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11/22/13

Jornalista Carlos Cardoso - Assassinado hà 13 anos!


- Alguém se lembra ainda do Jornalista/combatente da corrupção CARLOS CARDOSO, assassinado em Maputo-MZ no dia 22 de Novembro de 2000?
- Corrupção em Moçambique aumentou nos últimos 3 anos, segundo relatório apresentado pela Transparência Internacional.
- Jornalista moçambicano Carlos Cardoso (1951-2000)

"""...Então
com a raiva intacta resgatada à dor
danço no coração um xigubo guerreiro
e clandestinamente soletro a utopia invicta
À noite quando me deito em Maputo
não preciso de rezar
já sou herói...
-Trecho do poema "Cidade 1985", de Carlos Cardoso.

O jornalista Carlos Cardoso tinha em suas mãos três armas poderosas, que usava contra os corruptos, os inimigos da jovem, frágil democracia de Moçambique, os obscuros líderes do crime organizado e usurpadores em geral: Um raro faro investigativo, uma escrita ferina e direta e um jornal. Foi com esses três ingredientes que ele fez de seu diário-fax um dos mais respeitados de toda a África descobrindo e denunciando crimes, escândalos e falcatruas. Cardoso tornara-se a voz dos que não a tinham. Estas armas contudo iriam se mostrar inofensivas contra as utilizadas por seus inimigos.

No dia 22 de novembro passado ele deixou as dependências de seu jornal Metical pouco antes das dezenove horas, após fechar a edição do dia seguinte. Era uma quarta-feira em Maputo (antiga Lourenço Marques), capital de Moçambique. Esta época do ano é propícia a chuvas nesta região do continente africano, mas o dia havia sido ensolarado e o calor dava lugar agora a um pouco da brisa morna e úmida, vinda da baía de Maputo. As ruas e arquitetura da cidade são, em muitos aspectos, semelhantes às de outras cidades, de outros países colonizados pelos portugueses, o Brasil incluído. Até mesmo os nomes de ruas são os mesmos aqui e ali: Rua Marquês do Pombal, Avenida Fernão de Magalhães, etc...

Quem não quer ser assaltado ou roubado numa rua de Maputo, não deve ostentar. Jóias e equivalentes deixam a idéia de riqueza, esbanjamento. Um convite ao assalto. Até nisso há semelhanças com outros lugares. O trânsito também é caótico e indisciplinado. A diferença é que lá ele é regido pela "mão inglesa" com o tráfego pelo lado esquerdo, fato que escapou da influência dos colonizadores portugueses. Antes de deixar as dependências do Metical, Carlos Cardoso avisou Carlos Manjate, seu motorista, para ir já buscando o automóvel e esperá-lo.

Jornalismo de combate.Deviam ser 18:58 h, quando Cardoso entrou no lado esquerdo, ao lado de seu motorista, do Toyota Corolla modelo 1999, com a placa MLN-0604 de propriedade do jornal. O automóvel seguiu pela Avenida Mártires da Machava, centro da cidade, que passa ao lado do conhecido Parque dos Continuadores, uma alusão aos tempos de colônia. Pelo percurso e trânsito naquela hora, os ponteiros do relógio deveriam estar marcando 19:02 h. Neste momento o Toyota de Carlos Cardoso é fechado por dois outros veículos, um de igual marca e outro, provávelmente um VW. O veículo da frente freia repentinamente, obrigando o motorista Manjate a parar bruscamente às margens da calçada.

Cardoso abraçara o jornalismo em 1975, o mesmo ano que Moçambique, com a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) liderando, alcançava sua independência. Ele iniciara a carreira na revista "Tempo", passara pela Rádio Moçambique, pela Agência de Notícias de Moçambique e, em 1992, fundou com colegas a Mediacoop (Cooperativa de Jornalistas), na qual trabalhou até criar o seu "Metical" em 1996. Foi como editor do mesmo que alcançou a plenitude que almejava, denunciando violações de direitos humanos, violência policial, aumento abusivo de salários dos parlamentares, casos de corrupção como o da Alfândega e dos Serviços Florestais e contra as injustiças sociais. Casos que, após denunciados por ele, eram irremediavelmente comprovados.

Sequer poupava críticas à própria Frelimo que tanto apoiara na luta pela libertação dos colonizadores, e a quem acusava de possuir "alas gangsterizadas". Por último ele começara a levantar o véu que pairava sobre o desaparecimento de 100 milhões de dólares do Banco Central de Moçambique bem como a investigar a atuação do crime organizado no tráfico de pedras preciosas, drogas e armas em alguns Estados africanos. Os inimigos eram com isso cada vez mais poderosos. E perigosos.

Executado sumariamente.Ao frear subitamente o automóvel, Cardoso e seu motorista devem ter percebido que se tratava de uma emboscada. Descendo do automóvel da frente, dois homens, armados de metralhadoras, avançaram pela calçada e descarregaram suas armas em rajadas que mataram instantaneamente o jornalista e feriram gravemente o motorista Carlos Manjate. Uma cena digna de Chicago dos anos 30, em plena passagem para o século XXI. Tombava ali não apenas um combativo jornalista, mas também conceitos e pressupostos sobre o que há de verdade e de falso, quando se fala de países do terceiro mundo que tenham alcançado condições ou status de plena democracia, liberdade de imprensa, liberdades democráticas. Menos o ato delictuoso em si, violência e mortes estão presentes em qualquer sociedade, porém a certeza de cometer um crime, de assassinar um jornalista e não ter que pagar por isso, derruba um dos principais fundamentos de um estado democrático. E vejamos que aí Moçambique não está a sós. A impunidade tem muitos berços onde pode dormir tranquila.

Passividade oficial revolta entidades internacionais.
Passados quase dois meses do bárbaro crime a polícia sequer recebeu o laudo técnico da autópsia. O motorista Manjate somente seis semanas após foi ouvido. Testemunhas oculares, como vendedores de rua que possuem suas barracas pertíssimas do local do crime, não foram procuradas ou intimadas a depor. A imprensa do país tem contribuído mais para elucidar o crime, que os responsáveis oficiais. O presidente da república, Joaquim Chissano, tem se mostrado impotente e recebido pressões tanto de entidades internacionais como de governos, sejam as associações de jornalistas de Portugal e Angola ou organizações como Reporters Sans Frontières e a International Federation of Journalists, etc., e até do governo inglês. A ONG "Reporters Sans Frontières" quer agora disponibilizar recursos financeiros para uma efetiva e independente investigação do crime.

Relatório do "Comitee to Protect Journalists" inclui Cardoso e jornalista brasileiro.Nesta última quinta-feira (04/01/01) o CPJ (Comitee to Protect Journalists) organização empenhada em proteger e denunciar violências às atividades jornalísticas em todo o mundo, divulgou o relatório anual da entidade. O comunicado revela que 24 jornalistas morreram em 2000 no exercício da profissão no mundo inteiro. Destes, dezesseis foram assassinados. Entre eles encontram-se dois profissionais de países da língua portuguesa: O moçambicano Cardoso e o brasileiro Zezinho Cazuza da Rádio Xingó FM, de Canindé de São Francisco, em crime encomendado (março 2000) pelo major Genivaldo Galindo, a quem Cazuza acusava de corrupção. O assassinato repercutiu no Brasil e o autor confessou ter sido contratado por Galindo para cometer o crime por 1500 dólares. Vê-se que as semelhanças acima referidas realmente não se resumem apenas a traços arquitetonicos, nomes de ruas e passados coloniais.

- Nota da Red - Agradecemos gentilmente o apoio de jornal "Metical", fundado por Carlos Cardoso, e ao site de notícias Moçambique On-line, para a realização desta matéria."""

11/22/08

Jornalista Carlos Cardoso - Assassinado hà oito anos!

Para que não se esqueça o assassinato do jornalista moçambicano Carlos Cardoso (1951-2000):

"""...Então
com a raiva intacta resgatada à dor
danço no coração um xigubo guerreiro
e clandestinamente soletro a utopia invicta
À noite quando me deito em Maputo
não preciso de rezar
já sou herói...
-Trecho do poema "Cidade 1985", de Carlos Cardoso.

O jornalista Carlos Cardoso tinha em suas mãos três armas poderosas, que usava contra os corruptos, os inimigos da jovem, frágil democracia de Moçambique, os obscuros líderes do crime organizado e usurpadores em geral: Um raro faro investigativo, uma escrita ferina e direta e um jornal. Foi com esses três ingredientes que ele fez de seu diário-fax um dos mais respeitados de toda a África descobrindo e denunciando crimes, escândalos e falcatruas. Cardoso tornara-se a voz dos que não a tinham. Estas armas contudo iriam se mostrar inofensivas contra as utilizadas por seus inimigos.

No dia 22 de novembro passado ele deixou as dependências de seu jornal Metical pouco antes das dezenove horas, após fechar a edição do dia seguinte. Era uma quarta-feira em Maputo (antiga Lourenço Marques), capital de Moçambique. Esta época do ano é propícia a chuvas nesta região do continente africano, mas o dia havia sido ensolarado e o calor dava lugar agora a um pouco da brisa morna e úmida, vinda da baía de Maputo. As ruas e arquitetura da cidade são, em muitos aspectos, semelhantes às de outras cidades, de outros países colonizados pelos portugueses, o Brasil incluído. Até mesmo os nomes de ruas são os mesmos aqui e ali: Rua Marquês do Pombal, Avenida Fernão de Magalhães, etc...

Quem não quer ser assaltado ou roubado numa rua de Maputo, não deve ostentar. Jóias e equivalentes deixam a idéia de riqueza, esbanjamento. Um convite ao assalto. Até nisso há semelhanças com outros lugares. O trânsito também é caótico e indisciplinado. A diferença é que lá ele é regido pela "mão inglesa" com o tráfego pelo lado esquerdo, fato que escapou da influência dos colonizadores portugueses. Antes de deixar as dependências do Metical, Carlos Cardoso avisou Carlos Manjate, seu motorista, para ir já buscando o automóvel e esperá-lo.

Jornalismo de combate.
Deviam ser 18:58 h, quando Cardoso entrou no lado esquerdo, ao lado de seu motorista, do Toyota Corolla modelo 1999, com a placa MLN-0604 de propriedade do jornal. O automóvel seguiu pela Avenida Mártires da Machava, centro da cidade, que passa ao lado do conhecido Parque dos Continuadores, uma alusão aos tempos de colônia. Pelo percurso e trânsito naquela hora, os ponteiros do relógio deveriam estar marcando 19:02 h. Neste momento o Toyota de Carlos Cardoso é fechado por dois outros veículos, um de igual marca e outro, provávelmente um VW. O veículo da frente freia repentinamente, obrigando o motorista Manjate a parar bruscamente às margens da calçada.

Cardoso abraçara o jornalismo em 1975, o mesmo ano que Moçambique, com a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) liderando, alcançava sua independência. Ele iniciara a carreira na revista "Tempo", passara pela Rádio Moçambique, pela Agência de Notícias de Moçambique e, em 1992, fundou com colegas a Mediacoop (Cooperativa de Jornalistas), na qual trabalhou até criar o seu "Metical" em 1996. Foi como editor do mesmo que alcançou a plenitude que almejava, denunciando violações de direitos humanos, violência policial, aumento abusivo de salários dos parlamentares, casos de corrupção como o da Alfândega e dos Serviços Florestais e contra as injustiças sociais. Casos que, após denunciados por ele, eram irremediavelmente comprovados.

Sequer poupava críticas à própria Frelimo que tanto apoiara na luta pela libertação dos colonizadores, e a quem acusava de possuir "alas gangsterizadas". Por último ele começara a levantar o véu que pairava sobre o desaparecimento de 100 milhões de dólares do Banco Central de Moçambique bem como a investigar a atuação do crime organizado no tráfico de pedras preciosas, drogas e armas em alguns Estados africanos. Os inimigos eram com isso cada vez mais poderosos. E perigosos.

Executado sumariamente.
Ao frear subitamente o automóvel, Cardoso e seu motorista devem ter percebido que se tratava de uma emboscada. Descendo do automóvel da frente, dois homens, armados de metralhadoras, avançaram pela calçada e descarregaram suas armas em rajadas que mataram instantaneamente o jornalista e feriram gravemente o motorista Carlos Manjate. Uma cena digna de Chicago dos anos 30, em plena passagem para o século XXI. Tombava ali não apenas um combativo jornalista, mas também conceitos e pressupostos sobre o que há de verdade e de falso, quando se fala de países do terceiro mundo que tenham alcançado condições ou status de plena democracia, liberdade de imprensa, liberdades democráticas. Menos o ato delictuoso em si, violência e mortes estão presentes em qualquer sociedade, porém a certeza de cometer um crime, de assassinar um jornalista e não ter que pagar por isso, derruba um dos principais fundamentos de um estado democrático. E vejamos que aí Moçambique não está a sós. A impunidade tem muitos berços onde pode dormir tranquila.

Passividade oficial revolta entidades internacionais.
Passados quase dois meses do bárbaro crime a polícia sequer recebeu o laudo técnico da autópsia. O motorista Manjate somente seis semanas após foi ouvido. Testemunhas oculares, como vendedores de rua que possuem suas barracas pertíssimas do local do crime, não foram procuradas ou intimadas a depor. A imprensa do país tem contribuído mais para elucidar o crime, que os responsáveis oficiais. O presidente da república, Joaquim Chissano, tem se mostrado impotente e recebido pressões tanto de entidades internacionais como de governos, sejam as associações de jornalistas de Portugal e Angola ou organizações como Reporters Sans Frontières e a International Federation of Journalists, etc., e até do governo inglês. A ONG "Reporters Sans Frontières" quer agora disponibilizar recursos financeiros para uma efetiva e independente investigação do crime.

Relatório do "Comitee to Protect Journalists" inclui Cardoso e jornalista brasileiro.
Nesta última quinta-feira (04/01/01) o CPJ (Comitee to Protect Journalists) organização empenhada em proteger e denunciar violências às atividades jornalísticas em todo o mundo, divulgou o relatório anual da entidade. O comunicado revela que 24 jornalistas morreram em 2000 no exercício da profissão no mundo inteiro. Destes, dezesseis foram assassinados. Entre eles encontram-se dois profissionais de países da língua portuguesa: O moçambicano Cardoso e o brasileiro Zezinho Cazuza da Rádio Xingó FM, de Canindé de São Francisco, em crime encomendado (março 2000) pelo major Genivaldo Galindo, a quem Cazuza acusava de corrupção. O assassinato repercutiu no Brasil e o autor confessou ter sido contratado por Galindo para cometer o crime por 1500 dólares. Vê-se que as semelhanças acima referidas realmente não se resumem apenas a traços arquitetonicos, nomes de ruas e passados coloniais.
- Nota da Red.: Agradecemos gentilmente o apoio de jornal "Metical", fundado por Carlos Cardoso, e ao site de notícias Moçambique On-line, para a realização desta matéria."""

4/30/08

Ronda pela imprensa moçambicana - Lamentável... Liberdade de Imprensa em Moçambique tende a diminuir !

Liberdade de Imprensa - Moçambique desce para 73° do “ranking”...
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Maputo - Moçambique desceu de 48° para 73° lugar no índice da tabela dos países com maior expressão da liberdade de imprensa ao nível mundial, indica o mais recente relatório da Organização Não Governamental, Jornalistas Sem Fronteiras.
Segundo o Embaixador da Holanda, Frans Biyvoe, que falava por ocasião do seminário sobre jornalismo investigativo, denominado “Carlos Cardoso”, por homenagem aquele que foi o grande percursor do jornalismo investigativo no País, “e muito triste que ainda hoje muitos jornalistas não possam trabalhar em liberdade e vivem com medo de perseguição, pior ainda, medo de serem assassinados, disse , sublinhando que “Carlos Cardoso”, que dá o nome a este seminário é um exemplo claro e mais triste deste caso,”.
O Presidente do MISA em Moçambique, Tomás Vieira Mário, , disse que em Moçambique há um esforço para criar, manter e expandir o espaço da liberdade de imprensa e comunicação, mas os problemas com os quais os jornalistas se deparam como as dificuldades do acesso às fontes de informação criam uma barreira no desenvolvimento das suas acções.
“Temos um défice de acesso oficial às fontes de informação o que constitui um grande buraco no quadro legal da liberdade de imprensa. Moçambique. (Eduardo Conzo).

3/19/08

Jornalista CARLOS CARDOSO - A Justiça que tarda ...

E a "novela" continua...assim como o "compadrio" !
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Diário de Notícias - Maputo, Quarta-feira 19 de Março de 2008 – Edição nº1100 - Protagonistas do “caso Cardoso” novamente juntos na PGR - A nomeação de Ana Maria Gemo, ontem, a directora do Gabinete Central de Combate a Corrupção, cheira à prémio. Garantem fontes deste jornal junto à Procuradoria- Geral da República. Fora Gemo quem, primeiramente, ainda na Província de Maputo ilibou Auguto Paulino, hoje Procurador-Geral da República, no processo de desvio dos 300 milhões de meticais (antiga família), na qualidade de instrutora do processo. Aliás, vários magistrados que falaram ao DN dizem que a novel directora não possui musculatura suficiente, similar a sua antecessora, Isabel Rupia, para mexer com a corrupção que degola o País, dai se considera uma nomeação só para o inglês ver.
(Maputo) Ontem nomeada directora do Gabinete Central de Combate a Corrupção (GCCC), Ana Maria Gemo representou o Ministério Público (MP), aquando do julgamento do mega processo, o mediático “caso Cardoso”. Gemo, contudo, vem a juntar-se a Augusto Raul Paulino, ora Procurador- Geral da República (PGR), cujo presidiu aquele julgamento.
O “casamento” de Augusto
Paulino e Ana Maria Gemo vem desde os tempos que aquele era juiz- presidente do Tribunal Provincial Judicial da Matola, e ela desempenhava as funções de procuradora-chefe da província de Maputo. Aliás, quando se instaurou o processo de desvio dos 300 milhões de meticais (antiga famíla), alegadamente desviados pelo actual PGR dos cofres do Tribunal Provincial e Judicial da Matola, ora arquivado após o Acórdão do Tribunal Supremo, Ana Maria Gemo é que presidiu o caso e tratou de ilibar Augusto Paulino. Portanto, as nossas fontes referem que a sua actual nomeação para o cargo de directora do Gabinete Central de Combate a Corrupção, cheira a prémio, senão “amiguismo”. Por outro lado, Ana Maria Gemo é descrita como próxima ao advogado de Augusto Paulino, o renomado Albano Silva. Representando o MP, no “caso BCM”, Gemo, nas alegações finais, pediu para que todos os réus fossem condenados o que não veio a acontecer. O juiz Achirafo Aboobacar ditou a condenação de sete dos réus a prisão maior e a absolvição dos restantes dez. Assim havia caido por terra a pretensão daquela e do esposo da Primeira Ministra, Luisa Diogo, que tanto bateram-se para tal. Refira-se que o lugar que Ana Maria Gemo agora ocupa, antes pertenceu a dinâmica Isabel Rupia, conhecida a sua frontalidade na investigação de casos de corrupção. Na mesma senda de nomeações, Augusto Paulino nomeou Olinda Noé Cossa passa a procuradora-chefe da Província de Maputo. (Redacção)

2/13/08

Liberdade de Imprensa em Moçambique - Manifestações de 5 de Fevereiro confirmam a existência de censura nos media moçambicanos.

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As manifestações populares havidas na passada terça-feira, 5 de Fevereiro de 2008, nas cidades de Maputo e Matola, não só trouxeram um pesado fardo para a economia do país como também mostraram quão forte é ainda o controlo governamental sobre os órgãos de comunicação social públicos e privados.
A cobertura dos incidentes foi muito condicionada.
O MISA-Moçambique e o Centro de Integridade Pública estiveram atentos à forma como os incidentes foram reportados pelos diversos órgãos de comunicação social e, com base em observação directa e recurso a entrevistas com jornalistas e editores, apurámos o seguinte:
• Logo nas primeiras horas da manhã, a STV começou a reportar a revolta popular com directos a partir dos locais em que a violência era mais notória. Por volta das 9.30 horas, este canal trazia algumas incidências, ajudando muitos cidadãos a se precaveram. Mas os directos da STV foram bruscamente interrompidos por volta das 10 horas, tendo o canal passado a transmitir uma telenovela;
• No canal público, a TVM, ao longo da manhã, as revoltas não foram notícia. Ao invés de informar sobre os acontecimentos, a TVM transmitia reportagens sobre o CAN (Taça das Nações Africanas em futebol);
• No seu Jornal da Tarde dessa terça-feira, a TVM não dedicou um minuto sequer às manifestações, que haviam iniciado cedo pela manhã, embora alguns repórteres daquela estação pública se tivessem feito à rua com o propósito de documentarem o que estava a acontecer;
• À noite, no Telejornal, quando os telespectadores esperavam que o canal público trouxesse um retrato detalhado dos acontecimentos, a TVM abordou o assunto de uma forma marginal, negligenciando o facto de que, no domínio da informação, aquele era um assunto de inquestionável destaque;
• Segundo apurámos, um veterano jornalista da TVM hoje fora da Chefia da Redacção terá recebido “ordens superiores” para vigiar “conteúdos noticiosos subversivos”;
• Na Rádio Moçambique (RM), repórteres que se encontravam em vários pontos das cidades de Maputo e Matola foram obrigados, na tarde daquela terça-feira, a interromper as reportagens em directo que vinham fazendo desde as primeiras horas e instruídos a recolherem à Redacção, supostamente como forma de se evitar um alegado “efeito dominó” dos acontecimentos;
• No decurso do Jornal da Manhã de terça-feira, o jornalista Emílio Manhique anunciou que, no seu talk show denominado “Café da Manhã” do dia seguinte, quarta-feira, teria como convidado o sociólogo Carlos Serra, para fazer comentários sobre as manifestações populares. Mas, ao princípio da tarde do mesmo dia, Serra recebeu uma chamada da RM, através da qual foi informado que o o convite tinha sido cancelado “por ordens superiores”. Na quarta, no lugar de o Café da Manhã debater os incidentes do dia anterior, o tema de destaque foi o HIV/Sida. Isto levou a que muitos ouvintes da RM telefonassem para a estação manifestando-se decepcionados com rádio pública, dado que o assunto do momento eram as manifestações;
• O Jornal Notícias, que tem como um dos accionistas principais o Banco de Moçambique, também não escapou a este esforçou de omitir as evidência. Logo que se aperceberam da revolta, os executivos editoriais do jornal destacaram várias equipas de reportagem para a rua, mas as peças produzidas foram editadas numa perspectiva de escamotear a realidade. No dia seguinte, o jornal apresentava textos onde se destacavam frases do tipo “…quando populares e oportunistas se manifestaram de forma violenta, a pretexto de protestarem contra a subida das tarifas dos semi-colectivos…”, e “…entre pequenos exércitos de desempregados e gente de conduta duvidosa…”, etc, etc. Estes e outros factos mostram que a cobertura noticiosa de acontecimentos sensíveis continua a ser alvo de controlo governamental, privando a opinião pública de ter acesso a informação. No caso vertente, a informação sobre o que estava a acontecer em vários pontos do Grande Maputo era vital para que os cidadãos desprevenidos tomassem conhecimento dos lugares onde a revolta era mais violenta, evitando assim se exporem a riscos. Por outro lado, muitos populares prestaram declarações a jornalistas, mas elas não foram transmitidas, vendo assim a sua liberdade de se expressarem mutilada. Estas marcas de censura são perniciosas para a sociedade moçambicana. No caso da TVM, a mão do Governo no controlo editorial mostra que a noção de serviço público com que a estação opera não significa colocá-la ao serviço do povo (e dos contribuintes) , informando com isenção e rigor. Estes condicionalismos a que o trabalho dos jornalistas está sujeito traduz-se numa clara violação à Constituição da República de Moçambique (CRM), nomeadamente no seu artigo 48º, que versa sobre Liberdades de Expressão e Informação, e à Lei de Imprensa (Lei 18/91 de 10 de Agosto). A Constituição é clara quando refere que “todos os cidadãos têm direito à liberdade de expressão, à liberdade de imprensa, bem como o direito à informação” e que “o exercício da liberdade de expressão, que compreende nomeadamente a faculdade de divulgar o próprio pensamento por todos os meios legais, e o exercício do direito à informação, não podem ser limitados por censura”. O relato dos actos da revolta da passada terça-feira era do interesse público, pois a mesma afectou negativamente vários sectores da sociedade moçambicana, tanto mais que na mesma ocasião que a revolta percorria as ruas do Grande Maputo, a comunicação por telemóvel tornou-se, estranhamente, difícil ou mesmo impossível. A forma como alguns órgãos de comunicação social se portaram, omitindo uma revolta evidente ou escamoteando a sua dimensão e as suas causas, sugere um cada vez maior controlo governamental sobre o sector. Esta governamentalização actua no sentido contrário ao plasmado na Constituição da República e na Lei de Imprensa, nomeadamente porque coarcta o acesso à informação. Avaliações recentes, como o espelha o Relatório de 2006 do MISA-Moçambique sobre Liberdade de Imprensa publicado no ano passado, mostram um crescente aumento da vigia das autoridades do Estado sobre os media, destacando-se a censura, o que em estado a deteriorar o ambiente de trabalho dos jornalistas.
O MISA-Moçambique e o CIP apelam a quem de direito para que se não intrometa no trabalho dos jornalistas e dos seus órgãos de comunicação social, por tal se traduzir em violação crassa à CRM e à Lei de Imprensa.
Maputo, 10 de Fevereiro de 2008
MISA-Moçambique e CIP
"Newspapers are owned by individuals and corporations, but freedom of the press belongs to the people",Anon
--
Ericino de Salema
MISA-Mozambique
Information and Research Officer
Telephone:+258-21-302833
Facsmile:+258-21-302842
PriCell:+258-82-3200770
Mobile: +258-82-7992520
In - Misa Moçambique e Moçambique Para Todos
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Só nos resta acrescentar - LAMENTÁVEL, porque denigre a apregoada "democracia" moçambicana. E nos faz recordar o saudoso jornalista Carlos Cardoso e sua coragem indomável, atreita a qualquer submissão aos "poderosos" e a vaidades pessoais tão em uso na mídia impressa e virtual.
Não deixou, aparente e infelizmente, legatários de seu vasto, didático manual "O que é ser jornalista" ! Só algumas anêmicas tentativas de "plágio"...

11/22/07

Ronda pela net - Quando se fala do jornalista Carlos Cardoso.

(Clique na imagem para ampliar)
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Matando a galinha dos ovos de ouro.
Do moçambicano Sérgio Santimano em seu blogue "PONTE":
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Mais de 400 milhões de dólares desapareceram do sistema bancário na década de 90 em Moçambique.
Carlos Cardoso e António Siba-Siba Macuácua foram provavelmente assassinados para impedir a verdade sobre isto e sobre a maneira como os roubos foram efectuados.
Todos os países usam os bancos para fins políticos.
Em Moçambique, os bancos foram usados para construir o socialismo, para manter o país a funcionar durante a guerra e depois, na nova era capitalista, para promover empresários locais e manter a economia livre de mãos estrangeiras.
Porém, banqueiros e homens de negócios, nacionais e estrangeiros, apropriaram-se simplesmente de muito dinheiro e foram muitas as mãos que foram ao saco... ...
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Leia o texto na íntegra, com detalhes, no blogue "PONTE" - post de quarta-feira, 14 de Novembro de 2007.
A ligação para o blogue do Sérgio Santimano poderá também ser encontrada em "Recém-Chegados", no menu à direita.

11/19/07

Eco da Imprensa Moçambicana - Jornalista Carlos Cardoso !

De quem vale a pena falar:
O próximo dia 22 de Novembro marca mais um aniversário da morte violenta do jornalista moçambicano CARLOS CARDOSO !
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Segundo o "Observador" de hoje (n. 103) editado em Maputo e pelas palavras de Maria de Lourdes Torcato:
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Carlos Cardoso era democrata convicto e uma pedra no sapato dos corruptos!
- O Jornalismo e a Política nunca mais foram o mesmo desde a sua morte.
Muitos de nós lembramos com saudade Carlos Cardoso, o mártir da liberdade de imprensa em Moçambique, pelo seu extraordinário trabalho de jornalista investigativo, que ousou interferir na rede da corrupção e no crime organizado e por isso foi assassinado.
Poucos recordam a voz de Carlos Cardoso como Autarca e venho refrescar a nossa memória. O Cardoso juntou-se ao grupo de independentes “Juntos pela Cidade” que conquistou nas eleições de 1998 não mais que uma dúzia de lugares na Assembleia Municipal, mas lugares que fizeram a diferença.
Ele era um dos deputados e raramente faltava a uma sessão.
Com a frontalidade apaixonada que o caracterizava, zurzia nos oportunistas e nos
indiferentes, na corrupção e na ilegalidade, clamava por transparência e honestidade.
E, o que foi extraordinário nesse tempo, é que o Cardoso incomodava, fazia muita gente torcer-se inquieta nas cadeiras da sala de sessões, mas criou mais admiradores que inimigos entre os seus pares–a maioria da FRELIMO inclusivamente.
O tema da legalidade era um dos mais caros para o Carlos Cardoso e gostava de interpelar o Presidente da Assembleia na altura, o jurista Teodoro Wate. Essas trocas de ideias com o Cardoso eram sempre tão manifestamente sinceras e construtivas que, como não podia deixar de ser, conquistavam o adversário.
Aliás, depois de muitos debates, os dois ficaram de facto amigos adversários.
A Assembleia Municipal conheceu, como nunca acontecera na sua história, a voz de um convicto democrata, reclamando em nome dos seus concidadãos um Município aberto, contas e decisões transparentes, justiça e honestidade na gestão da coisa pública.
Lembram-se das suas perguntas à Câmara Municipal sobre se era verdade que a família Chissano e outras da nomenclatura no poder, eram os donos de vários terrenos ao longo da marginal, desde a Baixa ao Bº do Triunfo?
Nunca obteve resposta, mas o silêncio foi eloquente.
Carlos Cardoso colocou o seu jornalzinho por fax, O Metical, ao serviço da cidade e as sessões municipais tinham nele lugar cativo.
Devo confessar que na altura lhe disse que não achava muito ético que ele, autarca e jornalista, pusesse o jornal de que era proprietário e Director, ao serviço do “Juntos pela Cidade”, sacrificando objectividade e imparcialidade na reportagem.
Hoje acho ridícula essa preocupação e arrependo-me de o ter questionado por isso.
Ele era um soldado, o jornal a sua arma e ele usou-a com brio ao serviço das boas causas, pelo país e pela cidade.
Carlos Cardoso faz-nos mais falta cada dia que passa mas uma coisa é certa: a política e o jornalismo em Maputo nunca mais foram os mesmos e alguns pequenos avanços que conhecemos na imprensa, a ele os devemos.
Quanto aos corruptos, nada mudou: eles não eram adversários do Carlos Cardoso, eram os reais inimigos a quem a sua morte deu uma trégua.
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Sobre o assassinato de Carlos Cardoso (1951-2000) - aqui !
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Hoje, o "CATOJA", deve estar sorrindo lá no Alto !
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Repercussão do "post" (aqui):...e aqui: