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3/10/08

ELVIRA HOWANA - Direito à vida !

MAPUTO, 10 Março 2008 (PlusNews) - A moçambicana Elvira Howana vai casar este ano. Na igreja, como manda a religião. No seu caso, o casamento tem um sabor especial. Howana foi diagnosticada seropositiva em 2004, quando perdeu o marido para a SIDA. Sem medo da discriminação, ela abriu sua condição diante da igreja, da sua comunidade. “Mas muitos acham que a SIDA é doença de quem teve uma vida má. Eu nunca me ´espalhei´, mas as pessoas nunca deixam de te olhar mal. Não acho que seja castigo de Deus”, disse. Hoje, com o apoio dos três filhos e do noivo, compartilha sua experiência com outros seropositivos, inclusive dentro da igreja, que mantém um grupo de 15 mulheres que vivem com HIV. O casamento – na igreja, ela faz questão de ressaltar – lembra Howana de que para ela, a SIDA foi um novo começo: de esperança, relacionamentos e amor.
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Mais sobre Howana e seu namorado:
Meu nome é Elvira Howana, tenho 43 anos e três filhos. Sou viúva há quatro anos e vivo no bairro de Congoloto, a 15 km da cidade de Maputo. Descobri que era seropositiva em 2004. Meu marido já estava bem doente há cinco anos, com malária e febre todos os dias. Eu também não estava muito bem. Quando fomos ao curandeiro, ele nos disse que eram maus espíritos. Resolvemos ir ao hospital e eles nos mandaram ao Gabinete de Aconselhamento e Testagem Voluntária. Eu fiz o teste, mas tinha certeza que daria negativo. Quando voltou positivo, eu discuti com a médica. Eu achava que a SIDA era uma doença de prostitutas e eu não era prostituta. Andei sete km sem me aperceber pensando no diagnóstico. Meu marido começou a tomar antiretrovirais imediatamente. As pessoas vinham na minha casa fazer orações, mas ninguém sabia o que ele tinha. Ele morreu seis meses depois. Eu já era membro da igreja presbiteriana naquela época. Contei à pastora Felicidade que era seropositiva e ela me encorajou a falar da minha situação na igreja. Contei diante da assembléia que eu tinha HIV, que meu marido tinha morrido de SIDA. As pessoas não acreditaram, porque eu parecia saudável. Lógico que houve comentários. Muitos acham que a SIDA é doença de quem andou muito em relação aos homens, de quem teve uma má vida. Eu nunca me “espalhei”, por isso não acho que seja um castigo de Deus. Mas as pessoas nunca deixam de te olhar mal.
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Solidariedade entre mulheres:
Hoje eu sou activista na associação Wansati Pfuka (expressão em shangana, que significa “Desperta, Mulher”), da Igreja Presbiteriana de Moçambique. A associação foi fundada em 2006 e tem actualmente 15 mulheres seropositivas. Como activista eu acho que a mulher é muito discriminada, porque quando o marido ou a família descobre que ela é seropositiva ela perde tudo, incluindo o lar. O problema é que, ao contrário dos homens, as mulheres se discriminam entre si: uma fala mal da outra, aponta, começa a fazer fofocas, o que aumenta o preconceito. Nós, mulheres seropositivas, temos que quebrar o silêncio. Pessoalmente, não admito a discriminação e costumo antecipar nas palestras que sou seropositiva. As pessoas discriminam quando se é insegura e se tem vergonha do seu estado de saúde. Como activista, na igreja faço palestras a outras mulheres, procurando sempre relacionar a SIDA com a Bíblia, de modo a fazer-lhes entender que os que acreditarem em Jesus terão a salvação. Na associação, sensibilizamos os jovens da igreja a apostar na abstinência sexual. Mas fora da igreja, aconselho os jovens a usar o preservativo porque sei que na realidade não há fidelidade entre eles. Hoje eu estou noiva. Conheci meu companheiro no hospital-dia e vamos casar em breve. Ele é seropositivo e já está na segunda linha de tratamento. Foi ele que me deu mais coragem. Eu tinha medo de começar o tratamento porque corriam boatos de que os ARVs podem matar. Ele me disse que o ARV não matava, que bastava saber tomar. Hoje nós dois estamos bem. É bem mais fácil quando você vive com alguém que sabe da sua situação. Ele quer viver, eu também. Meus filhos também sabem. Eles me recordam de que eu preciso tomar os comprimidos para não haver desequilíbrio no tratamento. Agora sou uma mulher motivada e participo em muitos eventos como activista. Era a única moçambicana a representar os seropositivos do país na Primeira Conferência Global sobre Mulheres e HIV em Julho de 2007 no Quénia. Aprendi muito da vida positiva e essa experiência transmito a outros seropositivos.

2/13/08

Liberdade de Imprensa em Moçambique - Manifestações de 5 de Fevereiro confirmam a existência de censura nos media moçambicanos.

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As manifestações populares havidas na passada terça-feira, 5 de Fevereiro de 2008, nas cidades de Maputo e Matola, não só trouxeram um pesado fardo para a economia do país como também mostraram quão forte é ainda o controlo governamental sobre os órgãos de comunicação social públicos e privados.
A cobertura dos incidentes foi muito condicionada.
O MISA-Moçambique e o Centro de Integridade Pública estiveram atentos à forma como os incidentes foram reportados pelos diversos órgãos de comunicação social e, com base em observação directa e recurso a entrevistas com jornalistas e editores, apurámos o seguinte:
• Logo nas primeiras horas da manhã, a STV começou a reportar a revolta popular com directos a partir dos locais em que a violência era mais notória. Por volta das 9.30 horas, este canal trazia algumas incidências, ajudando muitos cidadãos a se precaveram. Mas os directos da STV foram bruscamente interrompidos por volta das 10 horas, tendo o canal passado a transmitir uma telenovela;
• No canal público, a TVM, ao longo da manhã, as revoltas não foram notícia. Ao invés de informar sobre os acontecimentos, a TVM transmitia reportagens sobre o CAN (Taça das Nações Africanas em futebol);
• No seu Jornal da Tarde dessa terça-feira, a TVM não dedicou um minuto sequer às manifestações, que haviam iniciado cedo pela manhã, embora alguns repórteres daquela estação pública se tivessem feito à rua com o propósito de documentarem o que estava a acontecer;
• À noite, no Telejornal, quando os telespectadores esperavam que o canal público trouxesse um retrato detalhado dos acontecimentos, a TVM abordou o assunto de uma forma marginal, negligenciando o facto de que, no domínio da informação, aquele era um assunto de inquestionável destaque;
• Segundo apurámos, um veterano jornalista da TVM hoje fora da Chefia da Redacção terá recebido “ordens superiores” para vigiar “conteúdos noticiosos subversivos”;
• Na Rádio Moçambique (RM), repórteres que se encontravam em vários pontos das cidades de Maputo e Matola foram obrigados, na tarde daquela terça-feira, a interromper as reportagens em directo que vinham fazendo desde as primeiras horas e instruídos a recolherem à Redacção, supostamente como forma de se evitar um alegado “efeito dominó” dos acontecimentos;
• No decurso do Jornal da Manhã de terça-feira, o jornalista Emílio Manhique anunciou que, no seu talk show denominado “Café da Manhã” do dia seguinte, quarta-feira, teria como convidado o sociólogo Carlos Serra, para fazer comentários sobre as manifestações populares. Mas, ao princípio da tarde do mesmo dia, Serra recebeu uma chamada da RM, através da qual foi informado que o o convite tinha sido cancelado “por ordens superiores”. Na quarta, no lugar de o Café da Manhã debater os incidentes do dia anterior, o tema de destaque foi o HIV/Sida. Isto levou a que muitos ouvintes da RM telefonassem para a estação manifestando-se decepcionados com rádio pública, dado que o assunto do momento eram as manifestações;
• O Jornal Notícias, que tem como um dos accionistas principais o Banco de Moçambique, também não escapou a este esforçou de omitir as evidência. Logo que se aperceberam da revolta, os executivos editoriais do jornal destacaram várias equipas de reportagem para a rua, mas as peças produzidas foram editadas numa perspectiva de escamotear a realidade. No dia seguinte, o jornal apresentava textos onde se destacavam frases do tipo “…quando populares e oportunistas se manifestaram de forma violenta, a pretexto de protestarem contra a subida das tarifas dos semi-colectivos…”, e “…entre pequenos exércitos de desempregados e gente de conduta duvidosa…”, etc, etc. Estes e outros factos mostram que a cobertura noticiosa de acontecimentos sensíveis continua a ser alvo de controlo governamental, privando a opinião pública de ter acesso a informação. No caso vertente, a informação sobre o que estava a acontecer em vários pontos do Grande Maputo era vital para que os cidadãos desprevenidos tomassem conhecimento dos lugares onde a revolta era mais violenta, evitando assim se exporem a riscos. Por outro lado, muitos populares prestaram declarações a jornalistas, mas elas não foram transmitidas, vendo assim a sua liberdade de se expressarem mutilada. Estas marcas de censura são perniciosas para a sociedade moçambicana. No caso da TVM, a mão do Governo no controlo editorial mostra que a noção de serviço público com que a estação opera não significa colocá-la ao serviço do povo (e dos contribuintes) , informando com isenção e rigor. Estes condicionalismos a que o trabalho dos jornalistas está sujeito traduz-se numa clara violação à Constituição da República de Moçambique (CRM), nomeadamente no seu artigo 48º, que versa sobre Liberdades de Expressão e Informação, e à Lei de Imprensa (Lei 18/91 de 10 de Agosto). A Constituição é clara quando refere que “todos os cidadãos têm direito à liberdade de expressão, à liberdade de imprensa, bem como o direito à informação” e que “o exercício da liberdade de expressão, que compreende nomeadamente a faculdade de divulgar o próprio pensamento por todos os meios legais, e o exercício do direito à informação, não podem ser limitados por censura”. O relato dos actos da revolta da passada terça-feira era do interesse público, pois a mesma afectou negativamente vários sectores da sociedade moçambicana, tanto mais que na mesma ocasião que a revolta percorria as ruas do Grande Maputo, a comunicação por telemóvel tornou-se, estranhamente, difícil ou mesmo impossível. A forma como alguns órgãos de comunicação social se portaram, omitindo uma revolta evidente ou escamoteando a sua dimensão e as suas causas, sugere um cada vez maior controlo governamental sobre o sector. Esta governamentalização actua no sentido contrário ao plasmado na Constituição da República e na Lei de Imprensa, nomeadamente porque coarcta o acesso à informação. Avaliações recentes, como o espelha o Relatório de 2006 do MISA-Moçambique sobre Liberdade de Imprensa publicado no ano passado, mostram um crescente aumento da vigia das autoridades do Estado sobre os media, destacando-se a censura, o que em estado a deteriorar o ambiente de trabalho dos jornalistas.
O MISA-Moçambique e o CIP apelam a quem de direito para que se não intrometa no trabalho dos jornalistas e dos seus órgãos de comunicação social, por tal se traduzir em violação crassa à CRM e à Lei de Imprensa.
Maputo, 10 de Fevereiro de 2008
MISA-Moçambique e CIP
"Newspapers are owned by individuals and corporations, but freedom of the press belongs to the people",Anon
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Ericino de Salema
MISA-Mozambique
Information and Research Officer
Telephone:+258-21-302833
Facsmile:+258-21-302842
PriCell:+258-82-3200770
Mobile: +258-82-7992520
In - Misa Moçambique e Moçambique Para Todos
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Só nos resta acrescentar - LAMENTÁVEL, porque denigre a apregoada "democracia" moçambicana. E nos faz recordar o saudoso jornalista Carlos Cardoso e sua coragem indomável, atreita a qualquer submissão aos "poderosos" e a vaidades pessoais tão em uso na mídia impressa e virtual.
Não deixou, aparente e infelizmente, legatários de seu vasto, didático manual "O que é ser jornalista" ! Só algumas anêmicas tentativas de "plágio"...

12/21/07

Moçambique - Bispos preocupados com democracia titubeante e incerta no país.

19-12-2007 16:05:00 - Diário Digital / Lusa - Os bispos católicos de Moçambique manifestaram-se hoje preocupados com o «turvo» ambiente político que se vive no país, afirmando que os cidadãos ainda se sentem «inseguros» devido a actual democracia «titubeante e incerta».
Em comunicado, os bispos da Conferência Episcopal de Moçambique afirmam que a Igreja Católica tem vindo a acompanhar a situação social do país, mas acham que, neste momento, ela está «mergulhada em mil e um problemas».
... «O ambiente político dá impressão de ser turvo, o que faz com que a nossa democracia se sinta titubeante e incerta no país e os cidadãos se sintam inseguros. Assim, apelamos aos fiéis para que sejam ´luz nas trevas e sal` nesta sociedade e se empenhem aceitando ir contra a corrente, remando na direcção da justiça, da verdade e do bem comum, custe o que custar», prossegue.
Na mesma nota, os clérigos demonstram ainda «preocupação» pela eventual «partidarização das instituições sociais e de direito ao acesso ao emprego, justamente aquelas que devem ser indicadoras e lugares da democracia numa sã sociedade».
Os bispos consideram também «gravosa» a situação das calamidades naturais, com todas as consequências daí decorrentes, designadamente a criminalidade e imigração e, sobretudo, a imigração clandestina.
«A criminalidade e a corrupção prosperam e levam-nos a perguntar se não terão a mesma fonte ou causa. Elas parecem não ter medo de ninguém!», acrescenta-se no comunicado.
«O flagelo do HIV/SIDA na nossa sociedade não deixa ou não deveria deixar ninguém com ilusões, pois, ele continua, e cada vez mais, ceifando vidas e fazendo desaparecer famílias inteiras», referem os bispos, que denunciam «a prostituição e a promiscuidade, quase institucionalizadas, são queiramos ou não os principais veículos do HIV/SIDA».
... «No entanto, somos também testemunhas do facto de que a vida do povo continua a ser dramaticamente dura, devido a graves carências de todo tipo e a deficiente capacidade de compra por parte do povo», apontam.
«O emprego escasseia e os preços, até de bens de primeira necessidade, sobem continuamente em todas áreas. Isto significa que o quanto se tem vindo a fazer em benefício do povo ainda está longe de responder satisfatoriamente as necessidade reais e mais urgentes das populações», concluem.
Contudo, no seu informe anual recentemente apresentado no parlamente, o Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, considerou «bom» o estado na nação, apontando, como exemplo, os «sucessos» alcançados pelo seu executivo nas várias áreas que ditaram crescimento económico em 8.8 por cento no primeiro semestre deste ano.
Leia a notícia integral aqui.

12/18/07

Diversificando - HIV/SIDA... Nunca é demais falar !

A SIDA é um dos grandes entraves ao desenvolvimento do continente africano.
O mal é geral, espalha-se um pouco por todo o continente.
Mas a SIDA tem dado ainda mais preocupação a sul, em países como África do Sul, Suazilândia, Botswana e Moçambique.
É a primeira causa de morte em África e o grande obstáculo ao desenvolvimento do continente da «terra vermelha». (Fonte TVI)
O sucesso no combate ao IHV/Sida é de responsabilidade de governos, educadores, lideres políticos, religiosos e de todos nós, mínimamente esclarecidos, que deveremos informar e ensinar a prevenir as futuras gerações.
É muito fácil contrair o vírus. Díficil é combater e conscientizar.
Existem no mundo mais de 33,2 milhões de infetados.
Será que estamos preparados para essa luta ?
- Conheça este portal - aqui !
- E este video:
(Para evitar sobreposição de sons, não esqueça de "desligar" a "Last.FM" no lado direito do menu deste blogue.)
  • HIV/SIDA neste blogue - aqui !

10/05/07

MOÇAMBIQUE: Para ex-refugiados seropositivos, a luta continua.

Chimoio, 4 Outubro 2007 (PlusNews) - Ribeiro João, de 43 anos, fugiu da guerra civil em Moçambique em 1987 para o Zimbabwe.
Ele foi um dos 1.7 milhão de moçambicanos que deixaram o país em busca de asilo nas nações vizinhas durante a guerra civil de 16 anos.
Mas se por um lado, João escapou dos perigos da luta armada em Moçambique que acabou em 1992, por outro encontrou no Zimbabwe um inimigo tão perigoso quanto a guerra: o HIV.
Ele contou ao PlusNews que durante cinco anos ficou num campo de refugiados na província de Masvingo, no sudeste do Zimbabwe.
Em 1992 foi para os subúrbios de Mutare, região mais ao norte do território.
“Vivíamos aglomerados e no seio de muita prostituição acabei por ficar infectado”, diz.
NOVA GUERRA
De volta a Moçambique desde 2003, João afirma que agora “desenrasca a vida com um inimigo a combater [a Sida].”
Com três filhos – todos seronegativos, o mais novo com 15 anos –, João é um dos 37 voluntários da Associação Provincial de Ex-Emigrantes de Moçambique (AEXEMO), em Chimoio, capital provincial de Manica, na região central do país.
O grupo oferece prevenção do HIV e cuidados contra a Sida em locais públicos, como mercados e fontenários, conta o coordenador Manuel Manuença.
“Em bicicletas, os voluntários levam gratuitamente ao hospital os doentes que têm dificuldade para andar”, diz Manuença.
Os voluntários ainda fabricam pão e lavram hortas para gerar rendimentos e garantir a alimentação de 10 ex-refugiados seropositivos, além das viúvas e filhos de outros que morreram em decorrência da Sida.
A AEXEMO pretende agora criar empregos aos ex-refugiados em parceria com o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional, do Ministério do Trabalho.
VIVÍAMOS AGLOMERADOS E NO SEIO DE MUITA PROSTITUIÇÃO ACABEI POR FICAR INFECTADO
O pedreiro Elias, que pede omissão do apelido, tem 29 anos e é um dos seropositivos ajudados pelos voluntários.
“Eu vivo sozinho e sinto um amparo quando os meus amigos [ex-refugiados] me apóiam”, disse ao PlusNews.
Natural de Cabo Delegado, Elias se refugiou no Zimbabwe em 1988, quando tinha 12 anos, e desde que voltou a Moçambique em 1994, nunca mais teve dinheiro para procurar por sua família nesta província ao norte do país.
“Já formei uma nova família cá [em Chimoio]”, disse.
“E tenho dúvidas se minha antiga família iria me reconhecer.”
Quando conversa com Elias e recorda os momentos que a guerra civil trouxe a Moçambique, João prefere lembrar do acordo de paz em 1992.
Com o cessar-fogo, João e seus colegas dizem que agora é hora de superar a epidemia que atinge 16.2 por cento dos adultos moçambicanos.
(ac/lb/ms)-PlusNews África

9/21/07

MOÇAMBIQUE: A Sida vista através das lentes das câmeras.

Maputo, 21 Setembro 2007 (PlusNews) - As lentes das câmeras têm o poder de captar as várias facetas do HIV.
A segunda edição do Festival do Filme Documentário Dockanema, realizada na capital moçambicana entre 13 e 24 de Setembro, trouxe alguns desses ângulos em dois documentários sobre a Sida, que integraram uma programação de 83 filmes internacionais.
Com 30 minutos, Growing Stronger, traduzido para o português como Mulheres de Força, entrelaça duas histórias: a de Tendayi Westerhof, modelo e ex-mulher do técnico da selecção nacional de futebol do Zimbabwe Clemens Westerhof, que se assume seropositiva em 2002; e a de Pamela Kanjenzana, uma mulher comum seropositiva num dos povoados no subúrbio de Harare.
A directora do filme é Tsitsi Damgarembga, conhecida escritora zimbabweana e autora da popular novela autobiográfica Nervous Conditions.
O filme Ayelapheki (Não há cura, em língua ndebele, do Zimbabwe), do costa-riquenho Marcos Villalta Pucci, compila o trabalho de vários grupos culturais e artísticos no Malawi, Moçambique e Zimbabwe na luta contra o HIV.
Eles utilizam dança, música tradicional, teatro, rap e hip-hop para informar sobre prevenção.
Empatia, não simpatia
O público compareceu em massa não apenas aos documentários, mas também ao debate público sobre preconceito, organizado num hotel em Maputo após a apresentação de Growing Stronger.
“Não é fácil para uma mulher falar, sobretudo de HIV/Sida. Se um homem assume publicamente sua seropositividade, a sociedade aceita mais facilmente”, disse Westerhof .
“O estigma ainda é forte, apesar da legislação e das campanhas contra a discriminação.”
Segundo ela, a decisão de vir a público foi movida pela necessidade de ganhar não a simpatia, mas a empatia das pessoas.
“É necessário criar um ambiente que apóie as pessoas porque todos são possíveis candidatos do HIV”, declarou.
Depois de ter escrito Unlucky in Love, em 2003, Westerhof acaba de lançar seu segundo livro, Dear Cousin, (Querido primo, em português) onde destaca que o HIV pode ser uma chance para fortalecer as mulheres.
“A educação ainda é muito baixa entre nós, mulheres africanas.
Temos que fortalecer os programas de educação em saúde e reprodução sexual para tomarmos a decisão certa. A questão do preservativo feminino, por exemplo, deve ser mais desenvolvida”, explicou.
Ela continuou: “A mulher deve ter o poder para negociar, para se proteger do HIV, da gravidez indesejada e de outras doenças sexualmente transmissíveis.”
Apoio da media
Durante o debate, a ex-modelo, que fundou em 2003 o Fundo de Personalidades Públicas contra a Sida (Public Personalities Against Aids Trust, em inglês), apelou à imprensa para desenvolver assuntos ligados ao HIV.
“Os media devem estar do lado das pessoas. Devem ajudar a criar um ambiente propício para quem quiser revelar livremente e sem discriminação sua seropositividade”, disse Tendayi.
Para o músico moçambicano Stewart Sukuma, seu país ainda vive numa mentalidade mesquinha.
“Um país onde a imprensa se preocupa com a notícia de Michael Jackson ter perdido o anel numa rua de Nova York, mas não se preocupa com os problemas reais do país, é muito pobre”, afirmou.
Sukuma é um dos artistas moçambicanos activo nas campanhas contra a epidemia, com um CD gravado com canções sobre a Sida.
Ele foi vítima do rumor – falso – de que era seropositivo em 1999, quando regressou dos Estados Unidos por não ter conseguido uma bolsa de estudos.
“Nenhum jornalista me perguntou directamente”, contou.
“Não sou seropositivo, mas este não é o ponto. Vivemos num país com alta taxa de seroprevalência, em que os dirigentes dizem que estão empenhados contra o HIV/Sida, mas até hoje nenhum deles deu a cara.”
Ana Maria Muhai, activista do programa DREAM, disse que o preconceito ainda é o principal obstáculo ao tratamento, pois cria um círculo vicioso de doença e discriminação.
“O que mata verdadeiramente não é o HIV, mas o estigma”, disse.
Westerhof afirma que sua história e a de Muhai têm muito em comum, no tratamento e na esperança:
“Ana Maria e eu somos exemplos vivos de que os ARVs são fundamentais. Ela perdeu peso, mas com o apoio da família, da comunidade e o tratamento está agora ajudando outras pessoas. Estas são as mensagens que devemos passar.”

9/04/07

PEMBA: Fátima, o sheik e a mesquita...

PEMBA, 3 Setembro 2007 (PlusNews) - A voz melodiosa do sheik Muhamade Aboulai Cheba ressoa nas casas de colmo e coral, escondidas atrás de cercas de bambu de quatro metros de altura. O Oceano Índico brilha entre os troncos altos e finos das palmeiras, nas curvas dos becos estreitos e arenosos.
Esta é Paquitequete, o mais antigo bairro de Pemba, capital de Cabo Delgado, a mais setentrional província de Moçambique.
No sermão de hoje na mesquita local, Cheba encoraja a tolerância para com o crescente número de refugiados somalis e congoleses que abrem lojas ao longo da principal avenida de Pemba.
Mas em muitas sextas-feiras, Cheba prega sobre a Sida.
“Nós ensinamos as pessoas como se proteger e como lidar com a doença se a contraírem”, disse Cheba ao PlusNews.
A seroprevalência em Cabo Delgado, que faz fronteira com a Tanzânia, é de 8.6 por cento, a mais baixa do país.
A média nacional é de 16.2 por cento.
Comerciantes árabes trouxeram a fé islâmica para a costa oriental de África por volta do século VIII.
Em Cabo Delgado, cerca de 80 por cento dos 2.5 milhões de habitantes são muçulmanos.
Cerca de um quarto dos quase 20 milhões de moçambicanos são muçulmanos.
O velho Paquitequete tem uma história de que se orgulha e sua mesquita verde e branca, entre a colina e a praia, é a mais prestigiada da cidade.
O movimentado bairro se aquieta às sextas-feiras depois das 11 da manhã, quando a mesquita enche.
O poder da palavra
Cheba conhece o poder da palavra:
“Num lugar de culto as pessoas prestam maior atenção”.
Num lugar de aprendizagem também.
Cheba é director provincial de 139 madrassas (escolas islâmicas) registadas na província, onde os alunos começam a aprender sobre a Sida aos seis anos, “de maneira apropriada, usando metáforas, sem mostrar preservativos”.
Seguindo os ensinamentos islâmicos, Cheba insiste na fidelidade entre os casais e em adiar o sexo até ao casamento.
Preservativos não são recomendados.
Muitas mesquitas organizaram equipes que visitam doentes e órfãos em suas casas.
A organização não-governamental portuguesa Médicos do Mundo treinou uma dúzia de muçulmanas, incluindo a esposa de Cheba, em cuidados domiciliários.
Os órfãos estão isentos das mensalidades escolares – cinco contos por mês, que equivalem a 5 centavos de dólar – nas madrassas e recebem comida e roupas.
Muçulmanos seropositivos são encorajados a procurar grupos de apoio, diz Nassurulahe Dula, presidente do Congresso Islâmico de Cabo Delgado, a maior congregação islâmica na província.
Tudo isto ajuda.
Mas alguns activistas de Sida em Pemba irritam-se com as pregações de Cheba:
“Esta doença é um castigo divino; o Profeta disse que uma doença sem cura e de morte súbita é castigo por adultério.”
Ele se apressa a explicar que “tal como o tsunami na Indonésia, a Sida é um castigo que afecta os que fazem bem e os que fazem mal.
As pessoas devem se arrepender e voltar para Deus.”
Uma boa muçulmana
Maria de Fátima Bacar, de 44 anos, é uma mulher grande e amigável, que mora a 20 quilómetros de Pemba.
Ela tem um filho vivo, três mortos e dois netos, que ela adora.
Em Junho de 2003, seu marido, um policial, ficou doente.
A primeira mulher dele tinha morrido há algum tempo.
Tanto os testes de Bacar quanto de seu marido voltaram positivos para HIV.
Eles foram uns dos primeiros em Cabo Delgado a começar o tratamento antiretroviral.
O interesse de Bacar em questões de saúde, resultado de 20 anos trabalhando como servente no posto de saúde local, ajudou-os a lidar com o vírus.
O casal organizou um grupo de apoio na aldeia onde vivem, a Associação Para Ajudar o Próximo, que agora tem 22 membros e cuida de 12 crianças seropositivas.
Eles visitam os doentes, ajudam com os funerais, garantem que os órfãos frequentem escola, e encorajam as pessoas a fazer testes de HIV no posto de saúde local.
“Cinquenta e sete no mês passado”, diz Bacar, com orgulho.
Bacar não está satisfeita com o que ouve nas mesquitas.
“A Sida não é um castigo divino. Qualquer um que disser que a Sida é um castigo diz por ignorância”, afirma ela.
“Sou uma boa muçulmana. Nunca fiz nada fora da minha fé. Sempre fui uma esposa fiel e honesta, mas peguei o HIV através do meu marido”, explica.
“Ao invés de acolher as pessoas, eles nos rejeitam.”
A ligação entre a Sida e sexo é há muito um assunto delicado para organizações religiosas que promovem regras e comportamentos sexuais estritos.
“Nós encorajamos a Sida pela nossa maneira de vestir, mostrando barrigas e tentando os homens”, diz Awash Ingles, uma proeminente líder muçulmana que frequenta a mesquita de Paquitequete.
Como a malária
O Islã tem “imensos problemas” para lidar com a Sida em Cabo Delgado, diz Diquessone Rodrigues, coordenador provincial da Monaso, a rede nacional de organizações para os serviços da Sida.
“Devemos tentar mudar a crença de que a Sida é um castigo divino porque as meninas vestem tchuna-babies (jeans apertados) e fazem sexo antes do casamento”, diz Diquessone.
A Monaso está se reunindo com grupos de mulheres associadas às mesquitas para tentar mudar suas percepções e encorajá-las a trazer mudanças.
“Elas podem falar (sobre a Sida) nas mesquitas e nas madrassas”, diz Diquessone.
Outro potencial aliado é o Núcleo Provincial Contra a Sida, que planeja se reunir com as autoridades islâmicas na segunda metade deste ano.
“Queremos trabalhar com os líderes islâmicos para mudar este discurso porque fere os seropositivos ouvir que a Sida é um castigo de Deus”, disse o director do Núcleo, Teles Manuel Jemuce.
A idéia é cutucar gentilmente a mentalidade muçulmana em Cabo Delgado em direcção a um ponto comum com Bacar, que diz que “A Sida não tem preferência por muçulmanos, cristãos ou pagãos.
Ela é como a malária: somos todos iguais em sua presença.”

8/01/07

MOÇAMBIQUE/Cabo Delgado: Separar-se do prepúcio é elemento central da masculinidade.

Pemba, 23 Julho 2007 (PlusNews) - Silvestre João tem lembranças boas e outras menos boas de sua circuncisão. “Vamos comer mel no mato”, lhe disse seu pai quando ele tinha nove anos. Tinha muito mel, e mais: kumbi, o ritual de iniciação dos makhuwa, grupo étnico da costa norte do Moçambique. O menino passou seis meses no mato com um grupo de outras crianças e adultos, todos homens. Ele se desfez de seu prepúcio e aprendeu sobre sua cultura. As más lembranças são “a dor horrível durante o primeiro dia; e uma infecção que levou dois meses para sanar”. As boas são “brincar nus nos arbustos, catar côcos, nadar na lagoa, aprender canções e lendas com os mais velhos.” Seu padrinho – um parente homem que não volta para casa nem faz sexo até que o menino tenha sanado – ficou com ele o tempo todo, espantando as moscas da ferida. Quando Silvestre voltou para casa, a família e os vizinhos comemoraram e lhe compraram livros e canetas para a escola. Agora ele fazia parte da comunidade: como um makhuwa – o maior grupo étnico do Moçambique – um muçulmano, e um homem. Isto foi em 1972. O rapaz cresceu e se tornou enfermeiro. Hoje, Silvestre, com 44 anos, mora em Pemba, capital da província de Cabo Delgado. De Outubro a Fevereiro, meses tradicionais do kumbi, ele é muito solicitado para fazer circuncisões, mas de maneira mais segura do que foi feita a sua.“Os valores da circuncisão ainda persistem”, disse ele ao PlusNews. Hoje, os iniciados passam menos tempo no mato ou têm um médico para cortar o prepúcio, mas o triplo significado – etnicidade, religião e masculinidade – ainda faz com que a circuncisão seja muito importante aqui.
Camadas de significados
Rafael da Conceição, antropólogo da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, capital do Moçambique, e autor de um livro sobre as identidades culturais no norte do país, disse que a circuncisão é essencial para a masculinidade. Um homem não circuncidado é proibido de participar das atividades culturais importantes reservadas aos homens, tais como enterros e rituais ancestrais. “Isto significa que ele será vulnerável à agressão dos espíritos maléficos ou de ancestrais irados”, disse Conceição. “Ele não será completamente integrado no mundo masculino.” As mulheres do norte do Moçambique gostam de homens circuncidados. “Um pênis não circuncidado não é bom. O prepúcio cheira mal, mesmo que o homem se lave muitas vezes, e as mulheres não querem fazer sexo com estes homens”, disse Marta Januário Licuco, ativista pelos direitos da mulher e muçulmana. Se uma jovem do norte namora um homem do sul, sua avó vai alertá-la sobre a possibilidade de o rapaz não ser circuncidado. Segue uma campanha para persuadi-lo a se circuncidar. Pode levar anos, mesmo após o casamento, mas a pressão continuará, sutilmente, incessantemente. “O homem não circuncidado tem vergonha de tirar a roupa, ele vai apagar a luz antes de ir para a cama, ele se sente anormal”, disse Licuco. Licuco usa um véu azul turquesa e um vestido até os tornozelos. Marisia Jacinto, 20 anos, usa um jeans apertado e uma blusa de alcinhas, mas as duas partilham a mesma opinião sobre os homens não circuncidados. “Eu não aceitaria um homem assim – eu o levaria ao médico”, disse Jacinto. Em Cabo Delgado a maioria da população é muçulmana, e o Islã exige a circuncisão masculina, então o ritual do kumbi se sobrepõe à religião. Para o Sheik Muhamade Abdulai Cheba, diretor provincial das madrassas, ou escolas islâmicas, a circuncisão apresenta muitas vantagens: “Ela previne infecções e lesões; ela melhora a qualidade do casamento porque os dois parceiros sentem mais, e o sexo é sadio.”
Kumbi seguro
Kumbi tem vantagens – e perigos. Os nekangas (mestres da circuncisão) às vezes usam a mesma lâmina para vários rapazes sem esterilizá-la. Se há complicações, eles usam remédios tradicionais. “As ervas às vezes funcionam, e às vezes pioram as coisas”, disse Egídio Langa, diretor do Hospital Central de Pemba, cidade de 100 mil habitantes. As complicações pós-circuncisão aparecem mais nos centros de saúde dos distritos ou da periferia do que nos centros urbanos. Em 2006, Langa era o diretor do distrito de Montepuez, a 170 quilômetros de Pemba, quando líderes da comunidade, preocupados com a segurança do kumbi, vieram procurá-lo. “Eles falaram de hemorragias, febre e até morte”, contou. Ele enviou equipes de enfermeiros a todo o distrito. Durante os dois meses seguintes, eles treinaram os nekangas sobre higiene, forneceram material médico, pediram as listas dos rapazes prontos para a cerimônia e solicitaram que fossem trazidos ao posto de saúde mais próximo, onde enfermeiros treinados operaram diariamente de 50 a 60 meninos de sete a 13 anos. “A experiência foi bem aceita”, disse Langa. “Com um pequeno orçamento conseguimos reduzir um grande risco, aumentamos a proteção contra doenças sexualmente transmissíveis e tornamos a circuncisão segura.” Graças ao sucesso desta experiência, o Núcleo Provincial de Combate à Sida tem a intenção de treinar nekangas sobre a prevenção do HIV entre Julho e Setembro. “Kumbi é um período de transmissão cultural intensa, mas, até agora, as nossas mensagens de prevenção não utilizaram este canal”, disse o responsável pelo Núcleo, Toles Manuel Jemuce.
Correlação?
Segundo dados do governo, 56 por cento dos homens do país são circuncidados. Em Nampula, Cabo Delgado e Niassa, principais províncias muçulmanas onde vivem os Makhuwa, ela é quase universal. Em Inhambane, província majoritariamente cristã, os grupos étnicos Chope e Bitonga também a praticam. Langa, que vem de Inhambane e foi circuncidado quando era criança, disse que a prática da circuncisão estava sendo difundida através dos casamentos mistos. Estudos recentes efetuados na Uganda e na África do Sul indicam que a circuncisão masculina pode oferecer uma proteção de até 60 por cento contra o HIV. Especialistas notaram que as províncias moçambicanas com as menores seroprevalências são aquelas onde a circuncisão masculina é largamente praticada. No entanto, o baixo consumo de álcool e o controle social e sexual mais estrito entre os muçulmanos possam ser um outro fator.
Prós e contras
Elias Cossa, assessor de imprensa do Conselho Nacional de Combate ao HIV/Sida (CNCS), disse que Moçambique definiria sua política nacional sobre a circuncisão masculina antes do final do ano, e que esta medida seria seguida de uma avaliação de viabilidade. Certos ativistas argumentam que um programa de circuncisão desviaria recursos financeiros e humanos já escassos de um sistema de saúde pública sobrecarregado com a Sida, em um país que conta com menos de dez cirurgiões e ainda menos urologistas para uma população de quase 20 milhões. “O tratamento antiretroviral é prioritário. Tratar o paciente é mais importante que circuncidá-lo, porque uma pessoa saudável será capaz de sustentar sua família e protegê-la do HIV”, disse Julio Ramos Mujojo, secretário executivo da Rede Nacional de Associações de Pessoas Vivendo com HIV/Sida (Rensida). Outros ativistas preocupam-se com as implicações culturais e étnicas de um programa de circuncisão. “Poderia ser interpretado como uma maneira de forçar as pessoas a mudarem de religião”, disse Antoninho Cheia Inglês, coordenador do Fórum das ONGs de Cabo Delgado (FOCADE).
Mantendo a tradição
Trinta anos depois do kumbi de João, foi a vez de Buane Chande, 11 anos. Ele também tem boas e não tão boas lembranças dos três meses que passou no mato em 2001. As más lembranças são “a dor, até que passou, ficar longe de minha mãe, e os mosquitos”; as boas, são “brincar, nadar no rio, ouvir as canções e as histórias dos mais velhos.” Quando Chande voltou para casa, “todo mundo estava feliz”, as mulheres ululavam; mataram uma galinha e fizeram uma festa. “Sem o kumbi, os homens não sabem como enfrentar a vida”, disse ele ao PlusNews. “Um colega de escola que não passou pelo kumbi não é bem aceito. Ele continua sendo uma criança, mesmo que tenha 18 anos.” Chande agora tem 17 anos e está acabando o liceu em Pemba. Ser pai ainda está longe, mas ele não tem nenhuma dúvida de que seus filhos vão passar pelo kumbi.
% da circuncisão masculina por província em Moçambique:
TETE
8%
MAPUTO PROVÍNCIA
58%
MANICA
13%
NIASSA
88%
SOFALA
16%
INHAMBANE
89%
GAZA
21%
CABO DELGADO
93%
ZAMBÉZIA
49%
NAMPULA
95%
MAPUTO CIDADE
55%
Fonte: CNCS

7/18/07

Pemba - Mulheres parlamentares auscultam sociedade civil

Mulheres parlamentares da região norte do país encontram-se reunidas desde a semana passada em Pemba, província de Cabo Delgado, com organizações femininas da sociedade civil, com o objectivo de encontrarem mecanismos de articulação e coordenação com vista à sua participação activa na luta contra a pobreza.
Margarida Talapa, presidente do Gabinete da Mulher Parlamentar, disse no acto de abertura do evento que há cada vez mais necessidade das mulheres se juntarem para continuarem a luta pela sua afirmação e valorização pela sociedade.
“Nós mulheres somos a maioria da população. Sem a nossa participação não é possível o desenvolvimento. Sem o nosso envolvimento não é possível acabar com a pobreza. Por isso, somos todas chamadas, cada uma no seu partido, na comunidade, no bairro, na província e na sua organização social, a darmos o máximo de nós em prol da emancipação não só da mulher, mas também da nossa economia”, disse Talapa.
Entretanto, membros do Gabinete de Prevenção e Combate ao HIV/SIDA da Assembleia da República trabalham desde segunda-feira com organizações da sociedade civil, com vista a colher suas sensibilidades sobre o projecto de lei que protege as pessoas vivendo com aquela doença.
De acordo com Isaú Menezes, chefe deste gabinete, a auscultação que se prolongará durante os próximos dois meses, visa preparar uma lei mais abrangente sobre a estigmatização e a discriminação de pessoas infectadas pelo virus da SIDA.
O documento foi remetido ao Parlamento pela Rede Moçambicana de Organizações de Combate ao SIDA (MONASO) em finais de 2005.
Para esta auscultação, os parlamentares estarão organizados em dois grupos, devendo trabalhar com organizações da sociedade civil das províncias de Nampula, Manica, Sofala e Gaza.
“Há uma vontade política por parte das duas bancadas da AR em aprovar esta lei”, disse Meneses, garantindo que ainda este ano o ante-projecto poderá ser submetido ao plenário do parlamento para apreciação.
Em Moçambique o índice de prevalência de seroprevalência do HIV/SIDA é de pouco mais de 16 porcento entre a população sexualmente activa ( 15 a 49 anos de idade).

Maputo, Quarta-Feira, 18 de Julho de 2007:: Notícias

6/20/07

Cabo Delgado - Plantas medicinais nas Quirimbas.

Descobertas 132 espécies de plantas medicinais nas ilhas Quirimbas.
Um estudo realizado a pedido da WWF pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM) sobre a vegetação terrestre do Parque Nacional das Quirimbas conseguiu descobrir um total de 132 espécies de plantas medicinais usadas pela comunidade local para combater várias enfermidades que têm fustigado a vida daspopulações do parque e zonas vizinhas.Segundo o estudo, das 132 duas Mespécies de plantas medicinais encontradas, um total de 105 plantas pertencem a mesma família.Tendo em conta as deficiências de cobertura da rede sanitária que continua a cobrir apenas 50 por cento dos cerca de 19 milhões de habitantes, a medicina tradicional com recurso a plantas é apontada como a salvação de muitas pessoas no país.As populações locais dos seis distritos da província de Cabo Delgado entre os quais Quissanga, Ibo e Macomia apontaram o uso da Flacourtia indica, Xiylotheca tettensis e Rourea orientais como principais espécies de plantas medicinais que abundam no Parque Nacional das Quirimbas.De um total de 53 enfermidades alistadas como podendo ser combatidas pelas espécies medicinais encontradas nas Quirimbas, constam a diarreia, complicações respiratórias, doenças oportunistas relacionadas com o HIV/SIDA, a malária, doenças de olho, complicações da orelha e hérnia.No geral e de acordo com os resultados do estudo realizado pela Universidade Eduardo Mondlane, o Parque Nacional das Quirimbas apresenta uma diversidade de plantas raras e para várias aplicações, daí que o mesmo estudo recomenda ao governo moçambicano no sentido de promover acções de exploração sustentável dos mesmos.“A partir de uma listagem e de um melhor conhecimento sobretudo das plantas mais utilizadas poderíamostentar criar bons mecanismos para um uso mais sustentável. Estamos aqui a falar da batata africana que, pelo que se sabe, parece ter algumas propriedades curativas de doenças oportunistas do HIV/SIDA. Felizmente é uma planta que cresce bem e facilmente multiplicável, mas até agora penso que não se fala tanto de uma massificação do cultivo dessa mesma planta. Este é um exemplo de conservação que deveria ser dado” – referiu o Dr. Salomão Bandeira, Professor assistente do Departamento de Ciências Biológicas da UEM que coordenou o estudo.O Parque Nacional das Quirimbas localiza-se nos seis distritos da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique e envolve uma área de aproximadamente 7.506 km2, sendo 5.984 km2 no continente enquanto que os restantes 1.522 km2 são cenários costeiros marinhos.
F.M. In MEDIA FAX n. 3810 de 19.06.2007

2/19/07

Montepuez/Lichinga : ANE selecciona empreteiros para reabilitação de estrada.


O Governo de Moçambique, através da Administração Nacional de Estradas (ANE), pretende pré-qualificar empreiteiros para o projecto da estrada Montepuez-Lichinga, na região norte do país, com um financeamento recebido do Fundo Africano de Desenvolvimento (ADF).
Esta pré-qualificação é composta por dois contratos de empreitada. O primeiro, com uma extensão de 135 quilómetros, no troço Montepuez/Ruaça e o segundo, com 66 quilómetros, na estrada Litunde/Lichinga, sendo que este último inclui sete pontes, entre Marrupa e Litunde.
De acordo com um documento da ANE, o primeiro lote compreende a estrada N15 entre Pemba e Lichinga, e inicia na parte sudoeste da vila de Montepuez terminando na fronteira com a província do Niassa, na ponte sobre o rio Ruaça. O mesmo documento indica que este projecto tem em vista melhorar a condição da estrada que é de terra e revestila de forma convencional com bermas para cada um dos lados.
Para efeito, os trabalhos a serem executados compreendem a construção de camadas do pavimento, protecção contra a erosão, construção de estruturas de drenagem, reabertura de valetas, sinalização, demolição de estruturas de betão e construção de pontes com mesmo material.
O segundo lote, na estrada Litunde/Lichinga, pode ser dividido em três secções, os primeiros sete quilómetros, com inicio em Lichinga, são de estrada revestida encontrando-se em condições razoáveis, do quilómetro 7 ao 58 quilómetro também em condições razóaveis e o restante troço com a superfície de rolamento em boas condições de transitabilidade.
Sendo assim, o documento supracitado indica que neste percursso a estrada deverá ser alargada onde for necessário e resselada onde for recomendado, desde que a faixa de rodagem e as bermas perfaçam um total de 8 metros de largura, dimensões também previstas para a estrada Montepuez/Ruaça.
Salientar que a estrada entre Litunde e Marrupa foi recentemente melhorada estando, neste momento em boas condições. Devendo ser coinstruídas sete pontes com as zonas de aproximação a serem alargadas, passando a ter a dimensão de 8 metros na largura.
O documento da ANE refere ainda que para todos os lotes, o empreiteiro deverá também seguir a estratégia do contratante, políticas e requisitos em material social, como sejam as questões de género, prevenção do HIV/SIDA e questões ambientais relacionadas com o sector de estradas.
A Administração Nacional de Estradas abre o concurso da pré-qualificação a todas companhias e consórcios voluntariamente constituídos, de países elegíveis, de acordo com as regras de contratação do banco financiador que que daqui em diante passa a ser designado Banco Japonês para a Cooperação Internacional (JBIC).
Maputo, Segunda-Feira, 19 de Fevereiro de 2007:: Notícias

2/13/07

Cabo Delgado: Energia vai chegar a mais distritos.


Moçambique e Noruega assinaram, ontem, à noite, em Oslo, um acordo na área de energia, visando a electrificação de alguns distritos da província de Cabo Delgado. O acordo, envolvendo 200 milhões de coroas (cerca de 30 milhões de dólares), foi assinado pela ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Alcinda Abreu, e pelo ministro norueguês da Cooperação e Desenvolvimento Internacional, Erik Solheim, no final de um encontro de trabalho entre o Presidente Armando Guebuza e o Primeiro-Ministro norueguês, Jens Stoltenberg.
Falando na Conferência de Imprensa conjunta que se seguiu à assinatura do acordo, Guebuza destacou as históricas relações bilaterais e disse que o desafio que se coloca é no sentido de garantir a sua valorização e consolidação, tendo em conta os desafios actuais. Disse que desde longa data que os dois países vêm perseguindo objectivos comuns, incluindo a necessária parceria para o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, e que com o apoio de países doadores, como a Noruega, Moçambique está no bom caminho para poder alcançar resultados significativos, particularmente no que diz respeito à redução da mortalidade materno-infantil, entre outros desafios, como o combate ao HIV\SIDA.
Sobre o acordo, o Chefe do Estado realçou que a electrificação rural, plasmada no Programa Quinquenal do Governo, vai promover e impulsionar o desenvolvimento, incluindo industrial, da província, contribuindo, assim, nos esforços de combate à pobreza.
Por seu turno, o Primeiro-Ministro norueguês manifestou-se satisfeito com o desenvolvimento das relações económicas, afirmando que há um grande potencial nas áreas de energia, pescas, entre outros recursos naturais. Manifestou-se igualmente satisfeito pela forma como Moçambique tem implementado os projectos financiados pela Noruega, destacando ainda a participação de empresas norueguesas no desenvolvimento do país, como é o caso da HYDRO, que opera na pesquisa de petróleo na bacia do rio Rovuma, em Cabo Delgado.
Stoltenberg garantiu que a Noruega vai continuar a apoiar Moçambique, quer no plano bilateral, quer multilateral, artravés das agências das Nações Unidas.
Moçambique é um dos principais parceiros de cooperação da Noruega, sendo o terceiro recipiente da ajuda pública deste país nórdico para o desenvolvimento, depois da Tanzania e Afeganistão.
A média anual do volume da ajuda norueguesa ao país ronda os 65 milhões de dólares. Deste montante, 18 milhões destinam-se ao apoio directo ao Orçaamento do Estado e 47 milhões são para financiar programas de desenvolvimento nas áreas de energia, pescas, saúde, hidrocarbonetos e ONG’s.
Guebuza chegou ontem a Oslo para uma visita oficial de três dias. Ele é primeiro Chefe de Estado africano convidado a visitar este país desde que está em funções o governo de coligação (Aliança Vermelho Verde), liderado pelo Partido Trabalhista, do Primeiro-Ministro Jens Stoltenberg.
Hoje, segundo dia da visita, Guebuza participa na Conferência Anual do Sector Privado da Noruega, onde fará uma intervenção sobre a necessidade do investimento privado em Moçambique e na região da África Austral, que contará com mais de 300 participantes.A delegação presidencial inclui ainda os ministros da Indústria, Salvador Namburete, das Pescas, Cadmiel Muthemba, e do Turismo, Fernando Sumbana, entre outros quadros seniores.
SANTOS NHANTUMBO, da AIM, em Oslo - Maputo, Terça-Feira, 13 de Fevereiro de 2007:: Notícias

1/24/07

Moçambique - Objectivos governamentais continuam a falhar.


O Estado moçambicano continua com grandes dificuldades em contribuir para o desenvolvimento humano no país.
Com um Plano Quinquenal longo, sinuoso e vago, reduziu a discurso as estratégias de combate à corrupção e mantêm obscuras as políticas de combate à pobreza absoluta, acusa relatório divulgado pela Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (LDH) há dias em Maputo.
A falta de transparência na administração, o despreparo e a falta de conhecimentos de administração, para além da ineficiência do sistema de fiscalização e monitoria na gestão governativa, são, de acordo com LDH parte das razoes que contribuem para o fraco desempenho dos planos que tem sido traçados desde, 1992, aquando do Acordo Geral de Paz.
Em finais de 2006 soube-se, em função de um relatório internacional, que Moçambique é dos países africanos que está a registar grandes avanços económicos, apesar de não produzir petróleo. Entendidos iam mais longe, acreditando que o país estava a caminhar num ritmo galopante, sem comparação a nível mundial.
O Relatório da LDH, que faz uma abordagem mundial, sustenta que dois principais problemas inquietam a população moçambicana.
Nomeadamente, o enriquecimento ilícito de minorias ligadas ao poder e a ausência de políticas públicas impulsionadoras de um rendimento familiar capaz de promover vida economicamente estável.
O principal desafio do Presidente da República, Armando Guebuza, e seu Executivo é indubitavelmente o combate à pobreza absoluta.
Apregoado a nível das bases e por grande parte dos dirigentes do Estado este projecto não é visto por todos com bons olhos.
Determinados círculos de opinião acreditam que é preciso demonstrar e flexibilizar os mecanismos pelos quais este projecto se vai servir para atingir as suas respectivas metas.
“Como desafio ao combate à pobreza absoluta foram identificados as seguintes áreas como sendo prioritários: Educação, Saúde, Agricultura, Infra-estruturas e as regiões com desenvolvimento relativamente baixo”, indicam os dados.
A desigualdade de oportunidades e a generalização de salários extremamente baixos tendem a ser a principal causa da pobreza absoluta.
Esses factores constituem o maior empecilho na concretização das metas propostas tanto na esfera do governo central como na esfera local.
No que toca as principais doenças, o relatório refere que a malária, HIV/SIDA, cólera, e diarreias endémicas continuam sendo os maiores problemas de saúde e principais causas de mortalidade em Moçambique.
Das mulheres grávidas, 20% são portadoras do parasita da malária e de 15% a 30% das mortes maternas resultam disso.
A população moçambicana é calculada em 20 milhões, das quais cerca de 13 milhões vivem no campo e sobrevivem graças a uma agricultura de subsistência praticada com métodos rudimentares e em pequena escala.
De acordo com o relatório a vida na periferia das cidades e no campo é fortemente caracterizada pela ausência de Estado.
À medida que se caminha para fora de Maputo, capital, o Estado vai gradualmente enfraquecendo a sua actuação, presença e efectividade na vida dos cidadãos.
Os dados acrescentam que o Estado desenhou várias reformas para o sector judiciário em 2006. Das principais interessa citar a expansão do Tribunal Administrativo, realização de fóruns com a media, faculdades de direito e divulgação de brochuras para informar a população sobre seus direitos, além de conceber assistência jurídica gratuita a indivíduos pobres.
Porém, os dados lamentam que “o Instituto do Patrocínio e Assistência Jurídica, criado pelo Estado para oferecer uma assistência jurídica gratuita, acabou transformando-se numa espécie de sociedade onde técnicos e assistentes jurídicos chegam a cobrar valores como se fossem advogados, embora seja um serviço público”.
O relatório adianta que Portugal é um dos 17 Parceiros do Apoio Programático de Moçambique com uma contribuição anual de 1,5 milhão de dólares.
Boaventura Mucipo Júnior - In "O País OnLine" - 22/01/07

1/04/07

Moçambique - Cabo Delgado - HIV alastra...


Quatro em cada 10 doentes testados têm HIV em Chiúre.
CHIÚRE, o mais populoso distrito de Cabo Delgado, terminou o ano de 2006 com esta realidade: em cada 10 pessoas que fizeram testes para saber do seu estado de saúde, em relação ao HIV, quatro estão contaminadas.
Há 69 doentes em que se está a administrar os anti-retrovirais, depois que um acabou perdendo a vida, alegadamente porque trazia uma enfermidade oportunista, a tuberculose, e apresentou-se muito tarde ao Hospital-Dia.
Calcula-se que entre 25 e 30 mil pessoas estão infectadas naquele distrito e os esforços tendentes a travar a pandemia não parecem conseguir o desejado, havendo porém muitas, associações de luta contra a doença.
Este quadro leva a que Simba Achimbo, responsável do Hospital-Dia, considere o distrito "muito mal", porque os números estão a subir diariamente.
De Março para cá Chiúre registou 320 doentes.
É um dado, entretanto, que o nosso interlocutor acha ser de certa maneira pacífico.
"Isso, tendo em conta que estes indicadores referem-se ao distrito mais populoso, podem ser considerados baixos, mas a contaminação está a uma velocidade preocupante e podemos pensar com um pouco mais de alarme, porque, como sabe, não temos condições de nos apercebermos sobre tudo o que está a acontecer em muitos pontos recônditas do nosso distrito", disse Achimo.
Dos muitos factores que concorrem para o cenário que preocupa as autoridades de saúde ligadas à prevenção e combate ao HIV, em Chiúre, consta o facto de se tratar de um corredor, de ligação entre as províncias de Nampula e Cabo Delgado, o consumo excessivo de álcool que muda os comportamentos de muitos residentes de Chiúre, bem como a localização de uma escola secundária com um centro-internato.
"Lá na escola está concentrado o grupo-alvo da doença, jovens sexualmente activos, portanto, estamos perante um conjunto de factores adversos que propiciam este nosso actual estado de saúde nessa matéria".
A adesão ao tratamento anti-retroviral, segundo Simba Achimo, está a crescer e é de opinião de que tal deve-se à mudança de mentalidade da comunidade em geral e dos doentes, em particular.
"Está a crescer o número de pessoas que se apresentam ao Hospital-Dia e penso que isso é devido ao trabalho de sensibilização levado pelos diferentes grupos da sociedade civil".
Em Chiúre, na luta contra a sida estão, entre outras associações, a Geração Biz, a AJUDE, a União Bíblica, Igreja de Cristo, no posto administrativo de Ocua e na aldeia Milamba, 4 de Outubro, em Mahipa, a Associação da Mulher Rural, o Fórum de 14 associações de camponeses, denominado OTECA e Wiwanana.
Ainda assim, a avaliar pelos dados recolhidos no local, estas organizações não se acham suficientes para inverter a tendência, o que leva a que pelos factores referidos, Chiúre continue a constituia muitas preocupações no conjunto da província.
Estender a acção a mais direcções é o passo seguinte, incluindo os cuidados domiciliários a prestar aos pacientes vivendo em suas casas, apoiando-os moral e psicologicamente, já em curso que com a terapia ocupacional, mostram-se quão importantes quanto à prevenção.
GRANDES DIFICULDADES
O governador provincial, e por ocasião da última conferência de imprensa deste ano que concedeu aos órgãos de comunicação social representados em Cabo Delgado, reconheceu estar a enfrentar grandes dificuldades no combate ao Sida devido àquilo que considerou razões concretas e específicas deste tipo de doença.
"Estamos perante um grande obstáculo na luta que travamos contra a pobreza absoluta, fazemos sensibilização em todas as ocasiões em que estamos em contacto com as populações. a réplica aos esforços presidenciais foi realizada em todos os distritos, mas a realidade é essa, estamos, em termos de província a um crescimento de 59,5 porcento de casos de HIV/SIDA, em relação ao ano passado", anunciou Lázaro Mathe.
Na realidade, a província termina o com 1.249 casos contra apenas 782 do ano passado, fora os cidadãos infectados por transmissão sexual, hoje são 18.469, número ameaçador, embora se saiba que houve uma ligeira diminuição comparando com o ano passado, em que eram 19.372.
PEDRO NACUO - Maputo, Quinta-Feira, 4 de Janeiro de 2007:: Notícias

12/07/06

Cabo Delgado: Saúde e meio ambiente no centro das atenções.


A França está apostada no desenvolvimento da Saúde e na preservação e melhoria do meio ambiente na província de Cabo Delgado, para o que tem disponíveis mais de 20 milhões de euros, para apoiar estes dois objectivos que considera prioritários, incluindo as microfinanças, para esta parte do país, na continuação da cooperação que aquele país europeu mantém com Moçambique, muito especificamente com esta província o que vem desde 1983.
O embaixador daquele país, Thierry Viteau, voltou a reafirmar esta semana, em Cabo Delgado, que esta província continua privilegiada no quadro da cooperação existente com o seu país, por ser pobre e situar-se longe da capital do país, o que a deixa com desvantagens em muitos aspectos.
"Por isso escolhemos esta província. Há 23 anos que a nossa cooperação começou com Cabo Delgado e hoje, mais do que nunca, pensamos ser um bom lugar para apoiar o seu desenvolvimento na luta contra a pobreza" - disse.
O mais importante dos três domínios de cooperação, para o diplomata francês, e a Saúde e o meio ambiente que constam dos entendimentos alcançados nos acordos assinados em Julho, na França, durante a visita do Presidente da República, Armando Guebuza.
Neste momento, conforme apurou o "Notícias", o apoio da França a Cabo Delgado no sector da Saúde, através do programa internacional, conhecido por PISCAD, tem disponíveis 14,5 milhões de euros para o período 2005/2009, que está a ser implementado pela Direcção Provincial respectiva.
Trata-se do programa no qual estão em curso acções visando o combate às grandes endemias, nomeadamente malária, HIV/SIDA, e a mortalidade materna infantil e, neste âmbito consta ainda a reabilitação, muitas vezes adiada, do Hospital Provincial de Cabo Delgado, situado em Pemba, o de Montepuez e a construção de seis centros de saúde para além da formação inicial e contínua do pessoal.
No meio ambiente, que segundo o embaixador, consta da segunda prioridade para o seu Governo, e em parceria com o Fundo Mundial do Ambiente, mais conhecido pela sigla WWF, apoia o Parque Nacional das Quirimbas, com um valor de 3,5 milhões de euros, para ajudar a promoção da protecção do meio ambiente natural e o potencial eco-turístico.
Consta ainda o apoio à própria administração do parque em equipamentos, formação, assim como estudos em matéria de actividades ligadas à biodiversidade.
O terceiro domínio, com igual fundo, tem a ver com o financiamento de microcrédito.
Mas Viteau diz que esta não é a única maneira que a França apoia a província de Cabo Delgado, visto que, através da União Europeia, o seu país financia o Fundo Europeu de Desenvolvimento em de 25 porcento, o que significa que, segundo as suas palavras, um em cada quatro euros para uma operação nesta província, provém daquele país.
Em resposta ao "Notícias" sobre como acha que estão a ser geridos os fundos do seu país, o embaixador respondeu que está feliz por constatar que "a nossa cooperação está a ser bem percebida e utilizada, por isso vamos continuar a apoiar".
PEDRO NACUO-Maputo, Quinta-Feira, 7 de Dezembro de 2006:: Notícias

11/23/06

IMAP de Pemba gradua cerca de 200 professores.


O Instituto do Magistério Primário de Pemba, graduou, quarta-feira, o primeiro grupo de 191 novos professores, disponíveis imediatamente para responderem às necessidades prementes em quadros na província de Cabo Delgado e no país em geral, numa cerimónia de grande solenidade e que contou com a presença de vários dignatários do nosso país, entre os quais o patrono deste estabelecimento de formação de formadores, general Alberto Chipande, nome pelo qual foi baptizado aquele centro de formação.
Tratou-se do primeiro grupo de professores saídos do Instituto Alberto Chipande que neste primeiro curso contou com 331 formandos do primeiro e do segundo anos, em regime presencial, para além de 800 cursistas à distancia em todos os distritos da província, excepto do Ibo, onde ainda não foi inaugurado o respectivo núcleo.
Raul Mufanequissso Nhamunwe, director do IMAP de Pemba, garantiu aos presentes que a instituição que dirige acabava de formar homens que durante o tempo de "gestação" desenvolveram actividades de amor à pátria, ensinados a promover a cultura de paz, justiça social e democracia, bem como o respeito pelos direitos humanos, em especial os da criança. "Eles demonstraram ética e deontologia profissional para o exercício das suas funções, assim como possuem uma cultura de participação pró-activa nas actividades sociais e práticas da comunidade.
São portadores de mensagens educativas para a prevenção e combate ao consumo de drogas, HIV/SIDA, malária e outras doenças endémicas" garantiu Raul Nhamunwe.
Do grupo dos graduados, 28,3 porcento são mulheres, equivalente a 54, contra 137 homens. Também deste universo 163 concluíram o curso regular de ensino de língua Inglesa.
Outro dado importante, é o facto de 90 por cento dos professores serem provenientes dos distritos desta província.
Lázaro Mathe, governador da província de Cabo Delgado, quis emprestar uma importância especial ao acto e justificou que tal tinha a ver com a grande responsabilidade que cabia ao professor, sendo que a sua dignidade justificava uma cerimónia daquele nível.
Mathe apelou para que os professores recém-formados se guiassem pelo exemplo dos jovens como Alberto Chipande, que também foi professor antes de ingressar nas antigas Forças Armadas de Libertação de Moçambique, que não pouparam as suas vidas, para que um dia ficássemos independentes.
Chipande, aliás, foi quem teve a responsabilidade de dar a aula de sapiência ao primeiro grupo de professores formados pelo IMAP que leva o seu nome que ficou dividido entre a educação durante a luta armada e depois da independência nacional, com um grande enfoque sobre a necessidade de se incutir nos jovens o patriotismo, a unidade nacional, entre outros valores que constituem as grandes conquistas do povo moçambicano.
Maputo, Quinta-Feira, 23 de Novembro de 2006:: Notícias

8/03/06

II FNCMT: Ainda o Festival de Pemba.

Governo distingue participantes ao festival de Pemba.
O governo da cidade de Maputo ofereceu ontem diplomas e medalhas aos representantes dos artistas que integraram a delegação da capital do país que participou no II Festival Nacional da Canção e Música Tradicional, terminado no fim-de-semana em Pemba.
Um total de 25 artistas integrou a comitiva da cidade de Maputo naquele evento que serviu para a promoção da unidade nacional através de canção e música tradicional.
O festival decorreu de 26 a 30 de Julho na capital provincial de Cabo Delgado.
A cerimónia de distinção dos participantes ao festival decorreu na Escola Secundária Noroeste 1, dirigida pela governadora da cidade de Maputo, Rosa da Silva.
Estiveram presentes, para além dos artistas, o director da Educação e Cultura da capital do país, Dinis Mungói, directores das escolas públicas e comunidade estudantil.
Na ocasião, Rosa da Silva recebeu das mãos de Dinis Mungói um troféu que o grupo da cidade de Maputo recebeu em Pemba pela participação neste festival, que decorreu sob o lema Celebrando a Diversidade Cultural Livres do HIV/SIDA".
Os outros grupos das diferentes províncias do país também receberam o mesmo troféu. "Neste festival ninguém ganhou ou perdeu. A verdade é que todos tirámos vantagens. Por aquilo que acabei de ver aqui acredito que a cidade de Maputo foi bem representada", disse Rosa da Silva, depois de assistir a uma breve exibição do grupo.
FESTA RIJA NA BEIRA.
Entretanto, na Beira, muita música e dança, em pleno aeroporto, marcou a recepção a que teve direito a delegação de Sofala que também participou no festival de Pemba.
Centenas de pessoas, na maioria estudantes daquela cidade foram até ao local para dar as boas-vindas à delegação.
A juventude esteve bem representada, tendo um grupo da Escola Secundária da Manga exibido alguns números de mandoa, um dos ritmos com que Sofala se fez representar em Pemba.
Depois da cerimónia no aeroporto, a comitiva e os populares percorreram algumas artérias da cidade, em colunas que envolviam um número considerável de viaturas.
Foi uma festa rija, em que Sofala celebrava o facto de, na sua opinião, se ter representado condignamente no festival. Depois da Beira a festa prosseguiu no município de Dondo, de onde provêm alguns dos artistas que integraram a delegação oficial que esteve em Pemba.
O edil Manuel Cambezo convidou a comitiva a um jantar.
Antes da delegação dispersar-se, dado os integrantes serem de diferentes pontos de Sofala, o Governo provincial ofereceu um almoço.
Maputo, Quinta-Feira, 3 de Agosto de 2006:: Notícias

7/31/06

II FNCMT: Festival de Pemba encerra em apoteose.



Encerrou em Pemba o II Festival Nacional da Canção e Música Tradicional, que vinha decorrendo desde quarta-feira sob o lema "Celebrando a Diversidade Cultural Livres do HIV/SIDA".
O epílogo desta majestosa realização deixa-nos com fortes motivos para que o festival seja inscrito na lista dos melhores acontecimentos no nosso país desde que em 1975 celebrámos a nossa independência.
Tivemos um marco célebre em 1980, para, depois disso, haver um silêncio de 26 anos.
Hoje é unânime dizer-se que estamos perante a nossa capacidade de fazer aquilo que é nosso, a cultura.
Pemba acocorou-se e disse "Obrigado Moçambique", por a ter dado o direito e a oportunidade de receber esta grande festa.
E a cidade e a província fizeram o seu máximo para que assim fosse.
O Estádio Municipal de Pemba, ontem, mais do que no primeiro dia, recebeu no seu seio uma população que não se continha de alegre.
Abriu logo no encerramento com uma exibição de danças como mapiko, tufo e damba.
No festival de Pemba há uma reconfirmação de a timbila ser lembrada como património cultural da humanidade.
A par desta manifestação, há que registar o facto de o Hino Nacional ter sido executado por vários elementos de todas as províncias participantes com os respectivos instrumentos.
Foram os próprios dirigentes do festival que disseram: este Hino Nacional, tocado com instrumentos musicais de todo o país, significa que a unidade nacional é um facto irreversível.
E é aí onde está o grande significado, o grande valor desta realização.
Foi um encerramento feito com apoteose, onde toda a gente se levantou num estádio completamente cheio.
O Ministério da Educação e Cultura, que organiza este festival, decidiu que o mesmo passa a realizar-se com uma periodicidade bienal, tendo já marcado o próximo para 2008 na cidade de Xai-Xai.
Em próximas edições voltaremos ao assunto.
ALEXANDRE CHAÚQUE
Maputo, Segunda-Feira, 31 de Julho de 2006:: Notícias

7/29/06

II FNCMT: Participantes macharam em Pemba.


A corresponder com o lema do Festival Nacional de Canção e Música Tradicional, "Celebrando a Diversidade Cultural Livres do HIV/SIDA", os mais de 300 artistas participantes, marcharam ontem, nas artérias da capital provincial de Cabo Delgado, para dizer "não à pandemia" e ouviram o que dizem as pessoas vivendo com a doença, uma mensagem do quanto é necessário acatar as mensagens de prevenção, o seu actual sofrimento e o apelo para que a sociedade não os discrimine.
"Estamos sujeitos a todas as críticas, os nossos direitos são constantemente violados. Verificamos, com muita tristeza, que as pessoas vivendo com o HIV/SIDA perdem os seus postos de trabalho, as mulheres são abandonados pelos seus maridos e familiares", denunciou o líder da associação CAERIA ("não se dizia", em língua emakwa), António Raímo, falando para todo o público, incluindo altos dignitários da nomenclatura política e governativa no nosso país, na Praça dos Heróis Moçambicanos.
António Raímo disse que o HIV/SIDA é uma realidade que cria embaraços no desenvolvimento de Moçambique, onde se notam, com amargura, crianças órfãs, vulneráveis, mulheres e homens viúvos e uma ainda presente discriminarão social, apesar de tudo o que o Governo e a sociedade civil fazem em contrário.
"Respeitem os nossos direitos, somos todos iguais e todos sujeitos à infecção pelo vírus do HIV/SIDA. Apelamos a cada um dos moçambicanos que tenha consciência da sua vida", clamaram os seropositivos.
António Raímo pediu à comunicação social um espaço gratuito para os seropositivos passarem a sua experiência de pessoas que já vivem com a doença, pois na sua opinião, é preciso fazer uma campanha de sensibilização, dado que a maioria dos portadores do HIV/SIDA não tem acesso aos anti-retrovirais.
Pediu esforços suplementares de todas as forças vivas da sociedade, incluindo, em primeiro lugar, o Governo, para que os anti-retrovirais sejam mais acessíveis, bem como advertiu que a falta de cuidados domiciliários, a nível nacional, faz com que, por exemplo, por falta de alimentos, aqueles abandonem o tratamento, do que resultam consequências trágicas.
Na tentativa de contornar este cenário, segundo António Raímo, a organização de que é chefe tem iniciativas visando o melhoramento da dieta alimentar, dando o exemplo de ter já, no posto administrativo de Miéze, arredores de Pemba, uma machamba de 10 hectares que nesta campanha está a produzir hortícolas.
Políticos e governantes foram ao pódio para apresentar as suas mensagens de apelo aos moçambicanos para a luta contra a SIDA.
O veterano Marcelino dos Santos, por exemplo, repetiu a mensagem do Presidente da República, Armando Guebuza, segundo a qual, "nós podemos acabar com o HIV/SIDA".
Mas seria o governador de Gaza, Djalma Lourenço que, de forma didáctica e pedagogicamente compreensível, e em três minutos, deu a lição, a partir de um adágio secular, segundo o qual, "vale a pena perder um minuto na vida do que a vida num minuto", para, mais adiante, explicar: "temos fogo em presença. Sabemos que queima. Temos agora é que escolher se pegamos o fogo para nos queimamos ou se evitamo-lo para não nos queimarmos".
PEDRO NACUO
Maputo, Sábado, 29 de Julho de 2006:: Notícias

7/28/06

II FNCMT: Marcha contra SIDA no festival de Pemba.


O II Fstival Nacional da Canção e Música Tradicional prossegue hoje, no seu terceiro dia, com uma marcha contra o HIV/SIDA, a realizar-se esta manhã.
É uma manifestação que vai juntar todos os participantes a esta que é uma festa nacional e que reúne grupos provenientes de todo o país.
Sob o lema "Celebrando a Diversidade Cultural Livres do HIV/SIDA", os artistas vão demonstrar a sua solidariedade com os infectados e afectados pela enfermidade.
Será uma marcha que percorrerá as principais avenidas de Pemba, uma cidade que vai deixando clara, de dia para dia, a força de um festival desta dimensão.
Ontem, os artistas estiveram toda a manhã efectuando os ensaios para que hoje e nos dias subsequentes tudo corra de feição e, já no período da tarde, as actividades estiveram divididas entre a Casa de Cultura e o Estádio Municipal.
Aqui, notou-se, relativamente ao primeiro dia do festival, pouca aderência.
Contudo, tudo leva a crer, por aquilo que é tradição da cidade de Pemba, que hoje e amanhã haja uma verdadeira efervescência.
Até aqui todas as actividades decorreram na urbe, mas a partir de hoje a praia do Wimbe vai acolher a canção e música de todo o país, o que vai emprestar outro ambiente a esta estância, visivelmente com poucos turistas nesta altura do ano.
Alguém nos dizia que a fraca afluência de turistas na praia do Wimbe deve-se, em grande parte, à força atractiva das ilhas que ficam perto de Pemba, casos de Ibo, Mamize e outros centros de beleza extraordinária.
Mas, mesmo assim, no Verão as coisas ganham outra dimensão.
Entretanto, voltando ainda ao festival, apesar de ser ainda cedo para se fazer qualquer balanço substancial, os jornalista já se queixam da falta de condições para trabalhar.
Falava-se, por exemplo, da existência de computadores onde seria montada uma sala de Imprensa.
Esses computadores realmente existem, mas não têm impressoras e não estão ligados à Internet.
Outro constrangimento relaciona-se com o transporte, que nem sempre está disponível para a comunicação social, que precisa de se deslocar para os diversos locais onde se realizam actividades relacionadas com o festival.
Isso está a limitar, naturalmente, a possibilidade de se estar mais por dentro dos desenvolvimentos e a horas desejadas.
O próprio Ministro da Educação e Cultura, Aires Ali, reconheceu isso numa conferência de Imprensa que concedeu na última quarta-feira, mas adiantou que "tudo estamos a fazer para que no cômputo geral o resultado venha a ser positivo.
Foi difícil organizar este evento, como todos sabemos.
Tivemos alguns apoios, mas não tanto como desejávamos".
ALEXANDRE CHAÚQUE - Maputo, Sexta-Feira, 28 de Julho de 2006:: Notícias
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Artista desaparecido volta ao convívio.
Este é um episódio de riso.
De dor, também.
Em todos os cantos da cidade de Pemba, fala-se deste homem que, desaparecido no dia 23, dia da chegada da delegação da província de Gaza, regressou, já ao convívio dos seus, no dia 26.
Para alegria e gargalhada de todos.
Porque a estória ganha contornos de sátira.
Do inexplicável.
E muita gente já o diz: o verdadeiro festival aqui em Pemba, é V. S., tal é o seu nome.
Diz-se que em toda a sua vida, este personagem nunca tinha viajado de avião.
Ele foi um dos seleccionados para ir a Pemba participar no II Festival da Canção e Música Tradicional.
E para chegar aqui, tinha que ir de avião, fazendo-o, portanto, pela primeira vez.
É natural que não é só V. S. quem tem medo de avião.
Salazar, antigo chefe do governo português, também tinha e muita gente o tem.
Sendo assim, segundo se conta, num dos momentos em que a aeronave que transportava a delegação de Gaza trespassa nuvens densas e trepida, o homem borrou-se nas calças, dominado pelo medo, provocando, naturalmente, um ambiente desagradável por causa do cheiro.
Outros dizem que essa manifestação biológica de V.S., deu-se quando o avião ia a aterrar.
Sendo assim, olhando para o chão, o homem, com uma idade que ronda os 60 anos, assustou-se, ganhou medo e, acto contínuo, libertou involuntariamente as fezes nas calças.
É então que, chegados a Pemba, a delegação de Gaza foi alojada.
Mas ao longo do trajecto para o IMAP, onde estão hospedados todos os artistas, os colegas de V.S. foram-no vaiando, divertindo-se à custa do seu desgraçado medo.
E assim que, sentindo-se mal com aquela chacotada, resolveu dar uma volta pela cidade, onde terá procurado um local para beber algo.
Só que não voltou mais ao IMAP, indo parar, não se sabe muito bem como, em Mecufe, local que fica há 50 quilómetros da capital de Cabo Delgado.
Aventa-se a hipótese de V. S. ter feito essa distância à pé, pela costa, pensando, numa linguagem de brincadeira, que podia chegar a Gaza por aquele troço e sem precisar de nenhum meio de transporte.
Procuramos por ele na manhã de ontem, para com ele entabularmos uma conversa, mas questões adversas, que vão para além do nosso controlo, não nos possibilitaram trazer a história deste artista.
Mas prometemos trazê-la contada na primeira pessoa.
ALEXANDRE CHAÚQUE, na capital de Cabo Delgado
Maputo, Sexta-Feira, 28 de Julho de 2006:: Notícias
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Acidente mata duas pessoas.
A polícia da República de Moçambique (PRM) a nível da província de Cabo Delgado diz que não vai tolerar qualquer acto que possa perigar a segurança dos participantes do II Festival Nacional da Canção e Música tradicional, que decorre desde quarta-feira em Pemba.
Em causa está o acidente de viação que, no dia de abertura, vitimou, por atropelamento, dois jovens manchando em parte o primeiro dia deste evento.
A Polícia aponta como principal causa desde acidente a condução em estado de embriaguez e o excesso de velocidade por parte do automobilista.
Os malogrados são irmãos estudantes oriundos do distrito de Mueda.
Para além deste, o dia do arranque do festival registou mais três acidentes, dois dos quais envolvendo viaturas mobilizadas para o festival.
Contudo, segundo soube a AIM do director da Ordem e Segurança Pública da PRM em Cabo Delgado, Joaquim Nido, estes acidentes não provocaram vítimas a lamentar.
A PRM considera que o festival está a decorrer normalmente já que desde quarta-feira ontem ninguém teria aparecido a queixar-se de ter sido vítima de uma acção criminal, fora os acidentes acima mencionados.
"Não é dizer que tudo correu totalmente bem. Mas ninguém se queixou de ter sido vítima de alguma acção criminal fora os acidentes aqui mencionados contra os quais a Polícia vai continuar a trabalhar para desencoraja-los", disse o director da Ordem e Segurança Pública da PRM em Cabo Delgado.
A presença policial em Pemba é notória pelo menos em locais de maior concentração de pessoas, principalmente as ligadas ao festival, que termina domingo.
Maputo, Sexta-Feira, 28 de Julho de 2006:: Notícias