(Maputo-06/09/07) A corrida aos biocombustíveis a é apontada como sendo uma das razões da instabilidade na indústria panificadora, daí que as principais moageiras nacionais continuam sem garantias de estabilidade do preço do pão e apontam como saída, a instituição de um subsídio do Governo. Segundo Luís Aveleire, director de operações da Companhia Industrial da Matola, CIM, que falava ontem em Maputo à jornalistas, os Estados Unidos da América, EUA, a maior fonte de trigo no mundo, aumentou drasticamente a produção de milho em detrimento do trigo, o que implica menor oferta. O milho cuja produção é subsidiada pelo governo americano faz parte da estratégia de Washington na aposta pela produção de biocombustíveis, para o caso em apreço, de etanol.
Os factores que contribuem para a escassez de trigo no mercado mundial, são a redução das áreas cultiváveis, substituição do trigo por milho ou soja, redução da reserva mundial e custo elevado do frete marítimo.
A título ilustrativo, a cifra de 117 milhões de toneladas de trigo projectadas para 2007 é tida como a mais baixa dos últimos anos.
As previsões indicam que a reserva de trigo nos países exportadores vai decrescer em cerca
de 40 porcento no corrente ano.
de 40 porcento no corrente ano.
Debatendo-se com as contrariedades a que nos referimos, as moageiras afirmam não haver outra saída se não ajustar os preços na medida das possibilidades.
“Aquando do primeiro aumento do preço de trigo, as vendas reduziram cerca de 18 porcento”, lamentou Aveleire.
Como consequência da escassez de trigo no mercado mundial e aumento de preços, as moageiras agravaram também o preço de 50 quilogramas de trigo em 80 Meticais, passando de 675 para 755 Meticais, facto que provocou o aumento do preço de pão e o risco de colapso por parte das panificadoras.
Panificadores temem
Alguns panificadores que se viram na contingência de agravar o preço do pão de 200 gramas de 3.5 Meticais para 4 Meticais, debatem-se com o dilema da fuga de clientes e temem o colapso da sua actividade comercial.
“Nós tivemos que aumentar o preço de pão e as pessoas já não estão a comprar, isso reduziu muito o número de clientes, antes vendíamos mais de 500 pães por dia mas actualmente só vendemos cerca de cem, corremos o risco de falir,” disse ontem ao media- FAX, Maria João, da Indústria Panificadora de Belém.
Por seu turno, Salvador Mondlane, da padaria Sipal, disse ao mediaFAX que antes do aumento, as vendas diárias cifravam-se acima de 900 pães e que com o aumento não superam 200 “ isso é prenúncio de falência,” lamentou. Laura Tovele, que vive de revenda de pão desde 1983 (ha 24 anos) disse que a crise que se verifica na indústria de pão não tem precedentes, mas... “eu vivo deste negócio há muito tempo o que acontece agora nunca vi, tenho medo de ir à falência porque as pessoas já não compram, não sei como irei alimentar os meus filhos”, lamentou.
Sabe-se que uma das estratégias usadas pelos intervenientes da indústria de pão, é a redução da margem de lucros para a contenção de preços.
As moageiras afirmam terem reduzido o lucro de 25 para 15 porcento.
Daniel Maposse - MediaFAX de 06/09/07
Daniel Maposse - MediaFAX de 06/09/07