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2/05/12

LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO - 1972

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MEMÓRIAS DE CABO DELGADO COLONIAL
LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO - Ano de 1972
(1969-1974)
Por Carlos Lopes Bento - Doutorado em História dos Factos Socias pelo ISCSP, da U T Lisboa. Antigo presidente da Câmara Municipal do Ibo. Antropólogo. Tesoureiro da S G de Lisboa.
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Poderá também gostar de:

9/08/07

Para a História de Moçambique: Algumas notas sobre os primeiros autarcas de Cabo Delgado.

( Imagem daqui)
Memórias de Cabo Delgado
Ano de 1764: Os Primeiros Autarcas de Cabo Delgado
Para fazer face ao estado de ruína total em que se encontrava o governo civil e económico de Moçambique e doutros portos e, por nesses lugares, não haver, nem quem administrasse na primeira instância a justiça às partes, nem quem tivesse a seu cargo o cuidado do bem comum do povo, no ano de 1761-ano da separação dos governos da Índia e de Moçambique-, determinava-se que, a ilha de Moçambique e os portos e povoações de Quelimane, Sena, Tete, Zumbo, Manica, Sofala, Inhambane e Ilhas de Querimba, fossem erigidas em vilas, sujeitas ao Ouvidor de Moçambique, as quais ficariam a beneficiar de todos os privilégios concedidos às vilas do Reino.
Cabiam às Câmaras, entre outras, as seguintes funções específicas:
· administrar e defender os interesses e a justiça dos povos, e distribui-la, sem distinção de pessoas, a todos os que a tivessem a seu favor, fossem “mouros, gentios, cafres” e outros semelhantes, procurando assegurar a vida, honra e bens de todos os administrados;
· aprovar, alterar e revogar Regimentos e Posturas, que faria respeitar, que regulavam matérias como: conservação e limpeza dos largos públicos e fontes;
· defender a população contra animais nocivos;
· conceder autorizações para pesos e medidas, mercados e vendedores ambulantes;
· passar licenças para construção de novos edifícios;
· fixar de preços de venda de produtos;
· fixar feriados públicos e autorizar procissões religiosas;
· e cuidar do fomento da agricultura e outras actividades.
Embora as ditas Instruções régias fossem datadas de 19/5/1761, as Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado apenas teriam foros de vila, com câmara municipal e tribunal, três anos mais tarde, ou seja em 26 de Maio 1764.
Foi, realmente, nesta data, que teve lugar a nomeação dos oficiais para a Câmara da Vila de S. João do Ibo, a saber:
· Juiz Ordinário-Caetano Alberto Júdice
· Vereador mais velho-Manuel Carrilho
· 2º Vereador-Domingos Diogo Baptista
· 3º Vereador-Domingos de Campos
· Procurador do Concelho-António José de Miranda, que também serviria de Tesoureiro
· Escrivão-João de Meneses
[2]
Foram estes ilustres moradores na ilha do Ibo, os primeiros autarcas do território de Cabo Delgado, nomeados, entre as pessoas mais idóneas, há 243 anos.
Pelo grande interesse desta temática, voltarei, em breve, com “A Câmara das Ilhas de Cabo Delgado. Código de Posturas e alguns dos seus Regulamentos”.
Valerá a pena ler.

[1] Antigo administrador colonial. Foi presidente da C. Municipal do Ibo, entre 1969 e 1972. Antropólogo e prof universitário, continua a ser um dedicado amigo das históricas Ilhas de Querimba, que continua a investigar de maneira sistemática e a divulgar as suas inquestionáveis belezas.
[2]- A.H.U., Doc. Av. Moç., Cx. 24, Doc. 21, Provisão de 26/5/1764.
Mais trabalhos de Carlos Lopes Bento:

Templos e Espaços Sagrados das Ilhas de Querimba:

Quem é o Dr. Carlos Lopes Bento ? aqui

1/14/14

MEMÓRIAS DE CABO DELGADO COLONIAL - NOTAS SOBRE ALGUMAS DAS SECULARES MANUFACTURAS DAS ILHAS DE QUERIMBA OU DE CABO DELGADO

- Lisboa, Carlos Lopes Bento, 13 de Janeiro de 2014. Em memória e com saudade, a minha querida Esposa Maria Augusta, que Deus chamou deste Mundo faz hoje 13 meses.
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4/23/14

MEMÓRIAS DE CABO DELGADO COLONIAL - OBSERVAÇÕES NA BAÍA DE TUNGUE, NO CABO DELGADO E NO RIO ROVUMA, NO ANO DE 1888. UM BREVE RELATO.


- Lisboa, Carlos Lopes Bento, 16 de Abril de 2014.


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    1/16/12

    LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO - 1971

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    MEMÓRIAS DE CABO DELGADO COLONIAL
    LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO - Ano de 1971
    (1969-1974)
    Por Carlos Lopes Bento - Doutorado em História dos Factos Socias pelo ISCSP, da U T Lisboa. Antigo presidente da Câmara Municipal do Ibo. Antropólogo. Tesoureiro da S G de Lisboa.
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    7/22/11

    O Curandeiro N'Kanga entre os Wamwuani do IBO

    Trabalho do Dr. Carlos Lopes Bento* que pretende dar a conhecer parte do profundo saber médico-religioso dos curandeiros na sociedade tradicional mwani da Ilha do Ibo, pertencente ao Arquipélago das Quirimbas em Cabo Delgado - Moçambique, apresentado em 16 de Dezembro de 2003, no Seminário “Perspectiva Antropológica das Práticas e Conceitos Tradicionais de Saúde”, realizado na Sociedade de Geografia de Lisboa, organizado pela Secção de Antropologia da mesma Sociedade.


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    Alguns trabalhos do Dr. Carlos Lopes Bento publicados neste blogue
    Link - O Curandeiro N'Kanga entre os Wamwuani do IBO
    • *Carlos Lopes Bento - Doutor em Ciências Sociais, especialidade História dos Factos Sociais, Licenciado em Ciências Antropológicas e Etnológicas pelo ISCSP, UTL e professor universitário. Faz parte da Direcção da S.G.Lisboa, desempenhando as funções de tesoureiro. É antropólogo e foi antigo administrador dos concelhos dos Macondes, do Ibo e de Porto Amélia (Pemba) na época colonial. Publicação neste blogue cedida e autorizada pelo autor.

    3/15/12

    LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO - 1973

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    LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO - Ano de 1973
    (1969-1974)
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    • LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO - 1970
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    1/04/12

    LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO - 1970

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    LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO
    (1969-1974)
    Por Carlos Lopes Bento - Doutorado em História dos Factos Socias pelo ISCSP, da U T Lisboa. Antigo presidente da Câmara Municipal do Ibo. Antropólogo. Tesoureiro da S G de Lisboa.

    6/23/12

    MARCOS RELEVANTES DA HISTÓRIA DAS ILHAS DE QUERIMBA OU DE CABO DELGADO - O CASO PARTICULAR DA VILA DE SÃO JOÃO DO IBO

    (Clique na imagem para ampliar - Origem da imagem)

    Contribuição para as comemorações do 251º aniversário da Vila do Ibo (Cabo Delgado – Moçambique), em 24 de Junho de 2012 de autoria do Dr. Carlos Lopes Bento, antigo Administrador do Concelho, Presidente da Câmara Municipal do Ibo, entre 1969 e 1972, antropólogo, professor universitário e Diretor Tesoureiro da Sociedade de Geografia de Lisboa.
    Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "ForEver PEMBA" em Junho de 2012. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos. 

    5/30/12

    Relendo - O Curandeiro N'Kanga entre os Wamwuani do IBO

    Trabalho do Dr. Carlos Lopes Bento* que pretende dar a conhecer parte do profundo saber médico-religioso dos curandeiros na sociedade tradicional mwani da Ilha do Ibo, pertencente ao Arquipélago das Quirimbas em Cabo Delgado - Moçambique, apresentado em 16 de Dezembro de 2003, no Seminário “Perspectiva Antropológica das Práticas e Conceitos Tradicionais de Saúde”, realizado na Sociedade de Geografia de Lisboa, organizado pela Secção de Antropologia da mesma Sociedade.
    (Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)

    *Carlos Lopes Bento - Doutor em Ciências Sociais, especialidade História dos Factos Sociais, Licenciado em Ciências Antropológicas e Etnológicas pelo ISCSP, UTL e professor universitário. Faz parte da Direcção da S.G.Lisboa, desempenhando as funções de tesoureiro. É antropólogo e foi antigo administrador dos concelhos dos Macondes, do Ibo e de Porto Amélia (Pemba) na época colonial. Publicação neste blogue cedida e autorizada pelo autor.
    Alguns trabalhos do Dr. Carlos Lopes Bento publicados neste blogue
    Clique nas imagens acima para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue ForEver PEMBA em Maio de 2012. Todos os direitos reservados. Só é permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

    7/04/06

    Carlos Lopes Bento: Um estudioso do Arquipélago das Quirimbas (Moçambique) e das Mouriscas (Portugal).


    Quem é Carlos Lopes Bento ?
    Carlos Lopes Bento, nasceu em 1933, na aldeia de Mouriscas/Abrantes/Ribatejo/Portugal.

    FORMAÇÃO ACADÉMICA
    -4ª classe na Escola Primária de Mouriscas.
    -2º.ano e 5º ano liceais no Colégio Infante de Sagres, em Mouriscas.
    -7º.ano liceal no Instituto de Santo António, em Castelo Branco.
    -Doutorado em Ciências Sociais, Especialidade História dos Factos Sociais, pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, da Universidade Técnica de Lisboa.
    -Licenciado em Ciências Antropológicas e Etnológicas pelo mesmo Instituto.
    -Diplomado com o Curso Superior de Administração Ultramarina pelo antigo Instituto Superior de Estudos Ultramarinos.

    ACTIVIDADE PROFISSIONAL E CIENTÍFICA
    Viveu em Moçambique, por motivos profissionais, de 1961 até l974, onde desempenhou funções na Administração Civil, como Administrador de Concelho e Presidente de Câmara, e realizou pesquisa documental e trabalho de campo entre os povos makhwa de Murrupula e Mogincual, makonde de Mueda e mwani das Ilhas de Querimba e Pemba(Porto Amélia).
    Antropólogo, Professor Universitário e Investigador em vários projectos de natureza sócio-politíca e de desenvolvimento em Portugal Continental e Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, designadamente, " A Reconversão da Pesca Artesanal, entre os rios Tejo e Sado- AspectosHumanos", comparticipado pela JNICT. Nos últimos anos coordenou o Projecto de I&D «A cozinha Tradicional na área do Pinhal Interior e do Vale do Tejo, num Processo de Mudança – Estudo Exploratório(meados do século xx).
    Membro da Sociedade de Geografia de Lisboa, onde exerceu cargos de presidência, nas secções de Etnografia, Antropologia e História e, actualmente, faz parte dos seus Órgãos Directivos, e de vários centros de investigação ligados a África, onde tem apresentado dezenas de Comunicações.
    Participação em muitas dezenas de eventos científicos- congressos, seminários, mesas redondas, ligados a temáticas da sua especialidade.

    ÁREAS CIENTÍFICAS DE INTERESSE
    Actualmente, interessa-se pela Antropologia Africana -ritos de passagem, alimentação e contactos de cultura-, e no domínio da Antropologia Portuguesa pela cultura alimentar tradicional e pelos problemas relacionados com a mudança em comunidades rurais e piscatórias e em organizações empresariais, particularmente, turísticas e hoteleiras.

    PUBLICAÇÕES
    Entre a múltipla colaboração dispersa por livros e publicações periódicas, realçam-se os seguintes artigos publicados ou em prelo:
    "A Póvoa do Varzim e o seu Passado - A sua Comunidade de Pesca no Limiar do Séc. XX"(1978);
    "Pescadores e Artes de Pesca - Aspectos da Actividade Piscatória nos rios de Lisboa e de Setúbal"(1978 e 1979); “Achegas para o Estudo da Economia Alimentar em Portugal"(1979); "Problemas Eco-Sociais e a Reconversão da Pesca Artesanal"( 1980);"Práticas costumeiras dos Wamwani do Ibo. A cerimónia da akika"( 1981); "O Trabalho de Campo na Antropologia e o Desenvolvimento" (1982); "Problemas dos Países em Transição - Algumas considerações sobre a posse e a exploração na terra da Madeira e suas implicações"(1982); "O Desenvolvimento das Pescas nas Costas do Algarve-Achegas para o Estudo do seu Passado"(1984); "A Historiografia e a Antropologia em África"(1984):T; "A Cozinha dos Wamwani das Ilhas de Querimba / Moçambique”(1984); "Moinhos e Azenhas em Mouriscas"(1985); "O casamento (arusi) entre Wamwani das Ilhas Querimba-A escolha da noiva e o pedido do casamento"( 1985); "As Potencialidades das Fontes Históricas na Pesquisa Antropológica"(1986); "O Desenvolvimento das Pescas nas Costas do Algarve-Achegas para o Estudo do seu Passado. Breves Considerações Finais"(1986); "A Pesca do rio Tejo. Os Avieiros: Que Padrões de Cultura? Que Factores de Mudança Sócio-Cultural? Que Futuro?"(1987); "O Desenvolvimento das Pescas nas Costas do Algarve- Achegas para o Estudo do seu Passado.- Ambiente, Tecnologia e Qualidade de Vida"(1988); "A Posição Geo-Política e Estratégica das Ilhas de Querimba. As Fortificações de Alguns dos seus Portos de Escala"(1989); "La Femme Mwani e la Famille. Étude Quantitatif des Quelques Comportements des Femmas de l’île d’Ibo»(1990); "As Companhas de Ceifeiros Ribatejanos no Alto Alentejo-Uma Forma de Organização Social Extinta"(1991); "O 1º Pré-censo de Moçambique-A Relação Geral de População de 1798 das Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado"(1991); "Uma Experiência de Desenvolvimento Comunitário na Ilha do Ibo/Moçambique entre 1969 e 1972"(1992); "Os Prazos da Coroa nas Ilhas de Querimba e a sua Importância na Consolidação do Domínio Colonial Português(1997)"; "Ambiente, Cultura e Navegação nas Ilhas de Querimba: Embarcações, Marinheiros e Artes de Navegar"(1998); "A Administração Colonial Portuguesa em Moçambique-Um Comando Militar em Mogincual, entre 1886 e 1921"(1999); "Situação Colonial nas Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado- Senhorios, Mercadores e Escravos"(Resumo da Tese de doutoramento)(2000); "Contactos de Cultura Pós- Gâmica na Costa Oriental de África. O Estudo de um Caso Concreto”(2000);"Quem Defende os Interesses dos Pequenos Agricultores do Alto Ribatejo?(2001); “A Ilha do Ibo: Gentes e Culturas-Ritos de Passagem”(2001);"Mouriscas: Terra Pobre, Gente Nobre.(2002); “A Antropologia da Alimentação em Portugal.- Um estudo concreto”(2003); “A Cozinha Tradicional na Área do Pinhal e o Desenvolvimento Regional -O Maranho como Prato Emblemático num Processo de Mudança”(2003); “A possessão em Moçambique-O Curandeiro N´kanga entre os Wamwuani do Ibo(1969-74)”(2003); “As Ilhas de Querimba em Imagens”(2004); “A Antoponímia de Mouriscas, entre 1860 e 1910”(2005).

    Alguns de seus trabalhos poderão ser encontrados na net nestes endereços:

    - Memórias das Ilhas de Querimba - http://br.geocities.com/bentocarlosbr/

    - As Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado

    http://br.geocities.com/quirimbaspemba/capaeindice.htm

    - Quirimbas "O Paraíso" - http://br.geocities.com/quirimbaspemba/

    - Conhecer melhor Mouriscas - http://memmouriscas.blogs.sapo.pt/

    - Memórias e História de Mouriscas

    http://artefactosmouriscas.blogs.sapo.pt/

    11/28/08

    Retalhos da História de Cabo Delgado: A Ilha do Ibo - Imprecisões comentadas pelo Dr. Carlos Lopes Bento, parte 4.

    O ForEver Pemba vem publicando há algum tempo com muita satisfação, tentando contribuir para que a verdadeira História de Moçambique seja conhecida com isenção e limpa de cores políticas inconvenientes ou parciais, dividido em post's periódicos, trabalho do Capitão-Tenente da Marinha Portuguesa Adelino Rodrigues da Costa escrito em seu livro "As Ilhas Quirimbas - Uma síntese histórico-naval sobre o arquipélago do norte de Moçambique", edição da Comissão Cultural da Marinha Portuguesa.

    O último post de 13/11/08, "Retalhos da História de Cabo Delgado: A Ilha do Ibo." mereceu por parte do Dr. Carlos Lopes Bento, antropólogo e prof. universitário, profundo conhecedor do Arquipélago das Quirimbas além de Amigo e colaborador deste blogue radicado em Lisboa, o seguinte complemento que visa somar informações e continuamos daqui:

    PARA A HISTÓRIA DAS FORTIFICAÇÕES DE CABO DELGADO, MOÇAMBIQUE
    Por Carlos Lopes Bento(Antropólogo e professor universitário)

    Continuando...
    ... ...haver a preocupação de confirmar ou desmentir os factos que serviram de base aos seus trabalhos, aceitando-os sem grandes cuidados de crítica e de análise, como verdadeiros.
    Estes são alguns dos dados, produto de uma investigação aprofundada sobre as fortificações da Ilhas de Querimba, sujeitos a alterações sempre que novas pesquisas os infirmem.
    Julgo que está justificada a sua divulgação.

    BIBLIOGRAFIA
    ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO
    * Códice 1310 - Registo de Instruções (...) e de todas as cartas e mais papéis de serviço que este governo escreveu para os portos de Sena, Quelimane, Sofala, Inhambane, Ilhas de Cabo Delgado e Goa (1753-1756), p.p. 135 e segts..
    * Códice 1312 - Sinopse das nomeações e promoções da Administração Civil e Militar (1753-1761).
    * Códice 1321 - Copiador de Cartas (1760-1767).
    * Códice 1322 - Copiador de Cartas (1760-1778).
    * Códice 1352 - Registo dos termos de posse, cartas e ordens do Cap. Gen. de Moç. para o Cap.-Mor das Ilhas (1768-1796).
    * Códice 1355 - Registo de portarias, patentes, provisões, cartas de sesmaria, alvarás e alguns treslados de bandos.
    * Códice 1427 - Registo de correspondência com as Ilhas de Cabo Delgado (1828-1848), p.p. 161.
    * Códice 1474 - Registo do termo de criação da Alfândega e Alvará dos direitos da mesma.
    * Códice 1475 - Livro dos registos oficiais do feitor das Ilhas de Cabo Delgado e Balanço Anual da sua receita e despesa (1787-1810), p.p. 170.
    * Códice 1477 - Registo do Regimento da Alfândega e de correspondência oficial (1785-1817).
    * Códice 1478 - Registo de correspondência oficial do Cap. Gen. de Moç. enviada aos capitães comandantes das Ilhas de Cabo Delgado (1786-1821), p.p. 170.
    * Documentação Avulsa de Moçambique - 2ª Secção


    Manuscrita
    Nº 513 - Plano e perfil da Fortaleza que o IIImº e Exmo. Snr. Governador, Capitão General de Mossambique, António Manuel de Melo e Castro, mandou fazer na Ilha do Ibo, Capital das de Cabo Delgado, que dezenhou por ordem do mesmo Snr. o Cappitão da Primeira Companhia de Granadeiros da Praça de Mossambique António José Teixeira Tigre (c. 1791).
    Nas 524-525 - Planta do forte velho da Ilha do Oybo, Capital das de Cabo Delgado/Planta A (tem legenda, c. 1791).
    Nº 560 - Planta/Da Fortaleza/De São João da Ilha/do Oibo, com Legenda/levantada em Maio de 1817/Pelo Capitão de Artilharia/António Francisco/de Paula e Hollanda Cavalcanti. [Petipé de] 30 braças [e de] "30 pés"; D. 367x236; MS; Color; Av.


    Impressa
    Nº 181 - Planta do Forte Velho da Ilha do Ibo, Capital de Cabo Delgado. 0,245x0,390, colorida. Ver Ofício do Governador António Manuel de Melo e Castro, datado de Moçambique, 22/8/1791. Enc. VIII.
    Nº 183 - Planta da Fortaleza de São João da Ilha do Ibo. Levantada em 1817, pelo Capitão de Artilharia António Francisco de Paula e Hollanda Cavalcanti. 0,368x0,495, colorida.
    Nº 184 - Planta da Fortaleza de São João do Ibo das Ilhas de Cabo Delgado. Tirada em 6/7/1831 e oferecida à Correcção do Governador e Capitão General da Capitania de Moçambique Paulo José Miguel de Brito. 0,330x0,330.

    NOUTROS ARQUIVOS E BIBLIOTECAS
    BOCARRO, António - "Descrição das Ilhas de Querimba". In Fortalezas Portuguesas de África, B.N., Códice 11057, fls. 12 e 13.
    BOTELHO, José Justino Teixeira - "O Naturalista Manuel da Silva e as suas Excursões Científicas a Moçambique nos Fins do Século XVIII". In Separata do Boletim da Segunda Classe da Academia das Ciências de Lisboa. Coimbra, 1927.
    - "A Primeira Carta Orgânica de Moçambique". In Boletim da Academia das Ciências de Lisboa. Lisboa, Nova Série, Vol. I, 1929-1930, Outubro, p.p. 24-32.
    - História Militar e Política dos Portugueses em Moçambique, da Descoberta a 1833. Lisboa, Centro Tipográfico Colonial, 1834, 2 Vols..
    GALVÃO, Henrique e SELVAGEM, Carlos - Império Ultramarino Português - Monografia do Império. Lisboa, Empresa Nacional de Publicidade, 1953, Vol. IV, p. 440.
    MONTEIRO, Fernando Amaro e VERIN, Pierre - "Sites et Monuments de Madagascaret de l'Océan Indian - Notes sur Ibo, Ville du Mozambique attaquée par les Sakalava". In Bulletin de Madagascar, Octobre/Novembre, 1970, nas 293 e 294, p.p. 187-189, mapa e foto.
    REGO, Jaime Daniel Leote do - Guia de Navegação do Canal de Moçambique. Lisboa, I.N., 1904.
    REIMÃO, Gaspar Ferreira - Roteiro da Navegação e Carreiras da Índia, com os seus Caminhos, e Derrotas, Sinais ... (25/3/1600), tirado do que escreveu Vicente Rodrigues e Diogo Afonso, pilotos antigos, agora novamente acrescentado, por Gaspar Ferreira Reimão ... piloto-mor destes Reinos de Portugal. Lisboa, B.N., Códice 1333, 1612 e A.G.C., 2ª Edição, Códice 1939.
    SOUSA, A. Gomes e - "As Ilhas Quirimbas". In B.S.E.M., Ano XXIX, nº 122, Maio/Junho, 1960, p.p. 127-478.
    TORRES, José de Castelo Branco Ribeiro - "Resenha Histórica do Regulado da Arimba". In Moçambique - Documentário Trimestral, nº 5, 1936, p.p. 123-127.
    - "As Ilhas de Quirimba". In Moçambique - Documentário Trimestral, nº 12, Outubro/Dezembro, 1937, p.p. 107-111.
    - "Os Portugueses e as Ilhas de Querimba". In Moçambique - Documentário Trimestral, nº 15, Julho/Setembro, 1938, p.p. 71-85.
    Moçambique- Documentário Trimestral, nº 8, Outubro/Dezembro, 1963, p.p. 83-88.
    REGO, Jaime Daniel Leote do - Guia de Navegação do Canal de Moçambique. Lisboa, I.N., 1904.
    VERIN, Pierre - "Observations Preliminaires sur les Sites du Mozambique".In AZANIA, Vol. V, Dar-es-Salam, Azania, 1970, p.p. 184-188, 1 mapa.

    4/09/09

    HÁ 140 ANOS: COMITIVA DA RAINHA DE ANJOANE CHEGA AO IBO.

    (Imagem original daqui)

    Pelo seu interesse histórico e sócio-político, recordo, hoje, a chegada à ilha do Ibo, no dia 6 de Abril de 1869, da Raínha da ilha de Anjoane(1) e da sua comitiva. A noticia é-nos dada pelo então governador, interino, de Cabo Delgado, Romão Gomes Duro - ofício nº 42, de 7 do dito mês - dirigido ao Secretário Geral de Moçambique, que reza assim:

    "IIImo snr. Digne-se V.Exª levar ao conhecimento do Ex.mo snr Governador Geral, interino, desta Província, que, ontem à noite, chegou, a este porto, um pangaio trazendo a seu bordo a Raínha de Anjoane e um Príncipe seu cunhado, com grande comitiva.

    Que hoje os mandei cumprimentar a bordo e fazer-lhe os oferecimentos do estilo e que eles vieram a terra, memos a Rainha e me visitaram, aceitando a casa que lhes ofereci, dizendo-me que se demorariam 6 ou 7 dias.

    Que à vista disto lhes mandei fornecer o que eles precisassem segundo os seus costumes."

    De realçar o habitual acolhimento dos visitantes pelas anfitriãs autoridades coloniais portuguesas, e o seu respeito pela sua cultura e estilo de vida.
    - Por Carlos Lopes Bento(2), Lisboa, Abril de 2009.

    1. A ilha de Anjoane faz parte do arquipélago do Cômoro, situado no Canal de Moçambique, a leste de Cabo Delgado.
    2. Antropólogo e prof. Univ.

    - Outros trabalhos de Carlos Lopes Bento:

    • As Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado - Aqui!
    • Para a História do Ensino em Moçambique - Parte 3 - Aqui!
    • Para a História do Ensino em Moçambique - Parte 2 - Aqui!
    • Para a História do Ensino em Moçambique - Parte 1 - Aqui!
    • Post's do ForEver PEMBA para a consulta em "Pesquisas" sobre Carlos Bento, Quirimbas, Ibo, História de Cabo Delgado - Aqui!
    • E, por Jeronymo Romero: Supplemento á memoria descriptiva e estatistica do districto de Cabo Delgado - Aqui!

    8/11/08

    Sabores do Ibo no Cais do Sodré em Lisboa.

    (Clique na imagem para ampliar)
    .
    Em 4 de Julho de 2007 dizíamos aqui que alguns empresários portugueses ligados à Câmara de Comércio Portugal Moçambique, em Lisboa, iriam abrir um restaurante no Cais Sodré denominado IBO. A idéia do espaço era(é) oferecer aos visitantes e clientes uma imagem da Ilha do Ibo o mais possível próxima da realidade, para isso contando com fotos e objectos em exposição e uma ementa com pratos típicos daquela bela região insular de Cabo Delgado (peixe, carne, caril, achar, doces, bebidas entre outros.)
    Segundo o meu Amigo e colaborador deste blogue Dr. Carlos Lopes Bento acaba de me informar, o "IBO-Restaurante" foi inaugurado em finais do último mês de Junho e está a funcionar no Cais do Sodré, defronte ao estuário do rio Tejo, num armazém do início do século XX.
    Diz o portal do "IBO-Restaurante" que "sua cozinha é inspirada na gastronomia de raízes portuguesas e nos pratos de sabores moçambicanos... cruzando-se culturalmente com o Ibo, uma ilha situada em pleno oceano Índico e pertencente ao arquipélago das Quirimbas no norte de Moçambique".
    Afirma também o Dr. Carlos Bento que os camarões tigre com piri-piri consumidos por ele hà uns dias atrás por sugestão e convite da gerência do Ibo-Restaurante, são uma especialidade a não perder.
    Portanto aqui fica a sugestão se é ligado e amante da gastronomia e cultura macuas e está no recanto luso (Lisboa ou próximo) mas saudoso dos sabores do Moçambique de muitos de nós, tanto por afinidade como por nascença ou raízes.
    .
    Para chegar até ao restaurante, localizado junto à estação fluvial-Cais do Sodré-Lisboa:
    - Armazém A, Compartimento 2, Cais de Santos, 1200-450, Lisboa;
    - Telefones 21 342 3611 e 96 133 2024;
    -Poderá utilizar o metro Cais do Sodré-Linha Verde, autocarros vários e elétrico.
    - Funciona de segunda a quinta-feira das 12h00 às 23h00, sextas e sábados das 12h00 às 02h00 e encerra aos domingos.
    • IBO-Restaurante - Aqui!
    • Trabalhos de Carlos Lopes Bento sobre o Ibo e arquipélago das Quirimbas - Aqui!

    1/03/09

    Para a História do ensino em Cabo Delgado - Parte 2

    Do blogue "São Paulo - O Colégio" e de autoria do Professor Carlos Lopes Bento, também colaborador do ForEver PEMBA, transcrevo:

    PARA A HISTÓRIA DO ENSINO EM MOÇAMBIQUE
    ESCOLAS E ALUNOS DE CABO DELGADO HÁ 150 ANOS:
    MATÉRIAS, FREQUÊNCIA, APROVEITAMENTO E PROBLEMAS

    Por Carlos Lopes Bento(1)

    I I PARTE

    Relação dos alunos matriculados e não matriculados, relativos ao ano de 1858(a):

    Nomes/Naturalidade/Anos:

    José da Silva Calheiros/Ibo/14
    António Baptista de Morais/Memba/14
    Francisco) Diogo Baptista/Querimba/14
    Francisco Luciano de Sousa/Ibo/14
    Sefo Bun Falume/Quissanga/15
    António Francisco Pereira/Ibo/14
    António João de Sousa/Ibo/11
    Jorge da Silva Resende/Mocimboa/12
    Abu Bacar Sadique/Quissanga/14
    João Barros Coelho/Ibo/9
    José Barros Coelho/Ibo/8(b)
    Luís Maria Dias/Ibo/9
    Francisco José Romão/Ibo/8
    Pantaleão José Pinheiro/Ibo/7
    Francisco Domingos Baptista/Ibo/13
    Luís Vicente Dias/Mocimboa/13
    Agostinho Ferreira Soares/Ibo/15
    Domingos Lopes de Sousa/Ibo/13
    João Barros Coelho/Ibo/9
    António José Baptista/Ibo/6
    Constantino Guedes/Ibo/6
    António Augusto Resende/Ibo/9
    João Caetano Resende/Ibo/5
    Miguel Coelho Pereira/Ibo/16
    Francisco da Costa Portugal/Ibo/13
    Luís João de Sousa/Ibo/6
    Josefa de Lima Valente/Ibo/8
    Joaquina de Lima Valente/Ibo/6
    João da Silva Teixeira/Ibo/11
    Manuel do Sacramento Lisboa/Ibo/6
    Miguel de Sousa/Ibo/12
    Domingos Luís do Rosário/Ibo/15
    Inácio Ferreira Soares/Ibo/14
    Rajabo Abdalá/Ibo/15
    Domingos José Bernardo/Ibo/11
    Esmeralda Martins/Ibo/8
    Marcos José/Ibo/10
    José de Brito/Ibo/10

    Alunos não matriculados:

    António José Coelho/Ibo/12
    Luís de Brito/Memba/8
    Agostinho João Resende/Ibo/15
    Augusto Resende Soares/Ibo/11
    Francisco Carvalho de Menezes/Ibo/12
    Mendo António de Lima/Ibo/11
    Bernardino da Costa Portugal/Ibo/12.
    _________________________________
    (a)- Os dados apresentados foram extraídos do Mapa acima referenciado
    (b)- Tem a indicação de Falecido.
    _________________________________________
    Quanto às naturalidades destes alunos constata-se, segundo a dita Relação, a seguinte distribuição geográfica:

    - Vila do Ibo........................................................38
    - Povoação da ilha de Querimba....................... 1
    - Povoação de Quissanga................................... 2
    - Povoação de Memba.........................................2
    - Povoação de Mocimboa....................................2

    Com a excepção de 7 provenientes da ilha de Querimba, Quissanga e Memba, povoações próximas da ilha do Ibo e de Mocimboa mais a Norte, a grande maioria dos alunos, 38, eram naturais da ilha do Ibo.
    Em virtude de a escola para meninas estar encerrada, pelos motivos acima apontados, vamos encontrar três raparigas matriculadas na escola masculina: todas naturais do Ibo, duas, com 8 anos e, uma, com 6.

    No que toca à idade, que variava entre os 5 e 16 anos, a sua distribuição:

    5 anos......................................................... 1
    6 anos..........................................................5
    7 anos..........................................................1
    8 anos..........................................................5
    9 anos..........................................................4
    10 anos........................................................2
    11 anos........................................................5
    12 anos........................................................5
    13 anos........................................................5
    14 anos........................................................7
    15 anos........................................................4
    16 anos........................................................1

    Mostram estas frequências que quase 50% dos alunos tinha 12 ou mais anos.

    No que se refere à religião a informação dada pelo Governador Romero: “N.B.- Os alunos uns são cristãos, outros mouros e um só escravo cristão.”.
    Pela estrutura dos nomes dos alunos constantes da relação supra é fácil deduzir estarem matriculados apenas três alunos que eram denominados mouros, isto é, que professavam a religião islâmica: um natural do Ibo e dois de Quissanga, povoação onde predominava aquela religião.

    Para além da naturalidade, da idade e da religião, eram considerados, ainda, na escola pública de instrução primária do Ibo, a aplicação, a frequência e as notas das lições dos alunos.

    Na aplicação estavam incluídas as seguintes matérias escolares:

    -ABC
    -Sílabas e seus exercícios
    -Leitura de letra redonda
    -Leitura de manuscritos
    -Gramática portuguesa
    -História de Portugal.

    Relativamente ao comportamento, os alunos foram classificados de:

    - Bom........ 44
    - Mau........... 1

    A frequência às aulas constituía um dos principais problemas que afectava o aproveitamentos dos alunos, sendo estes classificados em duas categorias:

    Frequente e Não é frequente.

    Da análise da citada Relação podemos deduzir que: 34 alunos frequentavam as aulas regularmente, contra 10 que faltavam normalmente. Aqui estavam incluídas as 3 raparigas.

    Segundo J. Romero: “Alguns não frequentam a escola por motivo justificado e outros porque os seus maiores não sabendo dar o devido apreço à instrução, deixam-nos divagar. As faltas constantes e a falta de livros próprios é a causa de haver atraso do adiantamento dos mesmos. A câmara Municipal dá doze mil réis anuais para serem distribuídos pelos referidos alunos da classe proletária, em penas, papel e tinta, o que muito concorrem para não ficarem sem lição.”

    As notas dadas nas lições eram variáveis e tinham como classificação:

    -Bom.........................................4
    -Suficiente..............................12
    -Regular...................................8
    -Sofrível...................................2
    -Mediocre................................5
    -Insignificante........................3
    -Sem nota...............................11

    Neste tempo, a Escola Primária da Vila do Ibo, estava a cargo do professor José Vitorino Alexandre de Brito, nomeado professor da 1ª classe de I. P. da vila do Ibo, pela Portaria nº 674 de 4.8.857. Também desempenhou as funções de Juiz Ordinário e de Presidente da Câmara da Vila do Ibo.

    Segundo informação fornecida por este docente, foram matriculados no tempo respectivo e fora dele, na Aula de Instrução Primária da Vila do Ibo, nos anos 1857, 1858 e 1859:

    ANOS Nº DE ALUNOS MATRICULADOS:
    1857 .................................46
    1858................................. 45
    1859.................................. 44


    "N.B. Os alunos que frequentam a Aula são, todos os anos, 30 a 35 com regularidade. No tempo da colheita do milho poucos aparecem: os seus maiores que não sabem dar apreço à instrução, deixa-os alardear."

    Os habitantes da Vila do Ibo, para além desta Escola de Instrução Primária, ainda, podiam mandar os seus filhos para a Escola Principal de Instrução Primária da Província de Moçambique, que, então, ministrava um ensino de nível mais elevado, frequentado não só por moçambicanos da sua Capital e dos seus principais Portos da Costa, como também por alunos provenientes de outras cidades da África Oriental e da Ásia.
    Dada a sua importância socioeconómica e cultural no contexto da sociedade moçambicana e tendo em consideração o papel que desempenhou na época, merece que sejam divulgados os seus principais traços.

    (1)- Prof. Univ. e Antropólogo.
    (CONTINUA)

    12/08/08

    Grupo de AMIGOS DO IBO reuniu-se no cais do Sodré...

    (Clique na imagem para ampliar)

    Em Lisboa-Cais do Sodré, dia 08/11/2008, um grupo de AMIGOS DO IBO reuniu-se no Ibo Restaurante, onde almoçou e recordou a ilha e Pemba.

    Foi um excelente convívio de gentes de Cabo Delgado, organizado pelo Querido Amigo António Baptista Carrilho, natural da Ilha do Ibo, para, segundo ele, homenagear o Prof. Carlos Lopes Bento pelo muito que tem escrito em prol das Ilhas de Querimba.

    Confraternizaram Amigos que não se viam há mais de 30 anos.

    No fim da tarde foi saboreado um bolo, oferta do Engº. Pedrosa Lopes e de seu filho João Pedro, gerente do Ibo Restaurante.

    Algumas imagens:



    • IBO-Restaurante - Aqui!
    • Trabalhos de Carlos Lopes Bento sobre o Ibo e arquipélago das Quirimbas - Aqui!
    • Sabores do Ibo no Cais do Sodré - Aqui!

    10/08/08

    HÁ 150 ANOS TUFÃO CAUSA TERROR, CONFUSÃO E ANGÚSTIA NA CAPITAL DE MOÇAMBIQUE E TERRAS FIRMES - Parte 1.

    - Por Carlos Lopes Bento - Prof. Universitário e antropólogo.
    Almada, 8 de Outubro de 2008 - No dia em que se comemora o “Dia Internacional das Calamidades” e, em Moçambique, se vão realizar em 42 dos seus distritos exercícios de simulação para testar o nível de prontidão do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, achei oportuno e pertinente lembrar o dia 1 de Abril de 1858, data em que um tufão assolou a Ilha de Moçambique e terras firmes adjacentes e tantas vidas ceifou e prejuízos causou.
    Relembra-se a principal notícia então publicada na folha oficial do Governo Geral:

    “Moçambique 3 de Abril.
    No dia 1.° de Abril a Cidade e o Distrito de Moçambique sofreram os efeitos de uma tempestade horrorosa que, em menos de 21 horas, destruiu muitas fortunas, matou muitas esperanças e roubou a vida a um grande número de pessoas.
    Não temos ainda notícias circunstanciadas sobre a extensão das perdas que o temporal causou. — Esperamos que elas nos sejam fornecidas pelas autoridades competentes, mas infelizmente podemos, desde já informar o público, que elas foram muito grandes tanto do mar, como na terra.
    O Porto de Moçambique contava fundeados os navios seguintes — Barca Francesa, Charles & George, — Galera Portuguesa Adamastor, Brigues — Amizade, 2 Irmãos e N.S. do Socorro Flor do Mar, Iates —19 de Maio, Esperança e Livramento, 29 Pangaios Árabes e a Goleta de Guerra Francesa —L'Eglé.
    O tempo tinha estado inconstante desde o dia 29 de Março — alguns aguaceiros, ventos variáveis, e a atmosfera coberta de grossas nuvens, carregadas de electricidade, foram princípio do terrível temporal, que começou na manhã do 1.° de Abril. — Até ás 11 horas do dia, os aguaceiros fortes de SO não tinham tido nada de extraordinário.
    Mas, ao meio dia, o vento começou de soprar com fúria, os aguaceiros foram mais frequentes, e os horizontes mais curtos, e carregados.
    O vento foi constantemente crescendo, e o mar com ele, de sorte (que depois das 4 horas da tarde alguns Pangaios, Iate 19 de Maio, o Iate Livramento, e outros navios haviam garrado, cedendo há violência do vento. As rajadas foram aumentando para a noite de sorte que o temporal era já furioso ao pôr do sol. — Desde então foi ele gradualmente crescendo de modo que todos os Pangaios, excepto um só chamado Mantalla, perderam as suas amarrações e alguns deles, bem como Iates 19 de Maio e Livramento, foram arrojados contra a costa da Cabaceira, e aí encalharam. — O Iate Livramento lançado primeiramente sobre a costa do norte do Porto, virou-se — e depois de ter sido impelindo sobre a outra banda veio soçobrar ao meio do canal grande, quando o vento deu para uma direcção oposta.
    Quatro homens que puderam segurar-se ao casco, que não submergiu completamente, foram salvos pela tripulação da Galera Adamastor, cujo Capitão mandou um escaler acudir aos naufragados, que bradavam por socorro.
    Às 9 horas da noite o vento abrandou um pouco da sua fúria, e pareceu que a tempestade tinha terminado. Este sossego porém foi de curta duração. O vento pareceu cessar, para começar de novo com maior impetuosidade soprando do NO. — Os estragos que a 1ª parte desta cena terrível tinha causado, eram já bem consideráveis.
    As fazendas da outra banda já tinham sofrido bastante. — muitas árvores tinham sido derrubadas, muitas palhotas e casas tinham sido arruinadas — e algumas embarcações tinham sofrido grandes avarias ; mas isto ainda não era bastante; era necessário que esta calamidade- já grande para o estado decadente desta Província, fosse ainda maior, mais completa.
    Proximamente às 11 horas. depois do sossego ilusório de que falámos, o vento se desencadeou furioso de NO.
    Duras rajadas se sucediam rapidamente umas às outras , aumentando sempre de força. Os aguaceiros se tornaram mais amiudados e violentos. O céu escuro, caliginoso, não deixava perceber uma só estrela.— A escuridão medonha da noite vinha aumentar o horror das cenas que este grande transtorno da natureza produziu.
    O trânsito era impossível nas ruas da Cidade, inundadas de água; e a areia levantada das praias, redemoinhava pelos ares, elevando-se a grande altura. As casas ainda as mais sólidas tremiam com a violência impetuosa do vento, que derrubava tudo quanto encontrava.
    A chuva copiosa encheu as casas — muitas árvores, e algumas colossais, foram derrubadas, e os arbustos e plantas rasteiras ficaram queimadas pelo vento — grossos ramos foram violentamente arrancados dos troncos, e levados a grande distância. Todos estes sons sinistros, misturados aos gritos dos infelizes, que por intervalos sobressaiam horrorosos ao sibilar do vento, levavam o terror, e o susto à população consternada da Cidade.
    Muitos tectos e paredes das palhotas da missanga foram arrebatados pelo vento, muitas outras ficaram quase enterradas na areia, que o mar, e o vento lançava sobre a ilha.
    Mas se esta tormenta era horrorosa, e medonha em terra quanto mais o não deveria ser sobre o mar — ali aonde a todos os horrores do temporal, havia a acrescentar ainda a fúria do mar encapelado, a fragilidade das embarcações, a escuridão medonha da noite e a impossibilidade absoluta de esperar socorro alheio; devendo ser bem cruéis as horas de angústia assim passadas pelos infelizes que o temporal colheu sobre as embarcações frágeis refúgios contra a violência de uma tão temerosa tempestade! — Quando o vento se tornou verdadeiramente terrível, isto é depois de 11 horas da noite, os Pangaios começaram a descair uns sobre os outros, sem poderem nem segurar-se, nem evitar-se. Tudo foi desordem, confusão e terror.
    Então era triste ouvir os gritos desesperados dos infelizes, que vendo a morte diante de si, bradavam socorro, e levantavam os braços para Deus, que só os podia salvar. — Confrangia ouvir esses gritos penetrantes dados por homens, e crianças no máximo desespero ou quando o mar os envolvia e ameaçava engoli-los ou quando arrojados à praia vinham despedaçar-se contra os rochedos. Alguns Pangaios soçobraram e outros vieram quebrar-se inteiramente na praia da Ilha. Os destroços numerosos que se encontram pela praia atestam ao mesmo tempo a violência do temporal, e a extensão da catástrofe. Com eles alguns cadáveres têm sido encontrados ainda que não em grande número.
    Somente puderem conservar-se nas amarrações os três navios que mencionámos. A Galera Adamastor, a Barca Charles e George e o Brigue Amizade.
    A Goleta Francesa, L'Eglé, que pôde sustentar-se e, segundo é de crer, ficaria firme sobre os ferros, também garrou depois das 11 horas da noite em consequência de dois Pangaios, que caíram sobre ela, e dos quais pôde ainda salvar 14 pessoas
    A perícia e intrepidez dos oficiais, a disciplina da guarnição, e os meios de que dispunha não puderam evitar, que a goleta perdesse alguns ferros, perdesse o leme e, com outras avarias, encalhasse. — Felizmente, a solidez da sua construção a preservou de abrir água e, hoje, está salva, depois de alguns esforços felizes.
    O Iate do Estado 19 de Maio também foi lançado sobre a praia da Cabaceira com pequena avaria no casco e bem assim um Pangaio mandado do lbo e retido neste porto, a bordo do qual estavam 4 praças portuguesas de marinhagem, que nada sofreram
    Além dos navios, e Pangaios perdidos durante o temporal, um grande número de lanchas e outras embarcações miúdas foram feitas em pedaços contra a praia.
    Os Brigues 2 Irmãos, e N. S. Socorro Flor do Mar, varados na praia da Ilha com mais ou menos avarias, ainda se poderão utilizar, fazendo-lhes os grandes consertos de que carecem para navegar.
    Na terra firme, outra banda, o temporal destruiu algumas casas, derrubou muitas cabanas, arrancou muitas árvores, matou alguns negros, e gados — e arrasou palmares e plantações inteiras. Nenhuma propriedade ali deixou de sofrer e os estragos, ainda que até agora nos não sejam miudamente conhecidos, sabemos que são muito consideráveis e devem causar senão a ruína completa dos proprietários, pelo menos graves perdas. Na tarde do dia 2, a tempestade foi gradualmente declinando, até cessar de todo durante a noite desse dia.
    Enfim, este temporal foi uma calamidade que afectará mais ou menos toda a Província, não só pelos resultados imediatos, como por aqueles que se lhes hão de seguir.
    Todas as providências possíveis se adoptaram para pre­venir os roubos, e desordens conseguintes a semelhantes catástrofes. Abriu-se a Alfândega, postaram-se postos Mili­tares em diversos pontos, enterraram-se os cadáveres, fizeram-se recolher à Alfandega os objectos naufragados, e enfim, apesar de grande número de escravos do que a Ilha abunda, não há nem grandes roubos, nem desordem alguma a lamentar.
    À medida que obtivermos informações iremos dando conhecimento delas ao público.
    Confiamos na Providência, tenhamos ânimo e resignação e esperamos que o Governo da Metrópole não será indiferente a esta catástrofe, que tão terríveis efeitos produziu sobre a fortuna dos habitantes, devendo retardar ainda mais e desenvolvimento agrícola e comercial na Província, já pouco próspero.
    É de justiça mencionar que o Sr. Juiz de Direito Silva Campos, o Capitão do Porto, os Empregados do Arse­nal, o Capitão Pereira de Almeida, Capitão Tavares de Almei­da, tenente Carvalho e o Alferes Sá Nogueira, oficiais do Estado Maior, o Snr. Fonseca, Escrivão interino da Fazenda, e os oficiais de Marinha Oliveira,ntinua e Sousa de Andrade, acompanharam o Governador Geral, e o coadjuvaram com os seus serviços, cumprindo as ordens que lhes foram dadas e as circunstancias exigiam, com todo o zelo, e prontidão.
    - Continua em próximo post.

    • O Autor: Dr. Carlos Lopes Bento - Antigo administrador colonial. Foi presidente da Câmara Municipal do Ibo, entre 1969 e 1972 e administrador do concelho de Pemba entre 1972 e 1974. Antropólogo e prof. universitário é um dedicado amigo das históricas Ilhas de Querimba que continua a investigar, de maneira sistemática, e a divulgar as suas inquestionáveis belezas. É Director da Sociedade de Geografia de Lisboa.
    • Demais posts deste blogue onde se encontram trabalhos do Dr. Carlos Lopes Bento - aqui e aqui.

    10/17/09

    DIA DA CIDADE DE PEMBA - Domingo 18/10

    ''Extr. da publicação PEMBA, SUA GENTE, MITOS E A HISTÓRIA-1850 a 1960, de Luis Alvarinho, que também se baseou em documentação do Arquivo Hist. de Moçambique, B.O. e Boletim da C. do Niassa, entre outros:

    - O embrião que veio dar origem à actual cidade de Pemba, data de 1857, como parcela da Colónia 8 de Dezembro, fundada por Jerónimo Romero e dissolvida 5 anos depois por diversos problemas de organização e adaptação dos colonos
    • - Porto Amélia ascende a vila por portaria de 19 de Dezembro de 1934.
    • - É elevada à categoria de cidade em 1958 pelo decreto-lei de 18 de Outubro-G.G. da Província.''.
    PEMBA DE ONTEM E DE HOJE
    Por Carlos Lopes Bento para o ForEver PEMBA
     
    Ao comemorar-se mais um aniversário da elevação de Pemba a cidade, aproveito a ocasião para saudar todos os seus habitantes e respectivas autoridades e visualizar algumas imagens do meu Album, que lembram um pouco da História recente desta bela urbe, do norte de Moçambique.
     



     (Clique nas imagens para ampliar)
     
    Para a cidade de Pemba e suas Gentes votos de um futuro próspero e pacífico.
    - Portugal, Lisboa, 18 de Outubro de 2009, Carlos Lopes Bento.

    3/14/11

    Moçambique - HISTÓRIA - Criação da Comissão de Turismo no Ibo

    Criação da Comissão de Turismo no Ibo

    Por Carlos Lopes Bento
    (Dê duplo click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)

    :: :: ::
    Outros trabalhos do Dr. Carlos Lopes Bento neste blogue !

    10/18/13

    18 de Outubro - DIA DA CIDADE DE PEMBA

    ''Extr. da publicação PEMBA, SUA GENTE, MITOS E A HISTÓRIA-1850 a 1960, de Luis Alvarinho, que também se baseou em documentação do Arquivo Hist. de Moçambique, B.O. e Boletim da C. do Niassa, entre outros:

    - O embrião que veio dar origem à actual cidade de Pemba, data de 1857, como parcela da Colónia 8 de Dezembro, fundada por Jerónimo Romero e dissolvida 5 anos depois por diversos problemas de organização e adaptação dos colonos
    • - Porto Amélia ascende a vila por portaria de 19 de Dezembro de 1934.
    • - É elevada à categoria de cidade em 1958 pelo decreto-lei de 18 de Outubro-G.G. da Província.''
    PEMBA DE ONTEM E DE HOJE
    Por Carlos Lopes Bento para o ForEver PEMBA
     
    Ao comemorar-se mais um aniversário da elevação de Pemba a cidade, aproveito a ocasião para saudar todos os seus habitantes e respectivas autoridades e visualizar algumas imagens do meu Album, que lembram um pouco da História recente desta bela urbe, do norte de Moçambique.
     



    Para a cidade de Pemba e suas Gentes votos de um futuro próspero e pacífico.
    - Portugal, Lisboa, 18 de Outubro de 2009, Carlos Lopes Bento.
    Dia da Cidade de PEMBA
    LEMBRANDO A CIDADE DE PORTO AMÉLIA/PEMBA E A POETISA GLÓRIA DE SANT’ANA
    Pemba - Wikipédia
    =======================================

    E O HOJE DE PEMBA, em 18 de Outubro de 2013:
    Aniversário de uma cidade surpreendida! - Noticias OnLine - (Na ótica de Pedro Nacuo)

    """A situação com que a cidade de Pemba é obrigada a coabitar não estava nas previsões de quase todos urbanistas, gestores públicos, incluindo os actores das diferentes áreas político-sociais, cultural e económico, razão porque hoje não é exagero dizer que esta cidade, aos 55 anos de idade, sente-se positivamente surpreendida com cada vez maior demanda, visando satisfazer os apetites que o desenvolvimento económico, por via das descobertas dos recursos naturais, mais a Norte, impõe.

    Mesmo localizando-se há cerca de 500 quilómetros de Palma, o epicentro das descobertas de hidrocarbonetos, principalmente o gás, a cidade de Pemba, vive no seu dia-a-dia, o frenesim que uma indústria desse quilate exige, por conta do facto de, até aqui, ser a principal base logística de todas as operações das multinacionais em actividade, tanto em terra como no alto-mar.

    Tagir Ássimo Carimo, presidente do Conselho Municipal de Pemba, eleito intervalarmente e que pretende concorrer para as eleições autárquicas do próximo mês, diz que a comemoração dos 55 anos, sobretudo por esta razão, deve servir de momento de reflexão do que será a capital de Cabo Delgado nos próximos 10 a 15 anos.

    “As soluções não devem ser encontradas hoje, é o que costumo dizer aos meus colegas, mas deviam tê-lo sido Ontem. Estamos perante evidências às quais devemos simplesmente corresponder, para não defraudarmos as expectativas” diz.

    Ainda que se fale da criação de condições logísticas em Palma, incluindo um porto, nada indica que a cidade de Pemba possa vir a ser dispensada a favor do eventual recurso àquele ou outros locais desta província.

    Pemba tem um porto marítimo com capacidade de manuseamento de carga de 200.000 toneladas/ano, um aeródromo com ligações directas para Nairobi, Dar-es-Salaam e Joanesburgo e aqui operam cinco bancos e duas agências de crédito.

    A baía de Pemba, poderá continuar por muito tempo ainda, a atrair turistas, pois para além de acolher um dos melhores portos da África Austral, oferecendo um amplo ancoradouro que pode ser demandado a qualquer hora, as suas águas são cristalinas sem par, tornando-se num chamariz para os diferentes apetites turísticos de quem vem das outras latitudes.

    Ela mede cerca de 10 quilómetros no sentido Norte-Sul e cerca de 11.5 quilómetros Este-Oeste e tem na parte terrestre espaço que hoje é ocupado por 10 bairros e duas unidades residenciais, habitados por 141.316 habitantes, se tivermos fé nos dados do último censo populacional.

    Tranquila, como lhe é tradicional, a cidade de Pemba tem encontrado dificuldades de os seus habitantes abraçarem as oportunidades que se oferecem, decorrentes das anteriormente propaladas descobertas dos recursos naturais, mais a Norte da província, justamente porque os seus habitantes ficaram literalmente surpreendidos, mesmo na formação dos seus residentes.

    As contas que se fazem actualmente, falam numa força de trabalho de 77.668 pessoas, das quais 42.9% são mulheres, e 57,1% de homens e desse total, 72.5% são empregados e 25% sem emprego, uma carga a não menosprezar, tendo em conta que depois vão engrossar o sector informal, que representa 31,9%, para depois a agricultura e pesca ficar com 19.8 porcento.

    É dentro deste quadro que passam os 55 anos de elevação de categoria de cidade, da antiga Porto Amélia, o que ocorreu a 18 de Outubro de 1958 e a edilidade em jeito de balanco, acha que tudo o que foi planificado, à luz do manifesto eleitoral, está a ser realizado, sendo que maior parte foi concluído.

    UMA PEQUENA PONTE QUE MARCOU…
    O bairro Josina Machel, mas que os populares chamam-no Noviane, nasceu da teimosia dos pembenses face aos rigores de ordenação territorial que eram impostos, que obrigavam que algumas zonas consideradas inóspitas ou reserva de Estado não fossem ocupadas.

    A teimosia levou a que, à forca, os citadinos residentes noutros bairros invadissem tais zonas, onde avulta o Chibuabuari e Noviane (Josina Machel), permanentemente alagadiços, íngremes e apertadíssimos. A edilidade, depois que Assubugy Meagy, que foi o primeiro presidente eleito para o município de Pemba, deu lugar a Agostinho Ntauale, cedeu completamente, tendo, inclusive, a autorização da sua ocupação sido um cavalo-de-batalha para as eleições que conduziram este último ao cargo.

    Os ocupantes, porém, vinham das suas casas, noutros bairros, onde deixavam novos inquilinos, no advento da “febre” de aluguer de casas para diferentes fins, incluindo, aqueles resultantes do nascimento de muitos serviços na cidade e universidades que chamaram a Pemba, estudantes e docentes que antes não viviam nesta autarquia.

    Consumada a ocupação, nada mais restava ao município, do que assistir a um rápido e crescente avolumar de necessidades a satisfazer para os munícipes ali residentes, desde o abastecimento de água, energia eléctrica e outras facilidades, já em pé de igualdade com aqueles que, tendo entendido a medida proibitiva, não quiseram desafiar a autoridade municipal.

    Na verdade, tanto Noviane (Josina Machel) quanto Chibuabuari, pertencem ao bairro de Cariacó, razão porque passou a ostentar o estatuto de mais populoso, mais de 47.000 habitantes, suplantando Natite, que até fins da década 90, era o que mais pessoas acomodava.

    Nessa sua nova qualidade, Noviane enfrentava, entretanto, um dilema, de travessia de um riacho no seu interior que se havia transformado no maior entrave para que os seus residentes não fizessem a sua vida normalmente. Passou a ser a lamentação de primeiro plano, sempre que alguém das estruturas provinciais ou municipais reunisse com a população daquela área residencial, até que Tagir Ássimo Carimo, toma as rédeas da municipalidade.

    No conjunto de infraestruturas e estradas urbanas concluídas, consta, pois a ponte que liga os bairros de Cariacó e a Unidade Josina Machel, inaugurada com pompa que a ansiedade justificava, no dia 20 de Setembro deste ano.

    Foram igualmente construídos, no resto da cidade, os mercados dos bairros de Muxara, Mahate e Ingonane, já entregues às estruturas locais para a sua operacionalização, o mesmo que aconteceu em relação às sedes administrativas de Mahate e Maringanha.

    Mas ainda há infra-estruturas em construção, nomeadamente, a sede administrativa do bairro de Paquitequete, do posto de saúde do bairro de Alto-Gingone e da Escola Secundária de Amizade Sino-moçambicana, nesta mesma zona habitacional.

    Está, por outro lado, em construção uma estrada de terra batida, considerada via rápida, de 5 quilómetros, partindo dos escritórios da ANE (Administração Nacional de Estradas) ao bairro de Chiuba, bem assim foi iniciada a pavimentação em pedra argamassada a rua CI 034.

    A LINGUAGEM DAS RECEITAS E A SUA APLICAÇÃO
    O nosso jornal teve acesso aos balancetes que se referem às receitas do município, onde deparou com o facto de que houve uma auto responsabilização de colectar 55.525.720,00 MT, pelo menos até Junho do corrente ano, do que resultou um sobre cumprimento em 14%, pois a colecta foi de 62.898,341,95 Meticais.

    O fundo de Investimento de Iniciativa Autárquica foi executado em 73 porcento, o de compensação em 71, de estradas em 46 porcento, de combate à pobreza em 99 porcento e do Programa de Desenvolvimento Autárquico,em 64 porcento.

    Está-se, com as baixas no fundo de estradas e PDA, perante um grau de cumprimento fixado nos 83 porcento. Especificamente, no que toca ao fundo de redução da pobreza urbana, o município de Pemba, nestes últimos dois anos, recebeu um financiamento no valor de 18.799.948, 21 Meticais, designadamente, para 269 projectos, em 2012 e 201, no presente ano, abrangendo ao todo 469 munícipes, dos quais, 326 homens e 144 mulheres. Os reembolsos dos valores inscritos no fundo de redução da pobreza urbana, situa-se em 52 porcento.

    Desde 2011, os 253 projectos financiados, na agricultura, comércio, pecuária, pequena indústria, prestação de serviços, turismo, pesca, entre outras actividades económicas, beneficiando a  182 homens, 71 mulheres(adultos), 61 jovens e 4 associações,  criaram 396 postos de trabalho.

    A CAPULANA VEIO COLORIR MAIS A FESTA DA CIDADE
    Havia  pouca crença numa festa visível, por ocasião da passagem dos 55 anos da cidade de Pemba, provavelmente, devido ao facto de tudo estar a ser feito em preparação do pleito que a 20 de Novembro próximo, vai chamar os cidadãos para se pronunciarem à boca das urnas sobre o seu destino, escolhendo quem lhes pode dirigir nos próximos cinco anos.

    Por outro lado, a preparação da festa esteve fechada no edifício do município e nas sedes administrativas dos bairros, criando um vão a meio, que deixou cidadãos não informados sobre o que iria acontecer desta vez, no dia de Pemba.

    Afinal, havia um programa, o que vai ser cumprido por esta ocasião, que não foge muito ao habitual, no que toca à parte oficial da comemoração, mas cheio de muito entretenimento e desporto, como seja, torneios de vólei de praia, canoagem, feira de artesanato, de Gastronomia, espectáculos musicais com artistas locais, entre outras actividades.

    Cada um dos 10 bairros de Pemba, terá uma oportunidade de subir ao palco e apresentar o que terá preparado em termos culturais e recreativos por ocasião dos 55- aniversário da cidade.

    Porém, o facto de se ter escolhido a cidade de Pemba, como o palco do festival internacional da Capulana, veio dar outro alento à festa de Pemba, que se preparou para participar e ganhar, conforme afiança Tagir Carimo.

    “ Nós vamos participar com um desfile fabuloso. Tivemos nos bairros 12 equipas de inscrição de participantes. É verdade que somos apenas hospedeiros do festival, pois não somos os organizadores, mas não queremos deixar os nossos créditos em mãos alheias” assegura o presidente do município de Pemba.

    Para a fonte, não há nada a inventar, se bem que a capulana é a forma comumente usada pelas mulheres da baia de Pemba, razão porque não vê a dificuldade de se atingir o número de 15.000 mulheres trajadas de capulana, que se prevê no desfile que fará o festival.

    “ Se só o bairro de Cariacó sair com as suas mulheres de capulana, sem falar dos outros, atingiremos o recorde”."""

    Edição de J. L. Gabão para o blogue "ForEver PEMBA". Atualização em Outubro de 2013. Permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue só com a citação da origem/autores/créditos.