9/08/07

Moçambique - Biocombustíveis afetam industria do pão.

(Maputo-06/09/07) A corrida aos biocombustíveis a é apontada como sendo uma das razões da instabilidade na indústria panificadora, daí que as principais moageiras nacionais continuam sem garantias de estabilidade do preço do pão e apontam como saída, a instituição de um subsídio do Governo. Segundo Luís Aveleire, director de operações da Companhia Industrial da Matola, CIM, que falava ontem em Maputo à jornalistas, os Estados Unidos da América, EUA, a maior fonte de trigo no mundo, aumentou drasticamente a produção de milho em detrimento do trigo, o que implica menor oferta. O milho cuja produção é subsidiada pelo governo americano faz parte da estratégia de Washington na aposta pela produção de biocombustíveis, para o caso em apreço, de etanol.
Os factores que contribuem para a escassez de trigo no mercado mundial, são a redução das áreas cultiváveis, substituição do trigo por milho ou soja, redução da reserva mundial e custo elevado do frete marítimo.
A título ilustrativo, a cifra de 117 milhões de toneladas de trigo projectadas para 2007 é tida como a mais baixa dos últimos anos.
As previsões indicam que a reserva de trigo nos países exportadores vai decrescer em cerca
de 40 porcento no corrente ano.
Debatendo-se com as contrariedades a que nos referimos, as moageiras afirmam não haver outra saída se não ajustar os preços na medida das possibilidades.
“Aquando do primeiro aumento do preço de trigo, as vendas reduziram cerca de 18 porcento”, lamentou Aveleire.
Como consequência da escassez de trigo no mercado mundial e aumento de preços, as moageiras agravaram também o preço de 50 quilogramas de trigo em 80 Meticais, passando de 675 para 755 Meticais, facto que provocou o aumento do preço de pão e o risco de colapso por parte das panificadoras.
Panificadores temem
Alguns panificadores que se viram na contingência de agravar o preço do pão de 200 gramas de 3.5 Meticais para 4 Meticais, debatem-se com o dilema da fuga de clientes e temem o colapso da sua actividade comercial.
“Nós tivemos que aumentar o preço de pão e as pessoas já não estão a comprar, isso reduziu muito o número de clientes, antes vendíamos mais de 500 pães por dia mas actualmente só vendemos cerca de cem, corremos o risco de falir,” disse ontem ao media- FAX, Maria João, da Indústria Panificadora de Belém.
Por seu turno, Salvador Mondlane, da padaria Sipal, disse ao mediaFAX que antes do aumento, as vendas diárias cifravam-se acima de 900 pães e que com o aumento não superam 200 “ isso é prenúncio de falência,” lamentou. Laura Tovele, que vive de revenda de pão desde 1983 (ha 24 anos) disse que a crise que se verifica na indústria de pão não tem precedentes, mas... “eu vivo deste negócio há muito tempo o que acontece agora nunca vi, tenho medo de ir à falência porque as pessoas já não compram, não sei como irei alimentar os meus filhos”, lamentou.
Sabe-se que uma das estratégias usadas pelos intervenientes da indústria de pão, é a redução da margem de lucros para a contenção de preços.
As moageiras afirmam terem reduzido o lucro de 25 para 15 porcento.
Daniel Maposse - MediaFAX de 06/09/07

Ronda pela imprensa lusa: O que escreve Albano Loureiro...

Opinião - Que Luiz ?
Tenho olhado com a disponibilidade possível para esta questão da disputa de liderança no PSD. Coloco-me a questão, o que pensará um militante do partido neste momento?Desde logo um militante responsável não se pode demitir de exercer a militância. Ainda que exista desmotivação. Ainda que não esteja empenhado. Ainda que não se reveja totalmente nos candidatos. É dever do militante, pelo menos, votar.Depois, haverão muitas razões de ambas as partes para argumentar a favor do seu candidato. Como sempre, nem todas válidas ou sequer verdadeiras. De entre elas deve aferir-se a sua validade, antes de tudo pela veracidade. É frequente, nestas circunstâncias, assistirmos a invocações muito fantasiosas. Agora todos são campeões de eleições. Agora todos querem mais participação dos militantes na vida do partido. É bom saber que ambos os candidatos tiveram ou têm funções de liderança nas mais diversas estruturas partidárias. Qual foi a sua postura nessas funções? Reagiram bem ao pluralismo de ideias? Aceitaram opiniões divergentes e respeitaram quem as tinha, ou retaliaram colocando os discordantes na prateleira?Sou franco que prefiro a avaliação da argumentação com base na razão, decidindo sempre motivado por princípios e como tal…Já aqui deixei dito que este partido é tremendamente autofágico. Detesto quem, sistematicamente, faz oposição interna apenas para benefício de protagonismo pessoal e sem cuidar de respeitar a vontade de maiorias expressas nos momentos próprios. Já critiquei isso a Marques Mendes em relação a Barroso e Santana. Já o havia feito a Barroso em relação a Nogueira e Marcelo e em muitos outros casos. Agora, como é evidente, faço-o a Menezes em relação a Mendes. E não aceito a teoria de quem com ferros mata, com ferros deve morrer.O partido decidiu uma liderança para uma legislatura. A meio da mesma, não vislumbro circunstância excepcional que motive alteração dessa decisão. Mendes revelou-se assim tão mau líder? O trabalho desenvolvido será assim tão negativo? Dizem, perdeu as eleições em Lisboa. É capcioso, atenta a excepcionalidade daquele acto eleitoral, até porque o somatório das candidaturas que emergem do universo do PSD ganhava de novo. E a seu favor ficou a coerência na escolha do candidato. Mas também se pode dizer que ganhou as presidenciais e as regionais da Madeira.Um dos argumentos mais fortes utilizados pelos menezistas é o de que o seu candidato é melhor a fazer oposição. É argumento redutor e pouco sábio. É sempre a mesma coisa. Há gente que anda na política há tantos anos mas não consegue, ou não quer, deixar de ser ignorante em termos de estratégia. Mas então vão eleger um líder para ser candidato a Primeiro-Ministro ou a chefe da oposição? Quando chegarem a 2009 vão procurar o Primeiro-Ministro, se ganharem as eleições, com o oposicionista Menezes? Ou estão já a assumir que não conseguem ganhar as eleições a Sócrates? Pior do que isso, estão é a reconhecer que o seu candidato é pior do que Mendes como Primeiro-Ministro, o que a seu favor é muito pouco abonatório. Este argumento assenta na ideia de que Menezes passa melhor na comunicação social. Mais asneira de quem não aprende com a história. Os nossos media estão sempre disponíveis para dar voz a quem no PSD ataca as lideranças. Já se esqueceram de exemplos anteriores a quem os microfones e câmaras sempre deram guarida enquanto opositores internos mas que depois de chegados ao poder foram votados ao completo ostracismo e até atacados e vilipendiados da forma mais torpe pela comunicação social? Acham que com Menezes vai ser diferente? Se ele ganhar as eleições no PSD, aposto que as primeiras imagens que vão passar são as daquela pérola dos “sulistas, elitistas e liberais” e respectiva saída do congresso de Lisboa em lágrimas com cara de coitadinho. Não se trata de escolher o menos mau, ideia que também recuso. Numa eleição a escolha é sempre feita em função da oferta e opta-se pelo melhor. Por isso os militantes do PSD, a quem se deparam dois bons candidatos à liderança, não se devem reduzir a escolher um simples candidato à oposição mas sim um que o seja a 1º Ministro na óptica dos restantes portugueses. Sim, porque a responsabilidade é essa de analisar a escolha dos portugueses. Ora, entre os dois Luíses, como a mim, também me parece que os portugueses se revêem mais no Mendes como 1º Ministro do que no Menezes. A escolha é óbvia, basta andar na rua…
*Advogado