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A situação é séria, grave. Mas pouco se fala. Vencem a mídia quase muda ou branda, pelo cansaço, pelo continuismo careta. E despacham a população carente, sem recursos financeiros que a protejam em clinicas ou hospitais privados, para longas filas de emergências distantes do lar, para atendimento frio, impessoal, para longos períodos de espera por um exame clínico que deveria ser imediato, para longas viagens de ambulância num vai e volta que castiga corpos doentes, para o perigo de infecções hospitalares em hospitais lotados, em tratamentos feitos por intuito, quase a correr e à sorte (quem sabe dá certo?...), para um mundo de profissionais de saúde desmotivados, desvalorizados, abarrotados de impotência profissional, onde se é obrigado, a meio do desespero de ver entes queridos definhar a cada hora, a recorrer à constrangedora "cunha", ao clientelismo, ao favor, ao poderoso que é poderoso e renasce porque é chefe disto e daquilo, amigo deste ou daquele, tentando-se assim ultrapassar muros de rocha, impenetráveis, rígidos em regras e burocracias que valorizam mais um requerimento, um título, uma norma, umas férias, um horário, que a vida de um ser humano.
Me perdôem os profissionais de saúde injustiçados por um desabafo gerado na dor de vivência atravessada poucas horas atrás. Reconheço que existe algum trigo benigno, salutar, perdido no meio desse imenso mar de jóio que é o sistema de saúde público em nosso país, arrasado por gerentes-políticos inábeis. Mas é impossível dominar a insurreição que cresce na alma, no coração, quando se vivencia, individual e particularmente, na pessoa de um ente querido, o drama de um povo que um dia acreditou na possibilidade da dignidade humana, da equidade social, da justiça e de direitos para todos sem exceção.
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Transcrevo:
Nota negativa para a saúde em Portugal.
Diz o Observatório Português dos Sistemas de Saúde que há falta de investimento no sector público e que os médicos fogem para o privado. O mesmo Observatório refere que as Unidades de Saúde Familiares (USF) chegaram apenas a 13% da população e que continua a ser longo o tempo de espera por uma cirurgia oncológica. São assim várias as críticas às políticas de saúde do Governo.
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde avaliou a evolução do sector em 2007 e considera pesada a herança que a ministra Ana Jorge recebeu de Correia de Campos. O ex-ministro que, diz o relatório, geriu de «forma insensível e pouco competente» os fechos de maternidades e urgências.
O alerta vermelho do documento vai no entanto para a fuga de médicos do sector público para o privado. Um cenário que pode comprometer a qualidade do serviço público de saúde, dentro de poucos anos. O relatório propõe que o sistema fixe os profissionais necessários ao sector público remunerando-os de acordo com a sua produção.
Nota negativa também para o processo de abertura das Unidades de Saúde Familiares, a bandeira da reforma dos cuidados de saúde primários. O coordenador do documento sublinha a falta de consistência e a demora na abertura das USF, salientando que apenas 13% da população sentiu as mudanças nesta área.
O destaque positivo vai para a redução do tempo médio de espera por uma cirurgia. Mas o relatório lembra que muito há ainda a fazer quando um doente com cancro em Portugal tem de esperar três meses e meio por uma operação.
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde avaliou a evolução do sector em 2007 e considera pesada a herança que a ministra Ana Jorge recebeu de Correia de Campos. O ex-ministro que, diz o relatório, geriu de «forma insensível e pouco competente» os fechos de maternidades e urgências.
O alerta vermelho do documento vai no entanto para a fuga de médicos do sector público para o privado. Um cenário que pode comprometer a qualidade do serviço público de saúde, dentro de poucos anos. O relatório propõe que o sistema fixe os profissionais necessários ao sector público remunerando-os de acordo com a sua produção.
Nota negativa também para o processo de abertura das Unidades de Saúde Familiares, a bandeira da reforma dos cuidados de saúde primários. O coordenador do documento sublinha a falta de consistência e a demora na abertura das USF, salientando que apenas 13% da população sentiu as mudanças nesta área.
O destaque positivo vai para a redução do tempo médio de espera por uma cirurgia. Mas o relatório lembra que muito há ainda a fazer quando um doente com cancro em Portugal tem de esperar três meses e meio por uma operação.
- TVI
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Post's anteriores do ForEver PEMBA sobre o tema :
É isso mesmo meu caro Amigo. Lamentável mas é a realidade de um Portugal de obras monumentais que convivem com um povo pobre a quem está sendo tirado, em sua humildade, o direito à saúde e à dignidade.
ResponderEliminarUm abraço e tenhamos coragem para continuar a erguer a nossa bandeira.
Mónica
Discursos bonitos e empolgados na AR, obras e mais obras, fotografias nos jornais, TV e jet-set. Uma festa sim senhor, neste Portugal de faz-de-conta onde se esconde para debaixo do tapete o pó da penúria social.
ResponderEliminarGostei de ler o que escreves acima Jaime. É o retrato do Portugal que vivemos no que se refere à saúde. E pobre daquele que tem de cair nas mãos dessa turma. Fenece não pela doença, mas pela terapia...
EXIGIMOS para todos os portugueses, sem distinção, a atenção,o tratamento e os cuidados médicos especializados que estão a dar ao senhor António Pinto de Sousa, irmão do senhor Sócrates. É um direito previsto na Constituição Portuguesa.
ResponderEliminarTibério
Quando se trata da sáude, temos de procurar o melhor.
ResponderEliminarNo caso do irmão do primeiro-ministro assim acontece - recorreu ao irmão político e fez muito bem, pois só assim salvou ou salvará a saúde e a vida. Mas nem todos têm essas possibilidades nem são irmãos ou pais de primeiros ministros. Vão para as "urgências" da vida quase como carneirinhos para o matadouro e seja o que Deus quiser.
Será que tais políticos, ao sentirem "na pele" o que andam a fazer pela saúde dos portugueses, acordam para a realidade e aprendem?
Arnaldo Matias da Silva
Algarve
Poucos têm coragem de retratar e divulgar a podridão e o absurdo que impera no sistema de saúde público de Portugal. Dá nojo. E dá medo entregar um parente ou um amigo nas mãos desse sistema. Só que a imprensa não vai a fundo nem desmascara o que acontece na saúde pública de Portugal. Acobardam-se como no tempo da ditadura. E ainda salientam o pouco que conseguem fazer e mal,com incompetência, como se fosse muito e suficiente. Triste e vergonhoso o meu Portugal de agora.
ResponderEliminarE os "atentados" á saude dos portugueses continuam a acontecer.
ResponderEliminarFora, como já foi dito aqui por S. Silva, os que são "escondidos debaixo do tapete" porque não são do conhecimento da "nação", alguns vão sendo divulgados pela imprensa:
Correio da Manhã de hoje:
10 Julho 2008 - 00h30
Amarante: Emergência médica accionou meios mais distantes.
INEM acusado de demora.
Uma criança de cinco anos faleceu terça-feira após uma crise de epilepsia, em Travanca, Vila Meã, Amarante.
A corporação de bombeiros de Vila Meã garante que a "descoordenação dos meios de socorro do INEM" foi "demasiado lenta" e impediu uma rápida assistência à criança.
Familiares da vítima ligaram para o 112 por volta das 20h25, a pedir socorro e a informar que a criança estava sem pulso e não respirava.
Foram então accionadas pelo INEM a ambulância de Suporte Avançado de Vida (SIV), sediada em Amarante, a cerca de 18 quilómetros, e a Viatura Médica de Emergência (VMER) de Penafiel, a cerca de vinte quilómetros.
O INEM assegura que o socorro foi prestado em nove minutos, mas Albano Teixeira, comandante dos bombeiros voluntários de Vila Meã acredita que se a corporação tivessesido chamada, podia ter salvo a criança porque estava a cinco minutos.
A escolha do INEM para accionar os meios mais distantes deve-se, segundo o porta--voz do INEM, Pedro Coelho dos Santos, aos meios disponíveis. Segundo afirmou, nem sempre os meios mais próximos são os mais adequados para acorrerem a determinado tipo de situações, sublinhando que os meios de socorro dos bombeiros de Vila Meã não reuniam condições em termos de equipamento e de recursos humanos para acorrerem a uma situação tão grave como a que foi relatada na chamada.
Albano Teixeira, porém, garante que a ambulância da corporação tem desfibrilhador pediátrico e monitor e os bombeiros têm o curso de Suporte Avançado de Vida ministrado pelo INEM, idêntico aos tripulantes da SIV de Amarante.
http://www.correiodamanha.pt
Provávelmente, pois tudo é provável neste País de faz de conta, se não tivessem fechado algum hospital próximo da residência da criança falecida, esta estaria ainda viva e a recuperar a sua alegria entre os Familiares.
Mas, infelizmente, esta criança não era sobrinha ou familiar do sr. primeiro ministro!
E MORREU !
Mário Silva - Porto