Mostrar mensagens com a etiqueta Pemba. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Pemba. Mostrar todas as mensagens

4/29/08

Ecos da imprensa moçambicana - Nunca é demais repetir: Baía de PEMBA...a mais bela entre as belas !

Baia de Pemba- Maior beleza natural do mundo !
.
Maputo - A baia de Pemba, Província de Cabo Delgado, é considerado pela UNESCO como uma das maiores atracções turísticas do mundo o reconhecimento surge na sequência da candidatura desta baia ao titulo de património da humanidade ao clube das melhores baias do mundo, património da UNESCO, na qual sagrou se uma das maiores belezas naturais do mundo, o que lhe conferiu ingresso àquele organismo mundial.
A candidatura da baia de Pemba foi apresentada no passado mês de Outubro no Brasil, concretamente na praia da rosa, agora património da UNESCO, por uma equipa constituída pelo presidente do Município de Pemba, Agostinho N’tauli e representantes da Associação dos Naturais e Amigos de Cabo delgado, um evento que participaram representantes de 25 países interessados na promoção de turismo e das belezas naturais das baias.
De acordo com o Presidente do Município de Pemba o ingresso da baia no clube das mais belas baias do mundo afigura se uma entrada triunfal na medida em que, não só traz vantagens para a baia, mas sim para todo o País, sobretudo na promoção do turismo.
Apontou serem algumas vantagens que o clube pode trazer para a baia e coincidem com os desafios que o Conselho Municipal de Pemba apostou no Plano de Desenvolvimento da daquela cidade que são, nomeadamente, a promoção do turismo mundial, preservação do ambiente, promoção e conservação da cultura local, conservação e manutenção do estado natural das baias, defesa dos corais - espécies marinhas em via de extinção no mundo.
Refira se que aquela baia ja vinha lutando para o seu ingresso neste clube desde o ano 2002 junto da Associação dos Naturais e Amigos da Província de Cabo Delgado, actualmente conhecida por Cabo Delgado em Movimento.
Daniel Paulo
.
Alguns post's anteriores sobre a bela Baía de Pemba:
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 1 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 2 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 3 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 4 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas...5 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas II - 18OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas III- Histórias e lendas - 20OUT2007 - Aqui !
  • Ecos da Imprensa Moçambicana - Pemba e o turismo... - 28ABR2008 - Aqui !

4/28/08

Ecos da imprensa moçambicana - Pemba e o turismo...

Construção em Pemba de hotéis de luxo.
.
A baía de Pemba, na cidade de mesmo nome na província nortenha de Cabo Delgado foi convidada pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) para participar num concurso internacional para eleição das melhores baías do mundo.
O convite fica a dever-se pelo facto da mesma constar como uma das mais belas baías do mundo, uma vez que, para além da beleza em sí, apresenta uma diversidade cultural invejável e tem-se batido pela conservação dos espaços virgens e por manter a sua originalidade, segundo disse a jornalistas, sexta-feira passada, o presidente do município de Pemba, Agostinho Ntawala.
Ntawala disse que, Pemba esteve representada, em Outubro de 2007, no Brasil, num encontro durante o qual, uma vez mais, foi vincada a sua eleição para figurar na classe das baías mais belas do mundo, passando assim a ser a quarta no continente africano depois da Àfrica do Sul, Senegal e Cabo Verde que se vêm juntar a outras 26 dos restantes continentes.
É ainda no quadro da sua elevação que este mês de Maio de 2008, uma delegação de peritos da UNESCO irá deslocar-se a baía de Pemba para avaliar as condições apresentadas pelas autoridades moçambicanas e proceder à entrega do respectivo título de Património da Humanidade que lhe dá o direito de ser integrada no clube das baías mais belas do mundo, segundo ainda a fonte.
Uma das actividades de reconhecimento pela distinguição a serem desenvolvidas pela edilidade refere-se a construção de dois hotéis de cinco estrelas, com obras a arrancar em 2009 e várias outras infra-estruturas visando acolher o crescente número de turístas que têm-se deslocado a Pemba.
Presentemente, a baía recebe em média por ano cerca de 98 mil turistas entre nacionais e estrangeiros que contribuem para uma parte significativa das receitas do munícipio, segundo ainda Agostinho Ntawala, que, entretanto, não precisou o montante colectado.
Fernando Sidumo
.
Alguns post's anteriores sobre a bela Baía de Pemba:
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 1 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 2 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 3 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 4 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas...5 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas II - 18OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas III- Histórias e lendas - 20OUT2007 - Aqui !

4/04/08

A Pemba em imagens que nos chegam...

Aos poucos Pemba vai sendo conhecida, apreciada, fotografada.
E a net vai-se transformando num valioso e imenso álbum de imagens que nos transportam e mostram seus recantos, suas virtudes, defeitos, passado e o hoje de crescimento algo desorganizado, carente de disciplina urbanística, ecológica, salubridade ambiental, ambicionando com merecimento ser iluminada e reconhecida pelos holofotes do turismo internacional...
È bela, rústica, tropical, suntuosa ao extremo...mas carente de cuidados, que a acarinhem, abracem, afaguem e amem como mulher africana, pujante, de corpo alentado e vibrante transpirando o perfume das acácias vermelhas e o odor sensual do mar do Paquitequete, do Wimbe, da Maringanha transportados pelo vento que, apaixonado, canta e lhe oferece melodias sem fim silabadas entre os ramos das casuarinas, dos cajueiros e das maçaniqueiras silvestres.
Para nós, é e será a eterna Pemba que nos estende os braços longos para além do mar e nos acaricia em noites de calor e insónia com o som suave e rítmico do "tam-tam" distante de seus batuques.
  • Imagens fotográficas recentes de Pemba e Moçambique no blog "Pelo Leste do Sul de África" de Adrobat - Aqui !
  • Imagens fotográficas recentes de Pemba (341 fotos entre outras de diversos Amigos) de autoria de Paulo Pires Teixeira, no grupo MSN-Bar da Tininha - Aqui ! (É necessário identificar-se como usuário do Live ID para poder inscrever-se e acessar os álbuns deste grupo).
  • Portal do fotógrafo Moçambicano Ismael Miquidade - Aqui !
  • E parte de um video da eterna e memorizada Porto Amélia colonial, comercializado hà alguns anos em VHS e recentemente colocado na net por Antero Martins Ferreira:


(Para evitar sobreposição de sons, não esqueça de "desligar" a rádio "ForEver PEMBA.FM" no lado direito do menu deste blogue.)

12/10/07

PEMBA - O Farol da Maringanha, a lenda e o progresso 2

(Clique na imagem para ampliar)
(Imagens originais daqui e daqui)
.
Um comentário que é destaque e notícia:
.
Lúrio disse:
Caro 'amigo' Jaime, o que se fala do desaparecer do encanto do Farol da Maringanha, é fruto do progresso a que assistimos diáriamente na terra que escolhi para viver.
Se conseguirmos alhearmos ao 'fazer tudo de qualquer maneira para ter o sentimento de posse' de alguns ditos empresários locais, estamos à mingua de grupos hoteleiros e de empresários a sério para investir em Pemba, talvez quando aparecerem, já não haja encanto algum nesta linda terra.
O que se precisa é de pessoas que ponham de lado a parte saudosista das coisas, e queiram intervir para um desenvolvimento saudável e sustentado dos recursos que a natureza oferece aqui na Provincia de Cabo Delgado.
Quanto ao novo estádio, para já parece uma realidade irreversível. Já está numa fase de terraplanamento e vedação do recinto do futuro estádio - melhor dizendo, de um complexo desportivo completo, ao nivel de um dos melhores de Àfrica Austral.
Este complexo, está a ser construído na chamada zona de expansão que fica do lado sul para quem desce do Aeroporto até à Praia do Wimby pela nova estrada alcatroada e inaugurada aquando da abertura do Pemba Beach Hotel em 2002.
Esta zona, já começa a ficar com cores diferentes das que tinha a alguns anos, existem novas construções com uma arquitectura ainda um pouco 'duvidosa' de alguns 'chefes' da urbe.
Contudo, é de louvar esta iniciativa do Municipio em alargar a zona Urbana para os Bairros periféricos, assim quiçá se protege um pouco o ambiente saudável que em tempos se vivia na chamada zona Bairro Cimento que engloba as construções da Urbe do tempo colonial, protegendo assim a história e a Baixa da cidade...
Segunda-feira, 10 Dezembro, 2007.
.
Lúrio:
Que dizer aqui de longe?...
Talvez...que a cupidez do lucro não extrapole o razoável...
Que se tente resguardar por meio da recuperação do patrimônio, a parte baixa da cidade hoje em ruínas e quase abandonada...
Que o progresso seja vigiado para que não destrua o atrativo e rico formato arquitetónico/colonial e o belo desenho da natureza que privilegia esse cenário delicado e já incomum...
Que a população de Pemba venere com educação, civismo e "ciúme" (no bom sentido), sua urbe...
E que o saudosismo, saudade, nostalgia ou o que quer que titulem a "paixão" por Pemba, seja o tonificante salutar que alçará o destino desejado para nossa bela cidade.
Obrigado por teu oportuno comentário.
E vai dando notícias!
  • Post inicial - aqui

11/28/07

Ronda pela net - Praia do Wimbe.

(Clique na imagem para ampliar - Fotografia daqui)
.
Do blogue "Da Côr do Índico" - Quinta-feira, 06 de Setembro/2007:
.
Praia do Wimbe
Tem nome de “Uau!”, não tem?
Quando dizemos “Wimbe”, não dá logo vontade de o repetir histericamente, como acabássemos de dar uma daquelas mais altas que o Evereste?
Pois... mas não me apetece escrever sobre as maravilhas de estar no Dolphin e dar um mergulho logo em frente para ver corais...O cenário difere um pouco, mas o contexto é sempre o mesmo.
Lugares turísticos com estrangeiros mais ou menos endinheirados.
Seja na Julius Nyerere de Maputo, na Baía dos Côcos ou no Tofo, na Ilha de Moçambique ou do Ibo, aparecem-nos estas crianças de rostos lindos, sorrisos contangiantes e olhares meigos.
Uma mistura de carência de afecto e tentativa de reconstrução de uma infância mal vivida, desnutrida, eterna, com uma perda de inocência que nos atropela e assusta, na partilha comum das piores das malícias.
Tanto nos solicitam um pouco de atenção e uma mão dada, como de seguida nos assaltam, de forma literal ou na forma tradicional da mão estendida, acompanhada de uma inequívoca frase: “Tenho fome”, “Estou a pedir” ou “Peço 5... ou 10”...Por vezes, têm algo para dar em troca, como um colar, fruta, castanha de cajú, uma dança, ou apenas o seu sorriso...
Muitas vezes, não têm mesmo nada que trocar.
Só a temível certeza que também eles, como grande parte dos adultos, de todas as classes, estão corrompidos pela preguiça, por todos os danos colaterais e directos da pobreza (absoluta e relativa) que minaram várias gerações (futuras também) acomodadas ao acto de pedir.
A nós brancos, todos iguais, que somos ricos e temos tudo, na óptica deles, se calhar correcta.
E temos a obrigação de lhes dar.
Aos portugueses, para além de pedir, há que extorquir, não sei se por decreto, como se assim se pagasse uma dívida que os nossos antepassados (que também são os de muitos dos moçambicanos que nos “cobram”) deixaram acumular e que sempre cresce, nunca é perdoada.
Pobreza e corrupção são indissociáveis e quase não nos parecebemos onde começa uma e termina a outra.
É tranversal nesta sociedade e adquire diferentes tonalidades, umas mais directas, outras mais subtis.
... ... ...
Enquanto o lema deste país for pedir e parasitar a todo o custo, dificilmente alguma estratégia de desenvolvimento (lhes) sobreviverá... neste país necessariamente tido como o bom aluno, o exemplo conveniente para a ajuda pública ao desenvolvimento, que esconde os interesses nas riquezas redescobertas...
Poderei algum um dia avistar daqui do Dolphin algum poço offshore de exploração petrolífera?
Posted by Vasco at 21:49

10/27/07

Pemba: Professor obriga alunos a construír casa.

Um professor da Escola Secundária 16 de Junho, na cidade de Pemba, está a construir a sua residência usando como mão-de-obra dos seus alunos num acto que deixa revoltados os pais dos estudantes que contaram a história ao “Notícias”.
Conhecido simplesmente por Dalove, o professor de língua inglesa, serve-se, durante os fins-de-semana, dos seus alunos para transportar areia e outros materiais de construção com os quais pretende erguer a sua casa.
Para confirmar os factos, a nossa reportagem deslocou-se ao local onde foi encontrar os alunos em pleno trabalho de transporte de areia, em sacos de cinquenta quilogramas, que é extraída a meio quilómetro do bairro de Novine, onde está a ser erguida a casa.
“Somos das turmas 3 e 4 da oitava classe, mas também conhecemos colegas de outras salas no período da manhã que têm vindo fazer esse trabalho”, informam os alunos.
Acrescentaram que aceitam fazer esse trabalho, sem conhecimento dos pais, convictos que daí pode resultar um benefício em forma de aproveitamento escolar.
“Ele promete-nos notas, mas noutros casos ameaça-nos com faltas disciplinares quando não comparecemos para fazer o trabalho dele, daí a nossa presença”, justificaram.
Facto caricato é que no terreno onde decorrem as actividades não se encontra sequer nenhuma aluna do sexo femenino, situação interpretada pelos rapazes com um acto de discriminação.
Contactado o professor Dalove não desmentiu nem confirmou os factos, tendo declinado pronunciar-se com alguma profundidade sobre o caso, alegadando que só poderia falar na presença do seu director.
“Eu gostaria de falar na presença do meu director ou da direcção da escola” disse, prometendo, em seguida, que iria buscar o responsável máximo da instituição, só que debalde, porque nunca mais voltou e foram infrutíferas as nossas tentativas de o localizar telefonicamente.
Entretanto, o director da “16 de Junho”, Jone Nanguida afirmou que acabava de tomar conhecimento dos factos connosco e lamentou que tal estivesse a acontecer nos termos em que os alunos contam dizendo de seguida, que se a história for real uma acção disciplinar será movida contra o professor.
Maputo, Sábado, 27 de Outubro de 2007:: Notícias

9/07/07

Rui Paes (de Pemba) entrevistado pelo Expresso.

Rui Paes: pinto, como e durmo
Rui Paes, o pintor que ilustou um livro infantil de Madonna, fala de si, da sua vida e do seu trabalho:
Rui Paes estava sentado no chão da Galeria Municipal de Matosinhos, às voltas com um banco de madeira. «É como a Paixão de Cristo», sorriu. Dos pregos saía uma tinta avermelhada. «Isto interessa-me: a nossa inabilidade para o sangue», acrescentou. É este, então, o português que ilustrou o livro de Madonna. No I Simpósio Internacional de Pintura, realizado em Matosinhos, Rui Paes crucificava um banco de madeira. A entrevista começou ao contrário: foi o pintor que se atreveu ao diálogo. Esta foi a resposta à pergunta que não houve: Faço pintura mural e, porque tem de ser, procuro que as formas sejam correctas, ou, mais importante, que se adaptem ao espaço arquitectónico, porque senão a ilusão não funciona, contradiz-se e desfaz o efeito. A disciplina mental é importante. A exactidão tem uma disciplina mental. Utiliza um sistema que não é um sistema fixo, único, mas que se adapta às circunstâncias, como agora aqui, em Matosinhos. Eu vinha com uma ideia: a de que Matosinhos era uma cidade de pescadores, e tinha criado uma imagem em relação a essa ideia. Mas quando cheguei cá alterei completamente tudo, porque preferi começar a absorver aquilo que me foi dito, aquilo que vi e aquilo que percebi e transportar isso para a pintura. Em vez de forçar o meu tema e sobrepor a esse tema uma coisa extemporânea, decidi alterar a ordem: deixar que a cidade me dissesse o que quis dizer e que eu pusesse na tela aquilo que ela me quisesse dizer.
E o que é que a cidade lhe disse, até agora?
Imensas coisas. Fiquei espantado com a quantidade de lendas, com a religiosidade do sítio!
Como é que surgiu a ideia deste banco que estava a decorar? Disse-me que tinha a ver com a nossa inabilidade para o sangue.
Em Inglaterra, onde vivo, a religião oficial é mais despojada, com uma imagética muito mais despojada do que a nossa. Eles têm pavor àquelas imagens da tortura, àquela fase em que Cristo é sentenciado e castigado. Essas imagens não aparecem muito nas igrejas protestantes, também porque são muito mais austeras, muito mais limpas - em Inglaterra, sobretudo. Esse foi um dos aspectos que sempre me interessou muito na religião: o aspecto gráfico do sofrimento. E o sofrimento pode ser físico, emocional, intelectual. Somos quatro pintores, no encontro em Matosinhos e a cada um foi oferecido um banco pequenino de pinho para decorarmos. (Ainda por cima pinho, que é a ideia da madeira da cruz... embora eu não saiba qual foi a madeira usada na crucificação.) Eu gostei muito da Igreja do Senhor de Matosinhos. Gosto muito da arte do período barroco e, quando me foi sugerido que decorasse o banco, que o pintasse, não pude deixar de pensar nisso, no corpo branco de Cristo depois de torturado, depois de chicoteado. Esta é uma imagem que faz parte da pintura clássica. Achei que o banco só podia ser aquilo: símbolo mesmo da Paixão de Cristo e da entrega do pintor, da entrega do artista ao seu trabalho, que também é total.
Em que medida é que relaciona a Paixão de Cristo e essa entrega à arte? Não tem a ver com o sofrimento pelos outros...
Não, não, pelos outros nunca. É sempre por nós próprios, pelo nosso trabalho. Mas é o exercício de uma solidão absoluta. A pintura é o exercício da extrema solidão. E eu gosto de estar sozinho comigo, foi-me dada essa grande dádiva. O meu trabalho é o meu companheiro, e eu estou bem com ele. Fecho-me no ateliê e esqueço-me.
Como é a sua vida em Londres?
Divido o meu tempo entre Londres e o campo. Tenho um ateliê em Londres e um ateliê ao pé de Cambridge, onde passo muito tempo. Mas é uma vida assim: pinto, como e durmo. Hoje, faço muito menos jardinagem. Tenho andado desligado das plantas. Mas lá ponho umas camélias de vez em quando. É uma vida muito tranquila.
Ainda continua a pintura mural, a intervenção nos castelos?
Agora vou fazer um projecto com um colega inglês para um cliente de Munique. Inclui elementos de arquitectura e escultura de um castelo que o cliente tem, mas isto é para uma casa de cidade. Ele quer trazer para a cidade aspectos de paisagem, arquitectura e escultura da outra propriedade do campo, e o trabalho vai ser baseado nesse tema. De resto, tenho andado à volta do livro que estou a fazer para o São Carlos ver caixa e a desenvolver também ideias à volta de um cavalo que me apareceu há 20 anos, um cavalinho que encontrei em França, em Aix-en-Provence.
Conte-nos melhor essa história do cavalo.
Numa viagem que fiz, há 20 anos, apareceu-me um cavalinho branco no chão, numa ponte, e eu guardei-o sempre. Um dia, reencontrei-o e disse: isto está a querer dizer-me qualquer coisa. É um trabalho pessoal, uma brincadeira que estou a fazer e que me está a divertir muito. É este o projecto em que estou envolvido em termos de pintura de cavalete: desenvolver uma imagem ligada a conceitos, a palavras... É mais um jogo de língua e actividade. As palavras que estão escritas na tela definem a acção do cavalo. Elas não estão escritas foneticamente correctas, mas soam como a ideia que quero passar. Apetece-me brincar com os ingleses! Eu gosto muito de línguas. Gosto muito da língua inglesa, conheço-a bem, é irresistível. Gosto das palavras. Não leio tanto como gostaria. Escrevo algumas coisas. Não sou um estranho às palavras, mas acho que as palavras têm de ser as palavras exactas.
Que diferença sente entre pintar uma tela e pintar um interior, um muro?
É um bocado como a ilustração. As pessoas não entendem que um pintor é um pintor. Um pintor pinta. Pode fazer ilustrações para um livro, pode fazer pintura mural, pode fazer pintura de tela, pode fazer o que quiser. O que ele teve foi anos - seja de vida, seja de aprendizagem académica - que foram desenvolvidos à volta da pintura, do trabalho com tinta, com a expressão plástica. Por isso, eu estou a pintar sempre. Um músico e um pintor, nesse aspecto, não são muito diferentes. Um músico pode ser um intérprete e pode ser um compositor. O pintor também. Quando estou a ilustrar um livro, estou a seguir um guião, a interpretar um tema que me é oferecido, e estou a tentar alargar o espectro simbólico, significativo, do tema. Estou a interpretar, como um violinista poderá interpretar uma peça. Quando estou em frente a um cavalete, estou a compor. Mas continuo a trabalhar na mesma área.
É a diferença entre trabalhar uma imagem que é sua ou uma imagem de outra pessoa?
Que me é fornecida pelas palavras de outra pessoa. Se for o caso da pintura mural, é uma questão de orquestração. O pintor é um orquestrador. Eu orquestro quando faço pintura mural, porque tenho de incluir elementos que me são sugeridos, que me são exigidos, alguns. Tem de ter este aspecto, tem de ter aquele, não gosto de macacos, não faça um macaco a sorrir porque mete impressão...
No caso do livro da Madonna, o macaco foi uma das razões do encontro. Ouvi uma história que envolvia um macaco, a Madonna e o Rui Paes...
Sim, sim. [risos] A Madonna chegou a mim por causa de um castelo na Noruega, mas sobretudo por causa dos macacos que eu lá pintei. Quando me fizeram a proposta de pintar o «hall» de entrada, achei que, pelos elementos que a sala apresentava, o mais bonito era fazer uma coisa à chinesa do século XVIII, mas divertida. Quis fazer uma «singerie», uma macaquice. Os editores viram aquele trabalho no «New York Times» e pensaram: isto é uma possibilidade. Fizeram-me uma proposta, e eu fiquei muito interessado com o projecto. Quando a história chegou, pareceu-me difícil, mas li, reli e comecei a percebê-la. Emocionou-me, porque definia bem como é possível ser-se generoso, e entreguei-me ao projecto.
Como reagiu o seu filho quando lhe contou a novidade? Gostava de saber como é que se chega a casa e se diz que se vai ilustrar um livro da Madonna.
Eu pedi-lhe que ele adivinhasse. Disse-lhe que ia trabalhar com uma cantora mais da minha geração... Ele acertou à terceira.
Já o tinha em muito boa conta.
Ele é muito sóbrio. Ficou contente, mas é uma pessoa muito sóbria. Eu estava no Rio de Janeiro quando recebi a notícia de que a Madonna tinha dado o OK e devo dizer que dei pulos. Estava sozinho no quarto de hotel e fiz aquelas coisas que só se vêem nos filmes.
Nos filmes salta-se em cima da cama...
Exactamente! [risos]
Chegou a conhecer a Madonna?
Sim, mais tarde. Falámos ao telefone e na apresentação do livro apresentámo-nos um ao outro. Ela é uma mulher lindíssima, não tem nada a ver com as fotografias. Ao vivo, é uma pessoa muito bonita e tem uma aura muito boa, projecta uma luz clara.
Em que lugar é que se encontra hoje? De regresso ao figurativo?
Eu nunca deixei de pintar figurativo. Mesmo quando pintava as grandes telas vermelhas. Quando saí de Portugal, o meu processo de criação tornou-se cada vez mais limpo, mais despojado, mais austero. Quando tive oportunidade de, pela primeira vez na vida, pintar oito a dez horas, no mestrado, isso deixou-me inquieto. O projecto definiu-se a si próprio, mas foi um projecto de limpeza, ligado a uma certa espiritualidade. O despojamento da pintura indicava o processo do meu próprio despojamento. Passei os primeiros meses no Royal College a mandar embora do meu pensamento as pessoas que interferiam, as vozes que interferiam. Foi mesmo um processo de limpar.
Mas essas vozes...
Eram vozes portuguesas.
Tinham a ver com os mestres, com a sombra de outros criadores, ou eram vozes pessoais?
Era toda a gente. Quis libertar-me das interferências: limpar, coar, polir, até poder estar só comigo. Os primeiros meses do mestrado foram feitos assim, e a pintura acompanhou tudo isso. Acabei por pintar grandes áreas com contentores vazios dentro delas. Foi mesmo um processo de limpeza, de limpeza espiritual, emocional.
Lembra-se de como era antes de pintar? Lembra-se do processo?
A primeira pintura a sério que fiz foi quando tinha sete ou oito anos. Foi o Deus nas nuvens do Rafael, a guache. Havia um livro escolar que na contracapa tinha uma pintura cuja parte superior era Deus e as nuvens com dois anjinhos. Eu gostava tanto daquilo, e era assim que eu queria pintar!
Com essa pureza?
Assim, tão bem! [risos]
In- Expresso - Entrevista de Filipa Leal, Fotografia de Bruno Barbosa
Rui Paes nasceu em Moçambique (Pemba), em 1957. Terminou o Curso de Artes Plásticas da ESBAP em 1981. Em 1982 recebeu o Prémio Revelação Arús. Fez o mestrado em Pintura no Royal College of Arts como bolseiro da Gulbenkian. Foi premiado com uma bolsa da Beal Foundation, de Boston. Em 1990 realizou cinco Retratos Monumentais para os cenários de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, no Bayliss Theatre, em Londres. Tem executado pintura mural na Alemanha, Egipto, França, Inglaterra, Líbano, Noruega e Portugal. Vive e trabalha em Londres. Foi um dos convidados do I Simpósio Internacional de Pintura de Matosinhos. Ilustrou o livro infantil de Madonna Pipas de Massa e ultima as ilustrações para o livro O Fantasma Trezmelenas, de Alice Vieira, onde se conta às crianças a história do Teatro São Carlos.
Rui Paes no ForEver PEMBA - aqui-2 , aqui-3 , aqui-4 , aqui-5 , aqui-6 , aqui-7 , aqui-8 , aqui-9, aqui-10, aqui -11 e aqui-12

8/17/07

Continuamos imaginando Pemba - 5...

( Foto de Sérgio Cabral)

7/10/07

Rui Paes em foco...

Íntimo
Rui Paes
50 anos
pintor
Eu não me importava de ser uma cidade esquecida ou um rio exacto. Preferia ser um rio exacto, que tem mais a ver com a maneira como trabalho, com o meu processo. É mais uma disciplina mental do que uma exactidão. A exactidão tem uma disciplina mental.
A pintura é o exercício da extrema solidão. Eu gosto de estar sozinho comigo, foi-me dada essa grande dádiva. O meu trabalho é o meu companheiro. Fecho-me no atelier e esqueço-me. As pessoas não entendem que um pintor é um pintor. Um pintor pinta. Pode fazer ilustrações para um livro, pode fazer pintura mural, pode fazer pintura de tela, pode fazer o que quiser. Por isso eu estou a pintar sempre. Um músico e um pintor, nesse aspecto, não são muito diferentes. Um músico pode ser um intérprete e pode ser um compositor. O pintor também. A pintura mural é uma questão de orquestração. O pintor é um orquestrador.
A Madonna chegou a mim por causa de um castelo na Noruega e dos macacos que eu lá pintei. Os editores viram o meu trabalho no «New York Times» e pensaram: isto é uma possibilidade. Estava no Rio de Janeiro quando recebi a notícia de que ela tinha dado o OK final ao projecto e devo dizer que dei pulos. Estava sozinho no quarto de hotel e fiz aquelas coisas que só se vêem nos filmes.
Sempre me interessou o aspecto gráfico do sofrimento, na religião. Em Matosinhos pediram-me que decorasse um banco de pinho e eu não pude deixar de pensar nisso, no corpo branco de Cristo depois de torturado, depois de chicoteado. O banco só podia ser aquilo: símbolo mesmo da Paixão de Cristo e da entrega do pintor ao seu trabalho, que é total.
Reajo à Academia Contemporânea. Acho que a arte contemporânea está de tal modo institucionalizada que é uma nova Academia. Em Portugal, só o contemporâneo é que conta. Temos que nos abrir mais às diferentes formas de expressão. Trabalha-se muito no óbvio. O óbvio é o seguro, é o que dá a segurança absoluta. Correm-se poucos riscos.
Divido o meu tempo entre Londres e o campo. Gosto de estar em Portugal. Os meus amigos continuam leais.
Ilustrou o livro infantil da Madonna «Pipas de Massa» e participou no I Simpósio Internacional de Pintura de Matosinhos.
In -
Expresso (Edição 1810 de 07.07.2007):Texto de Filipa Leal ;Fotografia de Bruno Soares.
Rui Paes no ForEver PEMBA- Aqui , aqui-2 , aqui-3 , aqui-4 , aqui-5 , aqui-6 , aqui-7 , aqui-8 , aqui-9 e aqui-10.

8/06/05

Cheira a Chamussa com "piri-piri"...

Mãos femininas indianas as produziam, degustavam, ofereciam e vendiam pelas ruas e praias de Porto Amélia/Pemba, com cheiro a "piri-piri" e sabor a "quero-mais"... Para os saudosistas-gulosos e habilidosos na culinária, aqui fica, sugerida pela Isabel Filipe a "fórmula-mágica":


Chamussas - Ingredientes
Massa
260gr de farinha s/fermento
1,5dl de água morna
· 1 colher de sopa de vinagre
· sal fino,farinha e óleo q.b.


Recheio
· 50gr de manteiga
· 2 cebolas
· 4 dentes de alho
· 1 colher de chá de gengibre ralado
· 1 colher de sopa de caril
· 400gr de carne picada (porco ou borrego)
· 1/2 limão(sumo)
· 1 ramo de coentros
· sal e pimenta q.b.


Polme
· 1 colher de sopa de farinha
· 2 colheres de sopa de água


Prepare a massa:
Misture a farinha com a água morna, o óleo e o vinagre.
Envolva bem, até obter uma massa homogénea e elástica.
Tempere com sal e deixe repousar.


Faça o recheio:
Leve ao lume a manteiga com a cebola, os alhos picados e o gengibre.
Deixe refogar bem e adicione o caril e a carne; tempere com sal, pimenta e o sumo de limão. Deixe cozinhar, em lume brando, por 25 minutos.
Se necessário, adicione água quente.
Rectifique os temperos, junte os coentros picados e deixe arrefecer.
Divida a massa em bolas e estenda-as, numa superfície enfarinhada, com o rolo de cozinha. Coloque uma chapa lisa a aquecer e disponha as folhas de massa.
Marque-as dos dois lados e vire-as com a espátula.
Retire e corte em rectângulos.
Faça o polme, misturando bem a farinha com a água.
Coloque uma colher, das de chá, de recheio numa das pontas da massa e dobre em forma de triângulo.
Feche a última volta com o polme.
Frite em óleo bem quente e escorra-as sobre papel absorvente.
Sirva mornas ou frias.
E... Não esqueçam de dizer depois se ficou bom e valeu !