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11/22/13

Jornalista Carlos Cardoso - Assassinado hà 13 anos!


- Alguém se lembra ainda do Jornalista/combatente da corrupção CARLOS CARDOSO, assassinado em Maputo-MZ no dia 22 de Novembro de 2000?
- Corrupção em Moçambique aumentou nos últimos 3 anos, segundo relatório apresentado pela Transparência Internacional.
- Jornalista moçambicano Carlos Cardoso (1951-2000)

"""...Então
com a raiva intacta resgatada à dor
danço no coração um xigubo guerreiro
e clandestinamente soletro a utopia invicta
À noite quando me deito em Maputo
não preciso de rezar
já sou herói...
-Trecho do poema "Cidade 1985", de Carlos Cardoso.

O jornalista Carlos Cardoso tinha em suas mãos três armas poderosas, que usava contra os corruptos, os inimigos da jovem, frágil democracia de Moçambique, os obscuros líderes do crime organizado e usurpadores em geral: Um raro faro investigativo, uma escrita ferina e direta e um jornal. Foi com esses três ingredientes que ele fez de seu diário-fax um dos mais respeitados de toda a África descobrindo e denunciando crimes, escândalos e falcatruas. Cardoso tornara-se a voz dos que não a tinham. Estas armas contudo iriam se mostrar inofensivas contra as utilizadas por seus inimigos.

No dia 22 de novembro passado ele deixou as dependências de seu jornal Metical pouco antes das dezenove horas, após fechar a edição do dia seguinte. Era uma quarta-feira em Maputo (antiga Lourenço Marques), capital de Moçambique. Esta época do ano é propícia a chuvas nesta região do continente africano, mas o dia havia sido ensolarado e o calor dava lugar agora a um pouco da brisa morna e úmida, vinda da baía de Maputo. As ruas e arquitetura da cidade são, em muitos aspectos, semelhantes às de outras cidades, de outros países colonizados pelos portugueses, o Brasil incluído. Até mesmo os nomes de ruas são os mesmos aqui e ali: Rua Marquês do Pombal, Avenida Fernão de Magalhães, etc...

Quem não quer ser assaltado ou roubado numa rua de Maputo, não deve ostentar. Jóias e equivalentes deixam a idéia de riqueza, esbanjamento. Um convite ao assalto. Até nisso há semelhanças com outros lugares. O trânsito também é caótico e indisciplinado. A diferença é que lá ele é regido pela "mão inglesa" com o tráfego pelo lado esquerdo, fato que escapou da influência dos colonizadores portugueses. Antes de deixar as dependências do Metical, Carlos Cardoso avisou Carlos Manjate, seu motorista, para ir já buscando o automóvel e esperá-lo.

Jornalismo de combate.Deviam ser 18:58 h, quando Cardoso entrou no lado esquerdo, ao lado de seu motorista, do Toyota Corolla modelo 1999, com a placa MLN-0604 de propriedade do jornal. O automóvel seguiu pela Avenida Mártires da Machava, centro da cidade, que passa ao lado do conhecido Parque dos Continuadores, uma alusão aos tempos de colônia. Pelo percurso e trânsito naquela hora, os ponteiros do relógio deveriam estar marcando 19:02 h. Neste momento o Toyota de Carlos Cardoso é fechado por dois outros veículos, um de igual marca e outro, provávelmente um VW. O veículo da frente freia repentinamente, obrigando o motorista Manjate a parar bruscamente às margens da calçada.

Cardoso abraçara o jornalismo em 1975, o mesmo ano que Moçambique, com a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) liderando, alcançava sua independência. Ele iniciara a carreira na revista "Tempo", passara pela Rádio Moçambique, pela Agência de Notícias de Moçambique e, em 1992, fundou com colegas a Mediacoop (Cooperativa de Jornalistas), na qual trabalhou até criar o seu "Metical" em 1996. Foi como editor do mesmo que alcançou a plenitude que almejava, denunciando violações de direitos humanos, violência policial, aumento abusivo de salários dos parlamentares, casos de corrupção como o da Alfândega e dos Serviços Florestais e contra as injustiças sociais. Casos que, após denunciados por ele, eram irremediavelmente comprovados.

Sequer poupava críticas à própria Frelimo que tanto apoiara na luta pela libertação dos colonizadores, e a quem acusava de possuir "alas gangsterizadas". Por último ele começara a levantar o véu que pairava sobre o desaparecimento de 100 milhões de dólares do Banco Central de Moçambique bem como a investigar a atuação do crime organizado no tráfico de pedras preciosas, drogas e armas em alguns Estados africanos. Os inimigos eram com isso cada vez mais poderosos. E perigosos.

Executado sumariamente.Ao frear subitamente o automóvel, Cardoso e seu motorista devem ter percebido que se tratava de uma emboscada. Descendo do automóvel da frente, dois homens, armados de metralhadoras, avançaram pela calçada e descarregaram suas armas em rajadas que mataram instantaneamente o jornalista e feriram gravemente o motorista Carlos Manjate. Uma cena digna de Chicago dos anos 30, em plena passagem para o século XXI. Tombava ali não apenas um combativo jornalista, mas também conceitos e pressupostos sobre o que há de verdade e de falso, quando se fala de países do terceiro mundo que tenham alcançado condições ou status de plena democracia, liberdade de imprensa, liberdades democráticas. Menos o ato delictuoso em si, violência e mortes estão presentes em qualquer sociedade, porém a certeza de cometer um crime, de assassinar um jornalista e não ter que pagar por isso, derruba um dos principais fundamentos de um estado democrático. E vejamos que aí Moçambique não está a sós. A impunidade tem muitos berços onde pode dormir tranquila.

Passividade oficial revolta entidades internacionais.
Passados quase dois meses do bárbaro crime a polícia sequer recebeu o laudo técnico da autópsia. O motorista Manjate somente seis semanas após foi ouvido. Testemunhas oculares, como vendedores de rua que possuem suas barracas pertíssimas do local do crime, não foram procuradas ou intimadas a depor. A imprensa do país tem contribuído mais para elucidar o crime, que os responsáveis oficiais. O presidente da república, Joaquim Chissano, tem se mostrado impotente e recebido pressões tanto de entidades internacionais como de governos, sejam as associações de jornalistas de Portugal e Angola ou organizações como Reporters Sans Frontières e a International Federation of Journalists, etc., e até do governo inglês. A ONG "Reporters Sans Frontières" quer agora disponibilizar recursos financeiros para uma efetiva e independente investigação do crime.

Relatório do "Comitee to Protect Journalists" inclui Cardoso e jornalista brasileiro.Nesta última quinta-feira (04/01/01) o CPJ (Comitee to Protect Journalists) organização empenhada em proteger e denunciar violências às atividades jornalísticas em todo o mundo, divulgou o relatório anual da entidade. O comunicado revela que 24 jornalistas morreram em 2000 no exercício da profissão no mundo inteiro. Destes, dezesseis foram assassinados. Entre eles encontram-se dois profissionais de países da língua portuguesa: O moçambicano Cardoso e o brasileiro Zezinho Cazuza da Rádio Xingó FM, de Canindé de São Francisco, em crime encomendado (março 2000) pelo major Genivaldo Galindo, a quem Cazuza acusava de corrupção. O assassinato repercutiu no Brasil e o autor confessou ter sido contratado por Galindo para cometer o crime por 1500 dólares. Vê-se que as semelhanças acima referidas realmente não se resumem apenas a traços arquitetonicos, nomes de ruas e passados coloniais.

- Nota da Red - Agradecemos gentilmente o apoio de jornal "Metical", fundado por Carlos Cardoso, e ao site de notícias Moçambique On-line, para a realização desta matéria."""

12/10/09

Corrupção em Moçambique - "Vimos muitos arvorarem-se em libertadores da Pátria... em nome da construção de uma burguesia nacional... projecto que redundou neste regabofe todo!"

EDITORIAL - Oh rama, oh que linda rama!...

Estão a chegar-nos informações interessantes, sobre os “roubos” nas instituições do Estado ou por ele participadas, e já começam a abundar nomes de supostos trafulhas, que andaram anos a passear a sua “classe” e arrogância, ofendendo, simultaneamente, a miséria que abunda neste país, mas, sobretudo, a humilhar os que trabalham e pagam impostos. São nomes e mais nomes que, por aí, começam a soar. Nomes e mais nomes, de pessoas e instituições. E, curiosa e sintomaticamente, os sinais exteriores de riqueza estão a desaparecer de certos sítios onde, habitualmente, se exercitavam as ofensas ao mais tolerante dos cidadãos e se despertavam da inconsciência os mais distraídos.

Em breve, não nos admiraremos que os mesmos que há tempos diziam “vamos discutir ideias, deixemo-nos de ofender pessoas” vão começar a defender que é legítimo que se comece a “denunciar”, com todas as letras, os seus próprios amigos. As “vitórias estrondosas”, as “vitórias esmagadoras” da Frelimo trouxeram-lhe sempre um custo difícil de gerir. Não será agora que as coisas se irão passar de maneira diferente. Desta vez, vai voltar a ser assim. Com uma economia de escassos recursos, para tantos na mesma casa, vai ser difícil encontrar recursos que saciem todos os que estão, agora, de boca aberta, à espera do que entendem por “merecido” lugar à sombra.

E é nesta luta que vai, com certeza, haver quem se exceda para oferecer um lugar, ao “sol”, de preferência aos “quadradinhos”, a quem for necessário abater, para deixar de lhe estorvar o caminho.

Por isso, não nos admiramos que estarão de regresso, muito em breve, os tempos da “bufaria”, em que os verdadeiros trafulhas e candongueiros, com as suas habilidades politiqueiras e de grupo habituais, vão ser os sobreviventes. Os eternos sobreviventes, não fosse a sua idade avançada e a impiedade divina…

Quando ainda era possível repreenderem-se os prevaricadores, seguir-se uma política de apelo à decência, vimos muitos arvorarem-se em libertadores da Pátria, para defenderem o seu direito às “batidas”, em nome da construção de uma burguesia nacional que, em abono da verdade, foi um projecto que redundou neste regabofe todo, de que Diodino Cambaza, o ex-PCA da empresa Aeroportos de Moçambique, é, apenas, um menino de coro.

Agora, quando a “Era da Bufaria” regressar ao melhor palco de espectáculos que ainda aí vem, que dirão os que enriqueceram a reboque de favores ao “partidão”, quando o feitiço se virar contra o feiticeiro?

O caso “Aeroportos de Moçambique”, já aqui dissemos, é apenas a ponta do iceberg. Agora fala-se de muitas outras instituições e de nomes de indivíduos que até já ocuparam cargos ministeriais, mas não só.

E a procissão ainda vai no adro…

Apesar do que se pode, desde já, tomar por esforços sensíveis e “positivos” (este para usarmos um termo de recorrência, sempre na ponta da língua dos yes men) no sentido das boas práticas e de moralização de costumes no Aparelho de Estado e instituições públicas ou participadas pelo Estado, temos, ainda, muitas dúvidas se este espectáculo vai passar da “rama”.

O “Caso Carlos Cardoso” ficou-se pela “rama”. Quando se estava a ir ao cerne da questão, não foi Vasconcelos Porto a ir a Marracuene, mas foi alguém silenciar Cândida Cossa…

O “Caso Siba-Siba” nem à rama chegou. Viu-se que até se tentou encontrar bodes expiatórios…

O “Caso Manhenje” se passar da “rama” vai, com certeza, dar “ramada”que nunca mais acaba…

Já dissemos quanto basta: “Oh rama, que linda rama”…
- Canal Mozambique, Ano 1 * N.º 96 * Maputo, Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2009.

8/06/09

Buscando no tempo lá pelo Douro: Recordações da visita do Presidente da República General Ramalho Eanes

(Clique na imagem para ampliar)

Em atenção aos "vareiros" que nos lêm e visitam por esse mundo virtual afora, alguns post's irei trazendo de um outro blogue ("Escritos do Douro") onde se fala do Douro em Portugal, da cidade de Peso da Régua, de sua história e cultura, de personagens que marcam e dão exemplo e de outras coisas mais que não só da "vinha e do vinho do Porto", de Pemba e Moçambique...:
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Uma curiosa fotografia de um grande momento na história dos bombeiros da Régua, em que alguns fotógrafos são “apanhados” – ao centro destaca-se o Sr. Noel de Magalhães - a procurarem registar o acontecimento: a apresentação da guarda de honra do corpo activo pelo Comandante Carlos Cardoso dos Santos ao Presidente da Republica General, Ramalho Eanes que, no dia 14 de Setembro de 1980, presidiu à cerimónia da sessão solene do 24.º Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses, realizado no Peso da Régua.

A organização deste Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses - que se realiza bianualmente para discutir os problemas e os anseios no associativismo e no voluntariado - pelos bombeiros da Régua é já uma das páginas mais brilhantes da história da Associação.

Deve recordar-se que, até aos nossos dias, foi a primeira Associação do distrito de Vila Real a assumir a responsabilidade de organizar uma reunião magna dos bombeiros portugueses. Uma decisão acertada da direcção presidida pelo Dr. Aires Querubim e do Comandante Carlos Cardoso dos Santos que contou com o apoio inexcedível de Rodrigo Félix, um homem que valorizava o passado glorioso dos bombeiros, presidente da direcção da Federação dos Bombeiros do distrito de Vila Real.

Com a realização do Congresso, a Associação e os bombeiros da Régua ganharam notoriedade e reconhecimento no país. Cumprindo e respeitando o espírito dos fundadores, afirmava-se neste momento como pioneira, activa e orgulhosa de um passado cheio de história e de um futuro cheio de ambição, ao comemorar nesse ano o aniversário dos seus 100.º anos de existência.

Os bombeiros portugueses fizeram uma festa na cidade da Régua que ganhou colorido, um movimento anormal e mais animação turística, num tempo em que escasseavam os hotéis, as residenciais e até os restaurantes para receber tantas pessoas. Conhecendo bem algumas das dificuldades da logística, o Presidente da Câmara, o socialista Renato Aguiar, desde o primeiro instante, apoiou e acarinhou com todos os meios possíveis a iniciativa para que o maior número de participantes ficasse pela cidade. Como a capacidade de alojamento era insuficiente o Regimento de Infantaria do Porto emprestou colchões pneumáticos e cobertores para as dormidas.

Os trabalhos do Congresso decorreram na plateia do velho Cine -Teatro Avenida que fica, ali mesmo, nas imediações do Quartel. A Missa Solene foi celebrada pelo Padre Vítor Melícias num altar montado no Largo Comendador Delfim Ferreira, em frente do Palácio da Justiça e teve a participação para os cânticos religiosos do magnifico Coro de Nossa Senhora do Socorro, superiormente dirigido pelo maestro José Armindo. A essa cerimónia religiosa fizeram-se representar todos os corpos de bombeiros nacionais, com os seus homens do comando nas filas da frente, como era o caso do grande Comandante Armando Cardoso Soares, da AHBV do Dafundo.

A população acompanhou e assistiu com bastante entusiasmo e interesse a todas as manifestações públicas dos bombeiros. As ruas da cidade encheram-se de pessoas para verem os desfiles dos soldados da paz e dos seus carros.

Os pormenores mais significativos da visita presidencial foram destacados na revista comemorativa, na crónica “Recordando a visita do Presidente da República General Ramalho Eanes”, assinada pelo saudoso jornalista Jaime Ferraz (foi um grande director do jornal reguense “Noticias do Douro”), que temos a honra de o lembrar:

“Quando o Congresso dos Bombeiros realizados nesta vila, de 10 a 14 de Setembro, tivemos a honra da presença do Primeiro Magistrado da Nação, General Ramalho Eanes que, além de presidir à sessão solene que todos devem estar recordados se realizou no Cine -Teatro Avenida no dia 14-9-80 bem como as outras solenidades, assistiu ao cortejo das corporações, numa tribuna, para o efeito erigida junto ao edifício da Casa dos Douro.


O Presidente da República, além da respectiva comitiva, fez-se acompanhar da sua esposa e sua presença no referido congresso foi umas das principais notas que se podem recordar e enaltecer.

Os bombeiros voluntários da Régua fizeram a respectiva guarda de honra com todo o seu corpo activo formado junto do Quartel, tendo depois o Presidente da República passado revista à Corporação, e felicitado o respectivo Comandante Carlos Cardoso dos Santos, pela forma como soube apresentar-se e que constituiu um dos pontos fulcrais da visita presidencial”.

Para a história, o acontecimento ficará ainda assinalado pelo aniversário dos 50 anos da Liga dos Bombeiros Portugueses. O Presidente da República, compreendendo o significado de tal data, reconheceu na Régua os seus valiosos serviços públicos, ao condecorar o seu estandarte com o Grau de Membro Honorário da Ordem Militar de Cristo.

As conclusões mais importantes do Congresso da Régua - que elegeu o Comandante Manuel de Almeida Manta para Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses - diziam respeito à protecção social ao bombeiro voluntário.

O assunto mereceu séria reflexão e, essa exigência considerada muito importante para a condição dos bombeiros, veio a ser aprovada numa deliberação que determinava para “no mais curto espaço de tempo possível, se elabore, discuta e faça aprovar um Estatuto Social do Bombeiro Voluntário como garante dos direitos e deveres de verdadeiros Soldados da Paz”.


Acontece que esse objectivo só veio a ser alcançado alguns anos mais tarde. Em primeiro lugar, com a criação de um Fundo de Socorro Social destinado ao auxilio imediato dos familiares dos bombeiros acidentados em serviço e à promoção de outras acções sociais, consagrado com a publicação da Portaria nº 237/87, de 28 de Março. E, logo de seguida, foi conseguido o pretendido Estatuto Social do Bombeiro, estatuído pela aprovação da Lei nº 21/87, de 20 de Junho.

A década dos anos 80 trouxe profundas e importantes mudanças para a organização institucional dos bombeiros. São reconhecidas várias reivindicações defendidas pelos bombeiros. O poder politico dá os primeiros sinais positivos ao estabelecer as bases administrativas do sector dos bombeiros com a instituição de um organismo denominado “Serviço Nacional de Bombeiros” (Lei nº10/98, de 10 de Março, o Dec.-Lei nº 212/80, de 9 de Junho e o Dec.-Lei nº418/80, de 29 de Setembro), para a presidência do qual era nomeado o Padre Vítor Melícias.

Algumas dessas transformações passaram nos debates do Congresso da Régua que analisado hoje nessa perspectiva, pode dizer-se que fez história ao marcar a viragem de um novo tempo na afirmação dos bombeiros portugueses, com algumas significativas conquistas. Essa circunstância deve ter contribuído para motivar a comparência de uma grande afluência de delegados – bombeiros e directores - no Cine -Teatro Avenida, para participarem nos trabalhos e intervirem nos debates dos assuntos mais preocupantes.

Não admira que, decorridos 19 anos, este 24.º Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses, que encerrou com a presença do Ministro da Administração Interna, Dr. Eurico de Melo, esteja vivo na memória de muitos dos seus protagonistas.

Mas, esta fotografia tem outro valor histórico. Ela mostra a fotografar este importante acontecimento, o Sr. Noel de Magalhães, um conhecido e distinto director dos bombeiros da Régua em vários elencos directivos ao longos de várias décadas, bisneto do 1º Comandante Manuel Maria de Magalhães, distinguido com o crachá de Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses, que nasceu em S. João da Pesqueira, em 12 de Outubro de 1921.

É um homem dos bons que deixa o seu nome ligado aos bombeiros da Régua e a “obras de bem fazer”. E, é para nós um artista: um fotografo amador de grande qualidade. Ele lega-nos para a posteridade as suas melhores imagens do nosso Douro, como alguém as definiu, repletas de “pureza e beleza da genuidade humana…sobretudo quando acontece o mistério da fé duriense, ou a transformação do suor em vinho, entre sorrisos dos rapazes e das mulheres, colhendo a novidade, que misturada com a alegria escorreu pelas pernas dos homens, em cada lagarada”.

Conta, na sua vida, 88 anos. Olhando-o de perto, nem parece ter tantos, felizmente! Temos a sorte de o conhecer e de com ele partilhar a amizade dos pequenos momentos do dia a dia. Ficamos eternamente mais ricos com o seu convívio.
Ainda bem… para nós e para os bombeiros da Régua.
- Peso da Régua, Julho de 2009, José Alfredo Almeida.


- Outros textos publicados neste blogue sobre os Bombeiros Voluntários de Peso da Régua e sua História:

  • Memórias dos Bombeiros em Poiares com os Salesianos - Aqui!
  • As vidas que não se esquecem nos Bombeiros - Aqui!
  • Os bombeiros de escritório - Aqui!
  • Bombeiros Semi-Deuses - Aqui!
  • As "madrinhas" dos Bombeiros - Aqui!
  • A benção da Bandeira - Aqui!
  • Comandante Lourenço de Almeida Pinto Medeiros: Fidalgo e Cavaleiro dos Bombeiros da Régua - Aqui!
  • A força do voluntariado nos Bombeiros - Aqui!
  • A visita do Presidente da Républica Américo Tomás - Aqui!
  • Uma formatura dos Bombeiros de 1965 - Aqui!
  • O grande incêndio dos Paços do Concelho da Régua - Aqui!
  • 1º. de Maio de 1911 - Aqui!
  • Homens que caminham para a História dos bombeiros - Aqui!
  • Desfile dos veículos dos bombeiros portugueses - Aqui!
  • Os bombeiros no velho Cais Fluvial - Aqui!
  • O Padre Manuel Lacerda, Capelão dos Bombeiros do Peso da Régua - Aqui!
  • A Ordem Militar de Cristo - Uma grande condecoração para os Bombeiros de Peso da Régua - Aqui!
  • Os Bombeiros no Largo da Estação - Aqui!
  • A Tragédia de Riobom - Aqui!
  • Manuel Maria de Magalhães: O Primeiro Comandante... - Aqui!
  • A Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • A cheia do rio Douro de 1962 - Aqui!
  • O Baptismo do Marçal - Aqui!
  • Um discurso do Dr. Camilo de Araújo Correia - Aqui!
  • Um momento alto da vida do comandante Carlos dos Santos (1959-1990) - Aqui!
  • Os Bombeiros do Peso da Régua e... o seu menino - Aqui!
  • Os Bombeiros da Régua em Coimbra, 1940-50 - Aqui!
  • Os Bombeiros da Velha Guarda do Peso da Régua - Aqui!

- Link's:

  • Portal dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua (no Sapo) - Aqui!
  • Novo portal dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • Exposição virtual dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • A Peso da Régua de nossas raízes - Aqui!

7/07/09

Buscando no tempo lá pelo Douro: Os bombeiros de escritório

(Clique na imagem para ampliar)

Em atenção aos "vareiros" que nos lêm e visitam por esse mundo virtual afora, alguns post's irei trazendo de um outro blogue ("Escritos do Douro") onde se fala do Douro em Portugal, da cidade de Peso da Régua, de sua história e cultura, de personagens que marcam e dão exemplo e de outras coisas mais que não só da "vinha e do vinho do Porto", de Pemba e Moçambique...:

Estão presentes, nesta foto de 17 de Maio de 1964, tirada na vila de Resende, três vultos da história dos bombeiros do Peso da Régua: o Comandante Carlos Cardoso dos Santos, Alfredo Luís Baptista, Noel de Magalhães e Teófilo Clemente, acompanhado do seu jovem filho José Manuel Clemente, que estavam a convite da associação humanitária local para assistirem a uma cerimónia de homenagem aos bombeiros.

Como não podia deixar de ser, do ilustre bombeiro de farda, o Comandante Carlos Cardoso dos Santos já aqui deixamos vários apontamentos da sua vida e dos seus 31 anos de serviço nos bombeiros da Régua.

Quanto aos bombeiros sem farda já se distinguiu Noel de Magalhães. Mas, apenas por falta de oportunidade, nada se disse dos directores Alfredo Luís Teixeira Baptista e Teófilo Clemente.

O primeiro destacou-se nas direcções presididas pelo Dr. Júlio Vilela e o Dr. Camilo de Araújo Correia, sendo o principal responsável pelo acabamento das obras do quartel, cuja construção é de 1931, pela aquisição de novos carros para os incêndios e pelo aparecimento do jornal da associação “Vida por Vida” (publicou-se ente 1956-1974), o qual chegou a dirigir.

Quanto ao segundo foi um grande chefe de material. O melhor que a associação teve nesse sector fundamental para a actividade operacional dos bombeiros. Mas foi um dos grandes beneméritos que teve a associação. Se o velho Buick ainda hoje circula, isso se deve aos cuidados e à generosidade do Senhor Teófilo Clemente. Foi ele que o mandou reparar e lhe deu um motor novo, que fui retirar de um carro da sua firma de transportes. O seu filho José Manuel Clemente, que o acompanhava na sua juventude, é actualmente o sócio mais antigo da associação, sem nunca ter sido director, herdou do seu pai o gosto de ajudar os bombeiros.

Estes dois homens fazem parte de história dos bombeiros da Régua. Os seus nomes são exemplos a apontar como ensinamento de cidadania. Como membros directivos da associação, o empenhamento e dedicação cívica de Alfredo Luís Teixeira Baptista e de Teófilo Clemente teve um reconhecimento, quando a Liga dos Bombeiros Portugueses os distinguiu com a Medalha de Ouro de duas estrelas.

Desde facto, o jornal “Vida por Vida”, em Novembro de 1964, com o título “Duas Condecorações: uma honra para a nossa Associação”, deu conta do significado destas distinções para estes ilustres cidadãos reguenses nestes termos: “Se certo que estes dois elementos não esconderam o regozijo por tão honrosa distinção, a verdade é que a mesma reveste de elevado sentido para a própria Associação, pois que se o seu nome não fosse um nome que se impõe ao respeito e admiração de todos em geral, certamente que não conquistavam estas duas distinções para dois elementos que há mais de 10 anos têm prestado o seu concurso para uma maior valorização dos bombeiros.”

Estas duas medalhas para estes dois cidadãos são a prova que os bombeiros sem farda têm a sua importância. A eles cabe-lhes o papel de defender os seus interesses do colectivo e zelar pelas melhores condições do cumprimento das missões de socorro de todos aqueles que vestem a farda de bombeiro.

Nos primeiros estatutos da associação, datados de 1880, os associados constituíam-se em quatro classes: honorários, contribuintes, activos e auxiliares. Os activos eram os bombeiros voluntários. Os sócios auxiliares eram os que prestavam auxilio à companhia de incêndios. Os sócios honorários eram aqueles que pela sua posição social ou pelos serviços prestados lhe foi conferida essa honra. Os restantes associados pertenciam à classe aos sócios contribuintes, ou seja, todos aqueles que não vestem farda. Teve a sorte esta associação de nessa classe se inscrever a famosa viticultura do Douro, a bondosa D. Antónia Adelaide Ferreira, a nossa ilustre Ferreirinha.

Como associados, os bombeiros sem farda são todos aqueles que exercem cargos sociais nos órgãos da instituição: na Assembleia-geral, no Conselho Fiscal e na Direcção. Enfim, são outro tipo de voluntários que se preocupam mais com as contas da casa, a sua gestão corrente e o seu funcionamento no dia a dia. Eles são responsáveis por toda a dinamização institucional, por vezes, com muitos obstáculos, por vezes com polémicas, outras vezes com brilhantismo, mas estes directores constituem um pilar do associativismo.

Em 1980, na revista comemorativa do 100º aniversário da Associação, o Dr. Camilo de Araújo Correia, na crónica “Uma volta cá por dentro”, contou-nos com o seu sentido de ironia, o papel de um “bombeiro de escritório”, que ele próprio desempenhou com brilhantismo, na qualidade de Presidente de Direcção, desta enternecedora maneira:

“Relacionam-se com os nossos bombeiros as memórias dos meus primeiros raciocínios.

Estivesse onde estivesse, a brincar, a comer ou a dormir, logo acorria ao ruído marcial da sua passagem.

Toda a gente me dizia que os bombeiros, mal tocavam a fogo os sinos do Peso e do Cruzeiro, acorriam, sem demora, à casa que estivesse a arder. Mas…como podiam correr, assim, em duas fileiras e com aquele passo? O que mais me intrigava era a limpeza das fardas. É que eu, com duas voltas no quintal, sem apagar fogo nenhum, ficava logo com o bibe a merecer umas surras da minha mãe.

Receio bem que o meu desejo de ser bombeiro não tenha sido tão puro como o de todas as crianças do mundo. Lembro-me perfeitamente de quando me apeteceu ser bombeiro. Foi logo a seguir a um grande ataque de inveja. È melhor contar tudo inteirinho…

É certo que neste mundo é que elas se pagam…Deus, na sua infinita ironia, acabou por me fazer bombeiro, cerca de trinta depois do meu ataque de inveja. Vim a ser Presidente da Direcção por entusiasmo e crédito de um punhado de amigos. Não pensaram na minha desesperada falta de tempo…Tive de abandonar com o dedo imperioso da profissão espetada nas costas.

Tudo acabaria muito bem, se ficasse por aqui. Mas é que eu viria a ter, anos depois, a sobrinha mais travessa que Deus ao mundo deitou!...

Um dia, num chá de certa cerimónia e sem vir a propósito, saiu-se com esta:

- O meu tio já foi bombeiro, mas teve de sair porque não apagava nada!

Os risinhos das senhoras, mal disfarçados, atravessaram-me como alfinetes….

De cada vez que me pregava esta partida, tentava fazer-lhe compreender que o meu papel de Director não era ir aos incêndios, nem apagar fosse o que fosse, por mais que as coisas ardessem à minha volta. Em vão procurei convencê-la de que os bombeiros também têm escritório com secretárias cheias de papéis…

De cara fechada e olhos trocistas dizia sempre:

-Sim…sim…

Paguei bem paga a inveja que me fez o capacete e a machadinha daquele bombeiro de palmo e meio aos ombros de um homenzarrão, numa tarde de calor e de tourada.”

O Dr. Camilo de Araújo Correia foi um dos melhores bombeiros de escritório nos bombeiros da Régua. Por pouco tempo é certo, como ele o confessa, pelos muitos afazeres de médico anestesista. Mas exerceu essa função com grande paixão de bem servir. Como Presidente da Direcção conheceu e conviveu de perto com muitos bombeiros. Ao lado deles sorriu e deu muitas gargalhadas pelas divertidas peripécias de alguns, como as presenciou na vida do bombeiro Justino, que andará com ele pelos caminhos da Eternidade a inspirar-lhe mais deliciosas histórias, que nos cativem com seu sentido de ironia e de humor fino.

Como no seu tempo……ainda hoje os bombeiros têm escritório com secretárias cheias de papéis.

E, têm umas sobrinhas ainda mais travessas para nos fazerem sorrirem da vida. Felizmente que é assim…
- Peso da Régua, Junho de 2009, José Alfredo Almeida.

- Outros textos publicados neste blogue sobre os Bombeiros Voluntários de Peso da Régua e sua História:

  • Bombeiros Semi-Deuses - Aqui!
  • As "madrinhas" dos Bombeiros - Aqui!
  • A benção da Bandeira - Aqui!
  • Comandante Lourenço de Almeida Pinto Medeiros: Fidalgo e Cavaleiro dos Bombeiros da Régua - Aqui!
  • A força do voluntariado nos Bombeiros - Aqui!
  • A visita do Presidente da Républica Américo Tomás - Aqui!
  • Uma formatura dos Bombeiros de 1965 - Aqui!
  • O grande incêndio dos Paços do Concelho da Régua - Aqui!
  • 1º. de Maio de 1911 - Aqui!
  • Homens que caminham para a História dos bombeiros - Aqui!
  • Desfile dos veículos dos bombeiros portugueses - Aqui!
  • Os bombeiros no velho Cais Fluvial - Aqui!
  • O Padre Manuel Lacerda, Capelão dos Bombeiros do Peso da Régua - Aqui!
  • A Ordem Militar de Cristo - Uma grande condecoração para os Bombeiros de Peso da Régua - Aqui!
  • Os Bombeiros no Largo da Estação - Aqui!
  • A Tragédia de Riobom - Aqui!
  • Manuel Maria de Magalhães: O Primeiro Comandante... - Aqui!
  • A Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
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6/26/09

Buscando no tempo lá pelo Douro: Bombeiros Semi-Deuses

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Em atenção aos "vareiros" que nos lêm e visitam por esse mundo virtual afora, alguns post's irei trazendo de um outro blogue ("Escritos do Douro") onde se fala do Douro em Portugal, da cidade de Peso da Régua, de sua história e cultura, de personagens que marcam e dão exemplo e de outras coisas mais que não só da "vinha e do vinho do Porto", de Pemba e Moçambique...:

Eram estes, como aqui se vê no adro da Igreja Matriz do Peso da Régua, no final da década de 1960, alguns dos notáveis bombeiros que constituíam o Corpo Activo, acompanhados do Comandante Carlos Cardoso dos Santos, empossado nessas funções em 1959, e nas quais se haveria de manter até 1991, após 31 anos de bons serviços.

Estes homens representam um modelo de cidadania activa e responsável que as crises sociais actuais muito enfraqueceram. Como cidadãos que ajudaram a promover valores solidários, de partilha e trabalho em equipa são merecedores do reconhecimento social. O exemplo de cada um deles merece ser louvado com mérito. Como bombeiros, durante muitos anos, ao empenharam-se na missão suprema da defesa das nossos vidas e bens souberam continuar o espírito altruísta dos fundadores e contribuíram com o seu esforço generoso para a continuidade desta grande obra.

O seu altruísmo e a sua coragem fortificaram, ao longo dos anos, o espírito do voluntariado nos bombeiros da Régua. Todos prestaram valiosos serviços à comunidade no desempenho de uma causa nobre, livre e espontâneamente assumida ao serviço do próximo, numa atitude de doação e de solidariedade humana.

Num tempo de amnésia colectiva, recordar estes brilhantes bombeiros é um dever para quem assegura os rumos do presente da Associação, que deve saber resgatar do esquecimento os nomes e os feitos dos heróis anónimos, que deixaram marcas duradouras para o historial da instituição.

Essa atitude, mesmo que a título simbólico, deve servir para consolidar laços com o passado e avivar a necessidade de seguir a lição dos que deram algo de si a esta grande causa, como fizeram os bombeiros aqui retratados no seu tempo: António Silva, José Pinto Rodrigues - este veio a notabilizar-se com jogador de futebol da equipa do Sport Clube da Régua - Jorge Xavier, Abílio Dias, António Fonseca, José Oliveira e o Chefe Armindo Almeida, Américo Coutinho, Rufino Fonseca, José Morais, António Manuel Dias (filho do saudoso Abílio Dias, que está nesta foto), Francisco Guerra e Diamantino Peixe.

Com comoção e sentimento contemplamos os rostos felizes destes generosos bombeiros. Relembra-los é um acto de orgulho, respeito e merecida gratidão. Alguns desses homens faleceram mas estão entre nós e vivos na nossa memória. Outros envelheceram e guardaram as fardas e o capacete, apenas a envergam nos dias festivos e de glória. Mas três deles ainda se encontram, decorrido mais de quarenta anos, a prestar serviço no Corpo Activo, como é o caso dos Chefes António Silva, António Manuel Dias e José Oliveira. Como reconhecimento do seu trabalho, e dos anos de serviço de voluntariado nos bombeiros, este último chefe foi recentemente distinguido pela Associação com a Medalha de Ouro da Federação dos Bombeiros do Distrito de Vila Real e o Crachá de Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses.

Evocamos os bombeiros do final da década de 1960 com admiração pelo que fizeram. Tudo o que nos transmitiram é um estímulo para os desafios que enfrentam os actuais bombeiros.

Ao partilharmos a imensa generosidade destes grandes bombeiros faz sentido recordar, em nome da memória colectiva, uma crónica de João de Araújo Correia, intitulada “Bombeiros”, publicada no jornal da Associação “Vida por Vida”, em Novembro de 1957, que louva com toda a dignidade a importância da figura do bombeiro:

“Meu pai tinha sido bombeiro voluntário. Mas, dotado por aí de lenta agilidade, sempre meticulosamente pausado, é crível que as obrigações de bombeiro, subir e descer escadas, de agulheta em punho, em cima de um telhado, fossem incompatíveis com o seu eu, isto é, com físico e o seu moral. Sei que pouco tempo foi bombeiro. Desertou do apito, mas continuou ou fez-se contribuinte. Foi-o até à hora da morte.

Da actividade bombeiril do meu pai, ficou em minha casa, durante algum tempo, uma recordação. Foram os botões, as charlateiras e umas insígnias do uniforme. O que brinquei, com estas maravilhas amarelas, meio oxidadas, só eu sei… O que não sei é como se perderam. Sei que foram, uma após, imitando o soldadinho de chumbo do conto prodigioso.

Mas, se o soldadinho de chumbo regressou, para fazer das suas, elas coitadinhas, não regressaram. Vivem apenas na minha memória, isto é, no passado, que se faz presente quando eu o chamo.

Sempre que brincasse com os botões, as charlateiras da farda do meu pai, dizia entre mim: o papá foi bombeiro. Dizia-o como se o tivesse visto fardado, em dia de grande gala, numa formatura resplandecente. Dizia-o por intuição das charlateiras, insígnias e botões meio oxidados, mas ainda áureos bastantes para suscitarem orgulho no cérebro infantil. Se tivesse visto o papá numa parada, com o capacete a arder, numa fogueira de sol, com certeza que a minha vaidade se teria tornado insuportável.

Um homem de luvas brancas, com machado de prata às ordens e a cabeça adornada com um elmo de ouro, não é um homem. É um semi-deus”.

O escritor escreveu este belo elogio na figura do seu pai, António da Silva Correia (1869-1947) que deve ter sido um dos primeiros bombeiros da corporação. E não falseamos nada, se dissermos que no seu enaltecimento estavam todos os bombeiros da Régua que conheceu e muito prezou, ao ponto de imortalizar muito deles nas histórias dos seus livros. Era assim no seu imaginário, e agora é também no nosso, em que esses homens de luvas brancas com um machado são admirados como uns semi-deuses.
- Peso da Régua, Junho de 2009, José Alfredo Almeida.

- Outros textos publicados neste blogue sobre os Bombeiros Voluntários de Peso da Régua e sua História:

  • As "madrinhas" dos Bombeiros - Aqui!
  • A benção da Bandeira - Aqui!
  • Comandante Lourenço de Almeida Pinto Medeiros: Fidalgo e Cavaleiro dos Bombeiros da Régua - Aqui!
  • A força do voluntariado nos Bombeiros - Aqui!
  • A visita do Presidente da Républica Américo Tomás - Aqui!
  • Uma formatura dos Bombeiros de 1965 - Aqui!
  • O grande incêndio dos Paços do Concelho da Régua - Aqui!
  • 1º. de Maio de 1911 - Aqui!
  • Homens que caminham para a História dos bombeiros - Aqui!
  • Desfile dos veículos dos bombeiros portugueses - Aqui!
  • Os Bombeiros no velho Cais Fluvial - Aqui!
  • O Padre Manuel Lacerda, Capelão dos Bombeiros do Peso da Régua - Aqui
  • A Ordem Militar de Cristo - Uma grande condecoração para os Bombeiros de Peso da Régua - Aqui!
  • Os Bombeiros no Largo da Estação - Aqui!
  • A Tragédia de Riobom - Aqui!
  • Manuel Maria de Magalhães: O Primeiro Comandante... - Aqui!
  • A Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
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  • Os Bombeiros do Peso da Régua e... o seu menino - Aqui!
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6/19/09

Para a História do Ensino em Moçambique - parte 4

(Clique na imagem para ampliar. Imagem original daqui..)

PARA A HISTÓRIA DO ENSINO EM MOÇAMBIQUE - ESCOLAS E ALUNOS DE CABO DELGADO HÁ 150 ANOS: MATÉRIAS, FREQUÊNCIA, APROVEITAMENTO E PROBLEMAS .
Por Carlos Lopes Bento(1)
(Continuação daqui)

IV PARTE
Sistema de Ensino e matérias lecionadas.
1857-2º Sem.

As matérias de Ensino e o sistema seguido durante o Semestre, foram os mesmos que nos outros se tem seguido, a saber:
- Ler, Escrever e Contar;
- Doutrina Cristã, Moral e Civilidade;
- Gramática Portuguesa, Análise e Regência gramatical;
- Aritmética propriamente dita;
- Ortografia e Caligrafia prática;
- Noções da Historia Sagrada, do Velho e Novo Testamento;
- Noções de Geometria, Geografia e Historia ge¬ral e de Portugal;
- E desde 7 de Dezembro próximo passado, em que lhe foi dada, por substituto João Ferreira do Costa Sampaio, têm também tido regularmente o Ensino de Francês e Inglês.
Tudo pelo sistema de Ensino Simultâneo Normal.

Todos os alunos da Escola frequentaram as três pri¬meiras matérias, e frequentam por escala e segundo os seus adiantamentos as que se lhe vão seguindo. Uns 21 alunos frequentaram Gramática Portuguesa, e, destes, uns 8 se exercitaram em análise e regência gramatical, em ortografia prática, em noções de Geometria, de Geografia, de Historia Sagrada e de Portugal. Uns 30, com mais ou menos aproveitamento, se exercitaram em caligrafia prática, e os mais, segundo o adiantamento ou progressos que vão apresentando, foram passando das classes inferiores para as superiores da escrita. Uns 12 alunos na Escola, que desenvolvem operações maiores de Aritmética, em maior ou menor escala, segundo o adiantamento que vão apresentando; e além destes, muitos desenvolvem as quatro espécies fundamentais, e outros se exercitam nelas.

Finalmente, de entre os alunos, alguns há, que tendo frequentado todas as matérias de Ensino Primaria superior, que se ensinam nesta Escola, se aperfeiçoam nelas e se adiantam em contabilidade; e, destes, uns 6 frequentavam ao mesmo tempo a Língua Francesa, e 1 a Inglesa, com aproveitamento, e pelo seu desenvolvimento em todas as matérias, perguntados, não envergonharão o Professor que os ensinou, nem farão desmerecer o seu tra¬balho e método de Ensino, enfim, todos os alunos que se acham em circunstâncias disso, passam de umas matérias às outras sucessivamente.

1858-1º Sem.
O sistema de ensino tem sido o mesmo seguido nos anteriores semestres: o ensino simultâneo normal; e as matérias ensinadas durante o semestre, as mesmas do semestre anterior, a saber:
- Ler, Escrever, Contar;
- Doutrina Cristã, Moral e Civilidade;
- Gramática Portuguesa;
- Análise e Regência;
- Caligrafia e Ortografia, prática;
- Aritmética propriamente dita;
- História Sagrada, do Velho e Novo Testamento;
- Noções de Geometria, de Geografia e História em geral e de Portugal; e
- Francês.

Aproveitamento.
1857-2º Sem.
E pode com verdade dizer-se, que, no geral, todos, têm tido aproveitamento, tanto quanto as circunstâncias especiais deste País, e a qualidade dos Escolantes o permite.
Este aproveitamento seria indubitavelmente maior, e mais fácil de conseguir, se a Escola tivesse um Ajudante competente, porque, o número de alunos e de matérias que ensina, e tem de ensinar, como Escola graduada, altamente o reclama, pois é sabido e conhecido, que quando os alunos duma Escola excedem a 30, já ela para ter bom e regular andamento, carece de um Ajudante.
1858-1º Sem.
Todos os alunos, no geral, frequentaram, regularmente, tiveram na verdade bom aproveitamento, tanto quanto as circunstâncias especiais do País o permitem.(139)
E cinco houve, dos mais adiantados, que frequentaram com vantagem o Francês. E um que frequentou o Inglês, enquanto o substituto lhe pode dar lição.
É verdade que este aproveitamento será indubitavelmente maior e mais fácil de conseguir, e mesmo teria melhor andamento a Escola, se o seu professor tivesse um ajudante competente; porque o número de alunos e de matérias que ensina e tem de ensinar altamente o reclamam; pois é verdade reconhecida que quando os alunos de uma escola excedam a 30, já ela, para ter bom andamento, carece de ajudante.

Falta de assuidade e suas consequências
1857-2º Sem.
A pouca assiduidade dos alunos deste País e as amiudadas faltas que comentem, a sua pouca inclinação, no geral para o estudo, são também um tropeço não pequeno para o encarregado da educação e instrução da mocidade; porque, já pelas amiudadas doenças que afligem as crianças neste País, já porque mui a miúdo perdem semanas inteiras de aplicação, por irem para o Continente com as famílias que para aí vão curar das suas culturas; e já, finalmente, por eles não serem aplicados, pela maior parte fazem longas e amiudadas faltas, que não há remédio senão tolerar e dissimular, atentas as circunstâncias especiais do País. Faltas estas que forçam o Professor a ensinar aos estudantes, por duas, três e quatro vezes o que já es¬tava ensinado e aprendido. E que aumentam consideravelmente o trabalho do Professor, e fazem com que os alunos percam os seus lugares de classe, e fazem, finalmente, com que seja impossível explicar as matérias por classe: o que tão conveniente e recomendado é em todos os sistemas de Ensino.

1858-1º Sem.
Muito é para lastimar também a pouca assiduidade dos alunos e as amiudadas e longas faltas que cometem e a pouca inclinação que têm para o estudo, no geral, faltas que não há remédio, senão tolerar e dissimular, atentas as circunstâncias especiais que se dão. Doutro modo, nenhum aluno haveria na Escola. Inquestionavelmente reconhece-se que é condição e hábito dos Povos menos ilustrados. Condição e hábito que só com o tempo, paciência e perseverança se pode pouco a pouco suavizar.
Não é porém menos verdade que estes factos paralisam completamente os esforços dos Professores e forma, sem contradição, um grande tropeço para o encarregado da instrução da mocidade.
Porque já, pelas amiudadas doenças que afligem as crianças neste País, já, por muito amiúdo perdem semanas e meses de frequência, por irem para o continente com as famílias que para ali vão tratar das suas culturas, já, finalmente, por serem pouco aplicadas e terem, no geral, pouco gosto pelo estudo, cometem, como disse, largas e amiudadas faltas, que não é possível deixar de tolerar em vistas das circunstâncias que se dão.
Infelizmente, porém, estas faltas forçam o Professor a ensinar aos estudantes por duas, três, quatro ou mais vezes o que já estava ensinado e aprendido; Fazem que o estudante tenha de andar na escola triplicado tempo, do que andaria se estes factos não se dessem, aumentando consideravelmente o trabalho do Professor e fazem com que os alunos percam os seus lugares de classe; Finalmente que seja impossível explicar aos alunos as matérias por classes, o que é de tão reconhecida e recomendada utilidade.

Localização, funcionalidade do edifício e serviço de limpeza.
1857-2º Sem.
A localidade da Escola e seu edifício também não é o mais conveniente, nem se presta aos fins para que estão servindo. É pouco central e adequada e, além disso, carece de reparos e arranjos, especialmente, a clarabóia que lhe dá a principal claridade, que, por mal construída, por mais consertos que se lhe façam, introduz sempre na Escola toda a água que em qualquer dia de chuva lhe cai em cima, e alaga a bancada principal dos alunos, o que alem de inconveniente há-de acabar um dia de arruinar completamente o terraço e inutilizar a Escola.(30)
O serviço e limpeza da Escola também não é feito, nem o pode ser com a regularidade necessária, por não haver quem o faça.
A Escola, actualmente, não tem nenhum servente efectivo, como teve sempre, para ser empregado neste serviço, não podendo deixar de ter, ao menos um servente constante, para lhe fazer a limpeza.

1858-1º Sem.
A localidade da escola e seu edifício não é também a mais conveniente e pouco se presta para os fins. É pouco central e adequada e muito carece de reparos, porque o centro do seu terraço está ameaçando ruína, como já foi visto pelo Inspector das Obras Públicas; e a não ser os pontaletes colocados, necessariamente, já teria havido um desastre. E nos dias em que há chuva, alaga e põe em completa desordem toda a Escola pela imensa quantidade de água que mete dentro dela, o que é negócio que reclama providências.

Em 26 de Maio de 1860, o Boletim Oficial de Moçambique publica o “Mapa do Movimento dos alunos da Escola Principal de Instrução Primária da Província de Moçambique, durante o 2º semestre do ano de 1859, declarando quantos são os alunos europeus, nativos e asiáticos que frequentaram a Escola no dito semestre e a religião a que cada pertence”, datado de 15.4.1860 e assinado pelo Professor Guilherme Henrique Dias Cardoso. Dele extraíram-se os seguintes dados:

  • Existiam em 1.7.1859, 44 alunos, sendo:
    -4 Europeus Cristãos da cidade de Moçambique;
    -24 Cristãos Nativos: 17 da cidade de Moçambique, 1 Inhambane, 2 Sofala, 2 de Tete e 2 do Ibo:
    -16 Mouros Nativos: 13 da cidade de Moçambique, 1 de Lourenço Marques, 2 Inhambane.
  • Entraram no 2º Semestre de 1859, 12 alunos, sendo:
    -2 Europeus Cristãos da cidade de Moçambique;
    -5 Cristãos Nativos: 4 da cidade de Moçambique e 1 Quelimane;
    -4 Mouros Nativos da cidade de Moçambique;
    -1 Asiático Cristão da cidade de Moçambique.
  • Saíram no 2º Semestre de 1859, 13 alunos, sendo:
    -2 Europeus Cristãos da cidade de Moçambique;
    -5 Cristãos Nativos: 2 da cidade de Moçambique e 2 Tete;
    -6 Mouros Nativos: 5 da cidade de Moçambique e 1 de Lourenço Marques.
  • Existiam em 31.12.1859, 43 alunos, sendo:
    -4 Europeus Cristãos da cidade de Moçambique;
    -24 Cristãos Nativos: 18 da cidade de Moçambique, 1 Inhambane, 2 Sofala, 1 Quelimane e 2 do Ibo;
    -14 Mouros Nativos: 12 da cidade de Moçambique e 2 Inhambane;
    -1 Asiático Cristão da cidade de Moçambique.
  • Os alunos saídos tiveram os seguintes destinos:
    -3 foram para Lisboa na Fragata
    -2 embarcaram para aprender pilotagem
    -3 foram aprender ofícios
    -4 voltaram para as famílias
    -1 foi riscado por incorrigível.
1) - Prof. Univ. e Antropólogo.
(continua)

  • Para a História do Ensino em Moçambique - Parte 3 - Aqui!
  • Para a História do Ensino em Moçambique - Parte 2 - Aqui!
  • Para a História do Ensino em Moçambique - Parte 1 - Aqui!
  • Post's do ForEver PEMBA para a consulta em "Pesquisas" sobre Carlos Bento, Quirimbas, Ibo, História de cabo Delgado - Aqui!

5/22/09

Buscando no tempo lá pelo Douro: A visita do Presidente da Républica Américo Tomás

(Clique na imagem para ampliar)

Em atenção aos "vareiros" que nos lêm e visitam por esse mundo virtual afora, alguns post's irei trazendo de um outro blogue ("Escritos do Douro") onde se fala do Douro em Portugal, da cidade de Peso da Régua, de sua história e cultura, de personagens que marcam e dão exemplo e de outras coisas mais que não só da "vinha e do vinho do Porto", de Pemba e Moçambique...:


Esta imagem de 22 de Maio de 1965 documenta a triunfante e festiva recepção do Presidente da República, Almirante Américo Tomás, ao lado dos directores Noel de Magalhães Alfredo Baptista, no Quartel dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua, ao qual se deslocou “propositadamente” na companhia do Ministro do Interior (Dr. Alfredo Rodrigues Júnior) e o da Marinha (Comodoro Fernando Quintanilha Dias), para receber as honras do Corpo Activo e conhecer as instalações.

Um peculiar apelo de conformismo dos bombeiros, dirigido a este ilustre visitante, estava visível na mensagem que se lia numa faixa colocada junto ao Quartel: “Os bombeiros depõem nas mãos de Vossa Excelência 85 anos de sacrifícios”.

Mas a histórica visita presidencial, que foi “seguida por milhares de pessoas”, não passou de uma habitual manifestação de propaganda política do regime do Estado Novo, a enfrentar as consequências da guerra colonial, o qual se esforçava em difundir mensagens patrióticas para “unir todos os portugueses à sombra da pátria comum”, como disse o Chefe de Estado no seu discurso, proferido no Salão Nobre da Câmara Municipal.

Este ambiente de patriotismo era expresso nas saudações nacionalistas inscritas em grandes painéis colocados nas principais ruas da vila, tais como: “O Chefe de Estado é o Símbolo da Nação!”, “Viva Salazar - benemérito da Pátria” e “Senhor Ministro do Interior: estamos firmes na Frente Interna”.

Ao nível do município, este acontecimento político serviu para o executivo municipal liderado pelo Dr. Rui Machado mostrar as grandes obras do seu mandato ao Governo da Nação que, nas suas elogiosas palavras, “tem promovido o progresso do país e, no caso, o da Régua”.

Este distinto autarca (que também exerceu as funções médico) inaugurava, na presença do Chefe de Estado e dois ministros do Governo de Salazar, “três obras de valor material de mais de 12 mil contos”, de acordo como as anunciou no discurso de boas-vindas, que eram relevantes para o progresso local e essenciais para a melhoria das condições de vida da população reguense: a Alameda Marechal Carmona (hoje como o nome Alameda dos Capitães), o Mercado Municipal e o Bairro Calouste Gulbenkian.

Considerada como “deveras triunfante” a visita de Américo Tomás, em especial às instalações do Quartel dos Bombeiros, mereceu um relato circunstanciado no jornal “Vida por Vida”, num suplemento exclusivo, do qual destacamos o seguinte:

“A Régua como era de esperar soube no dia 22 do corrente receber mais do que condignamente, o Senhor Presidente da República, que em todas as artérias por onde passou foi alvo das mais vivas e calorosas saudações com que espontaneamente lhe tributaram os reguenses (…)

Pode-se dizer que a Régua esteve em festa, mas numa festa a que já há muito tempo se não assistia. Nós, os bombeiros, como não podia deixar de ser, também, de alma e coração nos associamos a tão triunfal recepção que, num momento feliz, veio precisamente culminar no nosso quartel (…)

O nosso edifício-sede e respectiva avenida, encontravam-se de todo engalanadas, sendo de destacar uma passadeira feita pelo corpo activo em que sobressaíam, alternadamente um capacete e uma agulheta, rematando com um trabalho primoroso do brasão do concelho (…)

Depois de decorridos todos os números que constava da visita do Chefe de Estado a esta vila, quis sua Excelência deslocar-se propositadamente ao nosso quartel, onde recebeu as honras do corpo activo, os cumprimentos de alguns membros da direcção e então entusiásticas saudações de uma imensidão de sócios da associação, onde predominavam as senhoras, que não se cansaram de vistoriar tão ilustre visitante, assim como os Senhores Ministros do Interior, Marinha, Governador Civil do Distrito da Vila Real e o Presidente da Câmara, Dr. Rui Machado.

(…) Aproveitando a oportunidade fizeram uma visita rápida ás diversas instalações do Quartel, as quais foram motivo dos mais rasgados elogios (…) podemos afirmar tratar-se de uma obra grande entre as maiores que existem no nosso país.”

Não discutindo o seu interesse social e histórico, esta visita presidencial apontada como de “um dia dos maiores da vida da Associação”, permitiu aos seus dirigentes para pedirem ao Estado (assente na força autoritária do Governo que, no dizer do jornalista Luís Miguel Baptista, “apostava na caridade” e numa “politica demasiadamente restritiva no plano de concessão de facilidades”) auxílios para os bombeiros da Régua, nomeadamente mais equipamentos individuais e um veículo de combate a fogos.

Depois deste Chefe de Estado, só em Setembro de 1980, é que os bombeiros do Peso da Régua, com o Comandante Carlos Cardoso dos Santos (1949-1990) à frente, haviam de voltar a receber outra visita presidencial no seu Quartel, desta vez, o General Ramalho Eanes.
- Peso da Régua, Maio de 2009, José Alfredo Almeida.

- Outros textos publicados neste blogue sobre os Bombeiros Voluntários de Peso da Régua e sua História:


  • Uma formatura dos Bombeiros de 1965 - Aqui!
  • O grande incêndio dos Paços do Concelho da Régua - Aqui!
  • 1º. de Maio de 1911 - Aqui!
  • Homens que caminham para a História dos bombeiros - Aqui!
  • Desfile dos veículos dos bombeiros portugueses - Aqui!
  • Uma instrução dos bombeiros no cais fluvial da Régua - Aqui!
  • O Padre Manuel Lacerda, Capelão dos Bombeiros do Peso da Régua - Aqui!
  • A Ordem Militar de Cristo - Uma grande condecoração para os Bombeiros de Peso da Régua - Aqui!
  • Os Bombeiros no Largo da Estação - Aqui!
  • A Tragédia de Riobom - Aqui!
  • Manuel Maria de Magalhães: O Primeiro Comandante... - Aqui!
  • A Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua - Aqui!
  • A cheia do rio Douro de 1962 - Aqui!
  • O Baptismo do Marçal - Aqui!
  • Um discurso do Dr. Camilo de Araújo Correia - Aqui!
  • Um momento alto da vida do comandante Carlos dos Santos (1959-1990) - Aqui!
  • Os Bombeiros do Peso da Régua e... o seu menino - Aqui!
  • Os Bombeiros da Régua em Coimbra, 1940-50 - Aqui!
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