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9/24/08

Portugueses exigem do governo a volta dos restos mortais de seus soldados mortos e abandonados nas ex-colónias...

(Clique na imagem para ampliar)

Em 10 de Junho passado, (Belém -Lisboa - Portugal) as cruzes e urnas de madeira mostravam os nomes dos militares que morreram em Angola, Moçambique e Guiné e cujos corpos (milhares) nunca foram devolvidos às famílias. Os ex-combatentes pedem que os camaradas tombados regressem a casa. (Reportagem do Correio da Manhã/Junho-08 - Aqui!)
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Entretanto, o Movimento Cívico de Antigos Combatentes diz:
”Portugal vive uma vergonha colectiva desde há 34 anos, ao ter abandonado muitos dos seus mortos da guerra do Ultramar, deixando-os espalhados por locais indignos da Guiné, Angola e Moçambique. Foram deixados para trás, esquecidos por todos os governos desde a Revolução de Abril”... (Leia a matéria na íntegra neste post da "Rádio Douro Sul" de Lamego - Aqui!
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E, na net vamos encontrando mais link's e matéria sobre este lamentável assunto que tarda para ser resolvido, não enobrece a nação portuguesa (quem a governa principalmente) e envolve em sofrimento emocional imensas Famílias de Heróis que continuam tendo seus restos mortais abandonados, sem cuidados, e essa é a realidade, em precários cemitérios das ex-colónias:

  • Informações sobre o Movimento Cívico de Antigos Combatentes - Aqui!!


  • Petição pelo resgate, para Portugal, dos militares mortos na Guerra do Ultramar/Guerra Colonial - Assine a petição na net - Aqui!


  • Ou clique na imagem abaixo e assine:

Petição para o Resgate para Portugal, dos Militares Mortos na Guerra do Ultramar/ Guerra Colonial. Pfvr. Clica e assina. OBRIGADA.
:: Imagem editada por Isabel Filipe do "Art & Design", blogue divulgador da petição na net ::
Volte a ler:

  • Combatentes mortos na guerra colonial: ignorados, desconhecidos, desprezados... Aqui


  • Regresso dos soldados mortos divide combatentes - Aqui!


  • O sangue e os Mortos - Aqui!


  • O Desprezo pela História - Cemitério de Pemba-Talhão Militar Português - Aqui!


  • O Desprezo pela História 2 - Cemitério de Pemba - Talhão Militar Português - Sepulturas de Combatentes abandonadas - Aqui!


  • O Desprezo pela História 3 - Cemitério de Pemba - Talhão Militar Português - Sepulturas de Combatentes Portugueses - Aqui!


  • O Desprezo pela História 4 - Cemitério de Pemba - Talhão Militar Português - Sepulturas de Combatentes Portugueses - Aqui!


  • O Desprezo pela História 5 - Cemitério de Pemba - Talhão Militar Português - Sepulturas de Combatentes Portugueses - Aqui!


  • O lado bom e respeitoso da História - Talhão Militar Britânico do Cemitério de Pemba - Aqui!


  • O lado bom e respeitoso da História 2 - Talhão Militar Britânico do Cemitério de Pemba - Aqui!


  • O lado bom e respeitoso da História 3 - Talhão Militar Britânico do Cemitério de Pemba - Aqui!


  • O lado bom e respeitoso da História 4 - Talhão Militar Britânico do Cemitério de Pemba - Aqui!


  • Cemitério de Palma - Cabo Delgado - Moçambique - Aqui!


  • Moçambique - Guerra do Ultramar - Aqui!


  • Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra - Aqui!

11/21/08

O regresso dos soldados mortos...

A notícia pura e simples, publicada esta manhã de sexta-feira pelo Jornal de Notícias - Porto:

Mortos na guerra colonial resgatados 42 anos depois - S. Miguel do Outeiro enterra restos mortais de dois soldados que lutaram em África. - 00h30m, Teresa Cardoso.

Dois soldados de S. Miguel do Outeiro mortos em combate, em 1966, vão ser finalmente trasladados dos cemitérios de Mueda e Nova Freixo, em Moçambique, para a terra natal. Serão sepultados no dia 14 de Dezembro.

As famílias do 1º Cabo Aníbal Rodrigues dos Santos e do Soldado Ernesto Correia Dias, nascidos e criados em S. Miguel do Outeiro, concelho de Tondela, nem querem acreditar que o "nó" que lhes "aperta" o coração há 42 anos está prestes a "desatar-se".

"Trazer os restos mortais do meu irmão para casa, para a terra onde nasceu, é um sonho que está à beira de concretizar-se. Só é pena que os meus queridos pais já não estejam entre nós para um derradeiro adeus. Morreram com aquele filho, que nunca mais viram, atravessado no peito", diz Franklin Santos, irmão do 1º Cabo Aníbal, com a voz entrecortada pela emoção.

O mesmo sentimento é partilhado por Armando Dias, irmão do Soldado Ernesto Dias, que conta os dias e as horas que faltam para a mãe de ambos, hoje com 87 anos, poder finalmente despedir-se do filho que um dia viu partir para a guerra colonial.

"Éramos cinco. Mas nenhum de nós conseguiu apagar o sofrimento e a saudade dos nossos pais pelo filho que morreu em Moçambique. Agora vamos ter um sítio para pôr flores de saudade", desabafou.

Cerca de três mil militares que morreram em combate ficaram sepultados nas antigas colónias.

Trazer os seus corpos para a terra natal, era um gesto só ao alcance dos ricos. "Até 1968 pediam 13 contos, na moeda antiga, para transladar os restos mortais. Uma fortuna que as famílias mais humildes não podiam suportar", explica Moreira Marques, presidente da Junta de Freguesia de S. Miguel de Outeiro.

A liderar o processo de trasladação, a pedido dos familiares, o autarca admite que essa tarefa custará muitos milhares de euros. Despesa que será assumida pelas famílias, com a ajuda de particulares, Junta de Freguesia, Câmara de Tondela e outras entidades.

Moreira Marques parte para Moçambique a 30 de Novembro. Regressa a 13 de Dezembro com as ossadas dos dois militares, em caixões de chumbo, que serão enterradas pelas 11 horas do dia seguinte, no talhão dos combatentes, no cemitério de S. Miguel do Outeiro.
- In Jornal de Notícias, 21/11/08.

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  • O Desprezo pela História - Cemitério de Pemba-Talhão Militar Português - Aqui!
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12/12/08

Portugal - O regresso dos soldados mortos... Cena 2 !

Citei aqui em 21 de Novembro último!
Leio agora na "Visão-Últimas notícias" que o mesmo autarca português citado anteriormente resgata os corpos dos dois combatentes mortos na guerra colonial.

Espera-se que não seja mais uma forma de promoção ou evidência política na mídia. Que se resguarde com respeito, com dignidade e recato a memória desses dois heróis.

E que "quem de direito" em Portugal, coloque a mão na consciência e sinta VERGONHA pelo desprezo sistemáticamente oferecido aos antigos heróis combatentes da guerra colonial e suas degradadas sepulturas espalhadas em cemitérios africanos!

""Maputo, 12 Dez (Lusa) - Três semanas depois de chegar a Moçambique, o autarca António Marques pode declarar "missão cumprida" ao levar com ele, de regresso a Portugal, os restos mortais de dois militares portugueses mortos em combate há mais de 35 anos.

Ao alcançar o objectivo com que se tinha comprometido junto dos familiares do soldado Ernesto Dias e do primeiro-cabo Aníbal Santos, o presidente da Junta de Freguesia de São Miguel de Outeiro (Tondela) cumpre um segundo "feito": transladar pela primeira vez para Portugal dois antigos militares mortos em combate em Moçambique.

"Sinto-me orgulhoso por ter conseguido alcançar este objectivo e dar à família uma coisa por que estava há muito à espera", disse, em declarações à Agência Lusa, no local onde duas caixas de madeira, contendo as urnas e as lápides funerárias dos dois "rapazes da aldeia", aguardam para serem embarcados sábado para Portugal.

O autarca e empresário natural de Viseu, que prepara há dois anos esta iniciativa, chegou a Moçambique no início de Dezembro "sem dados nenhuns novos" sobre o estado em que se encontravam os restos mortais dos dois militares e rumo a Mueda e Cuamba, no extremo norte do país, onde estavam as sepulturas.

Durante duas semanas comeu "bolachas e água", preencheu "todos os requerimentos em nome pessoal" junto das autoridades locais, cuja colaboração enaltece.

"Encontrei-me sozinho e tive que resolver todos os problemas. Felizmente as autoridades de Cuamba e Mueda foram espectaculares", sublinhou, lamentando aquilo a que assistiu.

"O cemitério em Mueda é uma vergonha autêntica. As campas estão no meio do mato. Senti-me envergonhado e triste quando cheguei ao cemitério de Mueda", relatou.

Em contraste, o autarca não poupa a ausência das autoridades portuguesas numa iniciativa que "custou mais de 10 mil euros" e teve que ser suportada por familiares, amigos, empresas e pelos cofres municipais e da junta.

"Sinto-me revoltado. Era dever do governo português auxiliar ou mesmo suportar tudo isto. Porque eles não vieram para aqui voluntários, foram obrigados a vir. Só assim é que o governo português cumpria a sua obrigação", afirmou, acrescentando: "Tratei de tudo sozinho, directamente com a funerária."

António Marques espera, por isso, que as autoridades portuguesas "colaborem e venham buscar o resto" dos militares sepultados no norte de Moçambique "numa situação péssima e vergonhosa para o país".

No domingo os restos mortais dos dois antigos militares vão ser sepultados em São Miguel de Outeiro, acto que será antecedido de cerimónias militares no Regimento de Infantaria 14 de Viseu, a que Ernesto Dias e Aníbal Santos pertenciam.""
PGF. - Lusa


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3/11/09

Soldados Portugueses mortos em África... Portugal promete reabilitar suas sepulturas.

(Imagem original daqui)

Por ter presenciado a realidade e factos tristes da guerra colonial portuguesa dos anos 60/70 em África onde inúmeros amigos e "camaradas de armas" pereceram sob ataques sempre traiçoeiros e covardes de terroristas, e que ficaram enterrados em diversos cemitérios das ex-colónias, venho acompanhando e destacando também neste blogue o descaso, a omissão infame das autoridades portuguesas ao longo do tempo, pois simples e vergonhosamente "esqueceram" seus heróis mortos na guerra colonial.

Entretanto, a sociedade lusa organizada em "grupos" atuantes de ex-combatentes, suas famílias e amigos, hoje participantes da globalização da informação e utilizando-se da penetração da internet junto da opinião pública mundial vêm ampliando protestos e exigindo cuidados, respeito e dignidade para com a memória e honra desses Heróis que não esquecemos enterrados em cemitérios distantes de sua Pátria de origem. O que está trazendo resultados de tal forma que acabo de ler aqui:

""11 de Março de 2009, 14:57 - Moçambique: Portugal vai reabilitar cemitérios militares nos PALOP - CEMGFA.

Portugal reabilitará, em breve, os cemitérios militares em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau, no âmbito de um projecto de preservação e valorização de sepulturas de ex-militares portugueses que morreram na guerra colonial.

Em declarações hoje à Lusa, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) português, Valença Pinto, afirmou que Portugal está a preparar projectos de restauro de cemitérios militares nos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), com destaque para Moçambique, Angola e Guiné-Bissau.

"Estamos agora a preparar projectos para recuperar cemitérios em Moçambique, na Guiné-Bissau e temos entendimentos crescentes com as autoridades angolanas para fazer o mesmo. E temos depois cemitérios mais pequenos e, porventura, mais fáceis de conservar em Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste", disse Valença Pinto.

O CEMGFA, que iniciou terça-feira uma visita de cinco dias a Moçambique, prestou hoje homenagem aos militares portugueses enterrados no cemitério de Lhanguene, em Maputo, e destacou a "preocupação" portuguesa em reabilitar as suas sepulturas.

"Mas estes (cemitérios) de Moçambique, Guiné-Bissau e Angola, que são maiores, por razões históricas que já são conhecidas, justificam a nossa preocupação no respeito pela dádiva desses homens que morreram pela bandeira portuguesa", acrescentou.

O projecto de preservação e valorização dos cemitérios está a cargo das Forças Armadas, através da Liga dos Antigos Combatentes de Portugal, e é descrito como sendo "muito ambicioso".

O CEMGFA afirmou contudo que, por enquanto, o objectivo das Forças Armadas portuguesas restringem-se a conservação dos cemitérios militares e afastou a possibilidade de transladar os corpos dos soldados para Portugal.

"É um processo muito complexo o projecto de remoção e transladação de corpos de portugueses sepultados em cemitérios militares portugueses nos PALOP, pois já passaram 34 anos desde a independência destes Estados africanos", disse.

"Fazer remover estes corpos todos é um projecto muito custoso de ponto de vista financeiro", frisou.

Actualmente, algumas famílias ou pequenas comunidades portuguesas a que esses antigos militares pertenciam têm suportado individualmente os custos de transladação dos restos mortais para Portugal.

"Apesar da comparticipação de Portugal, não há, neste momento, nenhum projecto do Estado nesse sentido (transladação), ao contrário, o projecto de Estado é preservar os locais onde estão esses corpos", disse Valença Pinto.

Além de se deslocar ao cemitério de Lhanguene, o CEMGFA encontrou-se hoje com o seu homólogo moçambicano, Paulino Macaringue, e com o ministro da Defesa moçambicano, Filipe Nyussi, com quem discutiu a cooperação bilateral, considerando-a "muito frutuosa no interesse dos dois países".""
- MMT. - Lusa/SapoNotícias.


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4/07/08

Combatentes mortos na guerra colonial: Ignorados, desconhecidos, desprezados...

(Imagem original daqui e daqui - Clique na imagem para ampliar)
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Mais um aniversário do 25 de Abril de 1974 se aproxima.
Muitos anos se passaram desde essa data...!
Quase uma geração!
A conveniência comodista, inerme, do "políticamente correto" destes "novos tempos" repletos de estranhas, burlescas e saltitantes figuras que se pavoneiam e "metem" a "jet-set" eternamente insignificantes liderando fúteis eventos, não os cita, não os lembra, não os reconhece nem os visita... Despreza simplesmente os heróicos, inocentes, ingénuos, voluntariosos Combatentes da malfadada guerra colonial que lhes foi oferecida como missão pátria e enterrou vidas jovens, determinadas, que poderiam ser felizes, em buracos de terra vermelha, agreste, estranha, distante do rincão natal.
Por lá, por essa África distante e próxima, irmã e madrasta, permanecem até hoje abandonados, sem o afago de uma oração Amiga, sem o brilho iluminado de uma vela cristã, sem o calor e a côr de uma rosa ou de um famigerado, emblemático cravo vermelho, peregrinando acusadores em espírito, na memória de familiares e de sobreviventes camaradas da armas angustiados, revoltados com tanta mediocridade moral, cívica contemporâneas.
Por Angola, pela Guiné, por Moçambique e até por Pemba-ex Porto Amélia ficaram enterrados seus restos mortais, ao relento gélido do desprezo, como mancha medonha, sangrenta, acusadora, denunciadora da míngua de consciências e de lideres políticos com "h" minúsculo no "reino" lusitano do Agora !
Só nos resta, com a arma da palavra, enaltecer, exaltar para a História, acarinhar a memória desses Heróis... e desprezar, denúnciar, repudiar com vigor os falsos, apagados, medíocres, auto-proclamados "heróis-de-barro" que por aí se vão reproduzindo como térmitas insaciáveis, inchadas e arrogantes.
  • Leia: Regresso dos soldados mortos divide combatentes - Aqui !
  • Leia: O sangue e os Mortos - Aqui !
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5/14/10

De Porto Amélia a Pemba: Família Andrade Paes

Já alguma vez arrancou uma planta útil da terra? Não o faça. Eu sei o que sente uma planta arrancada sem culpa do seu chão. Glória de Sant'Anna - poetisa do mar azul de Pemba, Amaranto.

GLÓRIA DE SANT'ANNA - O silêncio intimo das coisas. No Moçambique que precedeu a independência, a qual teve lugar em 25 de Junho de 1975, muita coisa aconteceu, como não é sabido de toda a gente. Na realidade, não é sabido de quase ninguém, exceto de uns poucos (e não todos) que lá viveram. Muito se tem escrito, sobretudo no pelouro em que impera o "discurso político", acerca do que foi ou não foi o chamado período colonial português. Seja dito de passagem que mais se tem falado do que acertado. É com lindos sentimentos que se faz má literatura, disse-o um dia Gide, irritando Claudel, e é também com angélicas intenções que se trai, frequentemente, os mandatos da história. Não deixa sobretudo de ser curiosa a fácil boa consciência de quem, no chamado Portugal continental, bem mais se aproveitou (e prosperou) com a exploração colonial do que tantos que pelo ultramar tristemente se alienaram, pobre e honradamente viveram e, para o fim, alucinadamente se desintegraram. De gente séria, pobre e perplexa ( e não só da outra), está a história de Moçambique também cheia, como não é do conhecimento confortável de algumas consciências bastante poluídas, que depois facilmente se reconciliaram consigo próprias, por vias mais ou menos expeditas...
Com a publicação, em 1961, em Moçambique, do livro de poemas "Livro de Água", laureado com o premio Camilo Pessanha, confirmava-se, para alguns, e revelava-se, para muitos outros, um dos nomes mais importantes da poesia portuguesa, em Moçambique, e um dos poetas mais notáveis, em língua portuguesa, dos últimos vinte e cinco anos: Glória de Sant'Anna.
Para o leitor da antiga "metrópole", um livro em língua portuguesa, publicado em Moçambique, Angola ou também em Cabo Verde, era, por assim dizer, um livro "perdido". Os nomes de Rui Knopfli, Sebastião Alba, Glória de Sant'Anna, Lourenço de Carvalho e, até certo ponto, mesmo o de João Pedro Grabato Dias, entre outros, nada ou quase nada significavam para o leitor confinado, como diria Jorge de Sena, entre o Chiado e a Rua Ferreira Borges... Não se sabia muito bem quem eram, o que faziam, o que pensavam... E o fato de estarem a viver "lá" era já, em principio, um motivo de apreensão. ...
Glória de Sant'Anna foi, para Moçambique, um produto de importação. Nascida em Lisboa, em 26 de maio de 1925, concluiu o curso complementar de Letras no Colégio de Odivelas, casou em 1949 e, dois anos depois, partiu para aquela colônia portuguesa onde fixou residência, em Nampula. Em 1953 mudou-se, com sua família, para Porto Amélia (hoje Pemba), onde permaneceu, frente à vasta baía, quase até ao regresso definitivo a Portugal, em Dezembro de 1974 (os dois últimos anos passou-os a poetisa em Vila Pery)... O "seu chão" fora Pemba, o mar, a água, o "vento de prata/manso, manso". O "mar calmo e estranho" tornara-se a presença fraterna, terapêutica, ameaçadora, tranquila, lisa, ominosa, às vezes trágica-densa, sempre vigilante. E os momentos passados à sua beira exprimiam a dignidade de momentos "translúcidos e antigos".
Arrancada deste chão onde se encontrava "inteira", o exílio em que, ironicamente, se traduziu o regresso à pátria teve consequências traumáticas. ... Isto é, durante cerca de quatro anos, nada produziu.
Em Portugal, de Norte para Sul e do Sul para Norte, entre Ovar e o Algarve, tentando reencontrar o rumo que não havia (o mar, que é bom "porque é concreto", ficara para trás), Glória de Sant'Anna foi sobrevivendo ao rés de um desespero nem sempre inteiramente dominado. ... Durante vários anos arredada do "seu" mar, que era em Pemba, e da "sua" escrita, que dele se alimentara, Glória de Sant'Anna fixou-se finalmente em Ovar: - "Atualmente, na minha condição de aposentada, reparto o tempo pela casa e pela família e ajudo o meu marido num gabinete de arquitectura e obras, que abriu perto daqui".
A obra de Glória de Sant'Anna, na sua concentração e densidade, na sua liquidez secreta e cheia de pudor, na sua misteriosa claridade, na sua "mortal" e dominada angústia, consta essencialmente de sete livros publicados, seis de poesia (Distância, 1951; Música Ausente, 1954; Livro de Água, 1961; Poemas do Tempo Agreste, 1964; Um Denso Azul Silêncio, 1965 e Desde que o Mundo e 32 poemas de Intervalo, 1972) e um de crônicas (...Do Tempo Inútil, 1975). Além destes o volume agora editado (1984) inclui 4 livros inéditos: A Escuna Angra (1966-68); Cancioneiro Incompleto (temas de guerra em Moçambique, 1961-71); Gritoacanto (1970-74 e Cantares de Interpretação (1968-73). O resto é trabalho disperso por revistas e jornais: Diário Popular, Guardian (Lourenço Marques), Itinerário (L. M.) Diário de Moçambique (Beira) Noticias (L.M.), Tribuna (L.M.), Sul (Brasil) e Caliban (L.M.).
Glória de Sant'Anna tornou-se quase desde o seu "aparecimento" discreto, uma das vozes mais geralmente reverenciadas, no panorama literário de Moçambique. Mas aquilo a que poderíamos, sem exagero, chamar a sua "glória", nada teve de ruidoso. A autora do Livro de Água foi sempre um personagem de um pudor e "retiro" exemplares, na feira intelectual que, em Moçambique, como em todo o lado, tinha os seus profissionais da promoção e da acrobacia. "Serei tão secreta/como o tecido da água" afirmará ela, num dos seus poemas. De fato, toda a sua obra, de um extremo ao outro, é um alongado programa de homenagem à nobreza do "silêncio" e do "falar pouco"...
... Dizia um grande escritor deste século que sofria por causa dos homens a quem se não dá o lugar que merecem. E acrescentava haver nas letras francesas de hoje alguns exemplos dessa injustiça, por omissão. Há nas letras portuguesas de hoje também alguns exemplos disso. Glória de Sant'Anna é um deles, mas não é caso único. Entre os escritores que a ressaca da descolonização trouxe até estas paragens, há uma boa meia dúzia a pedir que os publiquem, os estudem e os divulguem. Constitui para mim uma honra e um privilégio esta tentativa de procurar a autora dos Poemas do Tempo Agreste "completa dentro desta pura água", para a dar a conhecer a um público distraído, mas eventualmente capaz de lhe reconhecer a estatura. Honra idêntica me daria poder fazê-lo por outros. O silêncio que sobre eles pesa, um silêncio morto, não é por certo o fecundo e "denso azul silêncio" que irriga e impregna o claro e enigmático discurso poético de Glória de Sant'Anna.
- EUGÉNIO LISBOA - Londres, Dezembro 1983/Janeiro 1984 - transcrito do Livro Amaranto.

GLÓRIA DE SANT'ANNA - uma poética de mar e silêncio! O silêncio funda um outro discurso, que não o comum; entretanto, é linguagem de grande teor significativo (STEINER, 1988, p. 73). Mar, silêncio e solidão atravessam a obra poética de Glória de Sant'Anna, cuja linguagem flui numa liquidez profunda, articulada por uma semântica aquática e abissal, que busca apreender os mistérios da alma humana. Por ter nascido em Lisboa e por ser sua poesia de cunho predominantemente universal, versando sobre temas existenciais, a poesia de Glória de Sant'Anna, durante algum tempo, não foi considerada como pertencente ao patrimônio literário moçambicano, embora grande parte de seus poemas tenha sido produzida durante os vinte e três anos vividos por ela em Moçambique. Consideramos esse critério bastante discutível, pois apenas leva em consideração a pátria de nascimento da autora, ignorando os pactos afetivos de identificação tecidos durante sua longa vivência em terras africanas.
Em 1951, recém-casada, Glória mudou-se para Nampula, cidade moçambicana onde viveu até 1953, ocasião em que se transferiu para Porto Amélia, hoje Pemba, outra cidade do litoral moçambicano.
Seus primeiros livros foram publicados nessa época: Distância (1951) e Música Ausente (1954). Nessas obras, é clara a desterritorialização do sujeito poético, cuja face, sobre o azul vogando (SANT'ANNA, 1988, p.47) se revela perdida, refletindo a imagem da própria identidade fraturada que não se reconhecia ainda nas paisagens africanas. Com o coração inteiro/no fundo do oceano (op. cit., p.35 ), o eu-poético tem consciência de seu naufrágio interior. Mergulha, então, nas marítimas águas do exílio, e, através de uma linguagem poética reflexiva, procura alguns pontos de ancoragem com as fronteiras diluídas da pátria distante.
Nos dois primeiros livros de Glória, domina uma semântica de vaguidão. As reminiscências da voz lírica se encontram esmaecidas, sem nenhum referencial, a não ser o oceano de prata que se esvai em longínquos horizontes e se configura, ainda, como um território vazio de memórias, conforme denunciam os versos do poema Música Ausente: Na minha lembrança batem águas de vidro/de um mar sem sentido.(op. cit., p.53).
Nas composições poéticas dessa fase, amargura, degredo e solidão aprisionam o sujeito lírico, que, sem uma fisionomia definida, se fecha em sua interioridade, à procura de elos emotivos capazes de equilibrarem sua subjetividade cindida entre duas pátrias.
É, pela contemplação do mar de Pemba e pelo exercício da poesia, que consegue alento para ultrapassar o desenraizamento provocado pela saída da terra natal para viver em terras alheias.
À medida que se contempla existencialmente no espelho das marítimas águas, o sujeito poético vai se encontrando e, naturalmente, começa a incluir em seus versos novas paisagens e pessoas. Do âmago das palavras emanam, então, emoções fraternas em relação ao povo moçambicano: Que importa seres meu irmão noutro país? (op.cit., p.56) indaga-se o sujeito lírico, com o coração já se abrindo aos novos horizontes.
Cartografias geográficas, culturais e humanas de Moçambique vão, aos poucos, integrando o imaginário literário da poesia de Glória de Sant'Anna, que, lentamente, passa a captar os ritmos e batuques africanos (Poema Batuque, op. cit. 63), como também as danças das negras à beira-mar:

Negrinha faceira,
dentro da água cálida,
quem olhará
tua graça?

Ou quem verá teu riso
esparso
entre uma onda translúcida
e um sargaço?

(...)
Os teus pés estão sobre os búzios claros
e vazios,
e há música e sol
em teus ouvidos.

Mas quem passa, deixando pegadas na areia,
não olha para ti, negrinha faceira.
(SANT'ANNA, 1988, p.62 )

Afirmando-se por um ethos existencial e humano, a poética de Glória, com imensa sensibilidade e delicadeza de sentimentos, também critica os preconceitos raciais presentes em Moçambique; só que o faz de forma suave, velada e sutil.
Contemporâneos da chamada poesia da moçambicanidade, seus poemas de Música Ausente (1954) e do Livro de Água (publicado em 1961, mas com poemas escritos na década de 50), embora não se utilizem do estilo veemente com que, por exemplo, Noêmia de Souza e José Craveirinha celebraram, nos anos 50, os valores autenticamente moçambicanos, também cantam as belezas africanas :

(Do fundo do tempo a negra se curva
sobre a inquieta água
e sobre seu cesto redondo
de palha entrançada.

Por dentro da tarde a negra se curva
no horizonte fechado,
o seu gesto é ancestral
e cansado).
(SANT'ANNA, 1988, p. 63)

Laureada com o prêmio Camilo Pessanha, em 1961, por seu Livro de Água, Glória de Sant'Anna tornou-se reconhecida literariamente.
Continuou a escrever nos anos 60 e 70, e sua obra se manteve fiel à linha existencial por que optou desde o início de sua trajetória poética. Embora acompanhasse as mudanças sociais por que passava a sociedade moçambicana, a poesia de Glória, nos anos de guerra a que ela chamou de 'tempos agrestes', não enveredou pelo ethos militante e revolucionário que dominou o panorama literário de Moçambique nesse período. Apesar de muitos de seus poemas terem denunciado os malefícios dessa época de lutas e violências, sua poética fez a opção pelo silêncio e pela metáfora, alinhando-se, por isso, ao lado dos poetas do Grupo Caliban, como Rui Knopfli, Sebastião Alba, entre outros, que, para driblarem a censura e repressão, enveredaram por caminhos poéticos universalistas e existenciais, sem, contudo, deixarem de problematizar as questões sociais.
O trabalho poético é às vezes acusado de ignorar ou suspender a praxis. Na verdade, é uma suspensão momentânea e, bem pesadas as coisas, uma suspensão aparente. Projetando na consciência do leitor imagens do mundo e do homem muito mais vivas e reais do que as forjadas pelas ideologias, o poema acende o desejo de uma outra existência, mais livre e mais bela(...), pela qual vale a pena lutar . (BOSI, 1983, p.192).
Em tempos desumanos, de brutalidade e jugo totalitário, há poetas que ultrapassam os ângulos limitados de políticas panfletárias, não tomando partido direto e radical, embora criticando as arbitrariedades do poder. É o caso de Glória de Sant'Anna e dos poetas de Caliban, que captaram a angústia das possíveis e cruéis injustiças, denunciando o sem sentido da força e ressaltando a importância do existir humano. O silêncio, nos versos desses poetas, fala, expressa a recusa do apenas circunstancial e político. Penetra os espaços abissais da própria poesia, buscando a expressão do puro, do indelével, dos sentimentos mais recônditos da alma humana universalmente concebida. Essa poesia foi, nos tempos de combate, considerada por alguns mais sectários como reacionária. Hoje, entretanto, não mais é vista assim, pois muitos críticos literários contemporâneos sabem que a saudade de tempos que parecem mais humanos nunca é reacionária.
(...) Reacionária é a justificação do mal em qualquer tempo.
Reacionário é o olhar cúmplice da opressão. Mas o que move os sentimentos e aquece o gesto ritual é, sempre, um valor: a comunhão com a natureza, com os homens,(...) com a totalidade. (BOSI, 1983, p.153)
Os poetas de Caliban denunciaram as desumanidades da guerra e mostraram a necessidade de recuperar valores existenciais mais profundos. Glória de Sant'Anna, em muitos de seus poemas escritos de 1964-1974, criticou o sem sentido da guerra que, para ela, igualou os soldados revolucionários e os cipaios (SANT'ANNA, Amaranto, p.164, p. 176). Comoveu-se com as mortes, chorou com a chuva sobre o rosto do cadáver do negrinho estirado no chão (op. cit. p. 99 e p.100), acumpliciando-se com as mães negras que perderam seus filhos nas lutas. E, como mulher, se identificou às negras, celebrando o sentimento universal da maternidade:

Olho-te : és negra.
Olhas-me: sou branca.

Mas sorrimos as duas
na tarde que se adeanta.

Tu sabes e eu sei:
o que ergue altivamente o meu vestido
e o que soergue a tua capulana,
é a mesma carga humana.

Quando soar a hora
determinada, crua, dolorosa
de conceder ao mundo o mistério da vida,
seremos tão iguais, tão verdadeiras,
tão míseras, tão fortes,
E tão perto da morte...
(SANT'ANNA, 1988, p. 119)

Nos poemas onde Glória denuncia a urgência de sangue exigida pela guerra, o mar se faz ausente. A voz lírica se tece da angústia de um silêncio diferente, porque forjado por medos e atrocidades. Um silêncio de ciprestes, esquifes e espadas cegas. Um silêncio de anulação da arte e da vida.
No poema Sexto do livro Cancioneiro Incompleto (temas da guerra em Moçambique, 1961-1971), de Glória de Sant'Anna, o sujeito poético condena a violência que destruiu os macondes, cujas esculturas celebra :

(...)
(cada figura crescia de suas mãos negras
como se brotasse da sua própria fina pele
solta para a claridade e portadora
de igual agreste impulso
e em seu rosto
e em suas pupilas alagadas
era o mesmo secreto tempo de amar)

Hoje o pesado e oculto pau preto
jaz dentro da ausência
pleno de irreconhecíveis figuras
que perpassam iguais às da nossa memória(...)
(SANT'ANNA, 1988, p. 167-168)

Por entre sons de canhões e agrestes perplexidades diante da morte de pessoas inocentes, a poesia de Glória capta também a suavidade do mar , o canto dos negros e os tã-tãs dos tambores moçambicanos (Op. cit., p.201). Por entre os silêncios de lucidez crítica, seus versos assumem a consciência do fazer estético e, em meio às lacunas da denúncia explícita da opressão, teoriza sobre sua própria arte poética:

Um poema é sempre
uma qualquer angústia que transborda.

(E eu posso cantá-lo de amor
posso cantá-lo de ódio
posso cantá-lo de roda...)

Um poema é sempre
como um rebento novo que se desdobra.

(E eu posso cantá-lo ao sol
posso cantá-lo de água
posso cantá-lo de sombra...)

Um poema é sempre
como uma lágrima que se solta.

(E eu posso cantá-lo como quiser:
há sempre uma palavra que me esconda...)
(SANT'ANNA, 1988, p. 97 )

Metalinguagem, sensibilidade e silêncio levam a voz lírica a profundas reflexões sobre a sua textualidade poética que, de grito a canto, se reconhece mar, vento, som, melodia. O oceano traz as correntes submersas da memória. Mudanças atmosféricas marcam o ritmo introspectivo das lembranças e das catarses históricas.
Alterações cromáticas, luminosas e sonoras trazem o vento para dentro dos poemas como símbolo da transformação do eu-lírico, o qual busca, agora, apreender a expressão de belezas e angústias indizíveis: de sangue salgado se vestem estas minhas palavras e é sangue e sal o que escrevo e mágoa (SANT'ANNA, 1988, p.229).
Mar, tecido de mortos e vivos, magma da memória ultrajada, cuja liquidez salgada purifica as lembranças e as palavras. Mar, reservatório de mágoas e sangues acumulados que só se fazem expurgados pelas águas da própria poesia. Mar, mergulho abissal na interioridade mítica universal e reencontro com as raízes profundas de identidades submersas: 'Porque sempre o mar: / é isso / os mortos, as algas, as marés, os vivos' (SANT'ANNA, 1988, p.202)
A poética de Glória de Sant'Anna , como a poesia de Rimbaud, de Hölderlin, de Cecília Meireles, mergulha no silêncio e na musicalidade da linguagem, no 'mar absoluto' da própria poesia.
Captando a melodia cósmica das palavras, apreende a emoção do inexprimível, os sentidos profundos do existir humano universal:

Eu naveguei pelo interior de um longo rio humano de tempos diversos onde também há sangue vegetal, buscando o que acabei por encontrar a imensa angústia que se reparte.
Sobre isso escrevo.
Mas cuidado : a música da palavra é um casulo de seda. Só dobando-os com olhos atentos se chega à verdade, à solidão ansiosa e disponível.
No entanto, que cada um faça a sua leitura.
(SANT'ANNA, 1988, poema da contracapa)

É uma poesia que faz opção pelo silêncio. Um silêncio, cujo significado 'fala' mais que o de poemas explicitamente engajados com o real histórico, pois é tramado pela densidade de emoções e sentimentos despertados por situações várias: de beleza, de ternura, de ódio, de dor, de medo , de angústia, de saudade.
Quando a autora, em 1974, teve de regressar a Portugal, o retorno à pátria se converteu para ela num segundo exílio.
Arrancada do mar de Pemba de que se alimentara por longo tempo, a poetisa ficou vários anos sem conseguir escrever, agora, num silêncio concreto, sem palavras. Ao recuperar a linguagem, mergulhou de novo no mar, em cujas águas, transformadas em canto, passaram a ressoar memórias, por intermédio das quais a voz lírica se reconheceu livre e inteira : eis-me solta de todas as amarras da canga a que forcei o pensamento de novo imersa nessa pura água em que me identifico e apresento (SANT'ANNA, 1988, p. 289).
Mar e silêncio, na obra de Glória, passam a conotar depuração. Depuração de sentimentos e emoções que não se traduzem em linguagem comum, mas que se revelam na expressão indizível das metamorfoses da própria poesia:

A essência das coisas é senti-las
tão densas e tão claras,
que não possam conter-se por completo
nas palavras.

A essência das coisas é nutri-las
tão de alegria e mágoa,
que o silêncio se ajuste à sua forma
sem mais nada.
(SANT'ANNA, 1988, p. 126)

Mar, música e silêncio fluem na sacralidade poética instaurada pelo discurso de Glória de Sant'Anna, para quem a literatura, acima de ideologias, de partidos, de nacionalidades, de etnias ou de gêneros, assume um compromisso maior com os valores humanos e com a essência universal da arte e da própria criação poética.
- CARMEN LUCIA TINDÓ RIBEIRO SECCO, Doutora em Letras Vernáculas e Profª. de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BOSI, Alfredo. O Ser e o tempo da poesia. SP: Cultrix, 1983.
SANT'ANNA, Glória de. Amaranto: poesias 1951-1983. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda,1988.
STEINER, George. Linguagem e silêncio : ensaios sobre a crise da palavra. SP: Cia das Letras, 1988.
Brasil, 2 de Junho de 2009 - O tempo, dilapida implacável, inclemente nossas referências... Fica a saudade para alimentar o horizonte do hoje. Do "ForEver PEMBA" e do "São Paulo o Colégio" transcrevo:

Partiu esta madrugada nossa Querida Professora, Amiga e Poetisa, Glória de Sant'Anna. A notícia veio até mim por este pequeno e simples texto:

"... É com profunda dor, que te venho anunciar o falecimento da nossa Mãe. Morreu às 4 horas da madrugada do dia de hoje..."

Não é fácil falar ou comentar quando o coração está apertado, amargurado com mais esta passagem da vida que envolve e atinge um ser humano de valor sentimental imensurável para muitos de nós que aprendemos a caminhar na vida pela força e ensinamentos recebidos de suas delicadas mãos sempre dadas às nossas, desde os tempos da infância.
Só consigo dizer que jamais esquecerei seu olhar terno, suave, sua voz tranquila, meiga mas firme e de palavras inteligentes, doces, sempre doces, repletas de poesia e sabedoria...
Jamais deixarei de a considerar minha Querida Professora, quase uma segunda Mãe...
Jamais deixarei de a considerar a minha Querida e Eterna Poetisa do Mar Azul de Pemba...
E é com lágrimas nos olhos, com imensa tristeza, com uma tremenda saudade que não tem fim, que, aqui de longe, a revejo no meu imaginário no meu último abraço, no meu último adeus terreno, ciente que a reencontrarei sempre em meus sonhos e na poesia de todos os entardeceres que aprendi a descobrir com a beleza de seus versos e com a generosidade que emanava de seu coração de poetisa, professora e Mãe.
Que a beleza e força espiritual de D. Glória (como sempre e carinhosamente por nós era chamada), que são eternas, nos inspire a todos, seus Amigos, assim como a seus Filhos e Familiares, a superar a saudade que fica!
- J. L. Gabão, 02 de Junho de 2009.

Dedico este "post" e tudo que divulgo e tentarei continuar a divulgar sobre esta querida e notável personalidade, a minha paciente professora de inglês (Glória de Sant'Anna) quando seu aluno do Colégio de São Paulo e da Escola Comercial Jerônimo Romero em Porto Amélia, hoje Pemba, na década de 60.
    (Transferência de arquivos do sitio "Pemba/Régua" que foi desativado.)
    Continua...