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7/15/08

Pemba - Parque das Quirimbas investe no turismo.

(Clique na imagem para ampliar)
Cerca de duzentas espécies de pássaros, residentes e migratórios, foram identificados em apenas dez dias de observação no território do Parque Nacional das Quirimbas (PNQ), na província de Cabo Delgado, em Moçambique, no quadro de uma acção de formação de um corpo de guias comunitários para acompanhar os turistas sobre o potencial daquela área de conservação.
O Parque Nacional das Quirimbas formou recentemente oito fiscais em técnicas de observação e identificação de pássaros, visando promover as várias potencialidades turísticas existentes naquela área e capacitar as comunidades na sua gestão, segundo reportagem publicada no jornal Notícias, de Maputo.
A observação foi feita em cinco pontos estratégicos no território do parque, nomeadamente Muanona, Ningaia, Bilibiza, Meluco e Mareja.
Orientada por Malcolm Wilson, ornitólogo baseado na África do Sul, a observação permitiu a identificação de algumas espécies raras de pásaaros, a exemplo de Böhm’s fly-catcher, Livingstone’s fly-catcher, Brown-breasted barbet, Zanzibar red bishop, Mascarene Martin, Böhm’s spine-tail e Martial eagle, entre outras comumente conhecidas.
A perspectiva do parque é criar, no futuro, acampamentos onde guias especializados possam servir grupos de turistas praticando o aviturismo e para o turismo convencional.
De acordo com Rabeca Marques, oficial de Turismo no Parque Nacional das Quirimbas, o aviturismo configura uma oportunidade para a diversificação da oferta de produtos turísticos no interior do parque.
Segundo ela, o mercado do aviturismo está a crescer no mundo, sendo uma actividade ideal para as comunidades do Parque das Quirimbas que, com todos os conhecimentos que têm sobre o local, podem envolver-se na oferta de serviços turísticos.
As informações são do jornal Notícias, de Maputo.
- Africa 21 - 14/07/2008.
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Alguns link's que falam de Pemba e Quirimbas:
  • Quirimbas - O Paraíso á distância de 300 Euros a diária... - aqui!
  • Pemba/Porto Amélia na net - aqui!
  • A minha viagem imaginária a Pemba - aqui e aqui (YouTube)!
  • Pemba (Porto Amélia) Beach Hotel - aqui !
  • Quirimbas o Paraíso -aqui!
  • Fotos da Ilha do Ibo (Quirimbas-Pemba) - aqui!
  • Fotos do Pemba Beach Hotel em Pemba/Porto Amélia -aqui!
  • A costa de Pemba - aqui!
  • Maluane Island Resort - Quirimbas - Mozambique - aqui!
  • Matemo Islande Resort - aqui!
  • Medjumbe Island Resort - aqui!
  • Quilalea - Quirimbas - Mozambique - aqui!
  • Islands: Quirimbas Achipelago - aqui!
  • Ilhas do Ibo, Quirimba e Sito - aqui!
  • As Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado - Estudo do Dr. Carlos Lopes Bento - aqui!
  • ...e muito mais sobre Pemba, Ibo, Quirimbas e arredores aqui e aqui !

11/26/08

Ronda pela net - The Times fala hoje das Quirimbas.

The sparsely inhabited Quirimbas are an unspoilt natural sanctuary, writes Mark Le Chat FLYING over an emerald mat of mangroves in a Cherokee Piper with the Indian Ocean islands of the Quirimbas unfolding beneath you is tantamount to crossing over into a long-forgotten world.
Here, the grand integrity of nature takes on an immediate yet ethereal quality as brackish deltas etch through the greenery, and a smattering of islands and sand- banked atolls glow in the warm indigo sea...

- Leia o texto na íntegra aqui!
- Traduza aqui!

O que já se publicou neste blogue sobre as Quirimbas e a bela Cabo Delgado:
  • Quirimbas - O Paraíso á distância de 300 Euros a diária... - aqui!
  • Pemba/Porto Amélia na net - aqui!
  • A minha viagem imaginária a Pemba - aqui e aqui (YouTube)!
  • Pemba (Porto Amélia) Beach Hotel - aqui !
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  • Medjumbe Island Resort - aqui!
  • Quilalea - Quirimbas- Mozambique - aqui!
  • Islands: Quirimbas Achipelago - aqui!
  • Ilhas do Ibo, Quirimba e Sito - aqui!
  • Matemo Island - o paraíso a dois passos de Pemba - aqui!
  • As Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado - Estudo do Dr. Carlos Lopes Bento - aqui!
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8/26/08

Matemo Isaland - O paraíso a dois passos de Pemba...

Na net encontrei:
(Alerta aos "navegantes": O local é para quem "pode", ora pois!)
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Filed Under (Quirimbas Archipelago) by Mozambique on August-25-2008.
Matemo Island Resort is located in the Quirambas Archipelago in Northern Mozambique off the coast of Pemba. The resort offers something for a variety of guests – family holidays, fishing and diving as well as cultural enthusiasts.
Matemo Island, Quirambas Archipelago is a tropical heaven offering 24 thatched, air conditioned chalets each with only a meters to the sea. The public areas are elevated above the ocean, ideal of sundowners while watching the orange sun dip beneath the Indian Ocean.
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Accommodation:
• There are 24 Chalets: 8 Twin Beds; 16 Queen Size Double Beds, all with en-suite bathroom with indoor and outdoor showers, bathtub with a view, large airy windows
• All chalets are within 10 meters of beach, with a large front verandah with Hammock, Chair / Loungers and Beach Towel Drying Rack. All Chalets have air conditioning, mosquito screens, mini bar, satellite TV, tea-/coffee-making facilities, hair dryer & electronic safe
• 2 Chalets offer a private dining area (Chalet #1 & Chalet #2)
• Of the 24 Chalets, there are 2 units consisting of a Double and a Twin with a hallway link; two chalets have a common verandah with another chalet.
- Daqui!
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:: Se encontra dificuldades em entender o idioma inglês, use um dos "tradutores" gratuítos da net. Por exemplo este aqui! ::
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Alguns link's que falam de Pemba e Quirimbas:
  • Quirimbas - O Paraíso á distância de 300 Euros a diária... - aqui!
  • Pemba/Porto Amélia na net - aqui!
  • A minha viagem imaginária a Pemba - aqui e aqui (YouTube)!
  • Pemba (Porto Amélia) Beach Hotel - aqui !
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  • Fotos da Ilha do Ibo (Quirimbas-Pemba) - aqui!
  • Fotos do Pemba Beach Hotel em Pemba/Porto Amélia -aqui!
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12/18/07

Quirimbas - O paraíso à distancia de 300 Euros a diária...

Luis Filipe Fonseca da RTP foi à descoberta de um paraíso moçambicano pouco conhecido: o arquipélago das Quirimbas (Ibo e Matemo)...
E ficou surpreso com a opulência da beleza das Ilhas próximas a Pemba em Cabo Delgado.
Anotou em simultâneo a pobreza contrastante da população local.
- Aprecie o video aqui.
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Alguns link's que falam e mostram Pemba e Quirimbas:
  • Pemba/Porto Amélia na net - aqui !
  • A minha viagem imaginária a Pemba - aqui e aqui (YouTube) !
  • Pemba (Porto Amélia) Beach Hotel - aqui !
  • Quirimbas o Paraíso -aqui !
  • Fotos da Ilha do Ibo (Quirimbas-Pemba) - aqui !
  • Fotos do Pemba Beach Hotel em Pemba/Porto Amélia -aqui !
  • A costa de Pemba - aqui !
  • Maluane Island Resort - Quirimbas - Mozambique - aqui !
  • Matemo Islande Resort - aqui !
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  • Ilhas do Ibo, Quirimba e Sito - aqui !
  • As Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado - Estudo do Dr. Carlos Lopes Bento - aqui !

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6/20/07

Cabo Delgado - Plantas medicinais nas Quirimbas.

Descobertas 132 espécies de plantas medicinais nas ilhas Quirimbas.
Um estudo realizado a pedido da WWF pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM) sobre a vegetação terrestre do Parque Nacional das Quirimbas conseguiu descobrir um total de 132 espécies de plantas medicinais usadas pela comunidade local para combater várias enfermidades que têm fustigado a vida daspopulações do parque e zonas vizinhas.Segundo o estudo, das 132 duas Mespécies de plantas medicinais encontradas, um total de 105 plantas pertencem a mesma família.Tendo em conta as deficiências de cobertura da rede sanitária que continua a cobrir apenas 50 por cento dos cerca de 19 milhões de habitantes, a medicina tradicional com recurso a plantas é apontada como a salvação de muitas pessoas no país.As populações locais dos seis distritos da província de Cabo Delgado entre os quais Quissanga, Ibo e Macomia apontaram o uso da Flacourtia indica, Xiylotheca tettensis e Rourea orientais como principais espécies de plantas medicinais que abundam no Parque Nacional das Quirimbas.De um total de 53 enfermidades alistadas como podendo ser combatidas pelas espécies medicinais encontradas nas Quirimbas, constam a diarreia, complicações respiratórias, doenças oportunistas relacionadas com o HIV/SIDA, a malária, doenças de olho, complicações da orelha e hérnia.No geral e de acordo com os resultados do estudo realizado pela Universidade Eduardo Mondlane, o Parque Nacional das Quirimbas apresenta uma diversidade de plantas raras e para várias aplicações, daí que o mesmo estudo recomenda ao governo moçambicano no sentido de promover acções de exploração sustentável dos mesmos.“A partir de uma listagem e de um melhor conhecimento sobretudo das plantas mais utilizadas poderíamostentar criar bons mecanismos para um uso mais sustentável. Estamos aqui a falar da batata africana que, pelo que se sabe, parece ter algumas propriedades curativas de doenças oportunistas do HIV/SIDA. Felizmente é uma planta que cresce bem e facilmente multiplicável, mas até agora penso que não se fala tanto de uma massificação do cultivo dessa mesma planta. Este é um exemplo de conservação que deveria ser dado” – referiu o Dr. Salomão Bandeira, Professor assistente do Departamento de Ciências Biológicas da UEM que coordenou o estudo.O Parque Nacional das Quirimbas localiza-se nos seis distritos da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique e envolve uma área de aproximadamente 7.506 km2, sendo 5.984 km2 no continente enquanto que os restantes 1.522 km2 são cenários costeiros marinhos.
F.M. In MEDIA FAX n. 3810 de 19.06.2007

11/08/07

Parque Nacional das Quirimbas: O saque continua...

Exploração de recursos inquieta autoridades.
O Parque Nacional das Quirimbas voltou a denunciar a continuação das actividades ilegais no seu interior por exploradores florestais e caçadores furtivos e anunciou ter apreendido nos últimos três meses 469 toros de madeira, 1.604 barrotes, 179 tábuas, 46 pranchas, e em consequência de tais infracções aplicou multas a sete operadores, avaliadas em pouco mais de 500 meticais.
Na verdade, segundo dados colhidos pelo nosso Jornal durante a realização da Terceira Reunião do Comité de Desenvolvimento do Parque Nacional das Quirimbas, pelo porta-voz José Dias, da fiscalização, em apenas três meses, Julho a Setembro deste ano, foram apreendidos 178 toros de pau-preto, 152 de pau-ferro, 123 de jambire e 16 de Muanga em mãos de operadores no interior do parque.
Trata-se de empresas e operadores singulares com licenças de exploração florestal passadas pelos serviços respectivos na Agricultura, que acabam invadindo as áreas de conservação no interior do Parque das Quirimbas, que abarca regiões de cinco distritos de Cabo Delgado.
Com a empresa “Pacific International” foram encontrados 23 toros de jambire, já na vila sede do distrito de Ancuabe, e pela infracção foi-lhe imposta uma multa de 86.020,00 MT, no mesmo lugar onde foram apreendidos mais 24 toros da mesma espécie, desta feita pertencentes à “Mozambique Tienhe”, razão por que foi multada em 78.500,00MT.
Entretanto a multa mais avultada veio a recair ao operador florestal Costa Ferreira, em Muaja, onde havia depositado 25 toros de pau-ferro e oito de jambire. A fiscalização do PNQ determinou que pagasse ao Estado pela infracção 250.99,00Mt.
José da Silva Mucavele, por sua vez, vai pagar por ter sido surpreendido com 34 toros de jambire, igualmente em Muaja, cabendo-lhe a multa no valor de 41.000,00MT e um seu colega da aldeia Napuda, em Quissanga, vai pagar 70.500,00Mt por haver sido encontrado com 537 barrotes e sete tábuas.
Todos estes processos, segundo soube a nossa Reportagem, foram remetidos ao juízo das execuções fiscais, mas as autoridades do Parque mantém o alarido decorrente da contínua violação dos recursos naturais que se pretende proteger.
De igual modo, a caça furtiva praticada por elementos das comunidades residentes no interior do parque está muito longe de se estancar.
Nos três meses em análise, com efeito, foram desactivadas e destruídas 195 armadilhas, 71 cabos de aço e 381 laços, nas aldeias Napuda, distrito de Quissanga, e Timamoco e Mtepo, em Meluco.
Foram igualmente capturados 12 arcos e flechas na aldeia Muaja que se encontravam à venda pública e destruídos, já na parte marinha, dois acampamentos com 17 pescadores ilegais, apreendidas duas redes mosquiteiras usadas para a pesca do peixe miúdo) e retiradas três embarcações.
Entretanto, os animais bravios continuam a semear intranquilidade no seio das comunidades residentes no interior do Parque Nacional das Quirimbas, razão por que as autoridades que o administram decidiram que a 10 de Junho passado fossem abatidos 10 leões que dizimaram 12 cabritos na aldeia Massasse (em Meluco). Passados 15 dias e devido a uma incursão de um elefante solitário, desta feita na aldeia Pulo, em Pemba-Metiuge, o animal foi abatido, tendo a sua carne sido distribuída pelos aldeões e os troféus deixados como património do parque.
Maputo, Quinta-Feira, 8 de Novembro de 2007:: Notícias
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Obs. - É lamentável que continue impune essa exploração descomedida dos recursos naturais das Quirimbas-Moçambique, como deplorável é também o massacre crimonoso e cobarde dos animais da floresta sob o olhar complacente de quem deveria fiscalizar e impedir.
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Algumas ligações do ForEver PEMBA que mencionam o Arquipélago das Quirimbas:

1/12/09

Retalhos da História de Cabo Delgado: As Quirimbas em finais do século XIX e a decadência do Ibo.

Depois de um período de alguma prosperidade na passagem do século XVI para o século XVII, em que havia 11 ilhas habitadas e algum comércio, sucedeu o período da decadência portuguesa no Ìndico e a perda de Mombaça, a intensificação do tráfico da escravatura na região e as ilhas Quirimbas entraram em declínio.

De acordo com o comandante Leotte do Rego, em meados do século XIX só 4 ilhas do Arquipélago das Quirimbas eram habitadas: Ibo, Quirimba, Mefunvo e Matemo.

"Algumas dessas ilhas foram habitadas, em tempos mais ou menos remotos; o solo era cultivado; e ainda hoje por lá existem ruínas das antigas edificações, na maior parte conventos. De facto, n'essas regiões, os estabelecimentos portuguezes reduziam-se a isso.
O antigos colonos, pouco numerosos, e em pouca segurança na costa, fundavam as feitorias nas ilhas, de preferência ao continente, onde os indigenas os não deixavam em paz."(*79)

Informa, ainda, que "de todos aquelles estabelecimentos, apenas hoje existe o Ibo; os outros foram devastados por uma horda de Sakalaves, do Madagascar que, por 1837, saindo da sua ilha, infestaram as Comores, passaram às Querimbas e parece que à própria costa de Cabo Delgado.
Na ilha Quiziva, existem as ruínas de uma casa e cisterna ainda com água; na Macalue, os alicerces de um edifício; na Amiza, as paredes de uma ermida, que foi também hospicio dos jesuitas; no Namego um poço com água salobra."

A consolidação da soberania portuguesa na região e a criação de Porto Amélia e Palma, como também de Mocimboa da Praia alguns anos depois, não foram suficientes para atrair de novo as populações das ilhas, enquanto o Ibo entrava em decadência.

Em meados do século XIX, quando a vila do Ibo florescia e já era a capital das Quirimbas, tinha 2422 habitantes, cerca de 20 casas e 400 palhotas, um governador e um posto da alfândega. O forte de S. João Baptista estava fortificado com 17 canhões e era guarnecido por uma companhia de infantaria, enquanto os dois fortins dipunham de 13 peças.

Em 1859 escrevia Lopes de Lima, citado por João Loureiro, que "há no centro da povoação um passeio público, simetricamente arruado com árvores frondosas, tendo numa extremidade a igreja matriz e na outra a nova residência do governador".(*80)

Na segunda metade do século XIX as autoridades portuguesas procuraram definir as suas fronteiras a norte da costa moçambicana até à foz do rio Rovuma e a presença naval tornou-se gradualmente mais frequente.

Porém, o comandante Augusto Castilho depois de recordar os portos e desembarcadouros existentes entre as ilhas do arquipélago e entre elas e a costa, diz que "é muito fácil fazer-se contrabando em muitos deles, pois nada impede que um pangaio venha da Índia carregado de fazendas e vá desembarcá-las em qualquer ponto, visto ser quase nula a nossa fiscalização".(*81)

A fiscalização da extensa costa de Cabo Delgado em 1884, segundo Augusto Castilho, "é feita por dois objectos fluctuantes, um pouco parecidos com navios, construídos ali por um zeloso governador, official de infantaria, muito conhecedor de legislação militar.
Um d'esses objectos a que chamam hiate, a quem deram o nome de Mello Gouveia, e que traz içada a flâmula, virou-se quando o lançaram ao mar, e para conseguirem que tivesse estabilidade e podesse ir até Moçambique, tiveram que lhe encher o porão de pedras e peças velhas.
O outro objecto fiscalizador, que chamam chalupa Andrade Corvo, pouco peior é do que o precedente. O que vale para que os tripulantes de ambos estes pseudo-navios não andem constantemente com o credo na boca, é em primeiro logar serem elles mouros e por conseguinte incrédulos, e em segundo logar passarem a maior parte do tempo(os objectos) em concertos na praia.
Parece-me que o governo devia ser coherente, e assim como creio que não consentiria que um official da marinha dissesse missa, também devia severamente prohibir que um official de infantaria se atrevesse a construir navios. Emquanto os dois ex-ministros quem quiseram honrar, já há muito que deveriam ter querellado da supposta honra."

No seu projecto de orçamento das receitas e despesas da província de Moçambique, António Enes propunha no relatório que apresentou ao governo em 1893, a instalação da administração pública no concelho do Ibo, onde se incluiam a colocação de comandantes militares no Ibo, Palma e Mocimboa, além de outros agentes públicos no concelho do Ibo, como um delegado de saúde, farmacêutico e enfermeiro, um juiz da comarca, uma delegação da fazenda, uma alfândega, missionários e professores da instrução primária nas freguesias do Ibo e Quirimba e, ainda, delegados da capitania dos porto no Ibo, Palma e Mocimboa.

Em finais do século XIX a recém formada Companhia do Niassa estabeleceu a sua sede no Ibo, a administração foi instalada e a vila cresceu. Para além da igreja matriz e do forte que então só tinha 15 peças de artilharia e que no interior dispunha de alojamento para 300 homens, surgiram novos edifícios, como a Intendência do Governo, o Tribunal da Comarca, a sucursal do Banco Nacional Ultramarino, o Teatro Iboense, várias agências de navegação, sete consulados estrangeiros e escritórios de advogados.(*82)

Em 1904, o comandante Leotte do Rego referia que a vila do Ibo dispunha de "grande número de habitações regulares, distribuídas em 10 ruas, com 25 ou 30 edifícios de alvenaria, com um andar e terraço vasto, com mais de 400 casas de madeira, barradas por fora e por dentro caiadas, cobertas de folhas de palmeira a que os naturais chamam macuta. No centro da povoação há um grande jardim público, simetricamente arruado, tendo as árvores mais frondosas da ilha; e junto dele fica, de um lado, a igreja matriz, e, do outro, a residência do governo. Nos arredores da vila não há mais de 300 ou 400 palhotas, mal construídas, mas alinhadas".(*83)

*79 - Leotte do Rego, Op. cit., p. 19.
*80 - João Loureiro, Postais Antigos da Ilha de Moçambique & Ilha do Ibo, p. 12.
*81 - Augusto Castilho, Relatório acerca de alguns portos da província de Moçambique, p. 51;
*82 - João Loureiro, Op. cit., p. 12.
*83 - Leotte do Rego, Op. cit., p. 90.

--> Continua.

O autor:
Adelino Rodrigues da Costa entrou para a Escola Naval em 1962 como cadete do "Curso Oliveira e Carmo", passou à reserva da Armada em 1983 no posto de capitão-tenente e posteriormente à situação de reforma. Entre outras missões navais que desempenhou destaca-se uma comissão de embarque realizada no norte de Moçambique entre 1966 e 1968, onde foi imediato da LGD Cimitarra e comandante das LFP Antares e LFG Dragão.Especializou-se em Artilharia, comandou a LFG Sagitário na Guiné, foi imediato da corveta Honório Barreto, técnico do Instituto Hidrográfico, instrutor de Navegação da Escola Naval, professor de Navegação da Escola Náutica e professor de Economia e Finanças do Instituto Superior naval de Guerra. Nos anos mais recentes foi docente universitário, delegado da Fundação Oriente na Índia e seu representante em Timor Leste. É licenciado em Sociologia (ISCSP), em Economia (ISEG), mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação (ISCTE) e membro da Academia de Marinha.

O livro:
Título - As Ilhas Quirimbas - Uma síntese histórico-naval sobre o arquipélago do norte de Moçambique;Edição - Comissão Cultural da Marinha;Transcrição da publicação "As ilhas Quirimbas de Adelino Rodrigues da Costa, edição da Comissão Cultural da Marinha Portuguesa, 2003 - Capítulo 11, que me foi gentilmente ofertado pelo Querido Amigo A. B. Carrilho em Pinhal Novo, 26/06/2006.

- Do mesmo autor neste blogue:

  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 1 - Aqui!


  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 2 - Aqui!


  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 3 - Aqui!


  • Retalhos da História de CABO DELGADO - O nascimento de Mocimboa da Praia - Aqui!


  • Retalhos da História de CABO DELGADO - Zanzibar e a escravatura nas Quirimbas - Parte 1 - Aqui!


  • Retalhos da História de CABO DELGADO - Zanzibar e a escravatura nas Quirimbas - Parte 2 - Aqui!


  • Retalhos da História de CABO DELGADO - Zanzibar e a escravatura nas Quirimbas - Parte 3 - Aqui!


  • Retalhos da História de CABO DELGADO - A Ilha do Ibo - Aqui!

- Outros post's deste blogue que falam do Ibo e região, com textos e documentos do também historiador e profundo conhecedor do Arquipélago das Quirimbas e de Moçambique, Dr. Carlos Lopes Bento - Aqui, aqui, aqui!

11/04/08

Retalhos da História de CABO DELGADO - Zanzibar e a escravatura nas Quirimbas - Parte 3

(Continuação daqui.)

... Em 1857 ocorreu a primeira tentativa importante para ocupar a baía de Pemba com colonos portugueses com a finalidade de criar um núcleo populacional e fixar uma autoridade administrativa forte na região, que foram transportados desde Lisboa na escuna Angra.

No entanto, apesar da presença desta escuna, só a partir de 1861 foi reforçada a repressão do tráfico de escravatura na costa moçambicana com a presença das canhoneiras Barão de Lazarim e Maria Ana, que eram navios modernos e tinham propulsão a vapor.(62)

Embora a atividade operacional destas duas canhoneiras fosse mais acentuada nas áreas para sul da Ilha de Moçambique, navegaram também na baía de Pemba, no porto do Ibo, e na baía de Tungue, correndo a costa até Cabo Delgado, para além de terem visitado Zanzibar em 1861 para apoiar uma visita do governador de Moçambique nas negociações que regularmente mantinha com as autoridades zanzibaristas, para resolver a questão dos limites da fronteira norte de Moçambique. ...

Porém, o negócio da escravatura não acabou com a ação repressiva que foi conduzida pela Marinha e, em príncipios do século XX reacendeu-se, "porque a Marinha Britânica já não vigiava aquelas costas havia muito tempo e a dos portugueses, afligida pelos seus crónicos problemas, só raramente saía dos portos".(63)

Os registos da canhoneira Chaimite revelam que, entre 1901 e 1905, aquele navio ainda andou empenhado na repressão do tráfico da escravatura na região de Angoche, embora não haja referências a esse tipo de actividade na área do arquipélago das Quirimbas.

Em 1931, depois de se referir ao império de terror exercido pelos aprisionamentos dos árabes e pelos massacres dos Manguanguaras que iam reduzindo a população e cortando as comunicações do interior com o Ibo e com o Tungue, escrevia João Coutinho que o tema da escravatura ainda era abordado: "Hoje, porém, as influências alemã e inglesa na costa têm, por um lado, dificultado grandemente o tráfico humano, a ponto de podermos esperar que, apesar de ainda que não de todo extinto, dentro em pouco só existirá dele a memória; e por outro lado, os Maguanguaras têm, de há anos para cá, ido acabando com as suas incursões desde que algumas povoações ajauas nãso só se defenderam com vantagem, como também lhes inflingiram rudes castigos. Acresce que os os árabes vão desaparecendo dali desde que o seu género comercial não tem extracção por falta de mercado, e assim, mercê dos vigilantes occupadores da costa, têem abandonado o seu commercio illicito que, ha annos ainda, levava annualmente mais de 2:000 escravos da riqussima região do Cabo Delgado".(64)

*62 - A canhoneira Barão de Lazarim foi construída no Arsenal da Marinha e foi o primeiro navio a vapor construído em Portugal.
*63 - René Pélissier, História de Moçambique, Vol. I, p. 383.
*64 - João Coutinho, do Nyassa a Pemba, p.8.

O autor:
Adelino Rodrigues da Costa entrou para a Escola Naval em 1962 como cadete do "Curso Oliveira e Carmo", passou à reserva da Armada em 1983 no posto de capitão-tenente e posteriormente à situação de reforma. Entre outras missões navais que desempenhou destaca-se uma comissão de embarque realizada no norte de Moçambique entre 1966 e 1968, onde foi imediato da LGD Cimitarra e comandante das LFP Antares e LFG Dragão.Especializou-se em Artilharia, comandou a LFG Sagitário na Guiné, foi imediato da corveta Honório Barreto, técnico do Instituto Hidrográfico, instrutor de Navegação da Escola Naval, professor de Navegação da Escola Náutica e professor de Economia e Finanças do Instituto Superior naval de Guerra. Nos anos mais recentes foi docente universitário, delegado da Fundação Oriente na Índia e seu representante em Timor Leste. É licenciado em Sociologia (ISCSP), em Economia (ISEG), mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação (ISCTE) e membro da Academia de Marinha.

O livro:
Título - As Ilhas Quirimbas - Uma síntese histórico-naval sobre o arquipélago do norte de Moçambique;Edição - Comissão Cultural da Marinha;Transcrição da publicação "As ilhas Quirimbas de Adelino Rodrigues da Costa, edição da Comissão Cultural da Marinha Portuguesa, 2003 - Capítulo 11, que me foi gentilmente ofertado pelo Querido Amigo A. B. Carrilho em Pinhal Novo, 26/06/2006.

- Do mesmo autor neste blogue:

  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 1 - Aqui!
  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 2 - Aqui!
  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 3 - Aqui!
  • Retalhos da História de CABO DELGADO - O nascimento de Mocimboa da Praia - Aqui!
  • Retalhos da História de CABO DELGADO - Zanzibar e a escravatura nas Quirimbas - Parte 1 - Aqui!
  • Retalhos da História de CABO DELGADO - Zanzibar e a escravatura nas Quirimbas - Parte 2 - Aqui!

- Em breve neste blogue:

  • A Ilha do Ibo;
  • As Quirimbas em finais do século XIX e a decadência do Ibo.

11/13/08

Retalhos da História de Cabo Delgado - A ILHA DO IBO.

Dedico este post a meu muito prezado e querido Amigo António Baptista Carrilho.

Situada próximo da ilha Quirimba e com fácil ligação com ela, a ilha do Ibo tem cerca de 10 km de comprimento e cerca de 7 km de largura, sendo muito plana e arborizada.

Na sua parte norte localiza-se a vila do Ibo, o mais importante agregado populacional do arquipélago das Quirimbas.

Gaspar Ferreira Reymão que em princípios do século XVII invernou na ilha do Ibo na sua viagem para a Indía, refere que a ilha tem "uma fortaleza, cercada bastante para se defender dos cafres, que às vezes passam de guerra de baixa mar a pé as ilhas, com muito bom aposento de casas de pedra e cal, capazes para se aposentar nelas a pessoa de um Vice-rei, como esteve Rui Lourenço de Távora com toda a sua casa".(43)

Mais tarde, no ano de 1644, o "regimento e roteiro para virem de Portugal embarcações em direitura à ilha de Ceilão", recomenda que as embarcações "virão a Moçambique refrescar-se, ou ao Ibo, que é melhor, e tem mais água naquele porto, de onde partirão para a Índia nos primeiros dias de Agosto".(44)

Porém, em meados do séc. XVII, apesar de ter "bom aposento de casas de pedra e cal" e de ter "mais água" no seu porto, a ilha do Ibo entrou em acentuada decadência, como de resto aconteceu com as restantes ilhas do arquipélago, num processo em que se conjugaram muitos factores, que correspondem a um duplo abandono: o abandono dos residentes que inseguros e indefesos fugiam das frequentes incursões dos árabes de Zanzibar e Mombaça, mas também o abandono dos portugueses que deixaram de frequentar a região quando alteraram as suas rotas da carreira da Índia para evitarem a hostilidade holandesa no mar.

Adicionalmente, a partir da mesma época, o interesse português estava centrado no Brasil e todas as possessões portuguesas do Índico estiveram sujeitas a um certo tipo de isolamento ou mesmo de abandono.

No entanto, em meados do sé. XVIII, quando o comércio de escravos se tornou uma prática corrente na costa oriental africana, a ilha do Ibo prosperou rapidamente como um dos mais importantes elos dessa lucrativa cadeia dominada pelos mercadores árabes. A hidrografia da região proporcionava boas condições de acesso ao litoral e as ilhas vizinhas garantiam abrigos e fundeadouros seguros e discretos aos traficantes.

A povoação do Ibo cresceu com esse comércio intenso e surgiram novas actividades e novos edifícios, enquanto a sociedade local, que até então era predominantemente macua, foi acrescentada com elementos árabes e indianos, mas também com muitos mestiços e, em menor grau, com portugueses.

Quando em 1752 a reforma pombalina decretou uma nova organização para os territórios ultramarinos portugueses, Moçambique autonomizou-se e foi separado do governo de Goa, passando a ser governado por Francisco de Mello e Castro que, de acordo com as instruções recebidas de Lisboa, determinou que a fortaleza existente no Ibo fosse substituída por uma outra, numa tentativa de levar as posições territoriais portuguesas mais para o Norte.

A nova fortificação foi construída em 1754 e foi baptizada como Forte de S. João Baptista mas, em 1791, foi reconstruida e reforçada na ponta NW da ilha, tendo a forma de uma estrela com muralhas de 16 pés e sem fosso. A protecção da ilha foi ainda assegurada por dois fortins: o fortim de S. José, localizado a SW da ilha e que era artilhado com 9 peças e o fortim de S. António, situado a SE da ilha e que era artilhado com 6 peças.(45)

Com esta proteção fortificada, a ilha do Ibo ficou mais ligada aos interesses portugueses, garantiu alguma autonimia em relação à influência mercantil e cultural árabe, conseguiu resistir às tentativas francesas e holandesas para dela se apossarem e, também, aos assaltos dos sakalavares de Madagáscar que tinham começado a fazer incursões e assaltos naquela área.

No entanto, a autoridade portuguesa do Ibo parece não ter sido suficientemente interessada e eficaz na repressão da escravatura, que terá sido muito importante naquela área até quase ao final do século XIX.

*43 - Gaspar Ferreira Reymão, Op. cit., p. 32.
*44 - Alberto Iria, Op. cit., p. 102.
*45 - Leotte do Rego, Op. cit., p. 89.

O autor:
Adelino Rodrigues da Costa entrou para a Escola Naval em 1962 como cadete do "Curso Oliveira e Carmo", passou à reserva da Armada em 1983 no posto de capitão-tenente e posteriormente à situação de reforma. Entre outras missões navais que desempenhou destaca-se uma comissão de embarque realizada no norte de Moçambique entre 1966 e 1968, onde foi imediato da LGD Cimitarra e comandante das LFP Antares e LFG Dragão.Especializou-se em Artilharia, comandou a LFG Sagitário na Guiné, foi imediato da corveta Honório Barreto, técnico do Instituto Hidrográfico, instrutor de Navegação da Escola Naval, professor de Navegação da Escola Náutica e professor de Economia e Finanças do Instituto Superior naval de Guerra. Nos anos mais recentes foi docente universitário, delegado da Fundação Oriente na Índia e seu representante em Timor Leste. É licenciado em Sociologia (ISCSP), em Economia (ISEG), mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação (ISCTE) e membro da Academia de Marinha.

O livro:
Título - As Ilhas Quirimbas - Uma síntese histórico-naval sobre o arquipélago do norte de Moçambique;Edição - Comissão Cultural da Marinha;Transcrição da publicação "As ilhas Quirimbas de Adelino Rodrigues da Costa, edição da Comissão Cultural da Marinha Portuguesa, 2003 - Capítulo 11, que me foi gentilmente ofertado pelo Querido Amigo A. B. Carrilho em Pinhal Novo, 26/06/2006.

- Do mesmo autor neste blogue:


  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 1 - Aqui!


  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 2 - Aqui!


  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 3 - Aqui!


  • Retalhos da História de CABO DELGADO - O nascimento de Mocimboa da Praia - Aqui!


  • Retalhos da História de CABO DELGADO - Zanzibar e a escravatura nas Quirimbas - Parte 1 - Aqui!


  • Retalhos da História de CABO DELGADO - Zanzibar e a escravatura nas Quirimbas - Parte 2 - Aqui!


  • Retalhos da História de CABO DELGADO - Zanzibar e a escravatura nas Quirimbas - Parte 3 - Aqui!

- Outros post's deste blogue que falam do Ibo e região, com textos e documentos do também historiador e profundo conhecedor do Arquipélago das Quirimbas e de Moçambique, Dr. Carlos Lopes Bento - Aqui e aqui!
- Em breve neste blogue:

  • As Quirimbas em finais do século XIX e a decadência do Ibo.

12/22/07

Quirimbas é problema para a população local...

(Imagem original daqui)
Maputo, Sexta-Feira, 21 de Dezembro de 2007:: Notícias - O vice-ministro do Turismo, Rosário Mualeia, reconheceu, há dias em Pemba, que o Parque Nacional das Quirimbas está a transformar-se num problema para a população, particularmente devido ao conflito Homem – animal. Com efeito, a administração do parque já apresentou um plano ao Governo Provincial de Cabo Delgado, que consiste na delimitação da área a si destinada.
“Pensamos ser a primeira medida e há aconselhamento em fóruns que temos tido com a comunidade internacional que dizem que na verdade precisamos de fazer uma audição nacional para estudar a sustentabilidade dos parques, porque há consciência internacional, de todos os países, que aponta para a necessidade de evitar que os parques constituam problema para o Homem”, disse Mualeia.
Noutros pontos do país, conforme o vice-ministro do Turismo, o problema de conservação está relativamente a caminhar bem, assim como o maneio comunitário tem sido bem sucedido, sendo exemplo disso o projecto “Tchuma Tchato” (nossa riqueza), na província de Tete.
A fonte acredita que “Tchuma Tchato” está a ser bem sucedido porque os benefícios às comunidades são consideráveis, não se podendo dizer o mesmo em relação ao Parque Nacional das Quirimbas que se encontra em fase de consolidação.
“O valor animal em “Tchuma Tchato” é compreendido, aqui precisamos de mostrar esse valor à população, através de benefícios. Para além disso, existe uma rivalidade natural que advém do facto de haver um crescimento demográfico rápido, assim como na população animal, o que adensa a disputa de espaço e torna o conflito cada vez mais renhido”.
No centro do país, de acordo com a fonte, o Parque Nacional de Gorongosa voltou a ser o projecto mais ambicioso do país, mais uma vez porque a população sempre respeito o espaço da estância.
Entretanto, no sul do país, os Parques de Zinave, Banhine e Limpopo, para a nossa fonte devem ser tratados de forma diferente porque têm, igualmente, características diferenciadas das do Parque Nacional das Quirimbas.
“Os problemas que temos tido com alguns deles são resolvidos com o reassentamento da população. É verdade que o processo é moroso, mas essa é que vai ser a solução. E aqui a vantagem é que são poucas pessoas. Estamos a falar de 6.000 e nas Quirimbas são cerca de 100.000 de cinco distritos”.
Num outro desenvolvimento quisemos saber de Rosário Mualeia o que se pode dizer do Turismo de praia em Moçambique, tendo nos respondido que está a subir, recorrendo a um exemplo de no ano passado o país ter sido visitado por 900.000 turistas enquanto que para o presente perspectiva-se 1.2000.000.
Por outro lado, a fonte revelou que em termos de investimento o país saiu de 80 milhões para 600 milhões de dólares norte-americanos, um crescimento que tem a ver com a sustentabilidade do sector turístico em Moçambique.

This is just a collection of video from 3 dives done in the Quirimbas Archipelago made for the Ilha Quisiva Weblog at http://blog.quisiva.com./ Most of the video was shot on a SCUBA dive done off Ilha Quisiva (http://www.quisiva.com/) in Northern Mozambique in the Indian Ocean, while some of the pictures were taken only a few minutes further North near Sencar & Quilalea. This is the most pristine diving I have seen in over 1000 dives. If you are interested why not take a look at some of my articles on http://blog.quisiva.com/.


(Para evitar sobreposição de sons, não esqueça de "desligar" a "Last.FM" no lado direito do menu deste blogue.)

3/26/08

Balanço dos três anos da instituição do Parque Nacional da Quirimbas.

(Imagem original daqui)
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No terceiro ano desde a sua instituição:
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COMO VAI O PARQUE NACIONAL DAS QUIRIMBAS ?
As autoridades do Parque Nacional das Quirimbas continuam insatisfeitas face à continuação da prática de acções ilegais no interior do mesmo, por operadores florestais e de fauna bravia, exploradores fora-da-lei dos produtos pesqueiros, assim como por causa da morosidade da parte do juízo de execuções fiscais no tratamento das multas aplicadas e retorno do 50 porcento consignados aos intervenientes, para o que clama por uma melhor coordenação com a autoridade tributária.
Já no seu terceiro ano, desde a sua oficialização, o Parque Nacional das Qurimbas, localizado nos seis distritos centrais da província de Cabo Delgado, envolvendo uma área aproximada de 7.506 quilómetros quadrados, vai gerindo os conflitos que já se anteviam tendo em conta a sua especificidade.
Só o facto de 5.984 quilómetros quadrados pertencerem ao continente e os restantes 1.522 serem habitantes costeiros e marinhos, tendo dentro de si 11 ilhas, é por si, indicador, provavelmente, da razão por que tem que ser preservado, apesar das dificuldades que nestes primeiros anos está a encontrar.
Trata-se de defender as ilhas e a faixa litorânea que são constituídas por rocha costeira e têm origem recente, tendo sido formadas durante o período Terciário por meio de levantamentos ao longo da plataforma continental. Nas próprias ilhas há a tendência para a acumulação de areia ao longo do lado ocidental e daí resulta a maior parte das praias utilizáveis.
A maioria das ilhas não tem água doce, com a excepção de Ibo, Matemo e Quirimbas, por serem suficientemente grandes para manterem uma camada de água doce sobre a camada do lençol freático salino.
O Parque contém uma diversidade de habitates marinhos numa área relativamente pequena, que inclui as florestas de mangal do Ibo e Matemo, os tapetes de ervas marinhas, na desembocadura do rio Montepuez, bem como na área entre as ilhas de Ibo e Matemo, na baía de Quipaco e no espaço a ocidente das ilhas de Quisiwe e Mefundvo.
Há por outro lado, o recife de coral que se estende ao longo de todo o Arquipélago, até para lá dos limites do parque, junto a uma fauna marinha que é conhecida pela existência de pelo menos cinco espécies de tartarugas marinhas que visitam a área e uma delas é dada como nidificando na área do parque. Dungongos, cerca de 140 espécies de moluscos, 375 de peixes e tanta outra riqueza por baixo da agua do mar. E na parte continental?
Na verdade, matas costeiras, savanas ribeirinhas, prolongados mosaicos de um tipo de vegetação que varia não só de acordo com a elevação, distância da costa, como dependente das características do solo e água, mas também conforme o impacto humano sobre estes recursos.
A região do Parque é tida como prioritária para a fauna e nela foram identificadas três rotas importantes de migração de elefantes que atravessam a área e abundam diferentes espécies de animais, desde cudos, fococeros leões, hienas e numerosas aves de rapina.
Ora, em Outubro do ano passado já havia a informação de que a exploração ilegal dos recursos naturais no interior do Parque Nacional das Quirimbas (PNQ), que abarca os já citados seis distritos de Cabo Delgado, designadamente, Quissanga, Ibo, Meluco, Macomia, Pemba-Metuge e Ancuabe, continuava a inquietar as autoridades daquela que hoje já se afirma como instituição a ter em conta na conservação e preservação do ambiente naquele ponto do país.
Dados disponíveis indicavam que em três meses haviam sido apreendidos 469 toros de madeira, 1.604 barrotes, 179 tábuas, 46 pranchas e, em consequência desse comportamento fora-da-lei, aplicadas multas a 7 operadores, avaliadas em cerca de 527 mil Meticais.
Na altura em que o nosso jornal começou a reunir estes dados, já ficava descriminado que se tratava de 178 toros de pau-preto, 152 de pau-ferro, 123 de jambire e 16 de muanga, em mãos de operadores no interior do parque. São, na verdade, de agentes singulares de exploração de madeira, com licenças simples de exploração florestal, passadas pelos serviços respectivos na Agricultura, que acabam invadindo as áreas de conservação.
Com a empresa /Pacific International /, por exemplo, haviam sido encontrados 23 toros de jambire, já na vila-sede do distrito de Ancuabe e pela infracção, sido imposta uma multa de 86.020,00 MT, no mesmo lugar onde foram apreendidos mais 24 toros da mesma espécie, desta feita pertencente a /Mozambique Tienhe/, razão porque havia sido multada em 78.500,00MT.
A multa mais avultada encontrada pela nossa reportagem fora recair ao operador florestal Costa Ferreira, na aldeia Muaja, ainda no interior do distrito de Ancuabe, onde havia depositado em instância 25 toros de pau-ferro e 8 de jambire. A fiscalização do parque determinou que pagasse ao Estado, pela infracção, 250.999,00 MT.
José da Silva Mucavele, por sua vez, iria pagar por ter sido surpreendido com 34 toros de jambire, igualmente em Muaja, cabendo-lhe a multa no valor de 41.000,00 MT e o seu colega, José Vidyoko Kalamuka, da aldeia Napuda, já no distrito de Quissanga, pagaria 70.500,00 MT, por haver sido encontrado com 537 barrotes e 7 tábuas.
A /Kodak Professional Center/, é igualmente uma empresa madeireira, que pelas mesmas razoes teve de ser multada em 108.000,00 MT, em Biaque, distrito de Ancuabe, mesma divisão administrativa onde Khaeronissa Daudo enfrentaria uma multa de 125.500,00 MT, este na área conhecida por Rapale.
Todos estes processos, segundo apurou o /notícias/ haviam sido remetidos ao juízo das execuções fiscais, mas as autoridades do Parque Nacional mantinham o alarido decorrente da contínua violação dos recursos naturais que se pretende proteger.
Interessante porém, é o facto de muitos destes processos continuarem, desde meados do ano passado, à espera do seu veredicto e o destino do produto apreendido estar dependente do desfecho, havendo em alguns casos, apreensão de meios circulantes.
Ancuabe é o distrito onde os furtivos se sentem mais à vontade do que em todos outros pertencentes ao Parque Nacional das Quirimbas. Dados colhidos pelo nosso jornal, indicam que este distrito sozinho chamou à si infracções que resultaram na apreensão de 883 toros de diferentes espécies, mais 387 barrotes. Em contrapartida, Macomia, Pemba-Metuge e Meluco, disputam 680 barrotes e 122 tábuas apreendidas.
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ASSUNTO QUE NÃO É PARA JORNAIS.
O nosso jornal quis ouvir o comentário da Direcção de Execuções Fiscais, área de Pemba, em relação às lamentações do Parque Nacional das Quirimbas, sobre a alegada morosidade, da sua parte, quanto à resolução dos diferendos que opõem aquela instituição estatal e os exploradores ilegais de madeira.
A directora Helena Damas começou por dizer que não estava autorizada a falar para a imprensa e que na sua opinião não se tratava de assunto que fosse levado a debate em jornais, alegadamente por o funcionamento do Tribunal obedecer a regras que podem não agradar aos queixosos, neste caso, o Parque.
Helena Damas foi, entretanto, explicando ao nosso jornal que /não é de hoje para amanhã que se resolve um contencioso, tendo em conta que há também recursos que se podem interpor, obedecemos a prazos, são assuntos que envolvem muitos interesses. Os processos estão a seguir os seus trâmites.
Para Damas é estranho que o assunto tenha saído para o público sem que o Parque das Quirimbas sequer se tenha aproximado à Direcção de Execuções Fiscais para se aperceber do que está a acontecer com cada um dos processos à si remetidos.
Há aqui processos de mais de quatro anos, simplesmente porque a sua resolução leva tempo, precisamos de ser cuidadosos, tanto é que, nalguns casos, há aqueles cujos presumíveis infractores não pertencem a esta área fiscal e aí precisamos de trocar correspondência com a área congénere, aclarou.
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A PRESSÃO EM TERRA, NO MAR E CURIOSIDADES...
Para além da acção ilegal de exploração madeireira, conforme as autoridades do PNQ, nota-se uma grande pressão de caça furtiva protagonizada pelas comunidades locais, usando instrumentos proibidos, sendo que, nos últimos três meses do ano passado haviam sido desactivadas e destruídas 195 armadilhas, 71 cabos de aço e 381 laços, com particular incidência nas aldeias Napuda, distrito de Quissanga, Mitepo e Tipamoco, em Meluco.
Nos armazéns do Parque Nacional das Quirimbas há arcos e flechas armazenados, capturados na via pública onde são vendidos a novos candidatos a caçadores furtivos, assim como a turistas e outros compradores que as usam nas cidades como instrumentos eficazes para se defenderem dos ladroes nas suas próprias casas.
Entretanto, curiosa foi a atitude do governo distrital de Macomia, que sem ter coordenado com as autoridades do Parque, se envolveu no que hoje é qualificado como abate ilegal de animais, facto que soubemos ter sido notificado ao governador provincial. Tratou-se duma palapapa, abatida em Napala, zona no interior do parque, por isso estritamente protegida.
Em Namaluco, distrito de Quissanga, a população não quer entregar as pontas dum elefante que se considera ter morrido por causas desconhecidas, exigindo para isso uma compensação no valor de 50.000,00 MT. O Parque, perante tal realidade, nada mais fez do que escrever uma carta ao governo do distrito, que ainda não reagiu. Tal relutância não aconteceu em Pemba-Metuge, onde se confirma ter morrido um outro elefante, em iguais circunstâncias, na aldeia de Mareja.
Estes factos são o dia a dia das regiões no interior do Parque, pois na verdade, segundo reconhece o seu administrador, José Dias, o conflito homem/animais bravios é uma das questões mais criticas na parte terrestre do parque, onde se registam danos nas machambas e ataques a pessoas.
O gráfico que fala das incursões dos paquidermes é elucidativo: foram 398 no ano passado. Uma descida significativa, se se tiver em conta que em 2006 haviam sido registadas 933, do que resultou, então, na morte de 8 pessoas, contra 6 de 2007.
Fomos informados que o Parque está neste momento a fazer um levantamento das distâncias que separam as aldeias ao longo das estradas principais, com o objectivo de definir áreas para a passagem de animais, nas quais terão que ser proibidos o estabelecimento de novas aldeias ou abertura de novas machambas.
O que se pretende agora é alargar as machambas ou aldeias mais para o interior e não ao longo da estrada, justificam as autoridades do PNQ, ao mesmo tempo que se está a estudar a nível do Governo Provincial, doadores, sector privado e comunidades locais, a possibilidade de serem introduzidas vedações eléctricas nas áreas propostas para a conservação e turismo.
Há esforços tendentes a controlar a pesca artesanal a partir de um censo que inicia em Junho próximo, visando à actualização dos dados referentes à situação geral das unidades de pesca existentes e suas características, número de pescadores envolvidos, artes e outros aspectos que se consideram importantes, bem como, ainda se pretende melhorar o controle com uma proposta de um censo semestral.
Regista-se o envenenamento dos cursos de água por pescadores ao longo do rio Montepuez, usando pesticidas. Dois acampamentos com 17 pescadores ilegais foram destruídos, apreendidas duas redes mosquiteiras e retirada de três embarcações.
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TURISMO COMUNITÁRIO.
A proposta é aliciante: implementar um turismo sustentável e de alta qualidade no Parque Nacional das Quirimbas. Ao mesmo tempo se pretende que o turismo comunitário faça com que os rendimentos familiares dupliquem ou tripliquem em todos os meses.
Na Ilha do Ibo, desde Fevereiro do ano passado que foi operacionalizado o turismo comunitário. Quando quisemos saber dos resultados, obtivemos a seguinte resposta:
Três casas a receber hóspedes e um quarto reabilitado, a associação do turismo comunitário de N´lamba ficou registada ao nível distrital para desenvolver actividades e serviços turísticos, havendo ainda perspectivas de alugar duas a quatro casas para o desenvolvimento de actividades turísticas, como sejam, passeios, saídas, transportes, actividades culturais...
Na verdade, o rendimento proveniente do aluguer dos quartos nos dá a sensação de que há seriedade no tratamento deste tipo de turismo. Em 137 noites vendidas, soubemos que houve ganhos na ordem dos 35.250,00 MT, dos quais 21.150 foram para as donas de casa e 10.575 para o fundo comunitário e 3.525 para a administração.
Em Muagamula o comité de gestão dos recursos naturais de Ningaia tem a responsabilidade quase total. Com dois guardas que trabalham em turnos e para a manutenção e limpeza do sitio de acesso, mas sobretudo para controlar as entradas, que estão fixadas em 50MT para estrangeiros e 25 para os nacionais.
As entradas de turistas no acampamento nos meses de Julho, quando o controle começou, até Novembro, apenas 84, nos informam terem sido colectados 4.200,00 MT.
Em Meluco-sede está a ser reabilitada a pensão Ana Maria para oferecer alojamento básico e estão em formação três guias para passeios nas montanhas e nos arredores e se perspectiva a observação de elefantes nas fontes de água e actividades turísticas, tais como a dança e comida tradicional.
Em Namau, distrito de Pemba-Metuge, está em construção uma ponte-passadeira para a observação do mangal, ao mesmo tempo que está em construção uma casa de hóspedes.
Os ganhos sociais vão ainda muito longe com a atribuição de bolsas de estudo a 30 alunas no distrito considerado piloto de Macomia, na tentativa de incentivar a rapariga a continuar a estudar, sendo elegíveis aquelas que completam a quinta classe e que vivem nas aldeias que se separam a mais de 5 quilómetros duma escola primária do segundo grau. Só uma não conseguiu chegar ao fim do ano passado com bom aproveitamento.
Da mesma forma, continua a construção de uma escola com duas salas de aula, usando material convencional, na aldeia Darumba, posto administrativo de Mucojo, ainda no distrito de Macomia, numa colaboração entre o PNQ e a Direcção da Educação no distrito. Em fase de conclusão está ainda a escola de Mefundvo, que devido a problemas de supervisão está a demorar.
Pedro Nacuo - Maputo, Quarta-Feira, 26 de Março de 2008:: Notícias
  • Diversos post´s deste blog sobre as Ilhas Quirimbas, Pemba, Ibo, temas históricos, tradicionais, etç. - Aqui !

10/31/08

Retalhos da História de CABO DELGADO - Zanzibar e a escravatura nas Quirimbas - Parte 2

(Continuação daqui.)

Oficialmente, Portugal já proibira em 1761 a importação de escravos no reino e nas Ilhas e, na época em que o tráfico se acentuou na costa oriental africana, o poder português no oceano ìndico declinava, pelo que não havia condições nem meios para controlar essa atividade, já proíbida pela legislação portuguesa de 1836.

No segundo quartel do século XIX, depois de ultrapassada a prolongada crise por que passara o país com as invasões francesas e a guerra civil, o governo português passou a enviar navios militares para Moçambique com a missão específica de reprimir o tráfico da escravatura e, frequentemente, as autoridades moçambicanas armaram navios apresados que utilizaram no combate ao tráfico.

O combate ao tráfico da escravatura intensificou-se então, com particular incidência nas zonas de Angoche e ilha de Moçambique, mas também na área do arquipélago das Quirimbas, como se verifica por alguns registos mais acessíveis.

A corveta Relâmpago, por exemplo, que antes era a barca brasileira Maria da Glória que fora apresada em 1840 por ser negreira, apreendeu no ano seguinte em Lourenço Marques o brigue D. Manuel de Portugal e o patcho Paquete da Madeira, por serem negreiros.(54)

Também o brigue Caçador Africano, que provávelmente era um negreiro apresado nesse ano de 1841, permaneceu na costa moçambicana entre 1841 e 1844 com a missão de perseguir o tráfico de escravos.(55)

O brigue D. João de Castro(56) chegou a Moçambique em Setembro de 1841 e permaneceu regularmente na costa moçambicana até 1855, empenhado na repressão do tráfico da escravatura e em outras missões, tendo apresado em 1842 na área de Quelimane a barca brasileira Inês, por ser negreira.

Em 26 de Julho de 1845 fundeou "entre as ilhas Quirimbas e terra firme", perto de um brigue suspeito de se empregar no tráfico de escravos. "Um oficial enviado a bordo verificou que o navio, além de estar abandonado, dispunha o necessário para o transporte de escravos, a saber: caldeira, grande número de par de machos, mais de 200 pipas de água e muito mantimento".(57)

O comandante mandou que um oficial de 14 praças dele tomasse posse. Não existiam a bordo nem papéis, nem bandeiras e, no porão, foi encontrado um letreiro dourado com o nome de Montevideo, pelo que se presumiu que o navio era brasileiro. Na madrugada seguinte, o comandante mandou dois escaleres apreender as embarcações do negreiro que se achavam em terra. Os negreiros defenderam-se a tiro, pelo que o oficial regressou a bordo sem trazer a lancha do brigue, porque se achava muito arruinada.

Em Março de 1847 o brigue D. João de Castro apresou o brigue americano Commerce of Providence por andar no tráfico negreiro entre Quelimane e Moçambique e, em Novembro, apresou em Angoche o brigue americano Magoum.

Em Setembro de 1843 o brigue Conde de Vila Flor saíu de Lisboa para Moçambique sob o comando do 1º tenente Pedro Loureiro Pinho, a fim de ser integrado na Estação Naval e ser utilizado na repressão do tráfico, nos termos do tratado de 3 de Julho de 1842 para a completa abolição da escravatura.(58)

Em Agosto de 1845 saiu para o Ibo e depois para a baia de Pemba, onde capturou três pangaios por suspeita de serem negreiros, além de diverso armamento.

No dia 9 de Agosto, um dos pangaios capturados que fora baptizado com o nome de Pemba, largou com 24 homens sob o comando do 2º tenente Jerónimo Romero, "a correr os portos do Norte em que se suspeitava haver barcos no tráfico de escravos".

O Pemba regressou à baía de Pemba no dia 1 de Outubro, entregando "157 dentes de marfim com o peso de 85 arrobas e 25 arráteis".(59)

No dia 24 de Novembro, na baía de Pemba, largaram duas lanchas do navio, comandadas pelo 2º Romero e pelo guarda-marinha António Maria Guedes.

Quinze minutos depois de desembarcarem e começou imediatamente um tiroteio, de que resultou a morte de um grumete. No dia seguinte, o brigue Conde de Vila Flor e o brigue inglês Mutine que chegara à baía, fundearam junto à praia onde se fizera o desembarque do dia anterior.

Alguns dias depois, no dia 9 de Dezembro, com o brigue Conde de Vila Flor fundeado no Ibo, saíram 3 lanchas com uma força militar para a ilha Matemo, regressando algumas horas depois com 51 escravos. No dia 11 de Dezembro, o 2º tenente Romero desembarcou "para tomar o governo das ilhas de Cabo Delgado, por ordem do governador-geral".

No dia 19 de Janeiro de 1846 o 2º tenente Romero saiu do Ibo com 30 homens em duas lanchas para "averiguar se existiam escravos na ponta Pangane e ilha de Macaloe", conforme informações que recebera. (60)

Em 28 de Novembro de 1846 o bergantim Tejo cruzava a costa e "tomou um pangaio suspeito de traficar em escravos, fundeado no Ibo no mesmo dia"(61), enquanto a escuna Infante D. Henrique apresou um negreiro sardo nas proximidades de Angoche.

Outro navios, como por exemplo as escunas 4 de Abril e Voador, assim como a corveta Infanta Regente, estiveram envolvidas na repressão do tráfico da escravatura em Moçambique por volta de 1850.
--> Continua...

*54 - António Marques Esparteiro, Trés Séculos no Mar, Vol. XV, p. 82.
*55 - António Marques Esparteiro, Op. cit., Vol. XIX, p. 94.
*56 - O brigue D, João de Castro foi construído em Damão em 1841 e, inicialmente, chamava-se Gentil Libertador. Em Agosto de 1841 partiu para Moçambique comandado pelo 2º tenente Jerónimo Romero.
*57 - António Marques Esparteiro, Op. cit., Vol XIX, p. 96.
*58 - António Marques Esparteiro, Op. cit., Vol XIX, p. 25.
*59 - António Marques Esparteiro, Op. cit., Vol XIX, p. 28.
*60 - António Marques Esparteiro, Op. cit., Vol XIX, p. 29.
*61 - António Marques Esparteiro, Op. cit., Vol XVIII, p. 143.

O autor:
Adelino Rodrigues da Costa entrou para a Escola Naval em 1962 como cadete do "Curso Oliveira e Carmo", passou à reserva da Armada em 1983 no posto de capitão-tenente e posteriormente à situação de reforma. Entre outras missões navais que desempenhou destaca-se uma comissão de embarque realizada no norte de Moçambique entre 1966 e 1968, onde foi imediato da LGD Cimitarra e comandante das LFP Antares e LFG Dragão.Especializou-se em Artilharia, comandou a LFG Sagitário na Guiné, foi imediato da corveta Honório Barreto, técnico do Instituto Hidrográfico, instrutor de Navegação da Escola Naval, professor de Navegação da Escola Náutica e professor de Economia e Finanças do Instituto Superior naval de Guerra. Nos anos mais recentes foi docente universitário, delegado da Fundação Oriente na Índia e seu representante em Timor Leste. É licenciado em Sociologia (ISCSP), em Economia (ISEG), mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação (ISCTE) e membro da Academia de Marinha.

O livro:
Título - As Ilhas Quirimbas - Uma síntese histórico-naval sobre o arquipélago do norte de Moçambique;Edição - Comissão Cultural da Marinha;Transcrição da publicação "As ilhas Quirimbas de Adelino Rodrigues da Costa, edição da Comissão Cultural da Marinha Portuguesa, 2003 - Capítulo 11, que me foi gentilmente ofertado pelo Querido Amigo A. B. Carrilho em Pinhal Novo, 26/06/2006.

- Do mesmo autor neste blogue:

  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 1 - Aqui!
  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 2 - Aqui!
  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 3 - Aqui!
  • Retalhos da História de CABO DELGADO - O nascimento de Mocimboa da Praia - Aqui!
  • Retalhos da História de CABO DELGADO - Zanzibar e a escravatura nas Quirimbas - Parte 1 - Aqui!

- Em breve neste blogue:

  • A Ilha do Ibo;
  • As Quirimbas em finais do século XIX e a decadência do Ibo.

3/04/10

Arquipélago das Quirimbas e Lago Niassa ameaçados de desaparecer...

Cultivo nas zonas costeiras e destruição de mangais - Maputo (Canalmoz) – O Lago Niassa, na província com o mesmo nome e o Arquipélago das Quirimbas, na província de Cabo Delgado, estão sob ameaças de desaparecer do mapa geográfico nacional, nos próximos 100 anos, caso não se ponha termo às acções de prática de agricultura nas zonas costeiras e à destruição dos mangais nestas regiões. Este alerta foi lançado por Peter Bechetel, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (WWF) Moçambique, à margem dum seminário sobre o meio ambiente que teve lugar ontem em Maputo.

Falando ao Canalmoz, o representante do Programa das Nações Unidas para o Ambiente disse que, para além sofrer fortes acções agrícolas nas suas margens, o lago Niassa debate-se igualmente com problemas de disputa da fronteira entre Malawi e Tanzania e como o lago é único, isto tem efeitos para os três países que o partilham.

“Malawi e Tanzania estão a discutir um problema criado pelos colonizadores. A Inglaterra, depois da Segunda Guerra Mundial, passou a administrar a Tanzania e como já estava a dirigir os dois países, o aspecto da fronteira não teve relevância”, disse esclarecendo que agora que os dois países são Estados soberanos, o conflito das fronteiras está no topo da agenda e os efeitos fazem-se sentir nas margens do lago Niassa. Segundo Peter Bechetel, a fronteira entre os dois países está no meio do lago, mas agora o Malawi reivindica que a mesma deve ser removida mais para a costa tanzaniana.

Para os ambientalistas, estas discussões, em curso naqueles dois países, foram criadas pelos colonizadores e isto já está a criar problemas no lago, “apesar de existirem poucos impactos em Moçambique, em virtude da província de Niassa ser pouco habitada, o que não acontece do lado das províncias no Malawi e Tanzânia, que são densamente povoadas”.

Bechetel que falava ontem à margem do encontro ”Save Turism”, subordinado ao tema “Oportunidades para a Prática do Turismo Cientifico, Académico, Voluntário e Educacional em Moçambique”, organizado pelo Ministério do Turismo em parceria com a WWF, disse que Moçambique ao trazer este assunto para discussão, não está a fazer guerra contra nenhum destes países, mas sim a tentar salvar a biodiversidade do lado que está a ser posto em causa.

“As ervas marinhas são importantes para a reprodução e alimentação dos peixes, e estas estão a ser destruídas pelos agricultores”, lamentou.

Falando sobre o arquipélago das Quirimbas, sentenciou que as previsões mundiais indicam que o nível das águas do mar vai subir drasticamente nos próximos 100 anos, acompanhado de ciclones.

“Com o mar a galgar alguns metros, parte das ilhas do arquipélago das Quirimbas vai desaparecer e haverá muitos ciclones”, disse acrescentando que há dois anos, nalgumas zonas do arquipélago, a água aqueceu e espécies de animais aquáticos, bem como corais, foram destruídos.

Segundo explicou, os mangais que tem a função de defender a parte continental das tempestades estão a ser destruídos na ordem de 18 porcento e, neste momento, cerca de 700 famílias abandonaram uma das ilhas das Quirimbas, devido aos efeitos climáticos.

Um docente da Faculdade de Engenharia e Ciências Naturais, na Universidade Lúrio, em Pemba, que interveio no debate, disse haver necessidade de se requerer mais hectares de áreas na zona de Ibo para que se façam estudos durante as férias do verão.

“A Universidade vai dar uma parte da logística e os investigadores poderão trabalhar com os estudantes e comunidade. Depois vamos publicar os resultados deste trabalho que é muito urgente para salvar a zona”, desafiou, sublinhando que o estudo está aberto aos interessados, incluindo instituições do ensino superior.

Disse ainda que o passo mais importante será encontrar os parceiros interessados em participar nesta área, apontando que a partir do ano em curso vai se fazer naquela zona uma área de conservação.
- (Fenias Zualo) - 2010-03-03 05:46:00 - CanalMoz

10/29/08

Retalhos da História de CABO DELGADO - Zanzibar e a escravatura nas Quirimbas.

O arquipélago das Quirimbas está situado numa região que, sobretudo nos séc. XVIII e séc. XIX, foi particularmente assolada pelo tráfico da escravatura, que tinha na ilha de Zanzibar o seu grande mercado na costa oriental da África.(46)

"Em Stone Town, a zona antiga de Zanzibar, homens, mulheres e crianças eram enclausuradas em celas mínimas (duas das quais ainda existem) e deixados sem comida ou bebida. Alguns eram amarrados a um poste e chicoteados para se descobrir até que ponto aguentavam a dor, e depois estabelecer o preço conforme a força e a resistência. Em meados do século XIX eram vendidos todos os anos cerca de 50 mil escravos no famosos mercado de escravos de Zanzibar. Muitos pertenciam a Tippu Tib, o mais famoso comerciante de marfim e escravos de África, que levou a cabo grandes expedições ao interior do continente, onde os chefes tribais lhe vendiam os seus habitantes a preço baixo. Em pouco tempo Tib tornou-se num dos homens mais ricos de Zanzibar, sendo dono de 10.000 escravos e várias plantações. A escravatura persisitiu em Zanzibar até 1897". (47)

O tráfico da escravatura na costa oriental africana foi um fenómeno anterior à chegada dos portugueses e era uma prática corrente na região, a que se dedicavam desde há séculos os negreiros árabes e os swahilis, que eram um povo islamizado e mestiço, cujos centros de comércio eram, principalmente, Zanzibar, Quiloa e as ilhas Comores.

A influência islâmica estendia-se à costa moçambicana e os árabes dominavam o comércio marítimo na costa moçambicana através da sua instalação em Sofala, Quelimane, ilha de Moçambique e ilhas Quirimbas.

Na sua primeira viagem para a Índia, a armada de Vasco da Gama conheceu a hostilidade árabe na costa oriental da África, sobretudo a partir da ilha de Moçambique e especialmente em Mombaça, certamente porque estes anteviam que o seu monopólio comercial iria ser posto em causa pelos portugueses.

Progressivamente, assim aconteceu, porque os portugueses passaram a controlar o comércio do ouro e do marfim, sobretudo em Sofala e na região da Zambézia, enquanto os árabes que tinham recuperado Mascate, Mombaça, e outros pontos a norte do Rovuma, intensificaram o seu negócio da escravatura destinado sobretudo ao mercado de Zanzibar.

No entanto, embora em escala reduzida, os portugueses também estiveram envolvidos nesse negócio e a passagem seguinte, extraída da Etiópia Oriental de Frei João dos Santos, é elucidativa: "Estes escravos de todas estas terras que tenho apontado, todos, ou a maior parte deles nasceram forros, mas estes cafres são tão grandes ladrões que furtam os pequenos, e trazem enganados os grandes até às praias, onde os vendem aos portugueses, ou aos mouros, ou a outros cafres mercadores que tratam nisso, dizendo que são seus cativos."(48)

Porém, até finais do séc. XVIII o tráfico foi diminuto, comparado com o que sucedia na costa ocidental africana, mas começou a intensificar-se quando os franceses passaram a necessitar de mão-de-obra para as suas plantações das ilhas do`Índico, indo buscá-los a Moçambique e às ilhas Mascarenhas. Alguns portugueses estiveram envolvidos nessa actividade, enquanto os franceses fugiam do controlo das autoridades e das taxas aduaneiras portuguesas, negociando directamente com os swahilis, os quais por vezes armamram fortemente para que combatessem as autoridades portuguesas.

O tráfico negreiro desenvolveu-se através de agentes europeus e africanos, porque era necessária a participação activa dos chefes africanos locais que se encarregavam das capturas que depois negociavam com os negreiros.

As necessidades de mão de obra em diversos territórios eram grandes e daí surgiu uma verdadeira indústria da escravatura em que participou gente das mais diversas nacionalidades, tais como portugueses, franceses, holandeses, espanhóis, ingleses, flamengos, alemães, dinamarqueses, brasileiros, americanos e outros, quase sempre clandestinamente, mas também organizados em companhias comerciais.

Ao longo do séc. XIX o tráfico manteve-se muito activo na costa moçambicana, sobretudo nas áreas de Angoche, Infusse, baía da Condúcia, baía de Mocambo, ilha de Moçambique e, em menor grau, no arquipélago das Quirimbas.

Em 1836 o tráfico foi proibidos pelas autoridades portuguesas, mas essa proibição era relativamente simbólica, pois não havia quem quem fizesse cumprir a lei que se opunha aos interesses árabes, swahilis, franceses e aos de alguns administradores e comerciantes portugueses corruptos.

Em Setembro de 1843 o Governo Português recomendava ao Governador Geral de Moçambique "a supressão do tráfico da escravatura, pedindo informações acerca da existência de uma barraca em Quivongo, que faz recair suspeitas sobre o Governador de Quelimane" e, "no mesmo ano, mandava o Governador Geral de Moçambique instaurar acções cíveis e militares contra os implicados no tráfico de escravatura feita pelo brigue Phoca, já condenado pela Comissão das presas da ilha de Bourbon".(49)

Entre 1830 e 1860, a rede afro-islâmica tornara-se a maior traficante de escravos da região, recolhendo-os nos seus pangaios abicados em reentrâncias e rios quase inacessíveis e fazendo depois o seu transporte para Zanzibar, Quiloa, Mombaça e ilhas Comores. Num relatório elaborado pelas autoridades inglesas do Cabo, citado por Eduardo Mondlane, referia-se que em 1866 "no Ibo, Ponta Pangane, Matemo, Lumbo, Quissanga e Quirimba foram vistos 5000 a 6000 escravos prontos para embarque... e no estabelecimento da baía de Pemba não havia outro tráfego que não fosse de escravos".(50)

António Lopes da Costa Almeida, no seu monumental trabalho intitulado Roteiro Geral publicado em 1840, refere-se à vida económica da ilha de Moçambique e escreve que "exportão-se daqui Escravos para a India, ilhas Maurícias, rio da Prata, e Brasil, também raiz de Columbo, Marfim, Ouro, que vem do Zeno, e Sofala, posto que deste género seja pouca quantidade; também Âmbar, e Cauriz (que são uns pequenos búzios, que nas classes indigentes Girão como dinheiro); notando que todo o negócio aqui he por lei exclusivo para os Portuguezes".(51)

Porém, outras informações divergem desta. Segundo António Carreira o comércio de escravos era feito a partir de Mombaça para sul, até Mikindani, que se situa para além da foz do rio Rovuma e fora da área moçambicana.

"Era esse o sector que fornecia maiores contigentes de escravos. Na área própriamente de Moçambique deveriam ser adquiridos alguns escravos, mas numa percentagem muito menor".(52)

Alguns portugueses estiveram envolvidos no negócio da escravatura, como por exemplo o negociante-armador José Nunes da Silveira que possui uma frota de 20 navios.

No entanto, só dois deles, os brigues Delfim e Golfinho S. Filipe Nery, ambos anteriormente ao serviço das carreiras comerciais para o Extremo Oriente, estivertam envolvidos no tráfico de escravos na oriental africana, o primeiro a partir de 1795 e o segundo, a partir de 1801.(53)
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*46 - A ilha de Zanzibar fica situada a cerca de 300 milhas para norte da fronteira moçambicana, tem 1656 km² de superfície, está situada a 35 km da costa africana e atualmente pertence à Tanzânia.
*47 - Christy Ulrich, in http://nationalgeographic.pt/
*48 - Frei João dos Santos, Op. cit. p. 300.
*49 - Repertório remissivo de legislação da Marinha e do Ultramar (1517-1856). Imprensa Nacional, Lisboa, 1856, p. 310.
*50 - Eduardo Mondlane, The Strugle for Mozambique, p. 32.
*51 - Costa Almeida, Roteiro Geral dos Mares, Costas, Ilhas e Baixos Reconhecidos no Globo, Parte V, p. 55.
*52 - António Carreira, O Tráfico Português de Escravos na Costa Oriental Africna nos começos do século XIX, p. 28.
*53 - António Carreira, Op. cit., p. 13.

O autor:
Adelino Rodrigues da Costa entrou para a Escola Naval em 1962 como cadete do "Curso Oliveira e Carmo", passou à reserva da Armada em 1983 no posto de capitão-tenente e posteriormente à situação de reforma. Entre outras missões navais que desempenhou destaca-se uma comissão de embarque realizada no norte de Moçambique entre 1966 e 1968, onde foi imediato da LGD Cimitarra e comandante das LFP Antares e LFG Dragão.Especializou-se em Artilharia, comandou a LFG Sagitário na Guiné, foi imediato da corveta Honório Barreto, técnico do Instituto Hidrográfico, instrutor de Navegação da Escola Naval, professor de Navegação da Escola Náutica e professor de Economia e Finanças do Instituto Superior naval de Guerra. Nos anos mais recentes foi docente universitário, delegado da Fundação Oriente na Índia e seu representante em Timor Leste. É licenciado em Sociologia (ISCSP), em Economia (ISEG), mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação (ISCTE) e membro da Academia de Marinha.

O livro:
Título - As Ilhas Quirimbas - Uma síntese histórico-naval sobre o arquipélago do norte de Moçambique;Edição - Comissão Cultural da Marinha;Transcrição da publicação "As ilhas Quirimbas de Adelino Rodrigues da Costa, edição da Comissão Cultural da Marinha Portuguesa, 2003 - Capítulo 11, que me foi gentilmente ofertado pelo Querido Amigo A. B. Carrilho em Pinhal Novo, 26/06/2006.

- Do mesmo autor neste blogue:

  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 1 - Aqui!
  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 2 - Aqui!
  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 3 - Aqui!
  • Retalhos da História de CABO DELGADO - O nascimento de Mocimboa da Praia - Aqui!

- Em breve neste blogue:

  • A Ilha do Ibo;
  • As Quirimbas em finais do século XIX e a decadência do Ibo.