento sem nunca ali se fixarem.
Conta então uma antiga lenda que por essa altura uma de tais embarcações apanhada por um temporal naufragou tendo como sobrevivente uma mulher que se viu obrigada a procurar algum refúgio nas proximidades da baía.
A mulher importante ( NUNO em língua local ) conseguiu sobreviver e montar aí a sua guarita.
Naturalmente conotada a NUNO pelos pescadores como "mensageira divina" demonstrando que a zona poderia ser perfeitamente habitada, ela fê-los seguir o seu exemplo."
Esta obra com a qual me congratulo, não apenas pelo valor que tem, é uma pedra angular no espaço das letras moçambicanas.
Como o próprio autor diz em nota introdutória, "este trabalho não tem pretenções de um rigor histórico, como talvez se possa interpretar. A pesquisa histórica com certa sistematização poderá, isso sim, permitir identificar as raízes do local e da sua gente...
A principal motivação para este empreendimento, foi precisamente a de preservar a tradição oral de Pemba, já bastante perdida."
(1) – Foi meu aluno no ensino secundário e faleceu alguns anos depois de ter escrito este livro histórico a que se refere esta crónica. -
Glória de Sant'anna

PEMBA - SUA GENTE, MITOS E A HISTÓRIA
NOTA INTRODUTÓRIA
Este trabalho não tem pretensões de um de rigor histórico como talvez se possa interpretar. A pesquisa histórica com certa sistema­tização poderá, isso sim, permitir identificar as raízes do local e da sua gente, afinal a intenção essencial deste estudo.A principal motivação para este empreendimento, foi precisamente a de preservar a tradição oral de Pemba, já bastante perdida.É assim que, a par de fontes históricas comprováveis, como por exemplo as notas em citação, documentação avulsa do Arquivo Histórico de Moçambique, dados de vários números do Boletim Oficial e Boletim da Companhia do Niassa nem sempre citados para não cansar o leitor, o texto inclui variada informação oral cuja veracidade histórica se torna difícil comprovar mas que duma maneira ou de outra acaba fazendo parte da vida e do sentir da gente de Pemba.Mesmo na sua simplicidade esta obra só foi possível com o apoio do Arquivo Histórico de Moçambique, do Conselho Executivo da Cidade de Pemba, seus responsáveis e várias pessoas individuais de que não menciono nomes pretendendo evitar omitir alguém de muitos que me ajudaram.Muito grato estou aos meus irmãos que me acompanharam nesta caminhada.
Luís Carrilho Alvarinho - Maio, 1991

I
EIS, PEMBA!
A turística cidade de Pemba, ao noroeste da costa de Moçambique, encontra-se implantada na península meridional de uma das mais belas baías do mundo - PEMBA - e estende-se ao longo de uma colina que se eleva gradualmente até ao chamado "Planalto dos Cajueiros". Maravilhosas praias a orlam roubando-lhe grande parte da costa que, ora deixa penetrar francamente as águas do mar sobre uma areia branca e fina ora as faz estancar em rochas, já bem batidas, mas de uma magnífica beleza natural. Da Maringanha ao Paquitequete se pode experimentar o cheiro a maresia quando os ventos carregados de iodo vêm do mar ou deliciar o perfume aromático arrancado às resinas e essências dos maciços florestais quando eles do interior sopram em direcção ao litoral. Outrora com densa vegetação e floresta cerrada onde só animais selvagens viviam, a cidade de Pemba é hoje habitada por cerca de 80.000 pessoas e visitada anualmente por mais de um milhar de turis­tas. É delimitada a Norte pela ponta Mepira e a Sul pela ponta Maunhane, ocupando uma área de 142 km2. O embrião que veio dar origem à actual cidade de Pemba, data de 1857, como parcela da “Colónia 8 de Dezembro", fundada por Jerónimo Romero e dissolvida cinco anos depois por diversos problemas de organização e adaptação dos colonos. A princípios da década de 1890 um indivíduo de origem malgache funda a noroeste do actual bairro de Paquitequete um povoado conhecido pelo nome de “Muenha Amade”. A Companhia do Niassa instala, por sua vez em 1897 nas proximi­dades dessa povoação um posto militar para no ano seguinte criar o Concelho de Pemba com sede na povoação de “Pampira”, nome por que também era conhecida a região. Por portaria do Ministério da Marinha e Ultramar de 22 de Novembro de 1899 e proposta do Conselho da Administração da Companhia do Niassa, Pemba ou Pampira passa a denominar-se "Porto Amélia" em homenagem à última rainha de Portugal D. Amélia de Bragança. Dada a sua importância como porto exportador e às facilidades no trato do comércio do sertão a Companhia do Niassa transfere em 1902 de Ibo para Porto Amélia a sede da sua administração. Extinguindo em 1929 a companhia majestática, a administração colonial portuguesa manda rectificar a planta de Porto Amélia com vista a organizar ali uma nova povoação, decidindo no entanto manter-lhe o nome. Em 1932 passa ter a povoação de Porto Amélia uma Câmara Mu­nicipal, cujo foral lhe foi concedido 11 anos depois. Porto Amélia ascende a vila por portaria de 19 de Dezembro de 1934 e é elevada à categoria de cidade em 1958 pelo Decreto-lei de 18 de Outubro do Governo Geral da Província. A escassos meses da independência de Moçambique a cidade de Porto Amélia volta a denominar-se Pemba, por ordem do Presidente Samora Machel.
(Continua)

4/27/10

Poemas de Glória de Sant'Anna - MOTIVO


Motivo

Tudo o que vês
não é nada:
ou uma nuvem
ou uma palavra.

Tudo o que ouves
nada mais é:
o vento é lesto
e corre breve.

O que não vês
nem sabes mesmo
é que importava
se houvesse tempo.

Glória de Sant'Anna
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6/03/05

Novo livro de poesias de Glória de Sant'Anna.


Posted by Hello Capa da mais recente publicação
de poesias de Glória de Sant'Anna.

Culpa do Vento

o vento é brisa
e corre leve
pelo rendado
das casuarinas

corre de manso
pelo verde liso
-asa de cântico
de um outro mar

e pela folhagem
e entre as aves
mergulham peixes
de oiro e cristal

(culpa do vento
a segredar
vozes de espuma
e sons do mar)

Glória de Sant'Anna

** O livro de poesias "Algures no Tempo" - Edição recente da autora, poderá ser encomendado pelo e-mail inezapaes@yahoo.com.br ou pelo telemóvel - 916 574 151 (Portugal).