A apresentar mensagens correspondentes à consulta HIV e Sida ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta HIV e Sida ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens

1/04/07

Moçambique - Cabo Delgado - HIV alastra...


Quatro em cada 10 doentes testados têm HIV em Chiúre.
CHIÚRE, o mais populoso distrito de Cabo Delgado, terminou o ano de 2006 com esta realidade: em cada 10 pessoas que fizeram testes para saber do seu estado de saúde, em relação ao HIV, quatro estão contaminadas.
Há 69 doentes em que se está a administrar os anti-retrovirais, depois que um acabou perdendo a vida, alegadamente porque trazia uma enfermidade oportunista, a tuberculose, e apresentou-se muito tarde ao Hospital-Dia.
Calcula-se que entre 25 e 30 mil pessoas estão infectadas naquele distrito e os esforços tendentes a travar a pandemia não parecem conseguir o desejado, havendo porém muitas, associações de luta contra a doença.
Este quadro leva a que Simba Achimbo, responsável do Hospital-Dia, considere o distrito "muito mal", porque os números estão a subir diariamente.
De Março para cá Chiúre registou 320 doentes.
É um dado, entretanto, que o nosso interlocutor acha ser de certa maneira pacífico.
"Isso, tendo em conta que estes indicadores referem-se ao distrito mais populoso, podem ser considerados baixos, mas a contaminação está a uma velocidade preocupante e podemos pensar com um pouco mais de alarme, porque, como sabe, não temos condições de nos apercebermos sobre tudo o que está a acontecer em muitos pontos recônditas do nosso distrito", disse Achimo.
Dos muitos factores que concorrem para o cenário que preocupa as autoridades de saúde ligadas à prevenção e combate ao HIV, em Chiúre, consta o facto de se tratar de um corredor, de ligação entre as províncias de Nampula e Cabo Delgado, o consumo excessivo de álcool que muda os comportamentos de muitos residentes de Chiúre, bem como a localização de uma escola secundária com um centro-internato.
"Lá na escola está concentrado o grupo-alvo da doença, jovens sexualmente activos, portanto, estamos perante um conjunto de factores adversos que propiciam este nosso actual estado de saúde nessa matéria".
A adesão ao tratamento anti-retroviral, segundo Simba Achimo, está a crescer e é de opinião de que tal deve-se à mudança de mentalidade da comunidade em geral e dos doentes, em particular.
"Está a crescer o número de pessoas que se apresentam ao Hospital-Dia e penso que isso é devido ao trabalho de sensibilização levado pelos diferentes grupos da sociedade civil".
Em Chiúre, na luta contra a sida estão, entre outras associações, a Geração Biz, a AJUDE, a União Bíblica, Igreja de Cristo, no posto administrativo de Ocua e na aldeia Milamba, 4 de Outubro, em Mahipa, a Associação da Mulher Rural, o Fórum de 14 associações de camponeses, denominado OTECA e Wiwanana.
Ainda assim, a avaliar pelos dados recolhidos no local, estas organizações não se acham suficientes para inverter a tendência, o que leva a que pelos factores referidos, Chiúre continue a constituia muitas preocupações no conjunto da província.
Estender a acção a mais direcções é o passo seguinte, incluindo os cuidados domiciliários a prestar aos pacientes vivendo em suas casas, apoiando-os moral e psicologicamente, já em curso que com a terapia ocupacional, mostram-se quão importantes quanto à prevenção.
GRANDES DIFICULDADES
O governador provincial, e por ocasião da última conferência de imprensa deste ano que concedeu aos órgãos de comunicação social representados em Cabo Delgado, reconheceu estar a enfrentar grandes dificuldades no combate ao Sida devido àquilo que considerou razões concretas e específicas deste tipo de doença.
"Estamos perante um grande obstáculo na luta que travamos contra a pobreza absoluta, fazemos sensibilização em todas as ocasiões em que estamos em contacto com as populações. a réplica aos esforços presidenciais foi realizada em todos os distritos, mas a realidade é essa, estamos, em termos de província a um crescimento de 59,5 porcento de casos de HIV/SIDA, em relação ao ano passado", anunciou Lázaro Mathe.
Na realidade, a província termina o com 1.249 casos contra apenas 782 do ano passado, fora os cidadãos infectados por transmissão sexual, hoje são 18.469, número ameaçador, embora se saiba que houve uma ligeira diminuição comparando com o ano passado, em que eram 19.372.
PEDRO NACUO - Maputo, Quinta-Feira, 4 de Janeiro de 2007:: Notícias

10/05/07

MOÇAMBIQUE: Para ex-refugiados seropositivos, a luta continua.

Chimoio, 4 Outubro 2007 (PlusNews) - Ribeiro João, de 43 anos, fugiu da guerra civil em Moçambique em 1987 para o Zimbabwe.
Ele foi um dos 1.7 milhão de moçambicanos que deixaram o país em busca de asilo nas nações vizinhas durante a guerra civil de 16 anos.
Mas se por um lado, João escapou dos perigos da luta armada em Moçambique que acabou em 1992, por outro encontrou no Zimbabwe um inimigo tão perigoso quanto a guerra: o HIV.
Ele contou ao PlusNews que durante cinco anos ficou num campo de refugiados na província de Masvingo, no sudeste do Zimbabwe.
Em 1992 foi para os subúrbios de Mutare, região mais ao norte do território.
“Vivíamos aglomerados e no seio de muita prostituição acabei por ficar infectado”, diz.
NOVA GUERRA
De volta a Moçambique desde 2003, João afirma que agora “desenrasca a vida com um inimigo a combater [a Sida].”
Com três filhos – todos seronegativos, o mais novo com 15 anos –, João é um dos 37 voluntários da Associação Provincial de Ex-Emigrantes de Moçambique (AEXEMO), em Chimoio, capital provincial de Manica, na região central do país.
O grupo oferece prevenção do HIV e cuidados contra a Sida em locais públicos, como mercados e fontenários, conta o coordenador Manuel Manuença.
“Em bicicletas, os voluntários levam gratuitamente ao hospital os doentes que têm dificuldade para andar”, diz Manuença.
Os voluntários ainda fabricam pão e lavram hortas para gerar rendimentos e garantir a alimentação de 10 ex-refugiados seropositivos, além das viúvas e filhos de outros que morreram em decorrência da Sida.
A AEXEMO pretende agora criar empregos aos ex-refugiados em parceria com o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional, do Ministério do Trabalho.
VIVÍAMOS AGLOMERADOS E NO SEIO DE MUITA PROSTITUIÇÃO ACABEI POR FICAR INFECTADO
O pedreiro Elias, que pede omissão do apelido, tem 29 anos e é um dos seropositivos ajudados pelos voluntários.
“Eu vivo sozinho e sinto um amparo quando os meus amigos [ex-refugiados] me apóiam”, disse ao PlusNews.
Natural de Cabo Delegado, Elias se refugiou no Zimbabwe em 1988, quando tinha 12 anos, e desde que voltou a Moçambique em 1994, nunca mais teve dinheiro para procurar por sua família nesta província ao norte do país.
“Já formei uma nova família cá [em Chimoio]”, disse.
“E tenho dúvidas se minha antiga família iria me reconhecer.”
Quando conversa com Elias e recorda os momentos que a guerra civil trouxe a Moçambique, João prefere lembrar do acordo de paz em 1992.
Com o cessar-fogo, João e seus colegas dizem que agora é hora de superar a epidemia que atinge 16.2 por cento dos adultos moçambicanos.
(ac/lb/ms)-PlusNews África

1/15/09

HIV-SIDA: Videogames ajudam o combate da epidemia em África.

Complementando post's anteriores sobre a epidemia de HIV/SIDA em Moçambique/África e acreditando que uma das armas mais eficazes para a combater é a informação, acabo de ler no blogue "Notícias do Velho", recheado de novidades sobre o mundo das novas tecnologias ligadas á informática, que surgiu em teste na cidade de Nairobi-Quénia, junto a comunidades de jovens, um videogame didático e preventivo dessa malvada doença dizimadora de vidas.
Esperando desperte atenções também em Moçambique, onde o flagelo preocupa, na íntegra e com a devida vénia ao "Notícias do Velho", transcrevo:

""Segundo esta nota da Popular Science, a Warner Brothers Interactive, em parceria com a iniciativa HIV Free Generation estão desenvolvendo um videogame que trata da prevenção a AIDS na África.

O jogo, chamado "Pamoja Mtaani", ou sua versão em Inglês "Together in the Hood", está sendo desenvolvido pela seríssima e competente Virtual Heroes, e está em fase de testes em alguns centros de juventude em Nairobi, capital do Quênia.
Não encontrei muitas informações sobre o jogo, além de que é um jogo multiplayer e que acompanha a vida de cinco personagens, que cumprem missões importantes. Os personagens podem ser conhecidos, através de animações bem legais, no site da iniciativa HIV Free Generation.

Ai vai um dos personagens do jogo - Lefty:
Fonte: Popular Science.""
(Evite sobreposição de sons "desligando" o player em funcionamento que se localiza no menu deste blogue, lado direito.)

  • Post's anteriores deste blogue sobre HIV/SIDA em Moçambique e África - Aqui!

7/18/06

Cabo Delgado e Nampula: Mensagens sobre HIV/SIDA nas mesquitas.


Mulheres professando a região muçulmana em Nampula poderão vir a beneficiar nos próximos tempos, de um programa de sensibilização sobre o perigo do HIV/SIDA, no quadro de uma acção que está a ser levada a cabo pela Associação Luta Contra Pobreza.
A iniciativa lançada em Fevereiro último, em Pemba, consistiu numa primeira fase, na formação de 23 activistas representando diversas mesquitas da província de Cabo Delgado.
Actualmente, este grupo faz a disseminação sobre a doença em todas as quartas-feiras, estando a cobrir um universo de cerca de 500 mulheres muçulmanas.
Rabia Valigy, coordenadora geral da organização não-governamental Luta Contra Pobreza não avançou os valores envolvidos no programa iniciado em Pemba, mas condiciona a sua extensão para Nampula à disponibilização de financiamentos por parte dos parceiros.
Avalia, entretanto, ter notado em Pemba, uma considerável abertura por parte das comunidades abrangidas, mesmo considerando que a província é a que apresenta menos taxa de seroprevalência e com a maioria da população a professar a religião muçulmana.
A fonte referiu que para além da disseminação de mensagens sobre a pandemia, foram distribuídas sementes de hortícolas a 123 mulheres de Murrebwe, numa acção que tem em vista a melhoria da dieta alimentar das populações.
Também está prevista a abertura de uma machamba com 10 hectares para o plantio de cajueiros e da jatropha, iniciativa essa que é financiada pela Embaixada dos Estados Unidos da América.
Ainda nesta primeira fase do programa foram oferecidas fraldas descartáveis em quantidades não reveladas aos serviços de pediatria do Hospital Provincial de Pemba, onde as autoridades fizeram um apelo no sentido de a associação e outros membros da sociedade civil apoiarem a alimentação das crianças infectadas pelo HIV e que sofrem de problemas nutricionais.
Ainda na tentativa de chamar atenção às pessoas sobre a problemática da pandemia, foi realizada recentemente em Pemba, uma marcha na qual participaram mais de 500 mulheres. Rabia Valigy justifica que a escolha da comunidade muçulmana na disseminação destas mensagens prende-se com o facto de se ter entendido que a problemática do HIV/SIDA constituía um tema que estava a ser dificilmente discutido dentro das mesquitas.
Maputo, Terça-Feira, 18 de Julho de 2006:: Notícias

7/17/06

II FNCMT: Pemba organiza-se !


Todos os obstáculos foram definitivamente ultrapassados. A cidade de Pemba está a fazer os últimos acertos para receber, de 26 a 30 de Julho corrente, o II Festival Nacional da Canção e Música Tradicional.
De acordo com a Direcção Nacional da Cultura, encontram-se já na capital provincial de Cabo Delgado, técnicos da instituição para prepararem a cerimónia de abertura, um acto que é aguardado por todos os participantes com a maior expectativa.
Segundo fonte daquela instituição subordinada ao Ministério da Educação e Cultura, o festival terá a participação de 366 elementos que virão de todas províncias do país, os quais serão acompanhados por um total de 42 técnicos.
Este festival constituirá, segundo os organizadores, um momento de reforço da unidade nacional. É um evento que se realiza como resposta aos esforços do governo moçambicano com apoio de sectores económicos que têm contribuído para o desenvolvimento de Moçambique.
O ministro da Educação e Cultura, Aires Ali, lançou recentemente um apelo à sociedade moçambicana e não só, no sentido de encontrar contribuição para o sucesso da realização canalizando os seus apoios.
Essas ajudas foram, em parte, conseguidas, não querendo isso dizer, entretanto, uma auto-suficiência do festival.
Sendo assim, quaisquer apoios que possam ainda aparecer "serão bem vindos".
Para o apoio deste festival "incentivamos e estimulamos a participação dos que têm contribuído financeira ou materialmente na divulgação e preservação dos nossos valores tradicionais e contemporâneos.
Essas contribuições podem ser feitas no âmbito do mecenato, em que quem apoia também tem benefícios, neste caso fiscais", explicou o governante.
Em Moçambique existe desde 1994 uma Lei de Mecenato, através da qual o Estado quer fomentar o incremento da produção artística e da riqueza cultural do nosso país.
À luz deste instrumento jurídico, o mecenas, se for por exemplo um agente económico, tem benefícios fiscais, a que deverão requerer ao governo.
Entretanto, muitos possíveis mecenas não têm noção deste bem que podem fazer às artes e cultura (e também ao desporto) no país.
Para contornar a situação, o ministro Aires Ali lançou o desafio de o país vir a ter um clube de mecenas da área da cultura, o que, segundo justificou, asseguraria a complementaridade, melhor planificação e monitoria das actividades do sector.
Maputo, Quarta-Feira, 12 de Julho de 2006:: Notícias
SIDA COMO LEMA.
O festival acontece num momento em que os esforços da sociedade moçambicana estão virados para o combate à pandemia do HIV/SIDA.
Sendo assim, e porque através da cultura se pode veicular mensagens para combater o mal, os organizadores do evento escolheram como lema "Celebrando a Diversidade Cultural Livres do HIV/SIDA".
Importa lembrar que foi apurado para a fase nacional do festival um total de dez grupos, nomeadamente Makuru Kuriba (cidade de Maputo), o da Manhiça (província de Maputo), de Xai-Xai (Gaza), Maxixe (Inhambane), Dondo (Sofala), Manica (Manica), Namacurra (Zambézia), Angónia (Tete) e Kanakari (Nampula), faltando ainda os de Cabo Delgado e Niassa.
Maputo, Terça-Feira, 11 de Julho de 2006:: Notícias

11/02/05

Moçambique - O preço da SIDA...



Sida custa 5,6 milhões de euros por ano

Moçambique gasta anualmente 5,6 milhões de euros com o tratamento gratuito a 15 mil infectados pelo HIV/SIDA assistidos em unidades de saúde localizadas em todo o país, informaram hoje as autoridades sanitárias.
Numa informação à Assembleia da República de Moçambique sobre a situação do HIV/SIDA no país, o ministro da Saúde, Ivo Garrido, revelou que o tratamento gratuito com anti-retrovirais custa 31 euros mensais por doente nos hospitais públicos, menos oito euros que o salário mínimo nacional, fixado em cerca de 39 euros.
Daqueles valores, estão excluídos os custos do tempo de internamento, serviços dos trabalhadores de saúde e outros custos sociais, explicou Garrido.
O ministro adiantou que os doentes que não recebem tratamento gratuito nas unidades sanitárias do Estado gastam em anti-retrovirais 62 euros por mês, ou seja, o dobro do que o Governo paga aos infectados que recorrem aos seus estabelecimentos sanitários.
Reiterando que o Governo considera o HIV/SIDA uma emergência nacional, o ministro da Saúde de Moçambique acrescentou que a doença provocou a morte de 97 mil pessoas em 2004, dos 1,4 milhões de infectados existentes no país.
Do número de infectados registado no ano passado, 80 mil são crianças, 570 mil homens e 800 mil são mulheres, o que, de acordo com Garrido, «demonstra claramente uma feminização da sida».
Com base nos dados da «última ronda de vigilância epidemiológica do HIV/SIDA, realizada em 2004, nos 36 postos de sentinela de todo o país», Ivo Garrido afirmou que a taxa de infecção pela doença é de 16,2 por cento entre os moçambicanos com idades compreendidas entre 15 e 49 anos.
Ou seja, «em cada seis moçambicanos adultos, um está infectado», acrescentou.
Via: EXPRESSO África - 15:07 1 Novembro 2005

2/13/08

Liberdade de Imprensa em Moçambique - Manifestações de 5 de Fevereiro confirmam a existência de censura nos media moçambicanos.

.
As manifestações populares havidas na passada terça-feira, 5 de Fevereiro de 2008, nas cidades de Maputo e Matola, não só trouxeram um pesado fardo para a economia do país como também mostraram quão forte é ainda o controlo governamental sobre os órgãos de comunicação social públicos e privados.
A cobertura dos incidentes foi muito condicionada.
O MISA-Moçambique e o Centro de Integridade Pública estiveram atentos à forma como os incidentes foram reportados pelos diversos órgãos de comunicação social e, com base em observação directa e recurso a entrevistas com jornalistas e editores, apurámos o seguinte:
• Logo nas primeiras horas da manhã, a STV começou a reportar a revolta popular com directos a partir dos locais em que a violência era mais notória. Por volta das 9.30 horas, este canal trazia algumas incidências, ajudando muitos cidadãos a se precaveram. Mas os directos da STV foram bruscamente interrompidos por volta das 10 horas, tendo o canal passado a transmitir uma telenovela;
• No canal público, a TVM, ao longo da manhã, as revoltas não foram notícia. Ao invés de informar sobre os acontecimentos, a TVM transmitia reportagens sobre o CAN (Taça das Nações Africanas em futebol);
• No seu Jornal da Tarde dessa terça-feira, a TVM não dedicou um minuto sequer às manifestações, que haviam iniciado cedo pela manhã, embora alguns repórteres daquela estação pública se tivessem feito à rua com o propósito de documentarem o que estava a acontecer;
• À noite, no Telejornal, quando os telespectadores esperavam que o canal público trouxesse um retrato detalhado dos acontecimentos, a TVM abordou o assunto de uma forma marginal, negligenciando o facto de que, no domínio da informação, aquele era um assunto de inquestionável destaque;
• Segundo apurámos, um veterano jornalista da TVM hoje fora da Chefia da Redacção terá recebido “ordens superiores” para vigiar “conteúdos noticiosos subversivos”;
• Na Rádio Moçambique (RM), repórteres que se encontravam em vários pontos das cidades de Maputo e Matola foram obrigados, na tarde daquela terça-feira, a interromper as reportagens em directo que vinham fazendo desde as primeiras horas e instruídos a recolherem à Redacção, supostamente como forma de se evitar um alegado “efeito dominó” dos acontecimentos;
• No decurso do Jornal da Manhã de terça-feira, o jornalista Emílio Manhique anunciou que, no seu talk show denominado “Café da Manhã” do dia seguinte, quarta-feira, teria como convidado o sociólogo Carlos Serra, para fazer comentários sobre as manifestações populares. Mas, ao princípio da tarde do mesmo dia, Serra recebeu uma chamada da RM, através da qual foi informado que o o convite tinha sido cancelado “por ordens superiores”. Na quarta, no lugar de o Café da Manhã debater os incidentes do dia anterior, o tema de destaque foi o HIV/Sida. Isto levou a que muitos ouvintes da RM telefonassem para a estação manifestando-se decepcionados com rádio pública, dado que o assunto do momento eram as manifestações;
• O Jornal Notícias, que tem como um dos accionistas principais o Banco de Moçambique, também não escapou a este esforçou de omitir as evidência. Logo que se aperceberam da revolta, os executivos editoriais do jornal destacaram várias equipas de reportagem para a rua, mas as peças produzidas foram editadas numa perspectiva de escamotear a realidade. No dia seguinte, o jornal apresentava textos onde se destacavam frases do tipo “…quando populares e oportunistas se manifestaram de forma violenta, a pretexto de protestarem contra a subida das tarifas dos semi-colectivos…”, e “…entre pequenos exércitos de desempregados e gente de conduta duvidosa…”, etc, etc. Estes e outros factos mostram que a cobertura noticiosa de acontecimentos sensíveis continua a ser alvo de controlo governamental, privando a opinião pública de ter acesso a informação. No caso vertente, a informação sobre o que estava a acontecer em vários pontos do Grande Maputo era vital para que os cidadãos desprevenidos tomassem conhecimento dos lugares onde a revolta era mais violenta, evitando assim se exporem a riscos. Por outro lado, muitos populares prestaram declarações a jornalistas, mas elas não foram transmitidas, vendo assim a sua liberdade de se expressarem mutilada. Estas marcas de censura são perniciosas para a sociedade moçambicana. No caso da TVM, a mão do Governo no controlo editorial mostra que a noção de serviço público com que a estação opera não significa colocá-la ao serviço do povo (e dos contribuintes) , informando com isenção e rigor. Estes condicionalismos a que o trabalho dos jornalistas está sujeito traduz-se numa clara violação à Constituição da República de Moçambique (CRM), nomeadamente no seu artigo 48º, que versa sobre Liberdades de Expressão e Informação, e à Lei de Imprensa (Lei 18/91 de 10 de Agosto). A Constituição é clara quando refere que “todos os cidadãos têm direito à liberdade de expressão, à liberdade de imprensa, bem como o direito à informação” e que “o exercício da liberdade de expressão, que compreende nomeadamente a faculdade de divulgar o próprio pensamento por todos os meios legais, e o exercício do direito à informação, não podem ser limitados por censura”. O relato dos actos da revolta da passada terça-feira era do interesse público, pois a mesma afectou negativamente vários sectores da sociedade moçambicana, tanto mais que na mesma ocasião que a revolta percorria as ruas do Grande Maputo, a comunicação por telemóvel tornou-se, estranhamente, difícil ou mesmo impossível. A forma como alguns órgãos de comunicação social se portaram, omitindo uma revolta evidente ou escamoteando a sua dimensão e as suas causas, sugere um cada vez maior controlo governamental sobre o sector. Esta governamentalização actua no sentido contrário ao plasmado na Constituição da República e na Lei de Imprensa, nomeadamente porque coarcta o acesso à informação. Avaliações recentes, como o espelha o Relatório de 2006 do MISA-Moçambique sobre Liberdade de Imprensa publicado no ano passado, mostram um crescente aumento da vigia das autoridades do Estado sobre os media, destacando-se a censura, o que em estado a deteriorar o ambiente de trabalho dos jornalistas.
O MISA-Moçambique e o CIP apelam a quem de direito para que se não intrometa no trabalho dos jornalistas e dos seus órgãos de comunicação social, por tal se traduzir em violação crassa à CRM e à Lei de Imprensa.
Maputo, 10 de Fevereiro de 2008
MISA-Moçambique e CIP
"Newspapers are owned by individuals and corporations, but freedom of the press belongs to the people",Anon
--
Ericino de Salema
MISA-Mozambique
Information and Research Officer
Telephone:+258-21-302833
Facsmile:+258-21-302842
PriCell:+258-82-3200770
Mobile: +258-82-7992520
In - Misa Moçambique e Moçambique Para Todos
.
Só nos resta acrescentar - LAMENTÁVEL, porque denigre a apregoada "democracia" moçambicana. E nos faz recordar o saudoso jornalista Carlos Cardoso e sua coragem indomável, atreita a qualquer submissão aos "poderosos" e a vaidades pessoais tão em uso na mídia impressa e virtual.
Não deixou, aparente e infelizmente, legatários de seu vasto, didático manual "O que é ser jornalista" ! Só algumas anêmicas tentativas de "plágio"...

8/14/09

Agência de Notícias da AIDS lança portal em Moçambique

Amiga diz-me via net: "Aqui em Lichinga as pessoas morrem como tordos. Expectativa de vida = 33 anos".

Leio no novo portal lançado em Moçambique da Agência de Notícias de Resposta ao SIDA: "O Governo acabou com os Hospitais de Dia sem nos auscultar. Não somos cabritos que eles podem mudar de pasto - Júlio Mujojo, secretário nacional RENSIDA".

A doença continua ampliando tentáculos por todo o Moçambique. A população mais atingida, por ser maioria pobre também em recursos de informação e combate, não dispôe de meios para se expressar e protestar a nível internacional. E sofre calada, conformada, "morrendo como tordos" ou "cabritos abandonados no pasto"...

O alheamento das autoridades moçambicanas é notório e chocante. Preocupam-se mais com as próximas eleições e a perpetuação do rentável "poder". E a "novela da vida" dramática de milhares de moçambicanos que sonham viver mais de 33 anos e ainda, com a verdadeira, almejada e nunca alcançada indepêndência, vai continuando num quotidiano onde se "criam" factos e notícias "auspiciosas" que poderão render ou comprar "votos" nessa "novela" sem-fim...

Chegou em boa hora esse portal. Que seja independente, útil e tão cáustico para com os responsáveis (ou irresponsáveis) pela saúde do cidadão moçambicano, como o é essa maldosa ou maldita SIDA para com o povo humilde e pobre!


  • Agência de Notícias de Resposta ao SIDA - Aqui!


  • Alguns post's deste blog que, ao longo do tempo, vêm focando o dramático tema HIV/SIDA em Moçambique - Aqui!

7/28/06

II FNCMT: Marcha contra SIDA no festival de Pemba.


O II Fstival Nacional da Canção e Música Tradicional prossegue hoje, no seu terceiro dia, com uma marcha contra o HIV/SIDA, a realizar-se esta manhã.
É uma manifestação que vai juntar todos os participantes a esta que é uma festa nacional e que reúne grupos provenientes de todo o país.
Sob o lema "Celebrando a Diversidade Cultural Livres do HIV/SIDA", os artistas vão demonstrar a sua solidariedade com os infectados e afectados pela enfermidade.
Será uma marcha que percorrerá as principais avenidas de Pemba, uma cidade que vai deixando clara, de dia para dia, a força de um festival desta dimensão.
Ontem, os artistas estiveram toda a manhã efectuando os ensaios para que hoje e nos dias subsequentes tudo corra de feição e, já no período da tarde, as actividades estiveram divididas entre a Casa de Cultura e o Estádio Municipal.
Aqui, notou-se, relativamente ao primeiro dia do festival, pouca aderência.
Contudo, tudo leva a crer, por aquilo que é tradição da cidade de Pemba, que hoje e amanhã haja uma verdadeira efervescência.
Até aqui todas as actividades decorreram na urbe, mas a partir de hoje a praia do Wimbe vai acolher a canção e música de todo o país, o que vai emprestar outro ambiente a esta estância, visivelmente com poucos turistas nesta altura do ano.
Alguém nos dizia que a fraca afluência de turistas na praia do Wimbe deve-se, em grande parte, à força atractiva das ilhas que ficam perto de Pemba, casos de Ibo, Mamize e outros centros de beleza extraordinária.
Mas, mesmo assim, no Verão as coisas ganham outra dimensão.
Entretanto, voltando ainda ao festival, apesar de ser ainda cedo para se fazer qualquer balanço substancial, os jornalista já se queixam da falta de condições para trabalhar.
Falava-se, por exemplo, da existência de computadores onde seria montada uma sala de Imprensa.
Esses computadores realmente existem, mas não têm impressoras e não estão ligados à Internet.
Outro constrangimento relaciona-se com o transporte, que nem sempre está disponível para a comunicação social, que precisa de se deslocar para os diversos locais onde se realizam actividades relacionadas com o festival.
Isso está a limitar, naturalmente, a possibilidade de se estar mais por dentro dos desenvolvimentos e a horas desejadas.
O próprio Ministro da Educação e Cultura, Aires Ali, reconheceu isso numa conferência de Imprensa que concedeu na última quarta-feira, mas adiantou que "tudo estamos a fazer para que no cômputo geral o resultado venha a ser positivo.
Foi difícil organizar este evento, como todos sabemos.
Tivemos alguns apoios, mas não tanto como desejávamos".
ALEXANDRE CHAÚQUE - Maputo, Sexta-Feira, 28 de Julho de 2006:: Notícias
===============
Artista desaparecido volta ao convívio.
Este é um episódio de riso.
De dor, também.
Em todos os cantos da cidade de Pemba, fala-se deste homem que, desaparecido no dia 23, dia da chegada da delegação da província de Gaza, regressou, já ao convívio dos seus, no dia 26.
Para alegria e gargalhada de todos.
Porque a estória ganha contornos de sátira.
Do inexplicável.
E muita gente já o diz: o verdadeiro festival aqui em Pemba, é V. S., tal é o seu nome.
Diz-se que em toda a sua vida, este personagem nunca tinha viajado de avião.
Ele foi um dos seleccionados para ir a Pemba participar no II Festival da Canção e Música Tradicional.
E para chegar aqui, tinha que ir de avião, fazendo-o, portanto, pela primeira vez.
É natural que não é só V. S. quem tem medo de avião.
Salazar, antigo chefe do governo português, também tinha e muita gente o tem.
Sendo assim, segundo se conta, num dos momentos em que a aeronave que transportava a delegação de Gaza trespassa nuvens densas e trepida, o homem borrou-se nas calças, dominado pelo medo, provocando, naturalmente, um ambiente desagradável por causa do cheiro.
Outros dizem que essa manifestação biológica de V.S., deu-se quando o avião ia a aterrar.
Sendo assim, olhando para o chão, o homem, com uma idade que ronda os 60 anos, assustou-se, ganhou medo e, acto contínuo, libertou involuntariamente as fezes nas calças.
É então que, chegados a Pemba, a delegação de Gaza foi alojada.
Mas ao longo do trajecto para o IMAP, onde estão hospedados todos os artistas, os colegas de V.S. foram-no vaiando, divertindo-se à custa do seu desgraçado medo.
E assim que, sentindo-se mal com aquela chacotada, resolveu dar uma volta pela cidade, onde terá procurado um local para beber algo.
Só que não voltou mais ao IMAP, indo parar, não se sabe muito bem como, em Mecufe, local que fica há 50 quilómetros da capital de Cabo Delgado.
Aventa-se a hipótese de V. S. ter feito essa distância à pé, pela costa, pensando, numa linguagem de brincadeira, que podia chegar a Gaza por aquele troço e sem precisar de nenhum meio de transporte.
Procuramos por ele na manhã de ontem, para com ele entabularmos uma conversa, mas questões adversas, que vão para além do nosso controlo, não nos possibilitaram trazer a história deste artista.
Mas prometemos trazê-la contada na primeira pessoa.
ALEXANDRE CHAÚQUE, na capital de Cabo Delgado
Maputo, Sexta-Feira, 28 de Julho de 2006:: Notícias
===============
Acidente mata duas pessoas.
A polícia da República de Moçambique (PRM) a nível da província de Cabo Delgado diz que não vai tolerar qualquer acto que possa perigar a segurança dos participantes do II Festival Nacional da Canção e Música tradicional, que decorre desde quarta-feira em Pemba.
Em causa está o acidente de viação que, no dia de abertura, vitimou, por atropelamento, dois jovens manchando em parte o primeiro dia deste evento.
A Polícia aponta como principal causa desde acidente a condução em estado de embriaguez e o excesso de velocidade por parte do automobilista.
Os malogrados são irmãos estudantes oriundos do distrito de Mueda.
Para além deste, o dia do arranque do festival registou mais três acidentes, dois dos quais envolvendo viaturas mobilizadas para o festival.
Contudo, segundo soube a AIM do director da Ordem e Segurança Pública da PRM em Cabo Delgado, Joaquim Nido, estes acidentes não provocaram vítimas a lamentar.
A PRM considera que o festival está a decorrer normalmente já que desde quarta-feira ontem ninguém teria aparecido a queixar-se de ter sido vítima de uma acção criminal, fora os acidentes acima mencionados.
"Não é dizer que tudo correu totalmente bem. Mas ninguém se queixou de ter sido vítima de alguma acção criminal fora os acidentes aqui mencionados contra os quais a Polícia vai continuar a trabalhar para desencoraja-los", disse o director da Ordem e Segurança Pública da PRM em Cabo Delgado.
A presença policial em Pemba é notória pelo menos em locais de maior concentração de pessoas, principalmente as ligadas ao festival, que termina domingo.
Maputo, Sexta-Feira, 28 de Julho de 2006:: Notícias

12/21/07

Moçambique - Bispos preocupados com democracia titubeante e incerta no país.

19-12-2007 16:05:00 - Diário Digital / Lusa - Os bispos católicos de Moçambique manifestaram-se hoje preocupados com o «turvo» ambiente político que se vive no país, afirmando que os cidadãos ainda se sentem «inseguros» devido a actual democracia «titubeante e incerta».
Em comunicado, os bispos da Conferência Episcopal de Moçambique afirmam que a Igreja Católica tem vindo a acompanhar a situação social do país, mas acham que, neste momento, ela está «mergulhada em mil e um problemas».
... «O ambiente político dá impressão de ser turvo, o que faz com que a nossa democracia se sinta titubeante e incerta no país e os cidadãos se sintam inseguros. Assim, apelamos aos fiéis para que sejam ´luz nas trevas e sal` nesta sociedade e se empenhem aceitando ir contra a corrente, remando na direcção da justiça, da verdade e do bem comum, custe o que custar», prossegue.
Na mesma nota, os clérigos demonstram ainda «preocupação» pela eventual «partidarização das instituições sociais e de direito ao acesso ao emprego, justamente aquelas que devem ser indicadoras e lugares da democracia numa sã sociedade».
Os bispos consideram também «gravosa» a situação das calamidades naturais, com todas as consequências daí decorrentes, designadamente a criminalidade e imigração e, sobretudo, a imigração clandestina.
«A criminalidade e a corrupção prosperam e levam-nos a perguntar se não terão a mesma fonte ou causa. Elas parecem não ter medo de ninguém!», acrescenta-se no comunicado.
«O flagelo do HIV/SIDA na nossa sociedade não deixa ou não deveria deixar ninguém com ilusões, pois, ele continua, e cada vez mais, ceifando vidas e fazendo desaparecer famílias inteiras», referem os bispos, que denunciam «a prostituição e a promiscuidade, quase institucionalizadas, são queiramos ou não os principais veículos do HIV/SIDA».
... «No entanto, somos também testemunhas do facto de que a vida do povo continua a ser dramaticamente dura, devido a graves carências de todo tipo e a deficiente capacidade de compra por parte do povo», apontam.
«O emprego escasseia e os preços, até de bens de primeira necessidade, sobem continuamente em todas áreas. Isto significa que o quanto se tem vindo a fazer em benefício do povo ainda está longe de responder satisfatoriamente as necessidade reais e mais urgentes das populações», concluem.
Contudo, no seu informe anual recentemente apresentado no parlamente, o Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, considerou «bom» o estado na nação, apontando, como exemplo, os «sucessos» alcançados pelo seu executivo nas várias áreas que ditaram crescimento económico em 8.8 por cento no primeiro semestre deste ano.
Leia a notícia integral aqui.

7/08/08

Luz e esperança no horizonte dos desfavorecidos - Os milagres do microcrédito no norte de Moçambique.

(Clique na imagem para ampliar. Imagem original daqui.)
.
06.07.2008, António Marujo, em Pemba - Os projectos de microcrédito promovidos pela rede Aga Khan no norte de Moçambique permitem reparar sapatos para vender em segunda mão, trazer água a crianças que andavam quilómetros para a obter. Algumas destas coisas fazem-se com uma centena de euros apenas.
Primeira de uma série de reportagens que publicaremos ao longo desta semana.
Na Ilha do Ibo, perto de Pemba, norte de Moçambique, Ancha, 30 anos e uma filha de 14, é uma das 15 mulheres da Associação de Floristas, criada com apoio de microcrédito.
Está a lavar e secar folhas de mangueira para os arranjos que se tornarão colares, bolsas, coroas. É a vida mais florida?
"Não tinha rádio, na minha casa, já tenho; não tinha brincos e já comprei. Há muitas coisas que estou a comprar. Primeiro comprei brinco, estou a comprar pratos."
O financiamento pedido por Saraiva Morossene Saguate, 40 anos, foi "um aleluia" na vida dele. Saguate trabalha em Pemba, nos serviços de emigração, mas o salário não chegava para a família - que inclui sobrinhos.
"Os meus filhos estudam na base disto aqui" e aponta para uma moagem que montou num barracão ao lado de casa.
Momade Buana tem um problema numa das pernas que não lhe permitia andar muito. Com 45 anos, já quase não podia trabalhar: a bicicleta, comprada com um pequeno financiamento, permite-lhe agora ir todos os dias para a fortaleza construída pelos portugueses na ilha do Ibo, em 1791. Com outros 24 colegas da Associação Fortaleza, faz peças em prata. E já teve bónus: "Comprei um rádio, um relógio."
Alifa Bakar, 42 anos, ri mais do que fala. É vendedora de bebidas e capulanas, de novo em Pemba. Ao lado dos panos coloridos, admite que, sem o empréstimo, não poderia ter os três filhos a estudar.
Irage Amisse, 38 anos, tem quatro filhos cujos estudos são garantidos pelo negócio da sua mercearia que, à noite, vira bar e discoteca. E há ainda os sapatos lavados e vendidos em segunda mão de Assime Chale, os desejos de Rahim Bangy ou o olhar perspicaz de Carlos Matiquite.
Há pequenos nadas que podem trazer toda a esperança do mundo a algumas vidas. Na província de Cabo Delgado, que faz fronteira com a Tanzânia, a Rede Aga Khan para o Desenvolvimento tem operado essa transformação através de duas das suas agências. Em Pemba, isso é feito pela Agência Aga Khan para o Microcrédito, na ilha do Ibo a responsabilidade é da Fundação Aga Khan. No caso da agência, são 400 mil dólares (mais de 250 mil euros) distribuídos em pequenos financiamentos, que têm permitido a criação de pequenos negócios.
Empréstimo de 170 euros - A mudança, para Amisse Chale, 34 anos, já é grande. É vendedor de sapatos em segunda mão no mercado do bairro Natite, no centro de Pemba, definido por algumas ruas de edifícios em tijolo e cimento. Fora dali, predominam os bairros de palhotas, vários deles com vista para a larga baía de Pemba. Na cidade, vivem cerca de 160 mil habitantes. Casado, com três filhos, Amisse Chale vendia calçado na rua. Agora, o cliente pode circular entre as prateleiras e escolher diferentes modelos de sandálias, sapatilhas, chinelos ou sapatos. Como novos: "Vêm sujos, de nem saber que marca é. Começamos por lavar. Depois de lavar é que distinguimos o preço: esse é de 500, 600..."
Pediu emprestados seis mil meticais (à volta de 170 euros) e com isso comprou um espaço para uma barraca no mercado.
"Pedi, paguei, já pedi um segundo empréstimo de dez mil e um terceiro de mais nove mil; agora estou a pensar num novo empréstimo de 20 mil para criação de galinhas, pintos. Assim estou avançando com a minha vida."
Amisse já deu emprego a seis pessoas, a quem paga perto de 90 euros. O dinheiro ainda chega para que a mulher, com 27 anos, possa completar o 12º ano.
No bairro Cariocó, a moagem de Saraiva Saguate permite-lhe sustentar um pouco melhor os nove filhos e sobrinhos - ficou a tomar conta deles quando um irmão morreu. Um vizinho acaba de chegar com um saco de 30 quilos de milho para moer. Pagará 30 meticais. Se fosse comprado e moído por Saguate, o milho custaria entre oito a dez meticais o quilo. "O milho tem procura, porque é o nosso pão." Hoje, por ser domingo, é o filho que coloca os grãos na máquina para a "farinhação". Durante a semana, três empregados a dois mil meticais cada garantem o serviço.
A casa de Saguate são duas, com um pátio no meio, onde há mangueiras, bananeiras e cocos - para consumo próprio, às vezes para vender. Algum lixo, um sofá velho num dos terraços térreos. A moagem está colocada num pequeno anexo.
Saguate quer comprar agora uma máquina de descasque de arroz e outra de pilar o milho. Irá bater de novo à porta do microcrédito. A primeira vez que ouviu falar do programa "foi um aleluia". Ganha oito mil meticais (230 euros) no emprego, pouco mais que um salário mínimo. Pediu dez mil. "Consigo pagar e tenho ficado com alguns trocos."
Carlos Matiquite, 29 anos, é o supervisor do programa, a trabalhar com o microcrédito há quatro anos. E, nesta curta visita, já percebeu que tem que ter cautelas especiais na concessão de um novo empréstimo a Saraiva Saguate. Para garantir que o dinheiro é aplicado para desenvolver a actividade e não apenas em comida para a família extensa.
"É por essas razões que se fazem muitas conversas com os mutuários, antes de conceder os empréstimos, para avaliar quando custa a máquina, que água e luz se pode gastar, quanto se pode ganhar", diz Rahim Bangy, responsável pelo programa de microcrédito de Pemba.
.
Banco rural.
Rahim Bangy tem um desejo: "Quero ver Pemba cheia de placas." Depois de ter deixado o cargo de director-geral numa empresa em Luanda, em Janeiro de 2006, Rahim está muito contente com a experiência. Apesar da realidade que o cerca: o analfabetismo de 70 a 80 por cento da população, dez por cento de gente infectada pelo HIV/sida na província (a nível nacional, chega aos 16 por cento), um salário mínimo inferior a 50 euros.
Mesmo assim, a decisão de trocar a baía de Luanda pela de Pemba "foi provavelmente a melhor opção" que Rahim tomou nos últimos anos, diz.
"Como muçulmano ismaili, é um orgulho trabalhar para a rede. É estar mais perto dos ideais traçados por sua alteza [o Aga Khan, líder espiritual dos ismailis] das suas linhas orientadoras, da ética e de poder fazer a diferença no dia-a-dia. Também cresci e fico feliz por assistir à evolução de centenas de pessoas que hoje vivem melhor e sonham com mais.
"Rahim é um dos 35 muçulmanos ismailis de Pemba - na comunidade religiosa é o kamadia saheb, segundo ministro de culto. Cabo Delgado, província que tem Pemba como capital, é dominado pelo islão sunita, como todo o norte do país. Mas o microcrédito não olha à cor religiosa.
- Continua acima... - (extraído de PÚBLICO.pt - 06.07.2008 via Moçambique Para Todos.)

10/21/05

HIV - Campanha em Moçambique.

HIV em Moçambique - Campanhas devem aliar informação à cultura.

Presidente moçambicano admitiu falhas na luta contra a sida no país.
O presidente moçambicano defendeu ontem a necessidade de se reformularem os conteúdos das mensagens nas campanhas de luta contra a sida em Moçambique e a sua adequação aos comportamentos das diferentes comunidades do país.
“As campanhas de prevenção revelam as suas próprias limitações”, admitiu Armando Guebuza na abertura do VII curso de formação pan-africano sobre o programa de controlo, prevenção e tratamento contra o HIV, que arrancou em Maputo.
“A informação e a educação quando não são articuladas com o conhecimento, tradição e cultura das populações aparentam não surtir os efeitos desejados na redução das taxas de prevalência da doença”, sublinhou.
Infectados 19 por cento de adultos.
Dados oficiais indicam que 16 por cento da população adulta de Moçambique (entre os 15 e 49 anos) está infectada pelo HIV.
De acordo com os mesmos dados, 95 por cento dos casos de infecção resultam de relações sexuais desprotegidas.
Para reverter a situação, Guebuza considerou pertinente a unificação de esforços, recursos e capacidades para reforçar a prevenção, tratamento e mitigação dos efeitos da sida no país.

1/24/07

Moçambique - Objectivos governamentais continuam a falhar.


O Estado moçambicano continua com grandes dificuldades em contribuir para o desenvolvimento humano no país.
Com um Plano Quinquenal longo, sinuoso e vago, reduziu a discurso as estratégias de combate à corrupção e mantêm obscuras as políticas de combate à pobreza absoluta, acusa relatório divulgado pela Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (LDH) há dias em Maputo.
A falta de transparência na administração, o despreparo e a falta de conhecimentos de administração, para além da ineficiência do sistema de fiscalização e monitoria na gestão governativa, são, de acordo com LDH parte das razoes que contribuem para o fraco desempenho dos planos que tem sido traçados desde, 1992, aquando do Acordo Geral de Paz.
Em finais de 2006 soube-se, em função de um relatório internacional, que Moçambique é dos países africanos que está a registar grandes avanços económicos, apesar de não produzir petróleo. Entendidos iam mais longe, acreditando que o país estava a caminhar num ritmo galopante, sem comparação a nível mundial.
O Relatório da LDH, que faz uma abordagem mundial, sustenta que dois principais problemas inquietam a população moçambicana.
Nomeadamente, o enriquecimento ilícito de minorias ligadas ao poder e a ausência de políticas públicas impulsionadoras de um rendimento familiar capaz de promover vida economicamente estável.
O principal desafio do Presidente da República, Armando Guebuza, e seu Executivo é indubitavelmente o combate à pobreza absoluta.
Apregoado a nível das bases e por grande parte dos dirigentes do Estado este projecto não é visto por todos com bons olhos.
Determinados círculos de opinião acreditam que é preciso demonstrar e flexibilizar os mecanismos pelos quais este projecto se vai servir para atingir as suas respectivas metas.
“Como desafio ao combate à pobreza absoluta foram identificados as seguintes áreas como sendo prioritários: Educação, Saúde, Agricultura, Infra-estruturas e as regiões com desenvolvimento relativamente baixo”, indicam os dados.
A desigualdade de oportunidades e a generalização de salários extremamente baixos tendem a ser a principal causa da pobreza absoluta.
Esses factores constituem o maior empecilho na concretização das metas propostas tanto na esfera do governo central como na esfera local.
No que toca as principais doenças, o relatório refere que a malária, HIV/SIDA, cólera, e diarreias endémicas continuam sendo os maiores problemas de saúde e principais causas de mortalidade em Moçambique.
Das mulheres grávidas, 20% são portadoras do parasita da malária e de 15% a 30% das mortes maternas resultam disso.
A população moçambicana é calculada em 20 milhões, das quais cerca de 13 milhões vivem no campo e sobrevivem graças a uma agricultura de subsistência praticada com métodos rudimentares e em pequena escala.
De acordo com o relatório a vida na periferia das cidades e no campo é fortemente caracterizada pela ausência de Estado.
À medida que se caminha para fora de Maputo, capital, o Estado vai gradualmente enfraquecendo a sua actuação, presença e efectividade na vida dos cidadãos.
Os dados acrescentam que o Estado desenhou várias reformas para o sector judiciário em 2006. Das principais interessa citar a expansão do Tribunal Administrativo, realização de fóruns com a media, faculdades de direito e divulgação de brochuras para informar a população sobre seus direitos, além de conceber assistência jurídica gratuita a indivíduos pobres.
Porém, os dados lamentam que “o Instituto do Patrocínio e Assistência Jurídica, criado pelo Estado para oferecer uma assistência jurídica gratuita, acabou transformando-se numa espécie de sociedade onde técnicos e assistentes jurídicos chegam a cobrar valores como se fossem advogados, embora seja um serviço público”.
O relatório adianta que Portugal é um dos 17 Parceiros do Apoio Programático de Moçambique com uma contribuição anual de 1,5 milhão de dólares.
Boaventura Mucipo Júnior - In "O País OnLine" - 22/01/07

7/22/06

II FNCMT: Pemba cada vez mais pequena para acolher Festival Nacional.


A capital provincial de Cabo Delgado já se sente pequena, quando daqui há quatro dias irá acolher o segundo evento cultural mais importante desde a Independência: trata-se do II Festival Nacional da Canção e Música Tradicional. E o que está acontecer, deixa a sensação de só agora é que se aperceberam, os organizadores, de que, na verdade, o acontecimento terá lugar na sua casa.
Na última semana esteve em Pemba o Ministro da Educação E Cultura, Aires Ali, numa visita cirúrgica de menos de um dia, para observar as condições criadas para o evento.
Um dia antes, Lázaro Mathe, governador de Cabo Delgado, esteve igualmente envolvido de forma intensa na verificação dos detalhes que envolvem o II Festival Nacional de Canção e Música Tradicional.
Na verdade, e de acordo com a opinião dos munícipes de Pemba, nada indica que vai ser esta urbe a acolher tão grandioso evento, tendo em conta que todos os locais que vão acolher as exibições dos artistas nacionais continuam como sempre foram.
Está-se à espera da capacidade de improvisão, que parece estar a ganhar terreno no Executivo provincial nos últimos tempos, como acontece quando se aproximam as visitas presidenciais e outros actos de grande nível.
A directora provincial da Educação e Cultura de Cabo Delgado, Antuia Sovereno, confrontada com este estar de coisas minimizou a situação garantindo que tudo estava a ser feito pelo Executivo para que a escolha da província não venha a decepcionar aqueles que apostaram nela. Mas ainda há uma necessidade do envolvimento de todos os munícipes, considerando que a responsabilidade é de todos nós, toda a sociedade, ressalvou Soverano num debate havido quinta-feira passada.
Aquela governante disse que as condições para o alojamento e alimentação para as delegações estão garantidas.
Segundo disse, os artistas estarão todos alojados no Instituto do Magistério Primário, no bairro do Alto Chingone, os quadros do Ministério da Educação e Cultura no Complexo Caracol e os membros do Conselho de Ministros e alguns governadores que manifestaram o interesse de acompanhar as suas delegações, no "Pemba Beach Hotel".
A cerimónia de abertura do festival será efectuada pelo Presidente da República, Armando Guebuza, na manhã de 26 de Julho, quarta-feira próxima, que consistirá na exibição de valores culturais por parte de alguns distritos da província anfitriã, ginástica massiva por parte de alunos das escolas de Pemba, entre outras actividades.
Questionada sobre o conteúdo do próprio festival, em função do que estava preparado, a directora provincial da Educação e Cultura disse que para além da exibição cultural, terão lugar palestras sobre o HIV//SIDA, pelo menos uma marcha de sensibilização contra a pandemia, exposição de instrumentos tradicionais de música, que vão ser trazidos pelas delegações provinciais e uma gastronomia de pratos típicos da região que acolhe o evento.
Estima-se que 700 pessoas, entre artistas, dirigentes e jornalistas, estarão em Pemba, para o que várias subcomissões foram criadas para atender as especificidades de cada um dos grupos e para a Imprensa foi criada uma sala de trabalho e outra para as conferências de Imprensa.
Maputo, Sábado, 22 de Julho de 2006:: Notícias

10/21/05

Mocimboa da Praia...ainda ! - X

POR SUPOR-SE SER O LÍDER DOS DESACATOS DE MOCÍMBOA DA PRAIA, Frelimo quer expulsão do deputado da Renamo da Assembleia da República.

Maputo -Continua a haver colisão entre os dois principais partidos moçambicanos: a Frelimo e a Renamo.
Ontem, no plenário e antes da ordem do dia que daria continuidade às perguntas ao Governo, a
bancada parlamentar da Frelimo voltou a desobstruir a ferida referente aos desacatos de Setembro último, em Mocímboa da Praia, os quais ceifaram mais de uma dezena de vidas humanas e contabilizaram cinquenta feridos, sendo todos referentes à população civil.
A Frelimo, algo que cheira ao pontapear da Lei- Mãe, é pela expulsão, da Assembleia da República (AR), do deputado da Renamo e representante político deste partido em Cabo Delgado, por supostamente ter liderado os desacatos da pacata vila de Mocímboa da Praia.
Armindo Milaco, ainda de acordo com o partido no poder, foi quem rebentou com as hostilidades, pois coube ao mesmo a tarefa de atiçar o fogo para que se empossasse Saíde Assane, candidato da Renamo, derrotado na eleição intercalar de Maio pretérito.
Com efeito, de acordo com fontes oficiosas, Assane perdeu o escrutínio por uma margem ínfima: 5%, pois ficou com 47% enquanto que o candidato da Frelimo, Amadeu Pedro, arrecadou 52%.
A "perdiz", na hora, disse que os resultados estavam adulterados e prometeu não reconhecer o resultado do escrutínio, facto que a levou a empossar o seu "edil", na localidade de Nanduada, a quatrocentos quilómetros da capital provincial, Pemba.
O facto foi presenciado por alguns populares, bem como por alguns membros da Renamo idos de Maputo.
Porém, os desacatos envolvendo a polícia, simpatizantes da Renamo e da Frelimo, teriam supostamente sido gerados pela criação do Governo paralelo e Milaco, tudo fez para que a manifestação ganhasse corpo.
Dadas as acusações e a pretensão de expulsar o seu deputado da AR, a "perdiz" não cruzou os braços.
Retribui pela mesma moeda e disse alto e em bom tom que, se houve hostilidades e morte de inocentes em Mocímboa da Praia, é porque a Frelimo tomou vanguarda nelas e é a "principal responsável" pelo sucedido.
O acalmar dos nervos de ambas as bancadas só foi possível com a intervenção do presidente da AR, Eduardo Mulémbwè. O mesmo chamou os deputados à razão ao explicar-lhes que deviam olhar ùnicamente para a discussão da ordem do dia, a qual levou de volta os ministros da Saúde e de Finanças, Paulo Ivo Garrido e Manuel Chang, respectivamente.
Na discussão de ontem, tal como na da quarta-feira última, voltaram à tona as questões referentes à dívida ao Tesouro, que ainda não foi paga e que os responsáveis seriam algumas pessoas ligadas à nomenklatura política hodierna.
No que se refere à Saúde, a questão referente à pandemia do HIV/SIDA é que foi predominante. A Renamo quis saber de Garrido quais é que eram as perspectivas do Governo com vista a diminuição do número de pessoas infectadas por esta doença.
Paulo Ivo Garrido reconheceu haver muito que fazer para inverter o cenário e aconselhou para que a mitigação daquela doença não fosse vista como tarefa do Governo, mas sim de todo o povo moçambicano.
Laurindos Macuácua

Texto extraído do: DIÁRIO DE NOTÍCIAS - Sexta-feira, 21 de Outubro de 2005 – Edição nº 505
Propriedade: Media - Jornalistas Associados Limitada
Redacção e Administração:
Rua da Resistência, Nº1141, 1ºAndar – Maputo - Moçambique
Telefone: 21414391

Fax: 21414390
E-mail:
diariodenoticias@tvcabo.co.mz

11/30/05

Mocimboa da Praia...ainda ! - XII

Armando Guebuza discursa sobre o estado da nação Moçambique.

O presidente moçambicano apelou hoje ao país para «ficar atento a todo e qualquer acto contra a unidade nacional», numa referência aos confrontos de Agosto em Mocímboa da
Praia, mas classificou como bom «o Estado da Nação».
Na sua primeira comunicação ao país sobre «o Estado da Nação», na Assembleia da República, desde que assumiu a Presidência da República em Janeiro deste ano, Armando Guebuza acusou a utilização do «tribalismo» na violência política registada em Agosto último no município da Mocímboa da Praia, incidentes que, disse, «mancharam a jovem democracia moçambicana». Os confrontos a que aludiu, entre membros da FRELIMO, no
poder, e da RENAMO, o maior partido da oposição, devido a um diferendo na eleição do presidente do município local, resultaram na morte de sete pessoas, 50 feridos e a destruição de diversas propriedades. Apesar dessas escaramuças, Armando Guebuza disse que ao longo dos primeiros nove meses do seu magistério, o povo moçambicano reafirmou o seu «nunca mais à guerra e a necessidade da consolidação da paz e da unidade nacional».
Guebuza sublinhou ter verificado nas visitas pelo país o empenho da população na luta contra a pobreza absoluta, mas também «situações preocupantes, umas devido à condição de país pobre e outras devido ao burocratismo, espírito de deixa-andar, corrupção, crimes e doenças endémicas». O presidente moçambicano apontou o flagelo da seca que ameaça 800 mil pessoas, sobretudo no centro e sul, frisando que a situação contribuiu para o desempenho negativo da campanha agrícola 2004/2005. Na sua radiografia sobre o país, a espaços muito aplaudida pelo partido do Governo, a FRELIMO, e acompanhado em total silêncio pela RENAMO-União Eleitoral, Guebuza falou também do impacto do HIV/SIDA, que «é mais do que um problema clínico (...) Gerando-se e multiplicando-se em situação de pobreza, é ela própria (a SIDA), numa proporção geométrica, geradora de mais pobreza».
No seu discurso de 22 páginas, o chefe de Estado moçambicano referiu-se igualmente à vulnerabilidade da economia moçambicana a choques externos e internos, que este ano resultaram no aumento do preço dos combustíveis e na desvalorização da moeda moçambicana. «A evolução pouco favorável do preço de petróleo no mercado internacional agravou a vulnerabilidade de pequenas economias abertas, que dependem totalmente da importação de combustíveis, como Moçambique», enfatizou Armando Guebuza.
Reagindo ao informe do chefe de Estado, a RENAMO-União Eleitoral, através do deputado Eduardo Namburete, considerou-o «superficial e omisso em relação a aspectos vitais, como o combate à criminalidade, corrupção e reorganização do sistema judicial». «Esperávamos um pouco mais do informe do presidente, mas omitiu informações vitais sobre aspectos como a criminalidade, corrupção e funcionamento do sistema judicial», acusou ainda Namburete. Por seu turno, o porta-voz da bancada parlamentar da FRELIMO, Feliciano Mata, descreveu como «bastante positiva e construtiva a informação do chefe de Estado, não só no diagnóstico do país, mas também na indicação de caminhos para o futuro».

18:04 30 Novembro 2005
Via: "EXPRESSO África"

11/04/05

Moçambique - Sida & Mensagens inúteis...


Transcrevo do sempre oportuno e atuante "Maschamba":

Este "Toni" é a página de banda desenhada que integra a TVzine, a revista da programação da Tvcabo moçambicana, uma das poucas revistas do país.
O que chama a atenção para esta bd não será a sua reduzida qualidade estética.
Enfim, é uma tentativa.
O que o torna absurdo é a mensagem.
Em 2005 a continuação de uma campanha contra o SIDA assente no apelo à abstinência sexual. Como a reprodução é má eis algumas das deixas do tal "Toni":
"Vocês devem abster-se do sexo. São muito jovens e ..."
... "Não praticar relações sexuais é o único método seguro para evitar DTS HIV/SIDA e gravidez indesejada".
O Sida é uma praga, um drama terrível em Moçambique.
As campanhas de sensibilização parecem falhar (parecem pois as percentagens de infectados continuam a aumentar. Mas que seria sem elas?).
Nesta situação muitos procuram disseminar mensagens de sensibilização e mensagens de esperança.
Mas não será já tempo de perceber quais as mensagens inúteis?
E, pior, quais as mensagens contra-producentes?
Campanha pela abstinência sexual?
Afirmar o preservativo como inseguro?
Talvez inconsciência do desenhador, talvez ecos dos fundamentalismos cristãos.
Mas a roçar o inaceitável.
E a direcção da revista que diz?

12/18/07

Diversificando - HIV/SIDA... Nunca é demais falar !

A SIDA é um dos grandes entraves ao desenvolvimento do continente africano.
O mal é geral, espalha-se um pouco por todo o continente.
Mas a SIDA tem dado ainda mais preocupação a sul, em países como África do Sul, Suazilândia, Botswana e Moçambique.
É a primeira causa de morte em África e o grande obstáculo ao desenvolvimento do continente da «terra vermelha». (Fonte TVI)
O sucesso no combate ao IHV/Sida é de responsabilidade de governos, educadores, lideres políticos, religiosos e de todos nós, mínimamente esclarecidos, que deveremos informar e ensinar a prevenir as futuras gerações.
É muito fácil contrair o vírus. Díficil é combater e conscientizar.
Existem no mundo mais de 33,2 milhões de infetados.
Será que estamos preparados para essa luta ?
- Conheça este portal - aqui !
- E este video:
(Para evitar sobreposição de sons, não esqueça de "desligar" a "Last.FM" no lado direito do menu deste blogue.)
  • HIV/SIDA neste blogue - aqui !

6/23/09

Ronda pela imprensa moçambicana em vésperas de eleições: Guebuza "vira o disco e toca o mesmo" !

Guebuza repete o mesmo discurso do passado e dos “sucessos”: [António Frangoulis e António Niquece, ambos deputados pela Frelimo, concordam que o informe ontem apresentado pelo chefe do Estado no Parlamento, é repetição do que o Governo foi dizer aquando das respostas às perguntas dos deputados, e justificam que não podia ser informe diferente, pois “ele é o chefe do mesmo governo”.]; [A Renamo boicotou o informe do chefe do Estado, justificando que “Guebuza e o seu partido estão a combater o diálogo democrático no país”, por isso “a Renamo não coabita com pessoas que a princípio excluem os demais partidos democráticos”.]

Maputo (Canal de Moçambique) – Armando Guebuza despediu-se ontem do Parlamento. Esteve na Assembleia a prestar o seu último informe sobre o estado geral da Nação e não disse nada de novo. Repetiu o que os ministros do seu governo estiveram a dizer aos representantes do Povo na última sessão de perguntas ao Governo.

A informação de Armando Guebuza, que para além de chefe de Estado é também presidente do Partido Frelimo, foi essencialmente uma repetição dos discursos que apregoam “sucessos alcançados pelo executivo sob sua liderança”, os mesmos que vêem sendo propalados desde o início de Abril do presente ano, quando o governo tornou público o balanço de meio-termo do presente quinquénio que afinal de contas termina já daqui a meses dado que estão já agendadas para 28 de Outubro as 4.ªas Eleições Gerais (Presidenciais e Legislativas) que desta vez decorrerão em paralelo com as 1.ªs Eleições para as Assembleias Provinciais.

Guebuza não disse mais nada para além do que tem sido propalado pelos seus ministros em todas ocasiões que têm a oportunidade de falar ao público. O que ontem o chefe do Estado fez também não foi mais do que o resumo do que foi dito pelos seus ministros nos dias 3 e 4 de Junho corrente quando estes foram ao parlamento responder às perguntas dos deputados sobre o grau de cumprimento do plano quinquenal do governo.

Sobre os célebres “7 milhões”: Sobre os já muito falados “7 milhões” o chefe de Estado repetiu o jargão que já se tornou useiro e vezeiro. “Com os sete milhões iniciámos uma mudança de paradigma de desenvolvimento, onde o beneficiado passou a ter o papel de protagonista neste processo”, disse Armando Guebuza. Referiu-se igualmente aos sucessos alcançados com a locação dos “célebres” 7 milhões aos distritos e repetiu o discurso de êxitos: “emergência de pequenos empresários locais de agro processamento...; início de prestação de mais serviços a nível do distrito; aumento de produção, da produtividade e de áreas de cultivo...”. Não fez qualquer menção aos protestos que em presidências abertas lhe têm sido dados a conhecer, pelos oradores em comícios, sobre o uso dos tais sete milhões anuais que já por mais de uma ano consecutivo andam a ser distribuídos pelos 128 distritos do país.

Abastecimento de água: Sobre água o presidente da República disse que “a taxa de cobertura em abastecimento nas zonas rurais subiu de 40%, em 2004, para 52%, em 2008”.

Adversidades: Como obstáculos enfrentados pelo País durante o mandato em que ele é guia
os destinos da nação, Armando Guebuza falou da “crise de petróleo, subida do preço dos cereais, actual crise financeira”, actos de xenofobia na Africa do Sul,” no plano externo. Enumerou depois as “calamidades naturais cíclicas, queimadas descontroladas, explosão do paiol de Mahlazine”, como sendo os obstáculos internos que travaram o desenvolvimento do país.

Para não variar, ressalvou que apesar dos constrangimentos não houve crise: “...implementámos medidas intersectoriais que resultaram na mitigação dos efeitos dessas perturbações e crises”.

Na Educação fala de quantidade e não de qualidade: Guebuza falou entretanto do aumento de número das escolas do ensino geral. Segundo ele foi de cerca de 10 mil, em 2004, para 12 mil em 2008. Acrescentou que aumentou o número de ingressos: de cerca de 4 milhões, em 2004, para 5 milhões, em 2008. Falou ainda dos 7 mil profissionais graduados em escolas de ensino técnico profissional até 2008, contra cerca de 4 mil graduados até 2004; aumento de 17 instituições de ensino superior de 2004 para 38 instituições da mesma categoria de ensino em 2008. Foi assim que o chefe do Estado abordou o actual estado da educação no país, sem tocar na componente qualidade que é largamente e assumidamente tida como “péssima” pelos cidadãos deste país.

Saúde: No sector da saúde, Guebuza reclamou sucesso no combate à malária, tuberculose, eliminação da lepra, pronta resposta às altas taxas de infecções das populações pelo HIV/Sida. “Pela primeira vez nos últimos 20 anos, o número de casos de malária e de mortes por esta doença registou uma redução progressiva”, disse.

Na mesma tónica de reclamar sucessos alcançados durante a sua governação, Guebuza falou do equilíbrio de género, assistência social aos necessitados, agricultura, combate à criminalidade, corrupção, medidas de profissionalização da administração pública, transportes, comunicações, cultura, desporto...

Repetiu o que o governo disse: António Frangoulis e António Niquice, ambos deputados da Frelimo, disseram ao «Canal de Moçambique» estarem satisfeitos com a exaustividade do informe do ontem prestado pelo Chefe do Estado, tendo concordado, no entanto, que o mesmo “não diferiu, no essencial, do que foi dito pelos membros do Conselho de Ministros” quando entre 3 e 4 de Junho corrente foram ao Parlamento responder às perguntas dos deputados.

“Visto que ele é chefe do Governo, não podia dizer algo muito diferente em relação ao que foi dito pelo governo quando esteve cá” para responder às perguntas dos deputados, disse Frangoulis quando questionado pelo «Canal de Moçambique» se encontrava diferença entre o informe do presidente da República e o balanço feito no Parlamento pelo governo há 20 dias.

“Na essência não há diferença, afinal o governo fez o balanço do quinquénio e o chefe do Estado também fez o mesmo, com a diferença dele (Guebuza) ter falado de tudo”, enquanto “os ministros cada um falou da sua área”, disse António Niquice, também deputado pela Frelimo, quando lhe colocámos a mesma questão.

“Não coabitamos com alguém que nos exclui”: Esta foi a justificação dada pelo porta-voz da Bancada da Renamo-União Eleitoral, José Manteigas, quando questionado pelo «Canal de Moçambique» sobre as razões que levaram a sua bancada a faltar à sessão plenária de ontem na AR que se destinou exclusivamente a ouvir o informe de presidente da República.

“A bancada parlamentar da Frelimo recusa sempre as nossas propostas. A bancada da Frelimo nunca quis dialogar com a Renamo, sempre recorre à maioria para esmagar as nossas opiniões, e o líder máximo desta bancada é o senhor Guebuza. O Aparelho de Estado está tomado e partidarizado e o promotor de tudo isto é o senhor Guebuza. Guebuza e seu partido estão a matar o diálogo político no País. Só serve o que a Frelimo diz, por isso decidimos não nos fizemos presentes ao seu informe, pois não queremos coabitar com pessoas que a princípio nos excluem”, disse José Manteiga explicando ao nosso jornal as razões que fizeram com que a Renamo-UE boicotasse o último informe do chefe do Estado à nação.

O próximo informe à nação será proferido pelo presidente que for eleito a 28 de Outubro/2009.
- Borges Nhamirre, Canal de Moçambique-Ano 4 - N.º 847 Maputo, Terça-feira, 23 de Junho de 2009.

5/19/09

"Passando" por Chiúre anotei...

Energia da EDM chega a Chiúre - O distrito de Chiúre, em Cabo Delgado, passa a partir de hoje, a estar integrado à rede nacional de energia da Electricidade de Moçambique (EDM), no âmbito da execução da segunda fase do projecto de electrificação da província de Cabo Delgado, que vem sendo implementado há três anos.

O Presidente da República, Armando Guebuza, que cumpre precisamente em Chiúre a última etapa da sua presidência aberta a Cabo Delgado, irá proceder à inauguração do novo sistema de fornecimento da electricidade àquele distrito a sul da província. O projecto da EDM para electrificar Cabo Delgado compreende a construção de subestações e de linhas de transporte de alta, média e baixa tensão, entre outras condicionantes para que a província seja provida de energia da rede nacional. Com efeito, foram investidos 10,75 milhões de dólares norte-americanos, maioritariamente disponibilizados pelo Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico de África (BADEA).

Tal como na maioria das regiões do país ainda não ligados à rede da EDM, o distrito de Chiúre vinha sendo provido de electricidade por um grupo gerador a diesel, o que se tornava oneroso para o Estado e demais consumidores. A energia chega ali a partir da subestação de Metoro, construída no vizinho distrito de Ancuabe e transportada numa linha de média tensão de 32 quilómetros, mais outros 11,33 de média e baixa tensão. Foram montados 106 candeeiros de iluminação pública e projecta-se 220 novas ligações.

Entretanto, o Presidente Armando Guebuza termina hoje a sua visita aberta à província de Cabo Delgado depois de trabalhar sucessivamente nos distritos de Metuge, Palma, Meluco e Ancuabe, onde trabalhou com as autoridades locais e manteve encontros directos com a população, que em comícios colocou as suas preocupações ao Chefe do Estado.

Ontem, em Ancuabe, Armando Guebuza defendeu que a diversidade e a unidade nacional são uma importante arma no combate à pobreza, evocando como exemplo a figura de Eduardo Mondlane, primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). Dirigindo-se à população, o Guebuza referiu que Mondlane “ensinou-nos que Moçambique tem muitas tribos, muitas regiões e muitas raças. Mas todas essas diferenças apenas nos enriquecem e nos tornam mais capazes de enfrentar os perigos da vida e não só isso”.

Desde que iniciou as suas visitas abertas aos distritos, Guebuza faz questão, segundo o enviado da AIM, de dedicar todas as ofertas recebidas das populações às crianças órfãs e vulneráveis, bem como às pessoas infectadas com o vírus do HIV/SIDA e que se encontram muito debilitadas para trabalhar e garantir o seu próprio sustento.

Guebuza tem recorrido ainda, nos encontros com a população, às suas frases favoritas, afirmando que “a pobreza que estamos a enfrentar não é um castigo de Deus. Não é um castigo divino”.
Por isso explicou que o Governo moçambicano concedeu sete milhões de meticais (Fundo de Investimento de Iniciativas Locais, FIIL) a cada um dos 128 distritos existentes em Moçambique para permitir que, ao nível dos distritos, as populações tentem procurar soluções para acabar com a pobreza, bem como aqueles que impedem o desenvolvimento. - Maputo, Terça-Feira, 19 de Maio de 2009:: Notícias.