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4/22/08

Moçambique - HIV/SIDA o flagelo que deve ser discutido e informado...

Praga dos tempos modernos que massacra o mundo e os povos mais humildes e desinformados. Busca-se uma cura que ainda não surgiu, mas avanços têm sido feitos que amenizam e podem até controlar a evolução da moléstia, o que, complementado com prevenção, educação e informação dificulta seu progresso e a contaminação. Moçambique é um dos países que muito tem sofrido com essa doença. Milhares de moçambicanos têm perecido e milhares ainda morrerão por causa desse vírus malvado. Mas, felizmente, algo vem sendo feito tentando sustar o avanço da doença. Talvez com alguma timidez ou pouca exposição, mas está aí e deve ser divulgado:
(Para evitar sobreposição de sons, não esqueça de "desligar" a rádio "ForEver PEMBA.FM" no lado direito do menu deste blogue.)
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"No nosso país, como em outros países da África Austral, o impacto do HIV/SIDA é multisectorial, não poupando nenhum sector. Este impacto resulta num ciclo vicioso que no fim se manifesta na pobreza e subdesenvolvimento. A pobreza aumenta a vulnerabilidade à infecção pelo HIV e a fraca capacidade de resposta aos seus efeitos. Por outro lado, o HIV/SIDA tem efeitos negativos que interferem em todas as esferas do desenvolvimento, criando mais pobreza. Sem desenvolvimento sustentável não é possível combater eficazmente o HIV/SIDA e com o HIV/SIDA não pode haver desenvolvimento sustentável. O reconhecimento de que a problemática do HIV/SIDA não é apenas um assunto de saúde, mas sim um problema de desenvolvimento e que tem implicações em todos os sectores e níveis, faz com que seja necessário adoptar estratégias multissectoriais e a todos os níveis para melhor responder às implicações da pandemia do HIV/SIDA. Estas estratégias precisam de ter uma boa coordenação e interdependência a nível nacional como a nível internacional. A implementação destas estratégias deve sempre ter em vista a integração de acções de prevenção e mitigação do HIV/SIDA em todos os sectores já existentes, e não a criação de novos sectores específicos para o HIV/SIDA. Para isso é preciso que todos os sectores e níveis actuem de forma coordenada e colaborativa para prevenir e reduzir a ocorrência de novas infecções e prevenir e reduzir os impactos resultantes das infecções já ocorridas."
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Mais:
Nova abordagem do HIV/SIDA para deficientes em Moçambique.
Maputo, Moçambique (PANA) - Organizações não Governamentais moçambicanas vão lançar, esta semana, uma nova abordagem que presta uma atenção especial ao rumo das pessoas deficientes na luta contra o HIV/Sida, noticiou terça-feira a Agência de Informação de Moçambique (AIM) citando um comunicado do Fórum das Associações Moçambicanas para Pessoas Deficientes (FAMOD).O FAMOD indicando que as pessoas deficientes são estigmatizadas e têm, por conseguinte, menos oportunidades de se casar, declarando que elas, devido a esta situação, têm tendência a ter mais do que um parceiro sexual e relações sexuais instáveis.De acordo com o fórum, as mulheres e crianças deficientes são mais expostas à violação e têm pouco ou nenhum acesso a serviços de saúde de qualidade e a informações sobre o HIV/Sida.De acordo com estatísticas de 2007 sobre a prevalência do HIV em Moçambique, pelo menos 324 mil pessoas deficientes são igualmente seropositivas.Estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que cerca de dois milhões de pessoas em Moçambique são deficientes até a um certo grau e as organizações que trabalham com elas afirmam que os deficientes são excluídos dos programas de luta contra a pandemia da sida.O FAMOD, em parceria com a ONG europeia Handicap International e outros parceiros, previu um seminário esta semana para lançar a Campanha Africana sobre as Pessoas Deficientes e o HIV/Sida.O objectivo deste seminário é divulgar as directivas da Campanha Africana sobre as Pessoas Deficientes e o HIV/Sida em Moçambique e fazer tomar consciência aos dirigentes políticos e ao público da vulnerabilidade das pessoas deficientes face à pandemia.A reunião tem igualmente por objectivo assegurar um melhor acesso à despistagem do HIV, a uma assistência médica e ao tratamento para as pessoas deficientes.A Campanha Africana é coordenada pelo Secretariado da Década Africana (1999-2009) para as Pessoas Deficientes e pela Handicap International.
Maputo - 04/03/2008 - PanaPress.
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Seropositividade em grávidas aumenta em Cabo Delgado.
Mais de mil mulheres grávidas, das 17 mil submetidas a testes de HIV/SIDA no primeiro trimestre deste ano na província de Cabo Delgado, tiveram resultados positivos.
O chefe da Repartição da Saúde na Comunidade em Cabo Delgado, Francisco Paulo, disse que em igual período do ano passado tinham sido diagnosticados mais de 640 casos da doença em mulheres grávidas. Francisco Paulo exortou a população para maior adesão aos testes de HIV para o controlo do seu estado, especialmente para mulheres grávidas, responsáveis pelo estado de saúde dos seus filhos.
Maputo, Terça-Feira, 22 de Abril de 2008:: Notícias

1/14/09

HIV-SIDA: Brasileiros em Moçambique acreditam que ‘Agência Aids’ trará impacto às ações de comunicação daquele país...

(Clique na imagem para ampliar)

Entrevistados pela Agência de Notícias da Aids, os brasileiros que trabalham em Moçambique Josué Lima, diretor da ICAP, e Elaine Teixeira, coordenadora do Psicossocial da MSF, afirmaram que a criação de um serviço de apoio aos jornalistas moçambicanos poderá trazer um forte impacto nas ações de comunicação deste país, quebrando o tabu de alguns temas relacionados ao sexo na mídia e dando voz às pessoas vivendo com HIV.

O mesmo idioma e a grande experiência no combate da Aids fizeram do Brasil um dos principais aliados de Moçambique na resposta desta epidemia.

Desde 1997, quando profissionais de saúde moçambicanos vieram oficialmente pela primeira vez ao Brasil para um treinamento sobre prevenção do HIV entre jovens, mulheres e trabalhadoras do sexo, intensificaram-se as relações dos dois países nesta área.

Em 2003, o Governo brasileiro passou a enviar medicamentos anti-retrovirais para dezenas de moçambicanos vivendo com Aids e recentemente, em visita oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou o compromisso na instalação de uma fábrica de anti-retrovirais até 2010 naquele país africano.

Nesses anos de estreita parceria, vários brasileiros foram trabalhar em Moçambique nas áreas médica e social.

A Agência de Notícias da Aids conversou com dois deles sobre a importância da criação, em Moçambique, de um serviço de apoio aos jornalistas especializado em HIV.

Josué Lima é diretor nacional da ICAP, sigla em inglês para Central Internacional para Cuidados e Tratamento da Aids, da Universidade de Columbia. Instituição que apóia o governo em grande parte dos tratamentos anti-retrovirais realizados no país. Para ele, quanto mais profissionais de comunicação tiverem conhecimentos adequados sobre o HIV e mais sensíveis forem a todas as correlações advindas desse assunto, mais as pessoas vivendo com HIV e expostas estarão bem cuidadas.

“Fico muito feliz em saber que logo teremos uma Agência de Notícias da Sida em Moçambique”, comentou. “Há mais de 23 anos no Brasil e fora do nosso país, aprendi logo a força e o impacto que as ações de comunicação bem conduzidas e orientadas podem ter em qualquer atividade voltada a essa questão”, justificou.

Em Moçambique, segundo Lima, os desafios nas diversas áreas relacionadas à Aids são inúmeros e em especial na comunicação.

“Há muito que se fazer, mas, obrigatoriamente, tudo precisa ser feito com o máximo de criatividade e respeito ao contexto de um país africano que fala a língua portuguesa e diversas outras línguas locais”, observa.

“As diferenças sócio-culturais e regionais aliadas a poucos recursos disponíveis exigem que as estratégias sejam muito bem elaboradas, implementadas e adaptadas à realidade local”, acrescentou o médico.

Elaine Teixeira é coordenadora do Psicossocial da organização Médicos Sem Fronteira (MSF) – Suíça, em Moçambique. Ela atua em atividades de educação para o tratamento e prevenção do HIV e Aids. Segundo a psicóloga, uma agência de notícias sobre Aids em Moçambique vai ajudar a minimizar a discriminação através de uma mídia mais livre de tabus perante a temática do sexo.

“Seria uma excelente oportunidade para se começar a falar mais abertamente sobre saúde sexual, práticas culturais sexuais e sobre as diferenças de gênero, fazendo relação com a prevalência no país, assumindo que a maioria das infecções se dá através da via sexual”, comentou.

Teixeira acredita que este serviço dará ainda mais voz às associações de pessoas vivendo com HIV e Aids (PVHA).

“De maneira direta apoiaria o fortalecimento da pessoa que vive com HIV e sua participação aos poucos na planificação do programa de Aids do país.

As associações de PVHA não estão bem organizadas ainda em Moçambique, falta ação, ativismo, não têm participação no programa e na resposta à epidemia, e não percebem a importância do seu papel na resposta a esta epidemia”, opinou.

Para uma população de aproximadamente 20 milhões, Moçambique tem uma prevalência do HIV estimada em 16% entre as pessoas sexualmente ativas. No Brasil, essa estimativa é de 0.7%.

A fundação, em Moçambique, de um serviço de ajuda aos jornalistas especializado em HIV será uma parceria da Agência de Notícias da Aids e do MISA (Media Institute of Southern Africa) – Moçambique, com apoio do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e Aids (UNAIDS) do Brasil e de Moçambique, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e do Programa Nacional de DST/Aids, por meio do Centro Internacional de Cooperação Técnica (CICT).
- Lucas Bonanno para Agência de Notícias da AIDS, 12/1/2009 - 18h10.

Leia também:

  • Brasil-Moçambique: Parceria entre os dois países irá viabilizar a fundação de uma agência noticiosa sobre HIV/Aids naquele país africano - Aqui!
  • ‘Agência Aids’ em Moçambique: Uma aliada do movimento social, dizem ativistas daquele país - Aqui!
  • Diversos post's deste blogue sobre HIV/SIDA em Moçambique e África - Aqui!

5/25/09

PEMBA e a luta contra o Hiv/Sida nas madrassas

Madrassas começam a discutir prevenção de HIV/SIDA com alunos - Pemba, 25 Maio 2009 (PlusNews) - É hora da oração na madrassa Nur, em Pemba, capital da província de Cabo Delgado, na costa norte do país. Crianças e adolescentes com idades entre oito e 20 anos se dividem em grupos de meninas e meninos para rezar. Na lousa, versos do Alcorão escritos em árabe e uma seriedade que não se vê nas salas de aula comuns.

As madrassas são escolas islâmicas, onde alunos são educados sobre o islamismo e aprendem a se portar segundo o Alcorão na sociedade, na família e nos relacionamentos. Na madrassa Nur, no entanto, essa educação não para aí. Em determinados sábados, quando os 120 alunos dos dois períodos podem se reunir no mesmo horário, o jovem malimo [professor] Mitilage Rashid fala sobre HIV e SIDA, adaptando as informações segundo a idade das crianças.

Rashid foi um dos malimos que em 2008 receberam formação sobre HIV do Conselho Islâmico, em parceria com outras organizações. Na formação, ele, com 30 outros professores, aprenderam mais sobre a epidemia e como ensinar os alunos. Mas o tema não era novidade para ele.

“Nós, muçulmanos, já fomos alertados no Alcorão sobre essa doença, que quando os actos sexuais fossem cometidos de qualquer maneira, sem compromisso, haveria uma doença sem cura.”

A inclusão do HIV/SIDA nos currículos das madrassas é uma inovação bem-vinda no rígido sistema educacional. Embora algumas madrassas ainda proíbam o assunto, malimos de escolas como Nur entenderam a importância de se abordar a epidemia num país cuja seroprevalência nacional é de 16 por cento.

No contexto do Alcorão - A mensagem sobre HIV nas madrassas, no entanto, é bem diferente da passada nas escolas regulares. Segundo o sheikh Mohammed Abdulai Cheba, director das 54 madrassas de Cabo Delgado, a mensagem é transmitida em duas partes: a primeira deixa claro que o HIV é um castigo divino; a segunda reforça a ideia de que a única forma de prevenção é a abstinência e a fidelidade.

“As pessoas fazem sexo ilegalmente, mas isso é um erro muito grande, porque é fora da autorização da família. Se querem fazer esse acto, eles devem preparar todos os requisitos: casar, aproximar as famílias e legalizar aquela vida que vai levar”, explica. Nas madrassas, os alunos não questionam tais ensinamentos.

“O Profeta falou que se as pessoas fizessem coisas que Alá não gosta, haveria uma doença sem cura. É uma forma de castigo”, repete Darisse Muarabo, 19 anos, aluno da quinta classe da madrassa e décima classe na escola regular.

O estudante Kadafi Joaquim leva as lições da madrassa ao pé da letra. Aos 18 anos, ele se mantém longe das raparigas – namorar, só se for para casar.

“Temos que ouvir o Profeta e nos afastarmos das moças antes do casamento, porque é pecado”, diz.

Ao defender a abstinência e a fidelidade, preservativos são automaticamente excluídos da discussão, porque, na opinião dos malimos, podem levar os alunos ao sexo. Haram (ilícito, em árabe) é o termo usado para descrevê-los.

“Quando confiamos na camisinha, ao invés de ter medo, o aluno vai querer fazer o adultério. Ele não terá mais medo de praticar o sexo”, explica Rashid.

Cheba vai além: “Todos os livros celestiais condenam o uso de camisinha. Quando o líder diz às crianças que têm que usar camisinha, ele está a autorizá-las a usar e a pecar.”

Joaquim explica a lógica da perspectiva dos adolescentes: “O rato não pode ver o amendoim, senão vai querer comer. Se você carregar preservativo no bolso, vai começar a pensar em coisas.”

Para os malimos, associar o HIV a comportamentos ilícitos não estimula o preconceito ou a discriminação. “Quando aparece um castigo ele é para toda gente, não só para quem cometeu o acto”, explica o sheikh Cheba. “Se uma pessoa está doente, muçulmana ou não, ela merece conselho e nós apoiamos, moralmente e materialmente.”

Nem todos os alunos, porém, parecem entender dessa forma. “Eu não conheço ninguém seropositivo, mas se conhecesse, eu iria me afastar”, disse Ausse Said, 17 anos, que cursa a quarta classe da madrassa Nur.

Enquanto isso, na escola - Adamo Selemani Daúdo, professor e activista da Geração Biz, projecto conjunto do governo de Moçambique com ONGs como Pathfinder International sobre saúde sexual e reprodutiva para adolescentes e jovens, critica a forma como o HIV, e o sexo em geral, é abordado nas madrassas.

“Religião e ciência quase não se dão, uma contradiz a outra. Mas eu, como professor, sempre aconselho os alunos no uso do preservativo”, diz. “Nas madrassas eles defendem o não-uso do preservativo para praticar a fidelidade, mas hoje não existe fidelidade em Moçambique.”

Muçulmano, casado e pai de dois filhos pequenos, Daúdo diz que usa camisinha nas relações extra-maritais “porque hoje em dia não há confiança. Nem mesmo as próprias muçulmanas são fiéis. Eu uso para a minha própria segurança.”

O jovem professor dá aulas de história na Escola Secundária Fraternidade, mantida pela comunidade islâmica e que fica ao lado da Africa Muslim, uma das mesquitas mais conservadoras de Pemba. Também faz palestras sobre saúde sexual. “Eu digo aos alunos que o preservativo é uma questão individual”, defende. “Não se pode falar dele como sendo um pecado, porque o preservativo é uma questão de segurança, proteção.”

A escola dispõe de uma sala batizada de Canto do Aconselhamento, onde alunos podem esclarecer dúvidas ou pegar preservativos. Segundo ele, muitos rapazes que frequentam as madrassas vão até lá em busca de preservativos. Tímidas, as meninas geralmente não aparecem.

“Não estamos a incentivar o sexo, mas a ajudar o jovem na prevenção”, diz Daúdo.

Ajira Abdul Razak, uma extrovertida rapariga de 20 anos, defende a educação sexual como ela é dada nas escolas regulares, “porque não é realista esperar que o jovem seja abstinente e fiel”. Para ela, os jovens precisam de informações práticas, mesmo que decidam não usá-las. Ela fala por experiência própria. Mãe de um menino de um ano e meio, Ajira frequentava uma madrassa onde não recebeu nenhum tipo de orientação sobre HIV. Na escola, aprendia sobre saúde sexual e participava de palestras sobre a epidemia. Mesmo com todo o conhecimento, ela dispensava a camisinha nas relações sexuais com o namorado. Ficou grávida e quase foi expulsa de casa pelo pai quando anunciou a notícia, principalmente por ser a única filha. Teve o bebé, que agora fica aos cuidados de sua mãe enquanto ela está na escola.
- PlusNews - Notícias e análises sobre HIV e Sida, 25/05/2009.
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11/23/05

Moçambique e Brasil preparam novo projecto de prevenção da SIDA.

Brasil e Moçambique pretendem lançar em Fevereiro do próximo ano, em Maputo, um novo projecto de prevenção da SIDA na área da educação com o apoio de jovens, disse hoje fonte oficial brasileira.
Segundo o assessor de cooperação externa do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e SIDA (DST/SIDA), Paulo Guilherme Meireles, o projecto envolve o intercâmbio de experiências dos dois países e seu custo está avaliado em 250 mil dólares (212 mil euros).
O programa brasileiro "Saúde e Prevenção nas Escolas", uma parceria dos Ministérios da Saúde e da Educação para prevenir a infecção pelo HIV, outras doenças sexualmente transmissíveis e também a gravidez não planeada, vai ser aplicado em Moçambique.
O programa difunde conceitos de saúde sexual e reprodutiva junto da população juvenil, promove a prática segura do sexo e amplia os debates sobre direitos humanos, igualdade de géneros, discriminação e preconceito nas escolas públicas brasileiras.
O projecto moçambicano "Geração Bis" terá também intervenção no Brasil em Julho de 2006, com a vinda de cerca de 20 estudantes que farão palestras em escolas brasileiras.
O programa "Geração Bis", que funciona em Moçambique desde Abril deste ano, capacita jovens portadores do HIV para trabalhar com outros jovens sobre a prevenção da SIDA, sexo seguro, incentivo ao tratamento e defesa de seus direitos.
Um destes jovens é Sérgio Mahumane, de 24 anos, que está no Brasil a participar na elaboração do novo projecto.
"Este projecto na área de educação interligando Moçambique e Brasil é fundamental para que possamos defender os nossos direitos e esclarecer outros jovens", afirmou o estudante à Agência Lusa.
Mahumane é um dos beneficiários da cooperação entre os dois países na área da SIDA, já que recebe medicamentos anti-retrovirais produzidos no Brasil.
"Há dez meses soube que sou seropositivo e estou a ser tratado, estou bem e disposto a lutar pelos direitos dos jovens", assinalou.
O novo projecto de cooperação entre Brasil e Moçambique vai culminar numa publicação que reproduzirá as principais experiências dos dois países no combate e prevenção do HIV/SIDA entre os jovens.
O projecto envolve o Ministério da Saúde do Brasil, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), ligada ao Itamaraty, o Ministério moçambicano da Educação, o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) e organismos internacionais.
A Universidade de Brasília (UnB) também é parceira do novo projecto com Moçambique e está a criar uma especialização em HIV/SIDA no nível superior.
A SIDA é um dos maiores problemas de saúde pública em Moçambique, com os últimos dados a indicar que cerca de 16 por cento da população está infectada pelo vírus HIV e mais de 500 pessoas são contaminadas diariamente no país.

5/19/09

Eu sou de Pemba, tenho 30 anos e sou divorciada. Tenho uma filha de sete anos...

(Clique na imagem para ampliar. Imagem original daqui e daqui)

Eu sou de Pemba, tenho 30 anos e sou divorciada. Tenho uma filha de sete anos. Demorou muito para eu descobrir que tinha o HIV. Comecei a ficar doente em 2004 e fiquei um ano e meio com febres, tudo doía. As pernas não me ajudavam, eu já não andava. Estava sempre com manchas no corpo, comichão nos braços e nas pernas.

Na época eu era casada com um tanzaniano. Tive duas filhas e as duas morreram com menos de dois anos. Eu fazia pré-natal, mas não acusava nada. Fiquei um ano hospitalizada, mas ninguém nunca dizia o que havia de errado comigo. Eu pedia, exigia, implorava e nada.

Voltei da Tanzânia para Moçambique. Meus tios me receberam e cuidaram de mim. Comecei a receber tratamento no hospital e quem me atendeu foi um médico tanzaniano. Perguntei para ele se poderia ser HIV e ele disse que não, que ele ia me tratar e eu ia sarar. Acho que o teste voltou positivo, mas ele não queria me dizer.

No meio tempo eu também fazia tratamentos tradicionais. Minha família já tinha perdido as esperanças. Um dia uma prima sugeriu: “Mana, tem uma doença que faz o teste, era bom que fôssemos lá no hospital de dia. Pode ser que não seja, mas vamos tentar.”

Quando me disseram que eu era positiva, não acreditei. Eu já tinha ouvido falar o que era HIV, mas pensava “Isso não pode acontecer”. Naquele dia, um paciente no hospital me disse: “Não te sintas triste, eu também estou a fazer tratamento. Vais ficar bem.”

Não faço idéia de como fui infectada, mas meu marido era negociante, ele tinha outras mulheres durante as viagens. Quando descobri que era seropositiva nós já estávamos separados. Eu mesma pedi: “Não quero te privar. Estou doente e não sei até quando fico assim. Enquanto eu não sei o que eu tenho, eu te liberto.”

Comecei a fazer o tratamento. Em três meses eu me sentia a recuperar. Passei a ter uma apetite forte de comida. Me sentia bem. No hospital, um enfermeiro me falou de uma associação de pessoas vivendo com HIV chamada Kaheria (“Você não dizia?...” na língua macúa), para eu não ficar isolada. Fui, inscrevi-me, dediquei-me e passei a ajudar outras pessoas. Virei activista.

Preciso me sentir mais firme antes. As pessoas têm muita confiança em mim e me pedem para ajudar em várias situações. Sei, por exemplo, de um casal em que os dois são seropositivos, mas um não sabe da condição do outro. Os dois vieram me contar, mas não têm coragem de dizer para o parceiro.

Numa outra ocasião, a esposa escondeu os remédios do marido, porque desconfiava que os comprimidos não eram para dor de estômago, como ele dizia. Ela queria que ele ficasse aflito e contasse a verdade para ela. Ela não sabia que ele tinha o vírus, mas eu aconselhei que ela devolvesse os remédios, porque se ele morresse, ela seria cúmplice.

Em outro caso, havia um pastor que ia se juntar com uma moça, mas ele não sabia que ela era seropositiva. Ela escondia os remédios no plástico de calcinhas. Um dia ele apanhou os remédios, que reconheceu porque um amigo havia morrido de SIDA. A moça mentiu: “Não são meus, são da Patrícia”. Ela foi correndo até minha casa, me contou a história e pediu que eu fingisse ir até a casa dela buscar os remédios. Quando cheguei lá, o pastor tinha jogado os remédios na latrina, porque achou que fossem meus. Ele me pediu desculpas.

Como activista, eu tenho preparo para conversar com as pessoas. Quando alguém me traz uma situação assim, eu sempre posso mostrar qual o caminho. Apesar disso, eu mesma ainda não tive coragem de abrir minha condição para todos. Já apareci na televisão falando sobre o trabalho como activista na Kaheria. Sou uma figura pública, leio mensagens para motivar as pessoas para fazer o teste voluntário, mas as pessoas não sabem que eu sou seropositiva. Apenas algumas poucas pessoas sabem, e elas não me discriminam. Outras não acreditam, dizem “Ela é gorda e bonita, não é verdade”. Mas mesmo assim ainda não acho que está na hora de me revelar: preciso me sentir mais firme antes. Mas acredito que eu seja alguém que está a contribuir com a sociedade.
- Pemba, Maio 2009, Patrícia - PlusNews.

  • Alguns post's deste blogue que falam sobre o grave problema da HIV/Sida em Moçambique e Cabo Delgado - Aqui!
  • MOÇAMBIQUE: Quase um em cada cinco funcionários públicos tem o HIV - Aqui!
  • PlusNewsNotícias e análises sobre HIV e Sida - Aqui!
  • Portal HIV/SIDA Moçambique (sem atualização desde Abril de 2007, o que se lamenta) - Aqui!
  • UNICEF Moçambique - Aqui!
  • Campanha Francesa contra AIDS - Aqui!
  • Síndrome da imunodeficiência adquirida - Wikipédia - Aqui!

11/08/08

África do Sul/SIDA - Mbeki responsabilizado por 330 mil mortes!

Cheguei a ler que esse senhor considerava a Sida/Hiv folclore, manobra de oposicionistas a seu governo e intentona internacional.

Para felicidade e longevidade do povo sul-africano está "aposentado" do poder.

E, segundo consta, não deixou saudades.

Como não deixarão "alguns" dos que ainda por aí andam falando baboseira a todo o instante em discursos inflamados e populistas.

Coisas assim costumam acontecer quando o poder cai nas mãos de quem prima pela ausência de conhecimento, vulgo ignorância ou estupidez e, ainda para cúmulo, é mal assessorado!

Do RTPNotícias de hà momentos, transcrevo:

Joanesburgo, 08 Nov (Lusa) - Activistas sul-africanos de defesa dos direitos dos seropositivos querem que o ex-presidente Thabo Mbeki e a sua então ministra da Saúde respondam na justiça pelas mortes desnecessárias de 330 mil pacientes entre 2000 e 2005.

Os referidos activistas batem-se há longos anos pelo direito ao tratamento com anti-retrovirais dos doentes em instituições públicas.

Zachie Achmat, presidente da organização não-governamental Treatment Action Campaign (TAC), que recebeu vários prémios internacionais pela sua luta contra as políticas do ex-chefe do Estado e do governo sul-africano, disse ontem que "Mbeki tem as mãos manchadas de sangue" e deveria ser alvo de um processo perante uma comissão judicial independente.

Conhecido pelas suas posições pouco ortodoxas relativamente ao HIV/Sida, Mbeki passou os 9 anos dos seus dois mandatos como presidente a negar a ligação directa entre o HIV e a Sida, subscrevendo uma série de teses dos chamados "cientistas dissidentes" e resistindo à introdução no sistema público de saúde dos tratamentos com anti-retrovirais (ARV`s).

A sua ministra da Saúde, Manto Tshabalala-Msimang, subscreveu sempre as posições do ex-presidente, tendo classificado em várias ocasiões os ARV`s como "venenos" e defendido publicamente que os seropositivos deveriam ingerir doses diárias de batatas africana, alho, beterraba, azeite e outros produtos naturais, em vez de ARV`s para combater o vírus que os aflige.
Um estudo publicado em 20 de Outubro pela Escola de Saúde Pública de Harvard, e assinado pelo professor Pride Chigwedere, conclui que 330 mil seropositivos perderam a vida entre 2000 e 2005, em resultado da ausência de programas de tratamento com anti-retrovirais na África do Sul, decorrente da negação sistemática do presidente e da sua ministra da Saúde relativamente ao HIV/SIDA.

O estudo conclui também que naquele período 35 mil crianças nasceram infectadas pelo HIV porque o governo proibia o tratamento das mães com drogas destinadas especificamente a travar a infecção de mães para filhos, designadamente o Nevirapine, que é utilizado em praticamente todo o mundo.

Zachie Achmat e o TAC - que processaram judicialmente várias vezes os governos de Mbeki para que fossem forçados a disponibilizar ARV`s nos hospitais públicos - pediram ao actual governo do presidente Kgalema Motlanthe que convoque Mbeki e Tsbalala-Msimang para que sejam questionados sobre as suas políticas e os seus resultados.

Os activistas desejam que Mbeki se explique também perante a Comissão da Verdade e Reconciliação (TRC), defendendo que "é necessário fazer justiça àqueles que morreram em resultado das poíticas de Mbeki".

"Esta é a razão pela qual o TAC defendia desde há muito a demissão do presidente Mbeki pelo seu partido, o ANC, por ele ter as mãos manchadas de sangue", disse hoje Achmat.

"Este estudo da Harvard demonstra claramente aquilo que o TAC vem defendendo há muito: que há uma ligação directa entre muitos milhares de mortes e a negação do ex-presidente face à SIDA", concluiu o presidente do TAC.

François Venter, que lidera a Unidade de Saúde Reprodutiva e de Pesquisa do HIV na Universidade de Witwatersrand, Joanesburgo, afirma que o estudo aponta para "uma vergonhosa falta de liderança" do antigo presidente, ao mesmo tempo que se regozija com o facto do novo governo ter nomeado Barbara Hogan, uma respeitada especialista que considera ser "uma líder inspiradora", para a pasta da Saúde.

Quando Mbeki foi afastado da Presidência e da chefia do governo, em Setembro último, o ex-presidente americano Jimmy Carter declarou "não nutrir qualquer simpatia para com ele (Mbeki)".

Carter revelou então que o ex-chefe do Estado sul-africano recusou há uns anos, na sua presença e de Bill Gates, generosos fundos da Fundação Carter para adquirir ARV`s para pacientes sul-africanos com o argumento de que "a SIDA foi uma invenção do Ocidente para exterminar africanos" e que "os ARV`s são uma forma de gerar lucros à custa dos africanos e dos países em desenvolvimento em geral".
- Lusa - 08/11/08, 12:50:01.

9/12/09

HIV/SIDA: MAU ATENDIMENTO NO HOSPITAL PROVINCIAL DE PEMBA!

Com apoio das organizações Movimento de Acesso ao Tratamento em Moçambique (MATRAM) e Comunidade Sant’Egidio, várias associações de pessoas vivendo com HIV e Sida entregaram nesta sexta-feira, 11 de Setembro, à Direcção Provincial de Saúde de Cabo Delgado, um documento com relatos de mau atendimento de pacientes no Hospital Provincial de Pemba.

Conforme o documento, Cassamo - paciente que não quis identificar seu apelido - denuncia que o pessoal de saúde está a divulgar o seu estado serológico para outros doentes daquela unidade.

Mariamo contou que já não recebe serviços de aconselhamento, o que o motivava na aderência ao tratamento; e Júlia criticou o facto de chegar numa consulta e não ser atendida porque os trabalhadores da saúde não encontraram seu processo clínico.

A activista Ana Muhai, do programa DREAM, da Comunidade Sant’Egídio, acredita que todos esses problemas são decorrências directas do encerramento dos Hospitais de Dia.

“Está a ser dolorosa esta atitude do Governo. Conheço muitos seropositivos que chegaram a ficar um mês sem tomar antiretrovirais depois que isso ocorreu”, lamentou.

Criados em 2003, com o intuito de proporcionar um atendimento especializado aos seropositivos, os Hospitais de Dia não faziam internações, apenas atendimentos de rotina, quase sempre relacionados ao início ou à manutenção do tratamento contra a Sida.

Entretanto, por um decreto do Ministro da Saúde, Paulo Ivo Garrido, os Hospitais de Dia foram encerrados recentente, com o propósito de descentralizar o tratamento antiretroviral.

A ideia, segundo o chefe da pasta da Saúde, é que o tratamento seja feito nos hospitais gerais, de modo a garantir um atendimento uniforme e mais abrangente.

Mas por enquanto, de acordo com várias pessoas vivendo com HIV e Sida, como as das associações Esperança de Vida, Ajuda ao Próximo, Mawazo, Karibo, Kaeria, Wiwana, entre outras de Cabo Delgado e de todo país, não está a acontecer.

Cabo Delgado, segundo as estimativas da Ronda de Vigilância Epidemiológica do HIV referente a 2007, tem uma prevalência do HIV de 10 por cento entre as mulheres grávidas.

A prevalência nacional, entre as mulheres grávidas, é de 16 por cento, enquanto nos adultos de ambos os sexos é de aproximadamente 14 por cento.

Redacção da Agência de Notícias de Resposta ao SIDA. DICAS DE ENTREVISTA - Ana Muhai http://www.santegidio.org/; MATRAM - Tel.: 21 400147 e.mail - matram@tvcabo.co.mz

Fontes:

Acrescento: E agora Sr. Ivo Garrido? E agora Sr. Guebuza? E agora, ilustres governantes de Moçambique? Teorizar é fácil... Mas da teoria à prática a distância é abissal. E as consequências em sofrimento e vidas humanas perdidas, castigadas injustificada e inútilmente, também!

9/04/07

PEMBA: Fátima, o sheik e a mesquita...

PEMBA, 3 Setembro 2007 (PlusNews) - A voz melodiosa do sheik Muhamade Aboulai Cheba ressoa nas casas de colmo e coral, escondidas atrás de cercas de bambu de quatro metros de altura. O Oceano Índico brilha entre os troncos altos e finos das palmeiras, nas curvas dos becos estreitos e arenosos.
Esta é Paquitequete, o mais antigo bairro de Pemba, capital de Cabo Delgado, a mais setentrional província de Moçambique.
No sermão de hoje na mesquita local, Cheba encoraja a tolerância para com o crescente número de refugiados somalis e congoleses que abrem lojas ao longo da principal avenida de Pemba.
Mas em muitas sextas-feiras, Cheba prega sobre a Sida.
“Nós ensinamos as pessoas como se proteger e como lidar com a doença se a contraírem”, disse Cheba ao PlusNews.
A seroprevalência em Cabo Delgado, que faz fronteira com a Tanzânia, é de 8.6 por cento, a mais baixa do país.
A média nacional é de 16.2 por cento.
Comerciantes árabes trouxeram a fé islâmica para a costa oriental de África por volta do século VIII.
Em Cabo Delgado, cerca de 80 por cento dos 2.5 milhões de habitantes são muçulmanos.
Cerca de um quarto dos quase 20 milhões de moçambicanos são muçulmanos.
O velho Paquitequete tem uma história de que se orgulha e sua mesquita verde e branca, entre a colina e a praia, é a mais prestigiada da cidade.
O movimentado bairro se aquieta às sextas-feiras depois das 11 da manhã, quando a mesquita enche.
O poder da palavra
Cheba conhece o poder da palavra:
“Num lugar de culto as pessoas prestam maior atenção”.
Num lugar de aprendizagem também.
Cheba é director provincial de 139 madrassas (escolas islâmicas) registadas na província, onde os alunos começam a aprender sobre a Sida aos seis anos, “de maneira apropriada, usando metáforas, sem mostrar preservativos”.
Seguindo os ensinamentos islâmicos, Cheba insiste na fidelidade entre os casais e em adiar o sexo até ao casamento.
Preservativos não são recomendados.
Muitas mesquitas organizaram equipes que visitam doentes e órfãos em suas casas.
A organização não-governamental portuguesa Médicos do Mundo treinou uma dúzia de muçulmanas, incluindo a esposa de Cheba, em cuidados domiciliários.
Os órfãos estão isentos das mensalidades escolares – cinco contos por mês, que equivalem a 5 centavos de dólar – nas madrassas e recebem comida e roupas.
Muçulmanos seropositivos são encorajados a procurar grupos de apoio, diz Nassurulahe Dula, presidente do Congresso Islâmico de Cabo Delgado, a maior congregação islâmica na província.
Tudo isto ajuda.
Mas alguns activistas de Sida em Pemba irritam-se com as pregações de Cheba:
“Esta doença é um castigo divino; o Profeta disse que uma doença sem cura e de morte súbita é castigo por adultério.”
Ele se apressa a explicar que “tal como o tsunami na Indonésia, a Sida é um castigo que afecta os que fazem bem e os que fazem mal.
As pessoas devem se arrepender e voltar para Deus.”
Uma boa muçulmana
Maria de Fátima Bacar, de 44 anos, é uma mulher grande e amigável, que mora a 20 quilómetros de Pemba.
Ela tem um filho vivo, três mortos e dois netos, que ela adora.
Em Junho de 2003, seu marido, um policial, ficou doente.
A primeira mulher dele tinha morrido há algum tempo.
Tanto os testes de Bacar quanto de seu marido voltaram positivos para HIV.
Eles foram uns dos primeiros em Cabo Delgado a começar o tratamento antiretroviral.
O interesse de Bacar em questões de saúde, resultado de 20 anos trabalhando como servente no posto de saúde local, ajudou-os a lidar com o vírus.
O casal organizou um grupo de apoio na aldeia onde vivem, a Associação Para Ajudar o Próximo, que agora tem 22 membros e cuida de 12 crianças seropositivas.
Eles visitam os doentes, ajudam com os funerais, garantem que os órfãos frequentem escola, e encorajam as pessoas a fazer testes de HIV no posto de saúde local.
“Cinquenta e sete no mês passado”, diz Bacar, com orgulho.
Bacar não está satisfeita com o que ouve nas mesquitas.
“A Sida não é um castigo divino. Qualquer um que disser que a Sida é um castigo diz por ignorância”, afirma ela.
“Sou uma boa muçulmana. Nunca fiz nada fora da minha fé. Sempre fui uma esposa fiel e honesta, mas peguei o HIV através do meu marido”, explica.
“Ao invés de acolher as pessoas, eles nos rejeitam.”
A ligação entre a Sida e sexo é há muito um assunto delicado para organizações religiosas que promovem regras e comportamentos sexuais estritos.
“Nós encorajamos a Sida pela nossa maneira de vestir, mostrando barrigas e tentando os homens”, diz Awash Ingles, uma proeminente líder muçulmana que frequenta a mesquita de Paquitequete.
Como a malária
O Islã tem “imensos problemas” para lidar com a Sida em Cabo Delgado, diz Diquessone Rodrigues, coordenador provincial da Monaso, a rede nacional de organizações para os serviços da Sida.
“Devemos tentar mudar a crença de que a Sida é um castigo divino porque as meninas vestem tchuna-babies (jeans apertados) e fazem sexo antes do casamento”, diz Diquessone.
A Monaso está se reunindo com grupos de mulheres associadas às mesquitas para tentar mudar suas percepções e encorajá-las a trazer mudanças.
“Elas podem falar (sobre a Sida) nas mesquitas e nas madrassas”, diz Diquessone.
Outro potencial aliado é o Núcleo Provincial Contra a Sida, que planeja se reunir com as autoridades islâmicas na segunda metade deste ano.
“Queremos trabalhar com os líderes islâmicos para mudar este discurso porque fere os seropositivos ouvir que a Sida é um castigo de Deus”, disse o director do Núcleo, Teles Manuel Jemuce.
A idéia é cutucar gentilmente a mentalidade muçulmana em Cabo Delgado em direcção a um ponto comum com Bacar, que diz que “A Sida não tem preferência por muçulmanos, cristãos ou pagãos.
Ela é como a malária: somos todos iguais em sua presença.”

1/27/09

HIV-SIDA - Moçambique: Triste história de Natal...

É uma triste mas real história de Natal:
Sem identificação, mas com HIV - Moçambique, Beira, 27 Janeiro 2009 - Andar sem bilhete de identidade (BI) se tornou factor de risco para o HIV entre as raparigas da cidade da Beira, na província de Sofala-Moçambique. Agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) têm abusado de sua autoridade para extorquir dinheiro e exigir sexo em troca de liberdade de moças que não apresentem os seus bilhetes de identidade ou passaportes. Segundo as vítimas, moçambicanas e estrangeiras, principalmente zimbabueanas, o acto sexual é desprotegido, aumentando as chances de infecção pelo HIV.

Foi o que aconteceu com Carolina Johane*, 26 anos, que diz ter contraído o vírus numa relação desprotegida com um agente da polícia em troca de liberdade, na noite de Natal de 2006.

No trajecto da igreja até a sua casa, no bairro de Chipangara, Johane e outras pessoas foram paradas por dois polícias, que exigiram os bilhetes de identidade. Os que não tinham identificação, inclusive Johane, foram levados até a 5ª Esquadra. “Mas antes disso, um dos polícias me disse em voz baixa: uma mão lava a outra”, conta.

Por medo de dormir na esquadra e depois ser expulsa de casa, porque não havia avisado a seus pais que iria à igreja, Johane ofereceu aos polícias 50 meticais (US$ 2). “Eles recusaram, alegando que não eram corruptos. Ameaçaram processar judicialmente por tentar corrompê-los, o que deixou-me com medo”, diz.

Depois de algumas horas, as outras pessoas foram soltas, menos Johane. “Comecei a chorar, implorando fazer tudo que desejassem para soltarem-me. Eis que um dos agentes perguntou-me se tencionava manter relação sexual com ele em troca da liberdade”, revela.

“Não tive escolha.”

Depois de cinco meses, o seu namorado, na altura na província de Inhambane, pediu que ela preparasse alguns documentos e fizesse o teste de HIV para uma candidatura a um emprego numa organização não-governamental. “Aí descobri que era seropositiva. Concluí logo que fui infectada pelo polícia, visto que sete meses atrás eu e o meu namorado tínhamos feito o teste de HIV antes de ele viajar e o resultado havia sido negativo”, diz.

Interessante e sem BI.
Essa rotina era familiar para Alfredo Chimaze*, polícia há 15 anos e afecto na 4ª Esquadra, na Munhava, o bairro periférico mais populoso na cidade da Beira.

Chimaze, 39 anos, é seropositivo e faz tratamento antiretroviral. Ele acredita ter contraído o HIV numa relação sexual com uma rapariga que deteve por falta de bilhete de identidade, no bairro da Muchatazina, nos arredores da Beira.

“Quando interceptava-se uma mulher sem BI que achássemos interessante nos patrulhamentos nocturnos, nós a persuadíamos a transar com um de nós em troca de liberdade”, conta.

“Elas, por temer dormir na cela, aceitavam o nosso pedido.”

Segundo Chimaze, eles enganavam as mulheres dizendo que elas seriam indiciadas por trabalharem como “isca de larápios” e responderiam em tribunal, onde seriam condenadas entre seis a oito meses de prisão. Porém, depois que um de seus colegas contraiu sífilis e chitaio (perda, no dialecto Sena) [doença tradicional transmitida sexualmente, ligada a um rito de purificação, e que causa dor nos pulmões, cansaço e dores de cabeça], Chimaze resolveu mudar.

Três meses depois da sua decisão, a notícia: a sua mulher havia sido diagnosticada com o HIV numa consulta pré-natal. Foi aí que ele soube que era seropositivo.

“Quando a minha esposa disse-me não duvidei, porque comecei a recordar aquilo que eu fazia”, diz.

O seu filho também nasceu com o vírus. “Eu ignorava os perigos que corria ao praticar esse acto, tendo em conta que uma equipa da saúde vem ao meu posto de trabalho mensalmente fazer palestras sobre ITS e HIV”, lamenta.

Moçambique tem uma seroprevalência de 16,2 por cento numa população de pouco mais de 20 milhões de habitantes. Beira, segunda maior cidade depois de Maputo, é a capital de Sofala, província com 1,6 milhões de habitantes e 26 por cento de seroprevalência.

Medo da discriminação e do desemprego.
Representantes do comando provincial da PRM na província de Sofala dizem não ter conhecimento da prática. Segundo Mateus Mazive, chefe da secção de imprensa da instituição, não há registo de denúncias populares acusando agentes da polícia de exigirem relações sexuais de mulheres sem BI em troca de liberdade.

“Andar sem BI não é crime, mas é um dever da cidadania. Se está a acontecer isto, pedimos que a população denuncie este mau hábito para que os infractores sejam penalizados pelo crime que estão a cometer”, afirma.

Dados oficiais mostram que há 93 policiais seropositivos na província de Sofala, todos em terapia antiretroviral e recipientes de um bónus de 30 por cento do salário para a aquisição de cesta alimentar, que ajuda com o tratamento.

Porém, Massada Elias João, coordenador do núcleo de prevenção de HIV/SIDA no comando provincial da PRM em Sofala, acredita que os números sejam mais altos, se for levado em conta o efectivo da polícia na região, que ele não tem autorização para divulgar.

“Acredito que haja mais polícias seropositivos na corporação que tencionam anunciar o seu estado de saúde, mas acham que fazendo isso poderão ser discriminados ou perder o emprego”, diz.

O núcleo de prevenção de HIV/SIDA no comando provincial da PRM em Sofala foi criado em 2000 pelo Ministério do Interior para sensibilizar funcionários da polícia. Segundo João, o núcleo conta com pouco mais de 100 educadores de pares, que semanalmente realizam palestras e sessões de vídeo para a prevenção do HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. “Temos vindo a sensibilizar os nossos colegas para usarem correctamente o preservativo e levar as suas famílias para fazer o teste”, destaca.
- *Nome fictício jc/am/ll - PlusNews África Portuguese Service, 27/01/09.

  • Alguns post's deste blogue que falam sobre HIV/SIDA em Moçambique e África - Aqui!

9/21/07

MOÇAMBIQUE: A Sida vista através das lentes das câmeras.

Maputo, 21 Setembro 2007 (PlusNews) - As lentes das câmeras têm o poder de captar as várias facetas do HIV.
A segunda edição do Festival do Filme Documentário Dockanema, realizada na capital moçambicana entre 13 e 24 de Setembro, trouxe alguns desses ângulos em dois documentários sobre a Sida, que integraram uma programação de 83 filmes internacionais.
Com 30 minutos, Growing Stronger, traduzido para o português como Mulheres de Força, entrelaça duas histórias: a de Tendayi Westerhof, modelo e ex-mulher do técnico da selecção nacional de futebol do Zimbabwe Clemens Westerhof, que se assume seropositiva em 2002; e a de Pamela Kanjenzana, uma mulher comum seropositiva num dos povoados no subúrbio de Harare.
A directora do filme é Tsitsi Damgarembga, conhecida escritora zimbabweana e autora da popular novela autobiográfica Nervous Conditions.
O filme Ayelapheki (Não há cura, em língua ndebele, do Zimbabwe), do costa-riquenho Marcos Villalta Pucci, compila o trabalho de vários grupos culturais e artísticos no Malawi, Moçambique e Zimbabwe na luta contra o HIV.
Eles utilizam dança, música tradicional, teatro, rap e hip-hop para informar sobre prevenção.
Empatia, não simpatia
O público compareceu em massa não apenas aos documentários, mas também ao debate público sobre preconceito, organizado num hotel em Maputo após a apresentação de Growing Stronger.
“Não é fácil para uma mulher falar, sobretudo de HIV/Sida. Se um homem assume publicamente sua seropositividade, a sociedade aceita mais facilmente”, disse Westerhof .
“O estigma ainda é forte, apesar da legislação e das campanhas contra a discriminação.”
Segundo ela, a decisão de vir a público foi movida pela necessidade de ganhar não a simpatia, mas a empatia das pessoas.
“É necessário criar um ambiente que apóie as pessoas porque todos são possíveis candidatos do HIV”, declarou.
Depois de ter escrito Unlucky in Love, em 2003, Westerhof acaba de lançar seu segundo livro, Dear Cousin, (Querido primo, em português) onde destaca que o HIV pode ser uma chance para fortalecer as mulheres.
“A educação ainda é muito baixa entre nós, mulheres africanas.
Temos que fortalecer os programas de educação em saúde e reprodução sexual para tomarmos a decisão certa. A questão do preservativo feminino, por exemplo, deve ser mais desenvolvida”, explicou.
Ela continuou: “A mulher deve ter o poder para negociar, para se proteger do HIV, da gravidez indesejada e de outras doenças sexualmente transmissíveis.”
Apoio da media
Durante o debate, a ex-modelo, que fundou em 2003 o Fundo de Personalidades Públicas contra a Sida (Public Personalities Against Aids Trust, em inglês), apelou à imprensa para desenvolver assuntos ligados ao HIV.
“Os media devem estar do lado das pessoas. Devem ajudar a criar um ambiente propício para quem quiser revelar livremente e sem discriminação sua seropositividade”, disse Tendayi.
Para o músico moçambicano Stewart Sukuma, seu país ainda vive numa mentalidade mesquinha.
“Um país onde a imprensa se preocupa com a notícia de Michael Jackson ter perdido o anel numa rua de Nova York, mas não se preocupa com os problemas reais do país, é muito pobre”, afirmou.
Sukuma é um dos artistas moçambicanos activo nas campanhas contra a epidemia, com um CD gravado com canções sobre a Sida.
Ele foi vítima do rumor – falso – de que era seropositivo em 1999, quando regressou dos Estados Unidos por não ter conseguido uma bolsa de estudos.
“Nenhum jornalista me perguntou directamente”, contou.
“Não sou seropositivo, mas este não é o ponto. Vivemos num país com alta taxa de seroprevalência, em que os dirigentes dizem que estão empenhados contra o HIV/Sida, mas até hoje nenhum deles deu a cara.”
Ana Maria Muhai, activista do programa DREAM, disse que o preconceito ainda é o principal obstáculo ao tratamento, pois cria um círculo vicioso de doença e discriminação.
“O que mata verdadeiramente não é o HIV, mas o estigma”, disse.
Westerhof afirma que sua história e a de Muhai têm muito em comum, no tratamento e na esperança:
“Ana Maria e eu somos exemplos vivos de que os ARVs são fundamentais. Ela perdeu peso, mas com o apoio da família, da comunidade e o tratamento está agora ajudando outras pessoas. Estas são as mensagens que devemos passar.”

7/29/06

II FNCMT: Participantes macharam em Pemba.


A corresponder com o lema do Festival Nacional de Canção e Música Tradicional, "Celebrando a Diversidade Cultural Livres do HIV/SIDA", os mais de 300 artistas participantes, marcharam ontem, nas artérias da capital provincial de Cabo Delgado, para dizer "não à pandemia" e ouviram o que dizem as pessoas vivendo com a doença, uma mensagem do quanto é necessário acatar as mensagens de prevenção, o seu actual sofrimento e o apelo para que a sociedade não os discrimine.
"Estamos sujeitos a todas as críticas, os nossos direitos são constantemente violados. Verificamos, com muita tristeza, que as pessoas vivendo com o HIV/SIDA perdem os seus postos de trabalho, as mulheres são abandonados pelos seus maridos e familiares", denunciou o líder da associação CAERIA ("não se dizia", em língua emakwa), António Raímo, falando para todo o público, incluindo altos dignitários da nomenclatura política e governativa no nosso país, na Praça dos Heróis Moçambicanos.
António Raímo disse que o HIV/SIDA é uma realidade que cria embaraços no desenvolvimento de Moçambique, onde se notam, com amargura, crianças órfãs, vulneráveis, mulheres e homens viúvos e uma ainda presente discriminarão social, apesar de tudo o que o Governo e a sociedade civil fazem em contrário.
"Respeitem os nossos direitos, somos todos iguais e todos sujeitos à infecção pelo vírus do HIV/SIDA. Apelamos a cada um dos moçambicanos que tenha consciência da sua vida", clamaram os seropositivos.
António Raímo pediu à comunicação social um espaço gratuito para os seropositivos passarem a sua experiência de pessoas que já vivem com a doença, pois na sua opinião, é preciso fazer uma campanha de sensibilização, dado que a maioria dos portadores do HIV/SIDA não tem acesso aos anti-retrovirais.
Pediu esforços suplementares de todas as forças vivas da sociedade, incluindo, em primeiro lugar, o Governo, para que os anti-retrovirais sejam mais acessíveis, bem como advertiu que a falta de cuidados domiciliários, a nível nacional, faz com que, por exemplo, por falta de alimentos, aqueles abandonem o tratamento, do que resultam consequências trágicas.
Na tentativa de contornar este cenário, segundo António Raímo, a organização de que é chefe tem iniciativas visando o melhoramento da dieta alimentar, dando o exemplo de ter já, no posto administrativo de Miéze, arredores de Pemba, uma machamba de 10 hectares que nesta campanha está a produzir hortícolas.
Políticos e governantes foram ao pódio para apresentar as suas mensagens de apelo aos moçambicanos para a luta contra a SIDA.
O veterano Marcelino dos Santos, por exemplo, repetiu a mensagem do Presidente da República, Armando Guebuza, segundo a qual, "nós podemos acabar com o HIV/SIDA".
Mas seria o governador de Gaza, Djalma Lourenço que, de forma didáctica e pedagogicamente compreensível, e em três minutos, deu a lição, a partir de um adágio secular, segundo o qual, "vale a pena perder um minuto na vida do que a vida num minuto", para, mais adiante, explicar: "temos fogo em presença. Sabemos que queima. Temos agora é que escolher se pegamos o fogo para nos queimamos ou se evitamo-lo para não nos queimarmos".
PEDRO NACUO
Maputo, Sábado, 29 de Julho de 2006:: Notícias

3/10/08

ELVIRA HOWANA - Direito à vida !

MAPUTO, 10 Março 2008 (PlusNews) - A moçambicana Elvira Howana vai casar este ano. Na igreja, como manda a religião. No seu caso, o casamento tem um sabor especial. Howana foi diagnosticada seropositiva em 2004, quando perdeu o marido para a SIDA. Sem medo da discriminação, ela abriu sua condição diante da igreja, da sua comunidade. “Mas muitos acham que a SIDA é doença de quem teve uma vida má. Eu nunca me ´espalhei´, mas as pessoas nunca deixam de te olhar mal. Não acho que seja castigo de Deus”, disse. Hoje, com o apoio dos três filhos e do noivo, compartilha sua experiência com outros seropositivos, inclusive dentro da igreja, que mantém um grupo de 15 mulheres que vivem com HIV. O casamento – na igreja, ela faz questão de ressaltar – lembra Howana de que para ela, a SIDA foi um novo começo: de esperança, relacionamentos e amor.
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Mais sobre Howana e seu namorado:
Meu nome é Elvira Howana, tenho 43 anos e três filhos. Sou viúva há quatro anos e vivo no bairro de Congoloto, a 15 km da cidade de Maputo. Descobri que era seropositiva em 2004. Meu marido já estava bem doente há cinco anos, com malária e febre todos os dias. Eu também não estava muito bem. Quando fomos ao curandeiro, ele nos disse que eram maus espíritos. Resolvemos ir ao hospital e eles nos mandaram ao Gabinete de Aconselhamento e Testagem Voluntária. Eu fiz o teste, mas tinha certeza que daria negativo. Quando voltou positivo, eu discuti com a médica. Eu achava que a SIDA era uma doença de prostitutas e eu não era prostituta. Andei sete km sem me aperceber pensando no diagnóstico. Meu marido começou a tomar antiretrovirais imediatamente. As pessoas vinham na minha casa fazer orações, mas ninguém sabia o que ele tinha. Ele morreu seis meses depois. Eu já era membro da igreja presbiteriana naquela época. Contei à pastora Felicidade que era seropositiva e ela me encorajou a falar da minha situação na igreja. Contei diante da assembléia que eu tinha HIV, que meu marido tinha morrido de SIDA. As pessoas não acreditaram, porque eu parecia saudável. Lógico que houve comentários. Muitos acham que a SIDA é doença de quem andou muito em relação aos homens, de quem teve uma má vida. Eu nunca me “espalhei”, por isso não acho que seja um castigo de Deus. Mas as pessoas nunca deixam de te olhar mal.
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Solidariedade entre mulheres:
Hoje eu sou activista na associação Wansati Pfuka (expressão em shangana, que significa “Desperta, Mulher”), da Igreja Presbiteriana de Moçambique. A associação foi fundada em 2006 e tem actualmente 15 mulheres seropositivas. Como activista eu acho que a mulher é muito discriminada, porque quando o marido ou a família descobre que ela é seropositiva ela perde tudo, incluindo o lar. O problema é que, ao contrário dos homens, as mulheres se discriminam entre si: uma fala mal da outra, aponta, começa a fazer fofocas, o que aumenta o preconceito. Nós, mulheres seropositivas, temos que quebrar o silêncio. Pessoalmente, não admito a discriminação e costumo antecipar nas palestras que sou seropositiva. As pessoas discriminam quando se é insegura e se tem vergonha do seu estado de saúde. Como activista, na igreja faço palestras a outras mulheres, procurando sempre relacionar a SIDA com a Bíblia, de modo a fazer-lhes entender que os que acreditarem em Jesus terão a salvação. Na associação, sensibilizamos os jovens da igreja a apostar na abstinência sexual. Mas fora da igreja, aconselho os jovens a usar o preservativo porque sei que na realidade não há fidelidade entre eles. Hoje eu estou noiva. Conheci meu companheiro no hospital-dia e vamos casar em breve. Ele é seropositivo e já está na segunda linha de tratamento. Foi ele que me deu mais coragem. Eu tinha medo de começar o tratamento porque corriam boatos de que os ARVs podem matar. Ele me disse que o ARV não matava, que bastava saber tomar. Hoje nós dois estamos bem. É bem mais fácil quando você vive com alguém que sabe da sua situação. Ele quer viver, eu também. Meus filhos também sabem. Eles me recordam de que eu preciso tomar os comprimidos para não haver desequilíbrio no tratamento. Agora sou uma mulher motivada e participo em muitos eventos como activista. Era a única moçambicana a representar os seropositivos do país na Primeira Conferência Global sobre Mulheres e HIV em Julho de 2007 no Quénia. Aprendi muito da vida positiva e essa experiência transmito a outros seropositivos.

8/01/07

MOÇAMBIQUE/Cabo Delgado: Separar-se do prepúcio é elemento central da masculinidade.

Pemba, 23 Julho 2007 (PlusNews) - Silvestre João tem lembranças boas e outras menos boas de sua circuncisão. “Vamos comer mel no mato”, lhe disse seu pai quando ele tinha nove anos. Tinha muito mel, e mais: kumbi, o ritual de iniciação dos makhuwa, grupo étnico da costa norte do Moçambique. O menino passou seis meses no mato com um grupo de outras crianças e adultos, todos homens. Ele se desfez de seu prepúcio e aprendeu sobre sua cultura. As más lembranças são “a dor horrível durante o primeiro dia; e uma infecção que levou dois meses para sanar”. As boas são “brincar nus nos arbustos, catar côcos, nadar na lagoa, aprender canções e lendas com os mais velhos.” Seu padrinho – um parente homem que não volta para casa nem faz sexo até que o menino tenha sanado – ficou com ele o tempo todo, espantando as moscas da ferida. Quando Silvestre voltou para casa, a família e os vizinhos comemoraram e lhe compraram livros e canetas para a escola. Agora ele fazia parte da comunidade: como um makhuwa – o maior grupo étnico do Moçambique – um muçulmano, e um homem. Isto foi em 1972. O rapaz cresceu e se tornou enfermeiro. Hoje, Silvestre, com 44 anos, mora em Pemba, capital da província de Cabo Delgado. De Outubro a Fevereiro, meses tradicionais do kumbi, ele é muito solicitado para fazer circuncisões, mas de maneira mais segura do que foi feita a sua.“Os valores da circuncisão ainda persistem”, disse ele ao PlusNews. Hoje, os iniciados passam menos tempo no mato ou têm um médico para cortar o prepúcio, mas o triplo significado – etnicidade, religião e masculinidade – ainda faz com que a circuncisão seja muito importante aqui.
Camadas de significados
Rafael da Conceição, antropólogo da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, capital do Moçambique, e autor de um livro sobre as identidades culturais no norte do país, disse que a circuncisão é essencial para a masculinidade. Um homem não circuncidado é proibido de participar das atividades culturais importantes reservadas aos homens, tais como enterros e rituais ancestrais. “Isto significa que ele será vulnerável à agressão dos espíritos maléficos ou de ancestrais irados”, disse Conceição. “Ele não será completamente integrado no mundo masculino.” As mulheres do norte do Moçambique gostam de homens circuncidados. “Um pênis não circuncidado não é bom. O prepúcio cheira mal, mesmo que o homem se lave muitas vezes, e as mulheres não querem fazer sexo com estes homens”, disse Marta Januário Licuco, ativista pelos direitos da mulher e muçulmana. Se uma jovem do norte namora um homem do sul, sua avó vai alertá-la sobre a possibilidade de o rapaz não ser circuncidado. Segue uma campanha para persuadi-lo a se circuncidar. Pode levar anos, mesmo após o casamento, mas a pressão continuará, sutilmente, incessantemente. “O homem não circuncidado tem vergonha de tirar a roupa, ele vai apagar a luz antes de ir para a cama, ele se sente anormal”, disse Licuco. Licuco usa um véu azul turquesa e um vestido até os tornozelos. Marisia Jacinto, 20 anos, usa um jeans apertado e uma blusa de alcinhas, mas as duas partilham a mesma opinião sobre os homens não circuncidados. “Eu não aceitaria um homem assim – eu o levaria ao médico”, disse Jacinto. Em Cabo Delgado a maioria da população é muçulmana, e o Islã exige a circuncisão masculina, então o ritual do kumbi se sobrepõe à religião. Para o Sheik Muhamade Abdulai Cheba, diretor provincial das madrassas, ou escolas islâmicas, a circuncisão apresenta muitas vantagens: “Ela previne infecções e lesões; ela melhora a qualidade do casamento porque os dois parceiros sentem mais, e o sexo é sadio.”
Kumbi seguro
Kumbi tem vantagens – e perigos. Os nekangas (mestres da circuncisão) às vezes usam a mesma lâmina para vários rapazes sem esterilizá-la. Se há complicações, eles usam remédios tradicionais. “As ervas às vezes funcionam, e às vezes pioram as coisas”, disse Egídio Langa, diretor do Hospital Central de Pemba, cidade de 100 mil habitantes. As complicações pós-circuncisão aparecem mais nos centros de saúde dos distritos ou da periferia do que nos centros urbanos. Em 2006, Langa era o diretor do distrito de Montepuez, a 170 quilômetros de Pemba, quando líderes da comunidade, preocupados com a segurança do kumbi, vieram procurá-lo. “Eles falaram de hemorragias, febre e até morte”, contou. Ele enviou equipes de enfermeiros a todo o distrito. Durante os dois meses seguintes, eles treinaram os nekangas sobre higiene, forneceram material médico, pediram as listas dos rapazes prontos para a cerimônia e solicitaram que fossem trazidos ao posto de saúde mais próximo, onde enfermeiros treinados operaram diariamente de 50 a 60 meninos de sete a 13 anos. “A experiência foi bem aceita”, disse Langa. “Com um pequeno orçamento conseguimos reduzir um grande risco, aumentamos a proteção contra doenças sexualmente transmissíveis e tornamos a circuncisão segura.” Graças ao sucesso desta experiência, o Núcleo Provincial de Combate à Sida tem a intenção de treinar nekangas sobre a prevenção do HIV entre Julho e Setembro. “Kumbi é um período de transmissão cultural intensa, mas, até agora, as nossas mensagens de prevenção não utilizaram este canal”, disse o responsável pelo Núcleo, Toles Manuel Jemuce.
Correlação?
Segundo dados do governo, 56 por cento dos homens do país são circuncidados. Em Nampula, Cabo Delgado e Niassa, principais províncias muçulmanas onde vivem os Makhuwa, ela é quase universal. Em Inhambane, província majoritariamente cristã, os grupos étnicos Chope e Bitonga também a praticam. Langa, que vem de Inhambane e foi circuncidado quando era criança, disse que a prática da circuncisão estava sendo difundida através dos casamentos mistos. Estudos recentes efetuados na Uganda e na África do Sul indicam que a circuncisão masculina pode oferecer uma proteção de até 60 por cento contra o HIV. Especialistas notaram que as províncias moçambicanas com as menores seroprevalências são aquelas onde a circuncisão masculina é largamente praticada. No entanto, o baixo consumo de álcool e o controle social e sexual mais estrito entre os muçulmanos possam ser um outro fator.
Prós e contras
Elias Cossa, assessor de imprensa do Conselho Nacional de Combate ao HIV/Sida (CNCS), disse que Moçambique definiria sua política nacional sobre a circuncisão masculina antes do final do ano, e que esta medida seria seguida de uma avaliação de viabilidade. Certos ativistas argumentam que um programa de circuncisão desviaria recursos financeiros e humanos já escassos de um sistema de saúde pública sobrecarregado com a Sida, em um país que conta com menos de dez cirurgiões e ainda menos urologistas para uma população de quase 20 milhões. “O tratamento antiretroviral é prioritário. Tratar o paciente é mais importante que circuncidá-lo, porque uma pessoa saudável será capaz de sustentar sua família e protegê-la do HIV”, disse Julio Ramos Mujojo, secretário executivo da Rede Nacional de Associações de Pessoas Vivendo com HIV/Sida (Rensida). Outros ativistas preocupam-se com as implicações culturais e étnicas de um programa de circuncisão. “Poderia ser interpretado como uma maneira de forçar as pessoas a mudarem de religião”, disse Antoninho Cheia Inglês, coordenador do Fórum das ONGs de Cabo Delgado (FOCADE).
Mantendo a tradição
Trinta anos depois do kumbi de João, foi a vez de Buane Chande, 11 anos. Ele também tem boas e não tão boas lembranças dos três meses que passou no mato em 2001. As más lembranças são “a dor, até que passou, ficar longe de minha mãe, e os mosquitos”; as boas, são “brincar, nadar no rio, ouvir as canções e as histórias dos mais velhos.” Quando Chande voltou para casa, “todo mundo estava feliz”, as mulheres ululavam; mataram uma galinha e fizeram uma festa. “Sem o kumbi, os homens não sabem como enfrentar a vida”, disse ele ao PlusNews. “Um colega de escola que não passou pelo kumbi não é bem aceito. Ele continua sendo uma criança, mesmo que tenha 18 anos.” Chande agora tem 17 anos e está acabando o liceu em Pemba. Ser pai ainda está longe, mas ele não tem nenhuma dúvida de que seus filhos vão passar pelo kumbi.
% da circuncisão masculina por província em Moçambique:
TETE
8%
MAPUTO PROVÍNCIA
58%
MANICA
13%
NIASSA
88%
SOFALA
16%
INHAMBANE
89%
GAZA
21%
CABO DELGADO
93%
ZAMBÉZIA
49%
NAMPULA
95%
MAPUTO CIDADE
55%
Fonte: CNCS

7/27/06

II FNCMT: O Ínicio do Festival.



Uma orquestra com instrumentos musicais tradicionais executou o Hino Nacional, ontem, na cidade de Pemba, dando início do II Festival Nacional da Canção e Música Tradicional, a decorrer até domingo próximo, cuja abertura foi presidida pelo Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, que considerou o evento uma verdadeira celebração da moçambicanidade, da unidade nacional e da auto-estima, que encontrou um palco para o convívio entre as diferentes culturas do nosso país.
O chefe do Estado disse que o festival é mais uma vitória que se traduz pela presença em palco das belas e ricas canções e músicas tradicionais, pilares da nossa identidade e alicerces da contribuição para o progresso da Humanidade inteira.
Considerou as manifestações culturais meios de transmissão de valores, de interacção social dos novos membros da comunidade, bem como da divulgação das regras de ética e de reprovação de comportamentos repreensíveis.
Depois de falar do papel da cultura e das suas múltiplas expressões ao longo do processo histórico e político moçambicano, Guebuza desejou que, mais uma vez, se revele como poderoso veículo de comunicação para a mobilização popular contra a pobreza e para o resgate da nossa auto-estima, tal como lhe tem sido dado a ver ao longo da sua presidência aberta pelo país. "Testemunhámos ainda como ela mobiliza todos os parceiros e actores do desenvolvimento para participarem na jornada comum de luta contra a pobreza nesta Pérola do Índico.
Vemos como ela transmite mensagens de repreensão e, ao mesmo tempo, de confiança na vitória contra os obstáculos ao nosso desenvolvimento, nomeadamente o burocratismo, o espírito do "deixa-andar", a corrupção, o crime e as doenças como a malária, tuberculose, o HIV/SIDA e a cólera", disse.
Para Armando Guebuza, a cultura participa no processo de apropriação e materialização da agenda nacional contra a pobreza, sendo por isso que se coloca como uma mais-valia que impele os moçambicanos a acelerarem o passo para que a pobreza passe à história.
O presidente enquadrou o festival no programa quinquenal do Governo, no que diz respeito ao asseguramento da promoção de intercâmbios culturais com vista à unidade nacional, da moçambicanidade e do nosso rico e diversificado património cultural.
"Estes intercâmbios também têm em vista o conhecimento entre os nossos concidadãos. Alguns dos participantes tiveram a sorte de viajar por usufruírem da paz e da estabilidade que vivemos e cuja preservação é do interesse de todos. Também foi uma oportunidade para conhecerem mais localidades do nosso belo Moçambique e para testemunharem que a pobreza no país não tem sede geográfica própria", afirmou.
Sobre a luta contra o HIV/SIDA, que vem associada ao festival, o presidente disse que esse mal pode ser combatido.
"A situação dramática desenhada, de que temos cerca de 500 infecções por dia, não nos deve desmobilizar na nossa acção. Podemos vencer o HIV/SIDA. Vamos vencer o HIV/SIDA, apostando na prevenção como medicamento mais seguro e disponível para todos", disse Armando Guebuza.
PEDRO NACUO
Maputo, Quinta-Feira, 27 de Julho de 2006:: Notícias

12/02/08

A tragédia da Sida/Aids em Moçambique.

Maputo- O Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, considerou, segunda-feira, dia 1, uma "tragédia" o índice de contaminação por HIV no país, incitando os moçambicanos a agirem "a uma velocidade superior à propagação das infecções", para vencer a doença.

"Estamos perante uma tragédia de grandes proporções", disse Guebuza, discursando no lançamento da nova estratégia de aceleração da prevenção da infecção HIV, vírus que provoca a Sida/Aids.

Dados, divulgados por ocasião do Dia Mundial de Combate à Sida/Aids, dão conta que aproximadamente 16 por cento da população moçambicana, entre os 15 e 49 anos, está infectada. Pelo menos 6 por cento das mulheres grávidas moçambicanas estão contaminadas, tornando Moçambique num dos dez países mais atingidos no mundo.

Mas, para o chefe de Estado moçambicano, o país tem registado avanços no combate à Sida, nomeadamente na transmissão vertical, ou seja, na prevenção da transmissão da infecção do HIV da mãe para filho.

"Queremos exortar os nossos compatriotas a aderirem, em massa, aos serviços de aconselhamento e de testagem voluntária que têm estado a conhecer expansão pelo nosso país", apelou. "Quanto mais cedo for detectado o vírus, maiores serão as probabilidades de sucesso do tratamento anti-retroviral. Apresentar-se nas unidades sanitárias muito tarde, com acentuada debilidade imunológica, só frustra o empenho e o investimento de quem quer ajuda com o tratamento", defendeu.

Guebuza exortou igualmente cada um dos moçambicanos a despertar as suas "virtudes de líder" para levar mais compatriotas a assumirem que "há já no país exemplos de boas práticas que podem ser replicados". "A liderança, no contexto deste lema, deve-nos levar a compenetrarmo-nos do facto de que, não havendo cura ainda para este flagelo humano, ele só poderá ser vencido se assumirmos comportamentos e atitudes que nos afastem da possibilidade de nos infectarmos, ou de podermos infectar ou condicionar que outras pessoas se infectem", disse. "A liderança continua a ser a arma mais barata, disponível e ao alcance de todos nós", mas, "a vitória sobre esta tragédia está ao nosso alcance", disse.
- In "África21 Digital".

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7/08/09

Ecos da imprensa Moçambicana: Perto de 15OO doentes abandonam tratamento...

Cerca de mil e quinhentos pacientes infectados pelo Sindroma de Imunodeficiência Adquirida, SIDA, na província de Nampula, abandonaram o tratamento antiretroviral que vinham usufruindo, segundo estatísticas do sector da Saúde relativos ao intervalo entre o ano de 2007 a esta parte, período em que foram testados positivos pouco mais de dezassete mil pacientes num universo de 58.785 suspeitos de viver com o vírus do HIV ao nível das unidades sanitárias locais.

O sector da Saúde naquela parcela do país que esteve reunido em mais um conselho coordenador provincial debruçou-se em torno das acções levadas a cabo no sentido de conter os níveis de infecção pela chamada doença do século e concluiu que 599 pacientes que sofriam infectados pelo HIV/Sida morreram no período em análise.

No entanto, do universo de pacientes vivendo com o HIV/Sida ao nível da província e que abandonaram o tratamento antiretroviral, 434 retomaram voluntariamente ao uso da terapia para debelar os efeitos daquela doença de transmissão sexual.

O abandono pelos pacientes da terapia contra os efeitos do HIV/Sida em Nampula é interpretado pelo sector da Saúde como estando ligado a dificuldades de acesso a alimentos com nutrientes que possam fazer face aos efeitos colaterais dos antiretrovirais, aliada às longas distâncias que têm que percorrer para atingir a unidade sanitária mais próxima, estimada actualmente em 25 quilómetros contra o dobro em 2005.

No entanto, a Saúde naquela parcela considera que as transferências constantes de um distrito para o outro dos técnicos do sector com treinamento para administração dos antiretrovirais são factores que estimulam o abandono do tratamento. É que os pacientes sentem quebrado o segredo do seu estado serológico em relação ao HIV/Sida quando de tempos em tempos tem que lidar com um outro profissional da Saúde para administração dos anti-rectrovirais.

O sector da saúde recomendou no referido encontro o abandono desta estratégica, adicionalmente reforçar o seu quadro de pessoal dos distritos com psicólogos para que possam jogar um papel motivador junto dos pacientes no concernente à pertinência do uso da terapia antiretroviral.

Os distritos que têm merecido uma atenção especial dos programas de prevenção e combate ao HIV/Sida por parte do sector da Saúde em Nampula são de Eráti, Meconta, Malema, alem de Nacala-Porto, Ribáuè incluindo a cidade de Nampula, que tem uma taxa de incidência da doença superior a media da província.

Flávio Wate Director Provincial da Saúde em Nampula, precisou que a pandemia do HIV/SIDA afecta seriamente a força onde os funcionários do seu sector não são uma excepção. Acrescentou que o seu sector vai reforçar as acções de divulgação das medidas preventivas contra aquela doença mortífera, privilegiando os grupos vulneráveis. A taxa de incidência do HIV/SIDA em Nampula é de oito por cento, numa população estimada em quatro milhões de habitantes.
- Maputo, Quarta-Feira, 8 de Julho de 2009:: Notícias.

10/22/05

HIV - Campanha em Moçambique II

Governo prevê mais de 15 mil mortes por SIDA na função pública.

Mais de 15 mil funcionários públicos, entre professores e técnicos de Saúde, vão morrer vítimas de SIDA até 2010 em Moçambique, segundo uma estimativa governamental que apontou que 95 por cento das infecções devem-se a relações sexuais desprotegidas.
Segundo o ministro da Saúde de Moçambique, Ivo Garrido, prevê-se que 9.200 professores e 6.000 profissionais de Saúde do país, incluindo enfermeiros, morram nos próximos cinco anos em resultado da doença que afecta 16 por cento da população adulta de Moçambique (entre os 15 e 49 anos), de um total de mais de 18 milhões de habitantes. "Isto irá levar a uma diminuição do número de professores e profissionais da Saúde, na medida em que a nossa capacidade de formação será menor do que o ritmo de morte", advertiu Ivo Garrido, que falava no parlamento moçambicano.
Deste modo, acrescentou, haverá superlotação de unidades sanitárias e "gastos astronómicos" na compra de medicamentos e em outras intervenções relacionadas ao combate à doença.
Em 2004, 97 mil moçambicanos morreram de SIDA, nomeadamente 20 mil crianças menores de cinco anos, de um total de 1,4 milhões de infectados por HIV, vírus que causa a SIDA. Destes, contam-se 800 mil mulheres, 570 mil homens e 80 mil crianças.
Ainda no último ano, registaram-se mais de 100 mil novos casos de HIV/SIDA no país, dos quais 34 mil foram raparigas menores de 20 anos. "Este facto demonstra claramente uma feminização da SIDA", pois, "a vulnerabilidade da mulher ao HIV/SIDA para além de factores biológicos, também se deve a factores sócio-económicos que afectam negativamente a rapariga e a mulher jovem", sublinhou. "A esperança de vida média dos moçambicanos diminui de 46 para 38 anos" devido à SIDA, concluiu o ministro da Saúde de Moçambique.

Via: Notícias Lusófonas de 22/10/2005