4/23/08

Ronda pela net: Universidade de Brasília - Onde os estudantes repôem ética, respeito por recursos da propriedade pública e pelos próprios estudantes!

O uso abusivo de recursos públicos desviados para vaidades pessoais ou regalias individuais ilegítimas é comum em redutos sociais repletos de carências que emergem para a democracia. Acontece quando se mistura, confunde poder ou função delegados e já pagos a alto custo pela sociedade humilde e pobre, com o direito a prerrogativas ilegais, aéticas, que não têm sentido de existir individualmente porque se destinam sim e sómente para essa sociedade carente, beneficiária por direito e razão, da existência dos mesmos.
Os alunos da Universidade de Brasília - Brasil, muito recentemente, revoltados com as regalias e luxos dispensados ao reitor da dita instituição, com a agravante de serem custeados esses luxos e regalias por fundos destinados a pesquisa e estudo, resolveram acabar com a "farra" (termo muito em voga no Brasil atual) do reitor e apadrinhados, ocupando a Universidade e impondo a demissão do tal senhor. O que acabou por acontecer após um período tenso de duas semanas e por mérito desses corajosos jovens.
O caso me faz lembrar outros espaços de ensino em outros recantos onde "padrinhos" e "apadrinhados" convívem e comungam de privilégios exclusivos, troca de favores, uso da estrutura e do tempo públicos em proveito próprio e de suas vaidades em detrimento dos estudantes que, imensamente carentes, nem possibilidades têm de uso de um computador e internet em suas modestas residências.
Mas para que se compreenda melhor o "exemplo" dos alunos da Universidade de Brasília, aqui coloco, dedicado a meus amigos estudantes de Portugal e Moçambique, o link para o blog "Ocupação UnB" e texto publicado pelo jornal "Estado de São Paulo" em 10 de Abril último:
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Entenda as denúncias contra o reitor da UnB.
São Paulo - As denúncias contra o reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, surgiram no início de fevereiro, em meio ao escândalo da farra com os cartões corporativos, que resultou na saída da ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro. A universidade apareceu como líder no ranking de instituições federais em gastos com cartões, e Mulholland teria usado recursos públicos de uma fundação, no total de R$ 470 mil, para mobiliar o apartamento funcional ocupado pelo reitor.
Menos de uma semana após a denúncia de desvio da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), Mulholland deixou o apartamento. Dos R$ 470 mil, ele admitiu ter gasto R$ 350 mil em móveis e utensílios. O reitor chegou a comprar uma lixeira no valor de quase R$ 1 mil. A denúncia do Ministério Público do Distrito Federal aponta que a Finatec gastou R$ 470 mil para equipar o apartamento de Mulholland.
O caso foi parar na CPI das ONGs, que ouviu o reitor e também o presidente da Finatec. Questionado pelos parlamentares sobre o porquê da escolha de objetos tão caros, como a lixeira, Mulholland foi evasivo: "O material foi especificado pela área técnica da universidade, e a Finatec tinha total liberdade para rejeitar", disse.
Em 3 de abril, cerca de 300 estudantes ocuparam o prédio da reitoria da UnB para exigir que o reitor deixe o cargo a fim de permitir que possam ser realizadas com isenção as investigações sobre uso irregular de recursos da instituição. Pressionado, Mulholland anuncia uma semana após a invasão o afastamento de 60 dias do cargo. Professores da universidade também votam por sua saída.
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Quem é Timothy Mulholland.
A produção científica é mirrada, mas a carreira burocrática, extensa. Timothy Mulholland chegou à UnB em 1979, três anos depois de terminar seu doutorado em psicologia na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. Assumiu um posto no departamento de Psicologia como subchefe e, desde então, exerceu funções em hierarquias mais altas - chefe, diretor, presidente de departamento - até chegar ao posto de reitor. Com exceção de pequenos intervalos, sua vida profissional se confunde com a UnB.
Segundo site do Ministério da Ciência e Tecnologia, que registra a produção científica dos pesquisadores no Brasil, Mulholland publicou apenas três artigos completos em periódicos estrangeiros. O último deles, em 1978.
Eleito em 2005 com 57,11% de votos, numa eleição onde apenas 15% dos eleitores exerceram seus direitos, Mulholland era tido como um homem da casa. Para muitos o reitor era controlador, vaidoso e, sobretudo o homem do dinheiro - e, por isso, temido. Entre alunos, a explicação é clara. Quem não fazia parte do seu grupo, tinha maiores dificuldades para conseguir recursos para financiar projetos de pesquisa. Esta semana, por exemplo, ele atribuiu a onda de acusações a sua gestão arrojada na área social. Algo que, segundo ele, sempre desagradou a vários grupos.

Pequim, desinteressada e generosa, admite venda de armas ao Zimbabué.

Pequim admite venda (i)legal de armas que vão a caminho de Luanda.
A China admitiu ontem ter vendido ao Governo do Zimbabué as armas a bordo do navio chinês em rota para Angola, com Pequim a defender a legalidade do negócio depois de Moçambique ter recusado à embarcação licença para aportar. “A venda de armas chinesas ao Zimbabué é legal. A imprensa ocidental está simplesmente a usar o assunto para pressionar a China”, disse ontem a agência noticiosa estatal chinesa Nova China, que cita declarações de Guo Xiaobin, investigador do Instituto de Relações Internacionais Contemporâneas da China, uma instituição estatal.
A Nova China não refere quais os objectivos que a “imprensa ocidental” visa atingir, nem comenta o facto de o navio An Yue Jiang, que carrega o armamento, terá abandonado águas sul africanas na sexta-feira depois de um tribunal sul-africano ter recusado que as armas fossem transportadas através do País para o Zimbabué.
Em Fevereiro, um relatório da Comissão dos Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu apelou à União Europeia para que pressione a China a deixar de vender armas aos países africanos e ao Zimbabué em particular.
Maputo - O Observador, Nº 0197, terça-feira, 22 de Abril de 2008.
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Eleições no Zimbawe - Diz o ditador Mugabe: Daqui não saio, daqui ninguém me tira...
Alguns post's anteriores deste blog sobre a situação social e política vivenciada no Zimbábue - Aqui; Aqui; Aqui; Aqui ; Aqui; Aqui; Aqui; Aqui e Aqui !
Religiosos acusam Mugabe de campanha de violência.
Líderes religiosos do Zimbábue pediram hoje ajuda internacional para conter uma campanha de violência do governo de Robert Mugabe que poderia derivar em "genocídio".
"Pessoas são seqüestradas, torturadas e humilhadas ao serem ordenadas a repetir slogans do partido político (Zanu-PF) que supostamente não apóiam", de acordo com um comunicado de uma coalizão religiosa do país divulgado hoje.
"Em alguns casos, elas são assassinadas."
Ao mesmo tempo, países vizinhos do Zimbábue uniram-se para bloquear a entrada de um navio chinês carregado de armas que supostamente iriam para o governo do presidente Robert Mugabe para serem usadas contra a oposição.
Governos, sindicatos, líderes religiosos e grupos de direitos humanos de países que evitam criticar Mugabe - como Angola e Moçambique - intensificaram os protestos para impedir a embarcação de atracar.
O navio está ancorado em alto-mar desde a semana passada, quando foi impedido de entrar na África do Sul.
O presidente da Zâmbia, Levy Mwanawasa, fez um apelo aos países da região que não permitam a entrada do navio. Mwannawasa é um dos poucos líderes africanos críticos de Mugabe, que enfrenta crescente pressão por não divulgar o resultado das eleições presidenciais três semanas após a votação.
Os Estados Unidos também pressionaram países da região para barrar o barco.
O governo chinês defendeu-se hoje, afirmando que o armamento "era parte de um carregamento de produtos militares comercializados entre a China e o Zimbábue", mas admitiu que está considerando levar o carregamento de volta. A embarcação chegou à costa sul-africana na quinta-feira com 77 toneladas de munição, foguetes e morteiros de fabricação chinesa e avaliados em US$ 1,4 milhão. A princípio, o governo da África do Sul afirmou que não tinha razões legais para impedir a embarcação de descarregar o armamento e transportá-lo até o Zimbábue, que não tem acesso ao mar. Isso porque não há um embargo internacional sobre a venda de armas para o país. No entanto, Organizações Não-Governamentais (ONGs) locais e padres da igreja anglicana convenceram um juiz a barrar a entrada do barco.
A embarcação tentou então entrar em Angola, Moçambique e Namíbia, mas foi impedida por ONGs e autoridades dos governos locais.
In " A Tarde OnLine" - Salvador- Bahia - 22/04/2008 (18:41), Agência Estado.