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10/19/09

Na província de Cabo Delgado: Cólera faz 2 óbitos em menos de uma semana

CanalMoz, Ano 1 * N.º 60, Maputo, Segunda-feira, 19 de Outubro de 2009 - (Sede: Av. Samora Machel n.º 11 - Prédio Fonte Azul, 2º Andar, Porta 4, Maputo; email:  canal@tvcabo.co.mz) - Na província de Cabo Delgado Cólera faz 2 óbitos em menos de uma semana - A cólera volta a atacar no país, depois de em Junho o Ministério da Saúde ter desactivado os centros de emergências de atendimento a esta doença. Registaram-se 2 óbitos de um total de 187 pessoas internadas na província de Cabo Delegado. As zonas mais afectadas nesta província são os distritos de Montepuez onde se registaram 166 casos e na Mocimboa da Praia, em que as unidades sanitárias locais registaram 21 casos. A informação foi avançada na sexta-feira última pelo porta-voz do Ministério da Saúde, Leonardo Chavane.

Segundo a mesma fonte a eclosão desta doença nesta província do pais, tem como causa principal, o problemático saneamento do meio, má disponibilização de água e descuidos com higiene individual a que a população desta província está sujeita.

Segundo a fonte, há casos de diarreia principalmente nas zonas rurais, onde as condições de higiene não são bem observadas.

Em Junho foram registados em todo país cerca de 19064 casos e 64 óbitos.

Até final de Junho passado, a província de Zambézia liderava os casos desta epidemia que volta assolar o país um pouco por todo o lado.

Leonardo Chavane, director nacional adjunto da saúde pública, revelou-se indignado porque, segundo ele, na província de Cabo Delgado ainda prevalece receio por parte a população em aceitar ou aderir à sensibilização que se faz sobre a prevenção de cólera. A fonte disse que há um grupo de indivíduos nesta província nortenha que se dedica a desinformar a população e salientou que o mesmo grupo tem inviabilizado a campanha de sensibilização de luta contra cólera.

Tratamento
Para uma primeira fase de tratamento, o Ministério da Saúde diz ter disponíveis medicamentos para tratar 30 mil pacientes com embrião colérico.

Os medicamentos, apenas se encontram nas unidades sanitárias públicas e só podem ser disponibilizados aos doentes mediante uma receita médica autorizada pelo médico, refere o MISAU. (António Frades) 2009-10-19 06:10:00.

10/09/09

Cólera atinge populações de Cabo Delgado e Moçambique

Cólera mata centena de pessoas no país - Cerca de 150 pessoas perderam a vida vítimas da cólera no país desde Janeiro ao presente mês de Outubro, de um universo de dezanove mil casos diagnosticados no mesmo período. Esta informação foi ontem dada a conhecer na capital moçambicana, Maputo, pelo porta-voz do Ministério da Saúde (MISAU), Leonardo Chavana, no decurso de uma conferência de imprensa, que visava essencialmente dar informações actualizadas sobre os níveis de infecção pela Gripe A no país.

Segundo Chavana, neste momento as autoridades sanitárias estão com as atenções viradas para os distritos de Mocímboa da Praia e Montepuez na província nortenha de Cabo Delgado, zonas onde a doença registou um recrudescimento na semana passada, provocando dois óbitos. Na referida conferência, explicou que na província de Cabo Delgado foram registados na semana passada 163 casos de cólera dos quais 145 no distrito de Montepuez e os restantes 18, no de Mocímboa da Praia. Acrescentou que neste período de temperaturas elevadas, a cólera tem maior campo de actuação, ressalvando que para contrariar a doença os cidadãos moçambicanos devem redobrar esforços no que respeita aos cuidados de higiene. Instado a se pronunciar sobre as principais causas do recrudescimento da cólera naqueles dois pontos da província de Cabo Delgado, apontou factores como a não observância das regras mais elementares de higiene, a fraca disponibilidade da água potável e ainda a existência de pessoas que mesmo sem estarem doentes vivem com o vimbrião da cólera, o que abre espaço para contaminação dos outros em caso de falta de observância dos cuidados de higiene, recomendados pelas autoridades sanitárias.

Falando concretamente sobre os casos de Gripe A no país, o porta-voz do Ministério da Saúde disse que de acordo com a última actualização, as autoridades sanitárias moçambicanas registaram um incremento de casos suspeitos, em cerca de 10, tendo passado de 90 registados até a semana finda para os actuais 100 casos. Disse que os casos confirmados da doença continuam na fase estacionária, uma vez que continuam a ser os 42 registados desde que casos da doença surgiram no país, acrescentando que foi registado mais um caso negativo, passando este tipo de casos de 35 para 36.

Referiu que a província e cidade de Maputo continuam a liderar o número de casos suspeitos da doença, com 20 e 80 casos registados, respectivamente.

Da lista das províncias com registo de casos suspeitos da Gripe A, consta a província de Gaza com dois casos, assim como de Tete e Inhambane, cada uma com o registo de um caso.

Chavana disse ainda que a cidade de Maputo é a única que tem o registo de casos positivos, acrescentando que as autoridades sanitárias do país continuam a redobrar cuidados.
- Bernardo Mbembele, Diário do País, Maputo, 6º feira, 09 de Outubro de 2009- Edição nº 575 Ano III.

7/08/09

Ronda pela blogosfera: Salama de Pemba!

Pemba. Wow.

A mere three days after arrival, I feel like I have quickly fallen into step with life here.

After a luxurious first night out at Russell’s, an open air restaurant/bar, eating and watching Wimbledon, the real work began on Monday.

With steady persistence we were finally able to secure all the official Mozambican rubber stamps that we needed to gain governmental blessing to begin our work in Maringanha on the water wells. Walking around town that first day I quickly learned that Pemba is a small beautiful place but fairly impoverished. The red dirt roads along the white sandy beaches are littered with dozens of children in various levels of school clothing with bright inquiring eyes. They curiously stare as I follow Kathleen and Shyam who comfortably navigate the streets and the locals in Portuguese and Macua as they point out everything from the local market, to the hospital, to the police station meeting all the friends they’ve made along the way.

It was unclear to me just how the majority of the people that I saw around town lived until my first trip to the village that afternoon. There the dirt and rock huts that line the sand roads are peppered with goats and chickens. They freely roam the grounds as children play with makeshift plastic bag and rubber band soccer balls.

Our presence as the band of Kunyas (white people – yes, I am now white), goes more or less undisturbed. The major exception is when we walk by a group of local women, who all ask to be my friend, in particular. To us it is unclear why, while Abdul our translator, seems to think my stature makes them think I could be a child, I remain unconvinced of their desire to adopt a Kunya child.Shyam and I took the evening to test the water samples we had on the Petrifilm to try and quantify E-Coli and Coliform levels – I must say incubating cardboard agar strips on your back while sleeping is just as little fun as the description would indicate.

Nonetheless, today dressed in traditional skirts we arrived in the village to get more water samples and interview as many people as we could find at the wells. Divided into groups we tackled the two wells that showed E-Coli and Coliform contamination to try and understand local water habits.

Using the women’s attraction to both myself and Kathleen we were able to get some clear answers. Women come to collect water 2-5 times a day, 2-3 buckets at a time for the entire family and use it for everything from eating to cooking to washing. Carrying their buckets on their heads they make the trip, which in general for the 1300 or so population of Maringanha is no more than a five minute walk.

Few women make the connection between bouts of ill health and contaminated well water which will be an inherent challenge in promoting our product and the local population’s uptake of the pasteurized water. At home in our “Real World-esque” house over dinner at the kitchen table, we continue to toss around ideas about how to implement an effective case-control study of the pasteurizers to evaluate health – randomly selecting a test group, giving them clean, new and different coloured water buckets and having a local person man the pasteurizer, which would be set up as close to the well as possible, seems like the most feasible idea to date.

Finishing the day with my first dip in the Indian Ocean, I am painfully aware that we have much work to do.

We will return to Maranganha tomorrow and find more women to talk with geared specifically towards diarrhea and health and hopefully start building the pasteurizer on Monday.

Spreading knowledge of the public health risks of dirty water, mixing water used for hygiene and consumption, and creating the appropriate infrastructure to remedy the problem is a lofty challenge but the summer is young still. Also, Drew has mutton chops - please email him and make him shave. Obrigada.
- Alisha (By Shyam, on July 7th, 2009).

5/25/09

PEMBA e a luta contra o Hiv/Sida nas madrassas

Madrassas começam a discutir prevenção de HIV/SIDA com alunos - Pemba, 25 Maio 2009 (PlusNews) - É hora da oração na madrassa Nur, em Pemba, capital da província de Cabo Delgado, na costa norte do país. Crianças e adolescentes com idades entre oito e 20 anos se dividem em grupos de meninas e meninos para rezar. Na lousa, versos do Alcorão escritos em árabe e uma seriedade que não se vê nas salas de aula comuns.

As madrassas são escolas islâmicas, onde alunos são educados sobre o islamismo e aprendem a se portar segundo o Alcorão na sociedade, na família e nos relacionamentos. Na madrassa Nur, no entanto, essa educação não para aí. Em determinados sábados, quando os 120 alunos dos dois períodos podem se reunir no mesmo horário, o jovem malimo [professor] Mitilage Rashid fala sobre HIV e SIDA, adaptando as informações segundo a idade das crianças.

Rashid foi um dos malimos que em 2008 receberam formação sobre HIV do Conselho Islâmico, em parceria com outras organizações. Na formação, ele, com 30 outros professores, aprenderam mais sobre a epidemia e como ensinar os alunos. Mas o tema não era novidade para ele.

“Nós, muçulmanos, já fomos alertados no Alcorão sobre essa doença, que quando os actos sexuais fossem cometidos de qualquer maneira, sem compromisso, haveria uma doença sem cura.”

A inclusão do HIV/SIDA nos currículos das madrassas é uma inovação bem-vinda no rígido sistema educacional. Embora algumas madrassas ainda proíbam o assunto, malimos de escolas como Nur entenderam a importância de se abordar a epidemia num país cuja seroprevalência nacional é de 16 por cento.

No contexto do Alcorão - A mensagem sobre HIV nas madrassas, no entanto, é bem diferente da passada nas escolas regulares. Segundo o sheikh Mohammed Abdulai Cheba, director das 54 madrassas de Cabo Delgado, a mensagem é transmitida em duas partes: a primeira deixa claro que o HIV é um castigo divino; a segunda reforça a ideia de que a única forma de prevenção é a abstinência e a fidelidade.

“As pessoas fazem sexo ilegalmente, mas isso é um erro muito grande, porque é fora da autorização da família. Se querem fazer esse acto, eles devem preparar todos os requisitos: casar, aproximar as famílias e legalizar aquela vida que vai levar”, explica. Nas madrassas, os alunos não questionam tais ensinamentos.

“O Profeta falou que se as pessoas fizessem coisas que Alá não gosta, haveria uma doença sem cura. É uma forma de castigo”, repete Darisse Muarabo, 19 anos, aluno da quinta classe da madrassa e décima classe na escola regular.

O estudante Kadafi Joaquim leva as lições da madrassa ao pé da letra. Aos 18 anos, ele se mantém longe das raparigas – namorar, só se for para casar.

“Temos que ouvir o Profeta e nos afastarmos das moças antes do casamento, porque é pecado”, diz.

Ao defender a abstinência e a fidelidade, preservativos são automaticamente excluídos da discussão, porque, na opinião dos malimos, podem levar os alunos ao sexo. Haram (ilícito, em árabe) é o termo usado para descrevê-los.

“Quando confiamos na camisinha, ao invés de ter medo, o aluno vai querer fazer o adultério. Ele não terá mais medo de praticar o sexo”, explica Rashid.

Cheba vai além: “Todos os livros celestiais condenam o uso de camisinha. Quando o líder diz às crianças que têm que usar camisinha, ele está a autorizá-las a usar e a pecar.”

Joaquim explica a lógica da perspectiva dos adolescentes: “O rato não pode ver o amendoim, senão vai querer comer. Se você carregar preservativo no bolso, vai começar a pensar em coisas.”

Para os malimos, associar o HIV a comportamentos ilícitos não estimula o preconceito ou a discriminação. “Quando aparece um castigo ele é para toda gente, não só para quem cometeu o acto”, explica o sheikh Cheba. “Se uma pessoa está doente, muçulmana ou não, ela merece conselho e nós apoiamos, moralmente e materialmente.”

Nem todos os alunos, porém, parecem entender dessa forma. “Eu não conheço ninguém seropositivo, mas se conhecesse, eu iria me afastar”, disse Ausse Said, 17 anos, que cursa a quarta classe da madrassa Nur.

Enquanto isso, na escola - Adamo Selemani Daúdo, professor e activista da Geração Biz, projecto conjunto do governo de Moçambique com ONGs como Pathfinder International sobre saúde sexual e reprodutiva para adolescentes e jovens, critica a forma como o HIV, e o sexo em geral, é abordado nas madrassas.

“Religião e ciência quase não se dão, uma contradiz a outra. Mas eu, como professor, sempre aconselho os alunos no uso do preservativo”, diz. “Nas madrassas eles defendem o não-uso do preservativo para praticar a fidelidade, mas hoje não existe fidelidade em Moçambique.”

Muçulmano, casado e pai de dois filhos pequenos, Daúdo diz que usa camisinha nas relações extra-maritais “porque hoje em dia não há confiança. Nem mesmo as próprias muçulmanas são fiéis. Eu uso para a minha própria segurança.”

O jovem professor dá aulas de história na Escola Secundária Fraternidade, mantida pela comunidade islâmica e que fica ao lado da Africa Muslim, uma das mesquitas mais conservadoras de Pemba. Também faz palestras sobre saúde sexual. “Eu digo aos alunos que o preservativo é uma questão individual”, defende. “Não se pode falar dele como sendo um pecado, porque o preservativo é uma questão de segurança, proteção.”

A escola dispõe de uma sala batizada de Canto do Aconselhamento, onde alunos podem esclarecer dúvidas ou pegar preservativos. Segundo ele, muitos rapazes que frequentam as madrassas vão até lá em busca de preservativos. Tímidas, as meninas geralmente não aparecem.

“Não estamos a incentivar o sexo, mas a ajudar o jovem na prevenção”, diz Daúdo.

Ajira Abdul Razak, uma extrovertida rapariga de 20 anos, defende a educação sexual como ela é dada nas escolas regulares, “porque não é realista esperar que o jovem seja abstinente e fiel”. Para ela, os jovens precisam de informações práticas, mesmo que decidam não usá-las. Ela fala por experiência própria. Mãe de um menino de um ano e meio, Ajira frequentava uma madrassa onde não recebeu nenhum tipo de orientação sobre HIV. Na escola, aprendia sobre saúde sexual e participava de palestras sobre a epidemia. Mesmo com todo o conhecimento, ela dispensava a camisinha nas relações sexuais com o namorado. Ficou grávida e quase foi expulsa de casa pelo pai quando anunciou a notícia, principalmente por ser a única filha. Teve o bebé, que agora fica aos cuidados de sua mãe enquanto ela está na escola.
- PlusNews - Notícias e análises sobre HIV e Sida, 25/05/2009.
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1/27/09

HIV-SIDA - Moçambique: Triste história de Natal...

É uma triste mas real história de Natal:
Sem identificação, mas com HIV - Moçambique, Beira, 27 Janeiro 2009 - Andar sem bilhete de identidade (BI) se tornou factor de risco para o HIV entre as raparigas da cidade da Beira, na província de Sofala-Moçambique. Agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) têm abusado de sua autoridade para extorquir dinheiro e exigir sexo em troca de liberdade de moças que não apresentem os seus bilhetes de identidade ou passaportes. Segundo as vítimas, moçambicanas e estrangeiras, principalmente zimbabueanas, o acto sexual é desprotegido, aumentando as chances de infecção pelo HIV.

Foi o que aconteceu com Carolina Johane*, 26 anos, que diz ter contraído o vírus numa relação desprotegida com um agente da polícia em troca de liberdade, na noite de Natal de 2006.

No trajecto da igreja até a sua casa, no bairro de Chipangara, Johane e outras pessoas foram paradas por dois polícias, que exigiram os bilhetes de identidade. Os que não tinham identificação, inclusive Johane, foram levados até a 5ª Esquadra. “Mas antes disso, um dos polícias me disse em voz baixa: uma mão lava a outra”, conta.

Por medo de dormir na esquadra e depois ser expulsa de casa, porque não havia avisado a seus pais que iria à igreja, Johane ofereceu aos polícias 50 meticais (US$ 2). “Eles recusaram, alegando que não eram corruptos. Ameaçaram processar judicialmente por tentar corrompê-los, o que deixou-me com medo”, diz.

Depois de algumas horas, as outras pessoas foram soltas, menos Johane. “Comecei a chorar, implorando fazer tudo que desejassem para soltarem-me. Eis que um dos agentes perguntou-me se tencionava manter relação sexual com ele em troca da liberdade”, revela.

“Não tive escolha.”

Depois de cinco meses, o seu namorado, na altura na província de Inhambane, pediu que ela preparasse alguns documentos e fizesse o teste de HIV para uma candidatura a um emprego numa organização não-governamental. “Aí descobri que era seropositiva. Concluí logo que fui infectada pelo polícia, visto que sete meses atrás eu e o meu namorado tínhamos feito o teste de HIV antes de ele viajar e o resultado havia sido negativo”, diz.

Interessante e sem BI.
Essa rotina era familiar para Alfredo Chimaze*, polícia há 15 anos e afecto na 4ª Esquadra, na Munhava, o bairro periférico mais populoso na cidade da Beira.

Chimaze, 39 anos, é seropositivo e faz tratamento antiretroviral. Ele acredita ter contraído o HIV numa relação sexual com uma rapariga que deteve por falta de bilhete de identidade, no bairro da Muchatazina, nos arredores da Beira.

“Quando interceptava-se uma mulher sem BI que achássemos interessante nos patrulhamentos nocturnos, nós a persuadíamos a transar com um de nós em troca de liberdade”, conta.

“Elas, por temer dormir na cela, aceitavam o nosso pedido.”

Segundo Chimaze, eles enganavam as mulheres dizendo que elas seriam indiciadas por trabalharem como “isca de larápios” e responderiam em tribunal, onde seriam condenadas entre seis a oito meses de prisão. Porém, depois que um de seus colegas contraiu sífilis e chitaio (perda, no dialecto Sena) [doença tradicional transmitida sexualmente, ligada a um rito de purificação, e que causa dor nos pulmões, cansaço e dores de cabeça], Chimaze resolveu mudar.

Três meses depois da sua decisão, a notícia: a sua mulher havia sido diagnosticada com o HIV numa consulta pré-natal. Foi aí que ele soube que era seropositivo.

“Quando a minha esposa disse-me não duvidei, porque comecei a recordar aquilo que eu fazia”, diz.

O seu filho também nasceu com o vírus. “Eu ignorava os perigos que corria ao praticar esse acto, tendo em conta que uma equipa da saúde vem ao meu posto de trabalho mensalmente fazer palestras sobre ITS e HIV”, lamenta.

Moçambique tem uma seroprevalência de 16,2 por cento numa população de pouco mais de 20 milhões de habitantes. Beira, segunda maior cidade depois de Maputo, é a capital de Sofala, província com 1,6 milhões de habitantes e 26 por cento de seroprevalência.

Medo da discriminação e do desemprego.
Representantes do comando provincial da PRM na província de Sofala dizem não ter conhecimento da prática. Segundo Mateus Mazive, chefe da secção de imprensa da instituição, não há registo de denúncias populares acusando agentes da polícia de exigirem relações sexuais de mulheres sem BI em troca de liberdade.

“Andar sem BI não é crime, mas é um dever da cidadania. Se está a acontecer isto, pedimos que a população denuncie este mau hábito para que os infractores sejam penalizados pelo crime que estão a cometer”, afirma.

Dados oficiais mostram que há 93 policiais seropositivos na província de Sofala, todos em terapia antiretroviral e recipientes de um bónus de 30 por cento do salário para a aquisição de cesta alimentar, que ajuda com o tratamento.

Porém, Massada Elias João, coordenador do núcleo de prevenção de HIV/SIDA no comando provincial da PRM em Sofala, acredita que os números sejam mais altos, se for levado em conta o efectivo da polícia na região, que ele não tem autorização para divulgar.

“Acredito que haja mais polícias seropositivos na corporação que tencionam anunciar o seu estado de saúde, mas acham que fazendo isso poderão ser discriminados ou perder o emprego”, diz.

O núcleo de prevenção de HIV/SIDA no comando provincial da PRM em Sofala foi criado em 2000 pelo Ministério do Interior para sensibilizar funcionários da polícia. Segundo João, o núcleo conta com pouco mais de 100 educadores de pares, que semanalmente realizam palestras e sessões de vídeo para a prevenção do HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. “Temos vindo a sensibilizar os nossos colegas para usarem correctamente o preservativo e levar as suas famílias para fazer o teste”, destaca.
- *Nome fictício jc/am/ll - PlusNews África Portuguese Service, 27/01/09.

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1/15/09

HÁ 150 ANOS, EM CABO DELGADO, PREVENIA-SE EPIDEMIA DE COLÉRA ASSIM:

Manchete de hoje: Cólera mata em Cabo Delgado - A província de Cabo Delgado registou até ontem três óbitos vítimas da cólera, confirmada semana passada, depois de terem sido notificadas diarreias agudas desde meados de Dezembro passado. Enquanto isso, em Machaze, Manica, foram confirmados como sendo cólera, os casos de diarreias acompanhadas de vómitos, que provocaram nas últimas 24 horas um óbito... ...(leia a matéria na íntegra aqui - "Notícias-Maputo").

E, enquanto a epidemia de cólera tenta avançar por todo o Moçambique, diz-nos o historiador e colaborador deste blogue, Dr. Carlos Lopes Bento(1):

PROBLEMAS DE ONTEM E DE HOJE: - MEIOS DE PREVENÇÃO CONTRA A EPIDEMIA DE CÓLERA VERIFICADA, HÁ 150 ANOS, EM MOÇAMBIQUE.

No momento em que cólera está, novamente, a ameaçar Moçambique, é pertinente recordar o que passou, no longínquo ano de 1859, e algumas das medidas preventivas tomadas pela Junta de Saúde para combater a epidemia que, então, atingiu não só o distrito da Capital de Moçambique, sedeada na Ilha do mesmo nome, e terras firmes fronteiriças, como também o distrito de Cabo Delgado.

Para prevenir a epidemia e atenuar os seus maléficos efeitos, as Autoridades Coloniais de então, através da Junta de Saúde de Moçambique, tornaram públicas, em 5 de Fevereiro de 1859, importantes medidas:

“INSTRUÇÕES POPULARES ACERCA DOS MEIOS DE PREVENIR A COLERA-MORBUS DE O COMEÇAR A TRATAR ANTES DA CHEGADA DO FACULTATIVO.

A Junta de Saúde da Província de Moçambique faz público o seguinte:

Tendo aparecido na Cidade, desde o dia 3 do corrente, alguns casos do Cólera-Morbus epidémico, e precisando esta doença ser tratada, logo no período da invasão, pela sua tendência a uma marcha rapidamente fatal, a todos interessa tomar conhecimento das seguintes instruções.
1.°- O cólera não é doença contagiosa, não se comunica pelo contacto; pode-se, portanto, sem receio dar às pessoas afectadas todos os cuidados, que o seu estado reclama.

2.°- O cólera propaga-se por infecção, e está provado que a acumulação de indivíduos doentes, ou mesmo sãos, em lugares húmidos, estreitos, mal arejados, faltos de asseio, pode favorecer consideravelmente a intensidade da doença, e a sua propagação pela vizinhança.

3.°- As Autoridades competentes têm providenciado e continuam a trabalhar para tornar efectivos o asseio e limpeza das casas, das ruas, e dos quintais, mas os particulares por interesse próprio da sua família e escravos, devem espontaneamente empregar todos os meios para que a limpeza, principalmente, em seus domicílios seja sempre perfeita.

4.°- Os resfriamentos rápidos, as indigestões, o uso de maus alimentos, são causas determinantes do cólera. Às pessoas abastadas é suficiente lembrar-lhes isto, mas, acerca dos escravos, convém que os senhores velem para que eles fiquem de noite agasalhados e cobertos, e não ao ar livre; que se não deixem esfriar descansando de repente ao ar livre quando acabam de trabalhar ou carregar, e estão cobertos de suor; que não comam logo depois de um trabalho fatigante; e finalmente fazer algum sacrifício para que os alimentos sejam de boa qualidade.

5.°- Durante as epidemias do cólera é preciso dar toda a atenção a qualquer pequeno desarranjo das funções do estômago, e dos intestinos.

Qualquer pessoa afectada de dores do estômago, de cólicas, de diarreias, deverá primeiro que tudo, e posto que os sintomas sejam ligeiros, dar muita atenção à natureza dos seus alimentos, diminuir-lhes a quantidade, ou mesmo pôr-se em dieta, conforme a urgência; devera evitar a fadiga, o frio, a humidade, agasalhar-se, cingir o ventre de flanela, e tomar infusões ligeiras de chá da índia, chá de marcela ou de erva cidreira.

Havendo diarreia é de decidida vantagem o uso( para pessoas adultas) de doze a dezasseis gotas de laudano liquido de Sydenham, para dividir em quatro doses ; e tomar durante o dia em agua açucarada. Para crianças o laudano só deve ser aconselhado por Facultativos.

Estes incómodos das vias digestivas são muitas vezes os sintomas precursores do cólera por isso nunca devem ser desprezados, e da prontidão com que a eles se aplicam os meios fáceis e simples de que falámos, resulta o evitar-se com muita probabilidade um ataque formal da doença.

6.°- Se os conselhos, mais higiénicos do que médios, acima indicados não bastam para fazer parar os desarranjos observados; se a diarreia persiste, se a dor aumenta, e principalmente se sobrevêm vómitos, calafrios, resfriamento dos pés, das mãos, e do corpo em geral, ou se os mesmos sintomas se declaram, repentinamente, sem algum sinal precursor, como aqui na Cidade se tem observado em algumas pessoas, então deve fazer-se o seguinte — deitar imediatamente o doente em uma cama quente entre cobertores de lã; colocar tijolos quentes, sacos de areia quente ou botijas de água quente aos seus pés, pôr-lhe panos quentes sobre o estômago e sobre o ventre; fazer fricções nos membros e à espinha dorsal com sacos de areia quente ou com flanela embebida em licores espirituosos, como álcool, aguardente, álcool-canforado, ou aguardente com pimenta; fazer tomar, de meia em meia hora, ele intervalo ou ainda mais vezes, bebidas quentes tónicas e aromáticas, como chá, marcela, calumba; na epidemia actual, em que o resfriamento caminha rapidamente, tem-se tirado proveito do uso de alguns copos de genebra ou aguardente boa, dados em pequenos intervalos, e acompanhados cada um duma pitada de pimenta redonda; outras pessoas têm dado a pimenta em cozimento quente e bem açucarado, alternado com a genebra ou com o chá de calumba. Ao mesmo tempo põem-se sinapismos nas pernas, nos pés e nos braços para reaver o calor, e evitarem-se todas as causas de resfriamento. Havendo diarreia dão-se pequenos clisteres de agua de arroz, de alteia, ou linhaça, aos quais convirá algumas vezes juntar oito ou dez gotas de laudano (nas pessoas adultas); podem repetir-se os clisteres persistindo a diarreia.

Quando aos sintomas precedentes se juntar dores de cabeça, cãibras nos membros, a persistência ou invasão do frio em uma grande extensão do corpo, se a língua se torna fria, os olhos encovados, a pele azulada na face e nas mãos das pessoas brancas, estes indícios de maior gravidade da doença não devem fazer desprezar o emprego dos meios acima indicados, mas pelo contrario devem obrigar a aplicá-los com mais energia e perseverança até à chegada do Facultativo ou à remessa rápida do doente bem agasalhado para o hospital.

As pessoas que derem os primeiros cuidados não devem desanimar mesmo quando eles pareçam não produzir grande. melhora no estado do doente.

O fim que se tem em vista obter é fazer voltar o calor ao doente, restabelecer a circulação e os movimentos do coração; e algumas vezes só no fim de muito tempo se obtém este resultado. É pois indispensável continuar sem interrupção o emprego dos meios indicados, até que se tenha chegado a reproduzir o calor natural, que é o indício de uma reacção em geral favorável.

Estabelecida a reacção, convém animá-la com bebidas aromáticas ligeiras, se ela se conserva em grau moderado, e combater a diarreia por meio dos emolientes e do laudano, e os vómitos, por meio dos aromáticos e dos ácidos. Se a reacção é exagerada, se se desenvolve grande estado febril, são indicados os emolientes, as bichas e alguma sangria. Mas neste caso convém que o doente ou em casa, ou no hospital seja tratado por Facultativo.

Finalmente, a Junta julga do seu dever declarar que, por enquanto, quase todos os casos se tem dado em pessoas mal alimentadas e mal vestidas; mais uma razão para dar atenção aos preceitos higiénicos; e que desde o dia 4 do corrente se preparou no Hospital Militar uma enfermaria isolada, onde têm sido e continuarão a ser recebidos os indigentes e escravos.

Está-se também providenciando para a abertura de um Hospital provisório, que será aberto ao público se o número de doentes aumentar.
Moçambique, 5 de Fevereiro de 1859.
= António Justino de Faria Leal, Presidente interino.
= Joaquim Franscisco Colaço, Vogal.”

Meses mais tarde, o Governador-Geral João Tavares de Almeida, no discurso que fez, em 3 de Outubro de 1859, por ocasião da abertura da Sessão da Junta Geral da Província de Moçambique, ao abordar o problema da Saúde Pública, prestou sobre o assunto, a seguinte informação:

“No mês de Fevereiro deste ano, manifestou-se nesta Cidade o terrível flagelo do Cólera-morbus. Em poucos dias passou ele ao continente; e tanto em uma, como noutra parte, produziu assoladores estragos, atacando e fazendo numerosas vítimas, sem distinção de idade, nem de sexo, principalmente na classe dos escravos.

Houve sérios receios de que a epidemia se propagasse aos outros Distritos, mas felizmente não sucedeu assim. Somente o distrito de Cabo Delgado, sofreu os terríveis efeitos desta moléstia, desde 16 de Fevereiro até 10 de Abril do corrente ano.

Para maior, desgraça o Distrito não tinha facultativo algum, nem desta Cidade se lhe puderam mandar, porque só se soube a notícia da invasão da epidemia quando já tinha acabado.

Segundo as estatísticas já publicadas, o número de falecimentos durante o período da epidemia foi, nesta Cidade e parte do seu Distrito, de 749 pessoas. Consta porém que a mortalidade foi considerável em Sancul, e na Quintangonha, de cujos lugares não foi possível colher suficientes dados, e esclarecimentos. No lbo a mortalidade não foi menor e consta dos mapas remetidos terem falecido 967 pessoas.

Durante estas criticas circunstâncias que, neste Distrito, duraram até meados de Abril, adoptaram-se todas aquelas medidas que estavam ao alcance da administração, não só para debelar a epidemia, como para evitar que ela se propagasse aos outros Distritos, que a Providencia, felizmente, preservou de tão terrível e destruidor flagelo.

Com esta epidemia alguns proprietários sofreram graves perdas, e é de justiça dizer que todos fizeram em favor dos seus escravos aqueles sacrifícios, que as circunstâncias exigiam, e que a caridade ordenava.

Ao cólera sucederam algumas outras moléstias, que costumam ser o cortejo forçado de quase todas as epidemias de qualquer natureza que sejam e o estado da saúde pública ressentiu-se, por algum tempo, deste grande transtorno das condições higiénicas do país. Finalmente, as moléstias ordinárias do clima continuaram a predominar, com um carácter menos grave, mas com certa intensidade mesmo nesta época do ano, em que quase sempre o número dos atacados das febres diminui sensivelmente.”

Segundo dados publicados no Boletim Oficial, morreram, na Cidade de Moçambique, devido à terrível doença, mais de 700 pessoas, assim distribuídas, por etnias: 47 europeus, 11 asiáticos, 12 naturais, 1 chinês, 35 mujojos, 52 pretos livres, 8 pretos libertos e 541 pretos escravos.

Quanto à Vila do Ibo, faleceram, entre 16 de Março e 26 de Abril de 1859, 962 pessoas, assim distribuídas: 126 livres, 21 libertos e 815 escravos. O dia de maior mortalidade foi o dia 20 de Março, com 60 perdas.(2).

Não se apresenta números relativamente a Fevereiro e parte de Março.

Monte de Caparica-Portugal, 15.1.2009,
Carlos Lopes Bento(1).

(1) - Antropólogo e Professor Universitário.
(2) - Todo o conteúdo do presente texto faz parte de um contexto próprio, que deverá não ser esquecido na sua leitura e interpretação. Toda a informação aqui apresentada foi extraída das minhas fichas de leitura e fará parte de um novo trabalho, em vias de conclusão, sobre as Ilhas e demais terras Cabo Delgado.

  • Outros textos do Dr. Carlos Lopes Bento neste blogue - Aqui!

HIV-SIDA: Videogames ajudam o combate da epidemia em África.

Complementando post's anteriores sobre a epidemia de HIV/SIDA em Moçambique/África e acreditando que uma das armas mais eficazes para a combater é a informação, acabo de ler no blogue "Notícias do Velho", recheado de novidades sobre o mundo das novas tecnologias ligadas á informática, que surgiu em teste na cidade de Nairobi-Quénia, junto a comunidades de jovens, um videogame didático e preventivo dessa malvada doença dizimadora de vidas.
Esperando desperte atenções também em Moçambique, onde o flagelo preocupa, na íntegra e com a devida vénia ao "Notícias do Velho", transcrevo:

""Segundo esta nota da Popular Science, a Warner Brothers Interactive, em parceria com a iniciativa HIV Free Generation estão desenvolvendo um videogame que trata da prevenção a AIDS na África.

O jogo, chamado "Pamoja Mtaani", ou sua versão em Inglês "Together in the Hood", está sendo desenvolvido pela seríssima e competente Virtual Heroes, e está em fase de testes em alguns centros de juventude em Nairobi, capital do Quênia.
Não encontrei muitas informações sobre o jogo, além de que é um jogo multiplayer e que acompanha a vida de cinco personagens, que cumprem missões importantes. Os personagens podem ser conhecidos, através de animações bem legais, no site da iniciativa HIV Free Generation.

Ai vai um dos personagens do jogo - Lefty:
Fonte: Popular Science.""
(Evite sobreposição de sons "desligando" o player em funcionamento que se localiza no menu deste blogue, lado direito.)

  • Post's anteriores deste blogue sobre HIV/SIDA em Moçambique e África - Aqui!

1/14/09

HIV-SIDA: Brasileiros em Moçambique acreditam que ‘Agência Aids’ trará impacto às ações de comunicação daquele país...

(Clique na imagem para ampliar)

Entrevistados pela Agência de Notícias da Aids, os brasileiros que trabalham em Moçambique Josué Lima, diretor da ICAP, e Elaine Teixeira, coordenadora do Psicossocial da MSF, afirmaram que a criação de um serviço de apoio aos jornalistas moçambicanos poderá trazer um forte impacto nas ações de comunicação deste país, quebrando o tabu de alguns temas relacionados ao sexo na mídia e dando voz às pessoas vivendo com HIV.

O mesmo idioma e a grande experiência no combate da Aids fizeram do Brasil um dos principais aliados de Moçambique na resposta desta epidemia.

Desde 1997, quando profissionais de saúde moçambicanos vieram oficialmente pela primeira vez ao Brasil para um treinamento sobre prevenção do HIV entre jovens, mulheres e trabalhadoras do sexo, intensificaram-se as relações dos dois países nesta área.

Em 2003, o Governo brasileiro passou a enviar medicamentos anti-retrovirais para dezenas de moçambicanos vivendo com Aids e recentemente, em visita oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou o compromisso na instalação de uma fábrica de anti-retrovirais até 2010 naquele país africano.

Nesses anos de estreita parceria, vários brasileiros foram trabalhar em Moçambique nas áreas médica e social.

A Agência de Notícias da Aids conversou com dois deles sobre a importância da criação, em Moçambique, de um serviço de apoio aos jornalistas especializado em HIV.

Josué Lima é diretor nacional da ICAP, sigla em inglês para Central Internacional para Cuidados e Tratamento da Aids, da Universidade de Columbia. Instituição que apóia o governo em grande parte dos tratamentos anti-retrovirais realizados no país. Para ele, quanto mais profissionais de comunicação tiverem conhecimentos adequados sobre o HIV e mais sensíveis forem a todas as correlações advindas desse assunto, mais as pessoas vivendo com HIV e expostas estarão bem cuidadas.

“Fico muito feliz em saber que logo teremos uma Agência de Notícias da Sida em Moçambique”, comentou. “Há mais de 23 anos no Brasil e fora do nosso país, aprendi logo a força e o impacto que as ações de comunicação bem conduzidas e orientadas podem ter em qualquer atividade voltada a essa questão”, justificou.

Em Moçambique, segundo Lima, os desafios nas diversas áreas relacionadas à Aids são inúmeros e em especial na comunicação.

“Há muito que se fazer, mas, obrigatoriamente, tudo precisa ser feito com o máximo de criatividade e respeito ao contexto de um país africano que fala a língua portuguesa e diversas outras línguas locais”, observa.

“As diferenças sócio-culturais e regionais aliadas a poucos recursos disponíveis exigem que as estratégias sejam muito bem elaboradas, implementadas e adaptadas à realidade local”, acrescentou o médico.

Elaine Teixeira é coordenadora do Psicossocial da organização Médicos Sem Fronteira (MSF) – Suíça, em Moçambique. Ela atua em atividades de educação para o tratamento e prevenção do HIV e Aids. Segundo a psicóloga, uma agência de notícias sobre Aids em Moçambique vai ajudar a minimizar a discriminação através de uma mídia mais livre de tabus perante a temática do sexo.

“Seria uma excelente oportunidade para se começar a falar mais abertamente sobre saúde sexual, práticas culturais sexuais e sobre as diferenças de gênero, fazendo relação com a prevalência no país, assumindo que a maioria das infecções se dá através da via sexual”, comentou.

Teixeira acredita que este serviço dará ainda mais voz às associações de pessoas vivendo com HIV e Aids (PVHA).

“De maneira direta apoiaria o fortalecimento da pessoa que vive com HIV e sua participação aos poucos na planificação do programa de Aids do país.

As associações de PVHA não estão bem organizadas ainda em Moçambique, falta ação, ativismo, não têm participação no programa e na resposta à epidemia, e não percebem a importância do seu papel na resposta a esta epidemia”, opinou.

Para uma população de aproximadamente 20 milhões, Moçambique tem uma prevalência do HIV estimada em 16% entre as pessoas sexualmente ativas. No Brasil, essa estimativa é de 0.7%.

A fundação, em Moçambique, de um serviço de ajuda aos jornalistas especializado em HIV será uma parceria da Agência de Notícias da Aids e do MISA (Media Institute of Southern Africa) – Moçambique, com apoio do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e Aids (UNAIDS) do Brasil e de Moçambique, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e do Programa Nacional de DST/Aids, por meio do Centro Internacional de Cooperação Técnica (CICT).
- Lucas Bonanno para Agência de Notícias da AIDS, 12/1/2009 - 18h10.

Leia também:

  • Brasil-Moçambique: Parceria entre os dois países irá viabilizar a fundação de uma agência noticiosa sobre HIV/Aids naquele país africano - Aqui!
  • ‘Agência Aids’ em Moçambique: Uma aliada do movimento social, dizem ativistas daquele país - Aqui!
  • Diversos post's deste blogue sobre HIV/SIDA em Moçambique e África - Aqui!

12/02/08

A tragédia da Sida/Aids em Moçambique.

Maputo- O Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, considerou, segunda-feira, dia 1, uma "tragédia" o índice de contaminação por HIV no país, incitando os moçambicanos a agirem "a uma velocidade superior à propagação das infecções", para vencer a doença.

"Estamos perante uma tragédia de grandes proporções", disse Guebuza, discursando no lançamento da nova estratégia de aceleração da prevenção da infecção HIV, vírus que provoca a Sida/Aids.

Dados, divulgados por ocasião do Dia Mundial de Combate à Sida/Aids, dão conta que aproximadamente 16 por cento da população moçambicana, entre os 15 e 49 anos, está infectada. Pelo menos 6 por cento das mulheres grávidas moçambicanas estão contaminadas, tornando Moçambique num dos dez países mais atingidos no mundo.

Mas, para o chefe de Estado moçambicano, o país tem registado avanços no combate à Sida, nomeadamente na transmissão vertical, ou seja, na prevenção da transmissão da infecção do HIV da mãe para filho.

"Queremos exortar os nossos compatriotas a aderirem, em massa, aos serviços de aconselhamento e de testagem voluntária que têm estado a conhecer expansão pelo nosso país", apelou. "Quanto mais cedo for detectado o vírus, maiores serão as probabilidades de sucesso do tratamento anti-retroviral. Apresentar-se nas unidades sanitárias muito tarde, com acentuada debilidade imunológica, só frustra o empenho e o investimento de quem quer ajuda com o tratamento", defendeu.

Guebuza exortou igualmente cada um dos moçambicanos a despertar as suas "virtudes de líder" para levar mais compatriotas a assumirem que "há já no país exemplos de boas práticas que podem ser replicados". "A liderança, no contexto deste lema, deve-nos levar a compenetrarmo-nos do facto de que, não havendo cura ainda para este flagelo humano, ele só poderá ser vencido se assumirmos comportamentos e atitudes que nos afastem da possibilidade de nos infectarmos, ou de podermos infectar ou condicionar que outras pessoas se infectem", disse. "A liderança continua a ser a arma mais barata, disponível e ao alcance de todos nós", mas, "a vitória sobre esta tragédia está ao nosso alcance", disse.
- In "África21 Digital".

Outros post's deste blogue a respeito de HIV/SIDA:

  • Moçambique - HIV/SIDA: o flagelo que deve ser discutido e informado - Aqui!
  • Elvira Howana - O direito à vida - Aqui!
  • Diversificando: HIV/SIDA - Nunca é demais falar... - Aqui!
  • Moçambique: para ex-refugiados seropositivos, a luta continua... - Aqui!
  • Bispo de Moçambique acusa europeus de infectar camisinhas com HIV - Aqui!
  • Moçambique: A SIDA vista através das lentes das câmeras - Aqui!
  • PEMBA: Fátima, o sheik e a mesquita... - Aqui!

11/03/08

Moçambique - doença ainda desconhecida deixa 37 mortos em 4 dias.

Segundo a Associated Press e o Jornal de Piracicaba (02/11/08) - Brasil, trinta e sete pessoas morreram em menos de quatro dias numa área rural de Moçambique por causa de uma doença ainda desconhecida que tem a diarréia como um de seus sintomas, informaram autoridades locais neste domingo.

O ministro da Saúde de Moçambique, Ivo Garrido, disse que as autoridades do país africano estudam a possibilidade de se tratar de um surto de cólera, mas as mortes ainda estão sendo investigadas.

De acordo com ele, aparentemente todas as vítimas consumiram água contaminada de um rio na província de Manica, região central de Moçambique.

Pelo menos outras 20 pessoas estão internadas com sintomas parecidos. Moçambique é um dos países mais pobres do mundo e ainda se esforça para reconstruir seus sistemas de saúde e saneamento depois de uma longa guerra civil.

Casos de cólera são bastante comuns no país.

6/12/08

Ronda pela imprensa moçambicana - Oftalmologistas japoneses operam em Mueda-Cabo Delgado.

O hospital distrital de Mueda, província de Cabo Delgado, receberá, entre 16 e 20 do corrente, três médicos oftalmologistas do Japão, que vão operar 60 pacientes com problemas visuais diversos.
Ao abrigo do projecto, o primeiro do género, os médicos nipónicos vão trabalhar naquela unidade sanitária juntamente com os médicos e enfermeiros locais e operar os pacientes com vários problemas de vista. O projecto está orçado em 123 mil dólares, valor financiado pelo Governo daquele país asiático através do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão. Segundo dados do Ministério da Saúde (MISAU), um por cento da população moçambicana sofre de cegueira causada por cataratas, mais de metade da qual pode ser curada com intervenção cirúrgica. Um comunicado da Embaixada do Japão indica que, dependendo dos resultados desta primeira experiência, planear-se-á a sua continuidade e outros projectos no domínio da Saúde se seguirão. Para garantir a continuidade deste tipo de jornadas no continente africano, os médicos oftalmologistas, apoiados pelas respectivas universidades, fundaram uma organização não governamental designada Associação de Ajuda e Cirurgias Oftalmológicas em África.
- Maputo, Quinta-Feira, 12 de Junho de 2008:: Notícias