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12/10/09

Biocombustiveis: Brasil exporta modelo de produção e riscos também para África e Caribe

"A campanha brasileira para difundir o modelo de produção do etanol de cana-de-açúcar em larga escala não significa apenas a oportunidade de geração de renda em países em desenvolvimento, como propagandeia o governo. Ou apenas a tentativa comercial de consolidar o "combustível verde" como commodity. Ela carrega em si, antes de tudo, o risco da exploração degradante dos recursos naturais e dos trabalhadores do Caribe e da África."

Objetivo do governo é consolidar produto como commodity. Transferência de conhecimento e investimentos são acompanhados de potenciais impactos sobre a vida de trabalhadores, comunidades tradicionais e meio ambiente.

Para que o etanol de cana-de-açúcar se torne uma commodity, é preciso ampliar o número de países produtores. Os empresários brasileiros e o governo federal sabem disso e, como estratégia para viabilizar as exportações do produto à Europa e aos Estados Unidos, incentivam a expansão da atividade sucroalcooleira na África e América Latina.

"Para formar um mercado internacional, é preciso ter mais países ofertantes. Só assim vamos desenvolver um mercado futuro, com negociações em bolsa", afirmou Alexandre Strapasson, coordenador do Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O alvo da política brasileira de expansão do monocultivo de cana são os países pobres. Em geral, eles têm maior disponibilidade de terra e de mão-de-obra barata e condições agroclimáticas mais favoráveis aos canaviais. Além disso, no caso dos países do Caribe e da África, possuem facilidade logística para vender aos Estados Unidos e Europa, respectivamente.
 
Os países caribenhos acumulam ainda uma vantagem fiscal: seu álcool não paga imposto na terra nos Estados Unidos, graças a um acordo preferencial de comércio com os norte-americanos, assinado em 1983 e renovado em 2000, conhecido como Iniciativa Caribenha (ou Caribbean Basin Initiative - CBI).
 
No Brasil, a Divisão de Energias Novas e Renováveis do Ministério das Relações Exteriores (MRE) coordena o programa Pró-Renova. Como parte desse esforço, já foram assinados 60 memorandos de entendimento para cooperação técnica bilateral na área de produção de cana-de-açúcar.
 
"Esses memorandos dividem-se em dois grupos: de um lado, o dos países desenvolvidos que demandam biocombustíveis e procuram o Brasil para saber mais sobre nossa experiência do etanol; do outro, o dos países em desenvolvimento, com vocação agrícola, nos quais a cana pode atuar como vetor de desenvolvimento", declarou o coordenador do Mapa.
 
Segundo ele, o memorando de maior sucesso foi assinado com os Estados Unidos, em 2007, para pesquisas conjuntas sobre a sustentabilidade do etanol de cana. Um dos focos do trabalho é a tentativa de criação de uma metodologia comum de quantificação das emissões de gases de efeito estufa.
 
A coordenadora da Divisão de Energias Novas e Renováveis do MRE, conselheira Cláudia Vieira Santos, detalhou o escopo da iniciativa: pesquisadores brasileiros e norte-americanos já realizaram estudos sobre a viabilidade da produção de etanol de cana em El Salvador, Haiti, República Dominicana, São Cristóvão e Névis e agora atuam em conjunto na Guatemala, Jamaica, Guiné Bissau e Senegal.
 
Longe de apenas responder a demandas pré-existentes, o Brasil tem adotado uma postura pró-ativa na política externa relativa ao etanol. Em outubro e novembro deste ano, por exemplo, uma equipe técnica composta por representantes do MAPA, do MRE e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) esteve em Botsuana, África do Sul, Angola, Zâmbia, Tanzânia, Zimbábue e Moçambique para ministrar um curso sobre o Zoneamento Agroecológico (ZAE) da cana-de-açúcar.
 
De acordo com Cláudia, o objetivo da ação foi o de "apoiar a capacitação de países africanos interessados em implementar ou já implementando programas nacionais na área de bioenergia".
 
Os esforços do governo brasileiro para aumentar o número de países produtores de etanol de cana não param por aí. Como visto no parágrafo acima, Maomé foi à montanha. Mas, neste caso, a montanha também veio a Maomé: o Mapa, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), realizou em Ribeirão Preto (SP), de 16 a 20 de novembro deste ano, a "I Semana do Etanol: compartilhando a experiência brasileira".
 
O público foram gestores e empresários de cerca de 20 países de língua inglesa da África (como Botsuana, África do Sul, Nigéria e Quênia), da América Latina (como Jamaica e Guiana), da Ásia (como Vietnã e Tailândia) e da Oceania (Ilhas Fiji). Em 2008, a chamada "Ethanol Week" aconteceu em setembro, em Araras (SP), e se voltou aos representantes de 31 países de língua espanhola e portuguesa: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, El Salvador, Haiti, República Dominicana, Cuba, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Benin, Burkina Faso, Costa do Marfim, Mali, Níger, Senegal e Togo.
 
Iniciativa privada
De acordo com Alexandre Strapasson, os investimentos diretos de usineiros brasileiros em outros países são tímidos. "É um desafio convencer empresários do Brasil a investir na África e América Latina. Ainda mais porque eles enfrentam a concorrência de países europeus, que também estão interessados em produzir nesses territórios", justificou o gestor.
 
Entre os grupos nacionais que já apostam na expansão da cana em território estrangeiro estão o Guarani e o Odebrecht. O primeiro, que possui seis usinas em São Paulo, passou a investir em Moçambique em 2007, comprando uma usina de açúcar construída em 1998. Por meio de um contrato renovável de concessão de terras públicas válido por 50 anos, os canaviais africanos do Grupo Guarani ocupam hoje 91 mil hectares, com plantio e colheita totalmente manuais. Na safra passada, a produção nessa unidade foi de 66 mil toneladas de açúcar. De acordo com a assessoria de comunicação da empresa, até o momento não há produção de etanol, mas "o governo de Moçambique, que possui participação acionária na Guarani, demonstrou grande interesse no setor de combustíveis renováveis por meio de projetos apresentados ao FMI [Fundo Monetário Internacional] e ao Banco Mundial".
 
Já o Grupo Odebrecht deve iniciar até o final de 2010 a produção de açúcar e etanol em Angola. A construtora brasileira tem participação de 40% na Companhia de Bioenergia de Angola, cujos demais sócios são a estatal petroleira Sonangol e o conglomerado angolano Damer.
 
Do ponto de vista da segurança energética, é importante ter outros países produzindo, a fim de mostrar aos consumidores que a oferta é estável", afirmou o diretor-executivo da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), Eduardo Leão de Sousa, concordou com a avaliação. "Caso contrário, cria-se a situação do ovo e da galinha que vivemos atualmente: não existe um mercado consumidor consolidado, então muitos países hesitam em começar a produzir. Por outro lado, existem poucos países produtores, então o mercado consumidor não se consolida", explicou o representante da Unica.
 
Por enquanto, a indústria brasileira que mais tem faturado com a política externa de incentivo à expansão da atividade sucroalcooleira é a Dedini, líder mundial na fabricação de equipamentos para o setor. "Nossas exportações cresceram 660% nos últimos 5 anos", comemorou o diretor de exportações da empresa, Antônio Pereira. Segundo ele, cerca de 10% do faturamento da Dedini vem do mercado externo, com clientes espalhados por 26 países, com destaque os localizados no Caribe e na África, além da Venezuela, Estados Unidos, Uruguai, Colômbia, Argentina, Bolívia e México.
 
Sinais de alerta
A campanha brasileira para difundir o modelo de produção do etanol de cana-de-açúcar em larga escala não significa apenas a oportunidade de geração de renda em países em desenvolvimento, como propagandeia o governo. Ou apenas a tentativa comercial de consolidar o "combustível verde" como commodity. Ela carrega em si, antes de tudo, o risco da exploração degradante dos recursos naturais e dos trabalhadores do Caribe e da África.
 
Na Guatemala, país exportador de açúcar, o Instituto de Estudos Agrários e Rurais - Idear, pesquisa há quase três anos as investidas do Brasil em território guatemalteco. O pesquisador Alberto Alonso Fradejas contou que a usina de açúcar Guadalupe Chawil Utz já invadiu zonas tradicionais de cultivo de alimentos.
 
Um dos acionistas dela é o grupo sucroalcooleiro Pantaleón, que integra uma joint-venture formada também pelo colombiano Engenho Manuelita e pela brasileira Unialco. Juntos, os três construíram uma usina de açúcar e álcool no Brasil (a Vale do Paraná, em Suzanópolis - SP) e estão investindo na construção de uma usina de desidratação de álcool na Guatemala, com vistas ao mercado norte-americano.
 
Em Moçambique, o ProCana promete gastar US$ 500 milhões e gerar 2 mil empregos diretos, usando tecnologia brasileira na produção de açúcar e etanol. Uma matéria do jornalista norte-americano Adam Welz, publicada em março deste ano no site "Mother Jones" (especializado em temas socioambientais), detalha os riscos do projeto. Cerca de 30 mil hectares de savana nativa deverão ser convertidos em canaviais em Massingir, a região mais seca do país, provocando perda de biodiversidade e consumo excessivo de água (aproximadamente 409 bilhões de litros por ano para irrigação). E 38 mil moradores do entorno do Parque Nacional do Limpopo serão obrigados a deixar suas terras.
 
A Constituição de Moçambique decreta que todas as terras do país são propriedade do Estado, que pode conceder autorização de uso a empresas por períodos de 50 anos. Essa concessão, no entanto, está condicionada à ausência de comunidades tradicionais no território. Pelo jeito lá, como no Brasil, boas leis não são garantia de boas práticas.
- Por Thaís Brianezi, do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis - In Repórter Brasil - Agª. de Notícias, 09/12/09.
  • Outros post's deste blogue sobre os polémicos "biocombustíveis" e os interesses comerciais ambiciosos, de expansão de mercado que os cercam, "ocultando-se" em simultâneo e em segundo plano prejuízos sociais, ecológicos, de desiquilibrio ambiental conseqüentes e provavelmente irreparáveis ! 

9/29/09

Moçambique e o desmatamento...



Sacos de carvão empilhados ao longo das rodovias em todo o Moçambique são uma visão comum.

O carvão vegetal é popular porque é barato, de fácil transporte e queima mais do que madeira. E é uma próspera indústria que suporta muitas famílias pobres em todo do país.

Mas a crescente demanda por carvão vegetal está a afectar as florestas... ... ...

4/01/09

Em Pemba um repórter a favor da natureza...

Consciência ecológica nos dias de hoje é tudo. A intranquilidade e preocupação com o futuro de nossos filhos e netos sossegam um pouco quando lemos algo como o que transcrevo abaixo, mais ainda quando provém da distante e quase escondida mas sempre bela Pemba, em Cabo Delgado, lá no norte do país Moçambique... Mas não se iludam os "jovens" da Pemba de hoje: Os recursos do meio ambiente, a vida silvestre e marinha correm perigo com os desmandos do ser humano, deseducado, em crescimento constante, descontrolado invadindo e agredindo o planeta em sua pureza natural. E desaparecerão com a continuidade do aquecimento global, que passa pelo desmatamento, cruza com o lixo e esgoto lançados nas ruas, rios e mares, abrange o abate criminoso e indescriminado dos animais da selva e culmina com a caça e pesca predatórias, sem regras. Pescar em excesso, sem norma ou equílibrio é crime, irresponsabilidade e também causará danos irreparáveis ao planeta e por consequência ao ser humano, afinal primeiro e principal causador de todos os males que afligem a natureza e seus habitantes naturais. Pemba/Cabo Delgado e seu povo têm palavra e muitas atitudes a exercer neste tópico!
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""Cabo Delgado : Como pescar sem destruir? - Todos os dias, pela manhã, temos sempre quem bata à porta para nos sugerir: patrão, o de hoje é muito bom! Ao meio dia temos ainda muitos indivíduos com feixes de peixe, mais uma vez molhado, para parecer que acaba de sair da água. Nuns casos é verdade, noutros não, mas quase sempre temos peixe a ser vendido pelos bairros da cidade de Pemba, a preços altíssimos, razão por que há pessoas que mandam vir de Nampula o peixe do mar que consomem em Pemba. É preferível!

Nas estradas das marginais, canoas sempre a ancorar, logo imediatamente assediados, pelos compradores da primeira mão, na verdade, aqueles que depois chamamo-lhes pescadores quando se fazem aos bairros residenciais da cidade, na verdade, os responsáveis pelo encarecimento do preço do peixe em Pemba, se bem que os pescadores propriamente ditos terminam na costa e regressam à sua faina. Pescador fica aquele que o vende (intermediário) e não o que pescou.

Ao mesmo tempo que somos dados a ver, agora raramente, peixe graúdo, do grupo de marlin, cherewa, serra e outros, somos confrontados com muitas caixas plásticas de peixe miúdo, que a língua popular deu o nome de malhação. A pergunta comum é se é pequeno porque é o seu tamanho normal ou porque foi pescado enquanto miúdo. Ou seja, a rede que foi usada para a sua captura é ou não permitida, conveniente?

Frente aos escritórios do Instuituto de Desenvolvimento de Pesca de Pequena Escala (IDPPE), mais precisamente defronte do Tribunal Judicial da Cidade de Pemba, em todas as manhãs, há um grupo de homens a arrastar uma rede a partir de muito longe do interior do mar, trazendo consigo tudo o que pelo caminho encontra, incluindo, quiçá o peixe que não deveria ser pescado.

O nosso jornal contactou entendidos na matéria com o fito de encontrar uma resposta, de alguma forma firme, sobre se estamos no bom caminho ou não, a esta velocidade já tradicional, tendo em conta que os dados nos indicam o crescimento da população, sem sabermos, todavia, o que se passa com os cardumes. Trata-se duma tentativa de nos imiscuir no assunto que de algum tempo para cá tem sido debatido, mas em surdina, ou seja, é assim que devemos continuar a explorar o peixe que temos na Baía de Pemba e, em Cabo Delgado , em geral?

Em 1929, segundo dados na nossa posse, havia em Pemba 18.500 habitantes, número que subiu, sucessivamente, para 41.306, em 1971, 80 mil em 1991 e actualmente falamos em pouco mais de 100.000 habitantes. Em 1987 havia 200 pescadores, na sua maioria utilizando a rudimentar casquinha, mas acontece que com o aumento populacional a procura do pescado, proporcionalmente aumentou, e, consequentemente, a pesca.

Os Serviços Provinciais de Pesca não respondem claramente à nossa questão, mas fornecem dados que indicam a evolução. Dizem que a província não tendo a produção comercial (entendida como semi-industrial e industrial) ela circunscreve-se na pesca artesanal, que em 2008 registou uma produção fixada em 9.123,90 toneladas de pescado, o que representou uma realização de 226,91 por cento e um crescimento, quando comparado com o período análogo do ano transacto, de 72,41 por cento, pois havia sido produzidas 5.292,10 toneladas.

Estamos perante dados que se referem a uma informação estatística considerada relativamente melhorada, perante aquilo que é visto como adopção de tecnologias melhoradas de pesca e de melhoria do acesso ao crédito para a actividade. Em todos os sete distritos costeiros da província, Palma, Mocímboa da Praia, Macomia, Quissanga, Ibo, Pemba-Metuge e Mecúfi, contam-se 109 projectos que beneficiam a 288 mutuários e o quadro de produção nos sugere uma cada vez maior gula na captura de lagosta, camarão, lulas e chocos, com uma taxa de crescimento na ordem de 509,76 por cento, 449,22 poor cento e 345,98 por cento, respectivamente.

Do mesmo modo, quando quisermos verificar a produção, por exemplo, de camarão, nos últimos três anos, temos uma ascensão de 54,7 toneladas, em 2006 para 315,80 toneladas no ano passado, no mesmo periodo em que a procura pelo caranguejo baixou drasticamente. Neste periodo saiu-se duma produção de 22,8 toneladas para actualmente quedar nos 17,60 toneladas.

Mas postos perante o alarido de indole ambientalista cada vez mais insistente contra a maneira como está a ser explorada a Baía de Pemba, com rede depradadora, intensivamente e todos os dias, o que, segundo defendem tais vozes, destrói a maternidade do pescado, o que parece estar contra a lei, que proíbe pescar com rede de cerco em baías e estuários por embarcações industriais, semi-industriais e artesanais, estas últimas quando têm um convês fechado e motorização interna para a propulsão, os serviços de pescas dizem:

“É preciso clarificar que na Baía de Pemba não operam embarcações de pesca semi-industrial, industrial e de pesca artesanal com convês fechado e motor interno. Talvez o problema seja do elevado esforço de pesca que é exercido por um número significativo de embarcações artesanais (algumas com motores fora de bordo) com o emprego de técnicas e artes nocivas para os recursos pesqueiros e ao ambiente marinho, em geral”.

O sector de pescas em Cabo Delgado, como que a tentar contornar essa probabilidade, tem se desdobrado na promoção dum conselho comunitário de pescas, virado para contribuir na gestão participativa das pescarias, garantir o cumprimento das medidas de gestão, gerir os conflitos resultantes da actividade da pesca, tendo em vista, sobretudo a sustentatibilidade das actividades na sua respectiva área geográfica e a melhoria das condições de vida da população.

Os Serviços de Pescas entendem que são necessários esforços complementares visando a promoção da piscicultura nos distritos, como tem acontecido em Mueda, Muidumbe, Quissanga, Montepuez, Balama e Namuno, onde já foram construídos e povoados 51 tanques, o que se pensa poder não só travar a presssão sobre os recursos marinhos, como tornarão a dieta das populações ainda mais rica.

Domingos Correia, que nega ser entendido na matéria, mas defensor da exploração sustentável dos recursos marinhos, crê que o esforço de pesca centrou-se nos últimos anos na Baía de Pemba e arredores e segundo lhe parece, a falta de fiscalização ou informação fazem com que o local, que ele considera verdadeira maternidade, reservatório de várias espécies, esteja a ser devastado, com elevados efeitos nefastos na manutenção dos cardumes, pela pesca intensiva utilizando a “rede do cerco”.

Ele explica que a Lei das Pescas em vigor, desde 10 de Dezembro de 2003, Decreto 43/03, proíbe o uso da arte “rede de cerco” por embarcações industriais, semi-industriais e artesanais, quando tenham convês fechado e motorização interna para propulsão. Os serviços de pesca negam a existência desse aparato para a pesca na Baía de Pemba, em particular.

Pelas mesmas razões (defesa de espécies) e segundo Domingos Correia, o artigo 101 determina que as mesmas embarcações não devem pescar a profundidades inferiores a 20 metros.

“Acontece que na Baía de Pemba, segundo cartografia do Ministério de Defesa Nacional, os fundos médios são inferiores a 20 metros, e muito antes, conforme a cartografia inglesa de 1939, já se falava em fundos médios inferiores a 15 metros” explica aquele defensor do ambiente marinho, residente há muitos anos na cidade de Pemba.

Sendo assim, conforme a fonte, há que concluir tristemente que com a rede depradadora pesca-se todos os dias, de forma intensiva e em local errado, sendo que não se apresenta nenhuma alternativa nos tempos que correm que não seja, a curto prazo pescar com artes selectivas, e em outros locais.

Albino Magona, delegado do Instituto de Desenvolvimento de Pesca de Pequena Escala, foi citado pela Rádio Moçambique há três semanas a dizer que a “situação é preocupante, mas há acções concertadas e multiformes visando inverter o fenómeno”.

Paralelamente, o IDPPE intervém em toda a província para a obtenção de estatísticas de base, através de censos da pesca artesanal, informação sobre mercados, a introdução de tecnologia pesqueira, desenvolvimento social, infra-estruturas, rede comercial e serviços, entre outros.

Com base nos dados reunidos por esta instituição, o nosso jornal soube que, pelo menos em relação a 2007, em Cabo Delgado, havia 197 centros de pesca, divididos em 3.476 aldeias ou bairros associados, envolvendo 4439 embarcações, 4764 artes de pesca, para atender a 14.261 pescadores.

Há, por outro lado, a necessidade de estabelecimento de infra-estruturas sociais e de apoio que o IDPPE considera de um impacto positivo na qualidade de vida das comunidades, contribuindo para o aumento do acesso aos serviços básicos, como água e proporcionando mais tempo para actividades produtivas, como a pesca. Por outro lado, as vias de acesso facilitam o escoamento dos produtos e o aprovisionamento dos insumos de pesca.

Em Montepuez, distrito interior, foi construido um mercado para a venda de produtos pesqueiros, composto por um alpendre com 33 bancas, um armazém e dois sanitários, que se pensa venha a ser acoplada uma fábrica de gelo e uma câmara frigorífica no ano em curso.

Por outro lado, centros de desembarque vão ser construídos em pelo menos cinco distritos costeiros, constituídos por uma rampa para a acostagem de embarcações, um alpendre com bancas para a realização da primeira venda, uma fábrica de gelo e uma câmara frigorífica.

“O objectivo é que o pescador realize a primeira venda do pescado em condições higiénico-sanitárias apropriadas”, conforme defende Albino Magona.

O nosso jornal soube que tal poderá acontecer nos distritos de Palma, nos postos administrativos de Quionga, Olumbi e na sede distrital. Em Mocímboa da Praia estará instalado apenas na sede, mas em Macomia teremos em Pangane e Ingoane, posto administrativo de Mucojo, enquanto que no distrito de Quissanga estará instalada na respectiva praia e na cidade de Pemba, no bairro de Paquitequete.

O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA?
Contatamos a delegação do recentemente instalado Instituto de Investigação Pesqueira (IIP), na pessoa do seu delegado, Pedro Pires, ainda à procura da reposta em relação à questão colocada: será que estamos a pescar de forma sustentável?

Este instituto, segundo fomos informados, realiza a monitoria das pescarias, através do seu sistema nacional de amostragem da pesca artesanal, desde meados de 2005.

Entretanto, conforme Pires, da amostragem realizada um pouco por toda a província de Cabo Delgado, nota-se e confirma-se o aparecimento de espécies de tamanho reduzido.

“Contudo, é prematuro afirmarmos que a actividade pesqueira na baía de Pemba, por exemplo, está a destruir a maternidade do pescado. Por outro lado, de acordo com os resultados da monitoria de pesca artesenal, verifica-se que na Baía a arte mais utilizada é a pesca à linha, que sendo selectiva pensamos que não há sobrexploração de espécies de tamanho menor”, palavras de Pedro Pires, delegado do Instituto de Investigação Pesqueira, que funciona junto ao Centro de Pesquisa Ambiental em Pemba.
- Pedro Nacuo, Maputo, Quarta-Feira, 1 de Abril de 2009, Notícias.

1/03/09

Parque Nacional das Quirimbas: Potenciar investigação na gestão dos recursos...

Parque Nacional das Quirimbas: Potenciar investigação na gestão dos recursos – defende Nelson Manjate, coordenador do programa de investigação naquela área de conservação.

Reforçar a componente investigação é uma das prioridades para este ano no Parque Nacional do Arquipélago das Quirimbas (PNQ), em Cabo Delgado, por forma a melhorar os mecanismos de gestão dos recursos marinhos e florestais disponíveis e minimizar os conflitos entre o Homem e a fauna bravia naquela área de conservação. Nelson Manjate, coordenador do programa de investigação no parque, diz que é preciso quantificar e mapear os recursos disponíveis, por forma a determinar-se com clareza a parte que pode beneficiar as comunidades em termos de rendimentos, e aquela que deve ser mantida no estrito interesse da conservação.

Na hora do balanço do plano de maneio 2004/2008, Nelson Manjate disse estar em curso uma avaliação visando aferir o alcance das intervenções feitas ao longo desse período, numa perspectiva que poderá iluminar o processo de elaboração de uma nova matriz, onde a componente investigação constitui uma prioridade.

“Precisamos estabelecer prioridades que sejam pertinentes na gestão do parque. Outros sonhos poderão ser abraçados no futuro mas, nesta fase, precisamos ser muito objectivos: Potenciar a investigação para o reforço da gestão e minimização do conflito Homem/fauna bravia, sobretudo com o elefante, macacos e porcos selvagens que abundam no parque. É importante que se estabeleça um critério científico de uso dos recursos, isto é, deixar que as comunidades deles tirem benefícios sem sair dos limites estabelecidos...”, explica Nelson Manjate.

Uma das actividades de vulto no PNQ é a pesca artesanal, tendo sido estabelecido um programa de controlo das capturas com vista a avaliar as tendências e a partir disso fazer-se a necessária monitoria.

O objectivo desse programa, segundo a nossa fonte, é ver o nível de captura em cada área de pesca, identificar casos de sobrepesca e recomendar medidas de controlo aos gestores do parque.

“Temos também um programa de controlo total que envolve as comunidades. Por exemplo, nas áreas de desova das tartarugas envolvemos fiscais comunitários para vigiar. O período de desova inicia em Novembro e prolonga-se por seis meses. Acontece que os ovos das tartarugas são roubados por desconhecidos, idos sobretudo da Tanzania os quais além dos ovos também compram as próprias tartarugas para comer. Os fiscais comunitários fazem vigilância a esta situação. Em 2009 vamos iniciar com um programa de marcação de tartarugas envolvendo um grupo de fiscais treinados para o efeito. A ideia é termos um controlo efectivo da população de tartarugas no parque...”, explica Nelson Manjate.

Ainda na componente investigação, o parque tem privilegiado a transmissão de técnicas de produção de ostra doze meses ao ano, considerando que a cultura daquele marisco é uma das fontes de rendimento das comunidades locais.

Com relação à disponibilidade de animais no parque, a nossa fonte disse haver potencialmente mamíferos. Segundo afirmou, há uma colaboração com as estâncias turísticas que oferecem serviços de mergulho, actividade que lhes permite obter dados sobre o tipo de animais existentes.

Uma das perspectivas na área da investigação é a elaboração de um estudo sócioeconómico do impacto da monitoria da pesca artesanal.

A ideia, segundo Nelson Manjate, é saber qual é o rendimento que o peixe produz para as famílias, considerando que a pesca é uma das actividades principais das comunidades.
- Maputo, Sábado, 3 de Janeiro de 2009:: Notícias.

9/29/08

Ecos da imprensa do Brasil - Área desmatada da Amazônia dobrou em Agosto...

Lamentável e para que conste: O desmatamento irresponsável e criminoso da Amazônia continua, segundo "O Estadão" (Jornal diário de São Paulo-Brasil) de hoje:

Área desmatada da Amazônia mais que dobrou em agosto.
Desmatamento somou 756 quilômetros quadrados, uma área maior que o território de Cingapura.

REUTERS - SÃO PAULO, 29/Set/08 - O desmatamento da Amazônia mais que dobrou em agosto na comparação com o mês anterior, somando 756 quilômetros quadrados, área maior que o território de Cingapura, por exemplo, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados nesta segunda-feira, 29. No acumulado de 2008, a área de floresta perdida soma 5.681 quilômetros quadrados, de acordo com o instituto. Cingapura tem área total de 641 quilômetros quadrados.

Em agosto, o Pará foi mais uma vez o Estado com maior índice de desmatamento da Amazônia, destruindo 435,3 quilômetros quadrados de floresta, seguido pelo Mato Grosso, com 229,2 quilômetros quadrados devastados. O Inpe informou que 74% da Amazônia pôde ser vista por satélite, porém o Estado do Amapá ficou praticamente todo encoberto por nuvens (99 por cento), e em Roraima 77% do território não pode ser visto. Quando comparado ao desmatamento registrado em agosto de 2007, o aumento da destruição da floresta foi de 230 quilômetros quadrados. Nos 12 meses de agosto de 2007 até o mês passado, a Amazônia perdeu 8.673 quilômetros quadrados, informou o Inpe. Só em abril de 2008, 1.124 quilômetros quadrados de floresta foram desmatados. Recentemente, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, comemorou a queda do desmatamento em julho, quando o desmate atingiu 324 quilômetros quadrados. Na época, o ministro atribuiu a queda ao aumento da fiscalização e a acordos fechados entre o ministério e setores do agronegócio. Na semana passada Minc anunciou que vai divulgar os nomes dos 100 maiores devastadores da floresta.
- Reportagem de Eduardo Simões, O Estado de São Paulo, 29/Set/2008.

Leia também do Jornal "O Estado de São Paulo":

Leia neste blogue:

  • Amazônia brasileira: Em dois meses desmatamento igual a duas cidades do Rio de Janeiro - Aqui!
  • Brasil: O desmatamento da Amazônia assusta! - Aqui!
  • A Amazônia, os biocombustíveis e o meio ambiente. - Aqui!
  • Diversificando: Aquecimento global e a irresponsabilidade do ser humano. - Aqui!
  • Planeta Terra... - Aqui!
  • Diversificando: Amazônia para sempre... - Aqui!

8/27/08

Jóia da Coroa de Moçambique: Parque Nacional da Gorongosa

(Clique na imagem para ampliar. Imagem original daqui.)
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Li no Bar da Tininha-MSN de hà pouco, afirmado pelo luso de nascimento e moçambicano de coração Celestino Gonçalves (Marrabenta), "arca" valiosa, vasta, felizmente saudável e viva, contemporânea em conhecimentos, dados e histórias do Moçambique colonial que, o Parque Nacional da Gorongosa - santuário da fauna bravia moçambicana, regista progressos que confirmam sua recuperação após anos de abandono desastroso que o devastou, pós saída do governo português de Moçambique em 1975. E indica um site (Sofala OnLine-Gorongosa) de onde transcrevo:
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Sobre o nascimento, a história, as agruras e as desgraças por onde passou o Parque Nacional da Gorongosa, há muito que tudo isso está relatado. A partir do momento em que a actual equipa tomou a inciativa de chamar a si o futuro do Parque, as coisas mudaram, para melhor, como da noite para o dia. É verdade que ainda há muito caminho a percorrer e um imenso trabalho a levar a cabo para que o PNG venha a experimentar algumas semelhanças com o Parque Nacional da Gorongoza existente em África e mesmo em todo o mundo, até aos anos 80. Desde que assumiu a liderança da gestão do PNG, a Fundação Carr e a sua vasta equipa tem dado o seu melhor, tendo em vista a efectiva recuperação do Parque, em todas as vertentes. A recuperação do acampamento do Chitengo, a reintrodução de algumas espécies praticamente extintas, a deslocação das populações residentes no interior do Parque para a sua periferia, são apenas alguns exemplos do trabalho levado a cabo. Faltava, no entanto, uma ferramenta essencial à prossecução do fim em vista. Esse indispensável utensílio de trabalho só no mês passado (Julho de 2008) foi assinado. O Governo Moçambicano, através do Ministério do Turismo, e Greg Carr, presidente da Fundação com o seu nome, deram corpo ao, então celebrado, ACORDO DE GESTÃO CONJUNTA.
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O Parque Nacional da Gorongosa fica situado na zona limite sul do Grande Vale do Rift Africano, no coração da zona centro de Moçambique. A sua diversidade de ecossistemas – da exuberante floresta tropical às vastas planícies aluviais acolheu, em tempos, algumas das mais densas populações de animais selvagens em toda a África. Nos anos 50 e 60, turistas de todo o mundo afluíam à “Jóia da Coroa de Moçambique”.
Seguiram-se quase 30 anos de guerra e nos anos 80, o parque transformou-se num campo de batalha, tendo de ser deixado ao abandono.
Durante a guerra, soldados e civis caçaram grande maioria dos mamíferos existentes no parque.
Mesmo depois da paz ter sido acordada, em 1992, a caça furtiva continuou incontrolável.
Em 1996, com a ajuda de várias agências internacionais, o governo Moçambicano conseguiu reduzir substancialmente a caça furtiva. Aquando da reabertura do parque, verificou-se a extinção de alguns dos mamíferos do parque mas os pássaros – cerca de 400 espécies sobreviveram à guerra, relativamente ilesos.
Desde então, muitas das fortemente afectadas populações de mamíferos começaram a crescer lentamente. As poucas espécies extintas podem eventualmente ser reintroduzidas a partir de outras regiões da zona sul do continente africano. Ainda que seriamente ameaçado pela perda temporária de espécies-chave e pela desflorestação na Serra da Gorongosa, o ecossistema da Gorongosa permanece basicamente intacto e saudável.
O estado moçambicano reconheceu que o parque representa uma grande oportunidade no desenvolvimento da economia da zona central de Moçambique, uma das regiões mais pobres do mundo. O governo Moçambicano empreende, de momento, uma parceria com uma organização não governamental com sede nos Estados Unidos, no intuito de desenvolver uma aposta no ecoturismo. Esta destina-se a criar postos de trabalho e outras oportunidades para os locais, enquanto se procede a um investimento na protecção e reabilitação dos magníficos recursos naturais da Gorongosa. O projecto de reabilitação começou em 2004 e está a progredir a olhos vistos:
A equipa de conservação está a trabalhar arduamente para parar com a desflorestação da Serra da Gorongosa e reconstituir as populações animais do parque.
A equipa de investigação está a levar a cabo pesquisa científica alargada e a fazer planos a longo prazo para assegurar que, uma vez restaurado, o equilíbrio ecológico delicado do parque não seja perturbado.
A equipa das relações comunitárias está a trabalhar conjuntamente com diferentes parceiros na melhoria das condições de vida das pessoas que vivem na zona intermédia que rodeia o parque, ao criar emprego, financiar escolas e clínicas e ao dar formação em agricultura sustentável aos agricultores locais.
  • Link's que o levam a conhecer o Parque Nacional da Gorongosa em Moçambique: Aqui; Aqui e Aqui

Acrescento: Se deseja conhecer África-Moçambique, seu litoral sem igual, seus santuários naturais, as emoções (não predatórias) da vida da selva, não esqueça de incluir no roteiro, além da bela Pemba e ilhas/paraíso próximas, o Parque Nacional da Gorongoza. Jamais se arrependerá!

7/30/08

Video erótico na floresta...Mande o seu!

RECADO PARA OS "DESTRUIDORES" DE FLORESTAS:
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Video 'erótico' do Greenpeace para 'espalhar amor pela floresta' - O Greenpeace colocou em seu canal no YouTube um video 'erótico' que mostra árvores, galhos e folhas se acariciando como numa relação sexual. O clipe tem o objetivo de chamar atenção sobre o adiamento por parte da Comissão Europeia de uma votação importante sobre proteção às florestas. A iniciativa da ONG pretende manter o assunto na cabeça dos politicos durante as férias do verão europeu. Usa o video para convidar as pessoas a mandarem para o site da campanha fotos e videos em que elas e amigos estejam "espalhando amor na floresta".
Clique na imagem abaixo para ver o video.
Dica do TrendHunter para o Blue Bus em 29/07/08.



(Para evitar sobreposição de sons, não esqueça de "desligar" a rádio "ForEver PEMBA.FM". O player localiza-se no menu deste blogue, lado direito. )

  • Greenpeace International - Aqui!
  • Greenpeace Portugal - Aqui!
  • Greenpeace Brasil - Aqui!
  • The Greenpeace WebLogs - Aqui!
  • Greenpeace - Wikipedia, the free encyclopedia - Aqui!

7/07/08

Mais um relatório afirma que a causa do aumento do preço dos alimentos está nos biocombustíveis:

Relatório confidencial do Banco Mundial afirma que biocombustíveis provocaram escalada do preço dos alimentos.
Londres - Um relatório confidencial do Banco Mundial divulgado pelo jornal britânico «Guardian» refere que os biocombustíveis forçaram os preços dos alimentos a aumentar 75 por cento desde 2002, responsabilizando-os pela crise alimentar.
O relatório, da autoria de Don Mitchell, economista sénior do Banco Mundial foi concluído em Abril mas ainda não foi publicado, diz que o aumento dos preços da energia e dos fertilizantes foi responsável por um acréscimo de apenas 15 por cento nos preços dos alimentos.
«Sem o aumento dos biocombustíveis, os stocks mundiais de trigo e milho não teriam registado um declínio tão acentuado e o aumento dos preços devido a outros factores teria sido moderado», refere o relatório.
«O rápido crescimento dos rendimentos nos países desenvolvidos não originou grandes aumentos no consumo mundial de cereais e não foi um factor responsável pela grande subida dos preços», explica o estudo, contrariando a tese da administração Bush que aponta o aumento da procura na Índia e China como causas do aumento dos preços.
Segundo o relatório a produção de biocombustíveis distorceu o mercado: os cereais destinados à alimentação passaram a ser usados para produzir combustível - mais de um terço do milho norte-americano é agora usado na produção de etanol - e os agricultores têm sido incentivados a dedicar solo agrícola para a produção de biocombustíveis. Além disso geraram especulação financeira no sector dos cereais. Segundo o Banco Mundial, o aumento dos preços dos alimentos colocou 100 milhões de pessoas em todo o mundo abaixo do limiar de pobreza. Vários analistas acreditam que o texto, pronto desde Abril, ainda não foi divulgado para evitar embaraçar a administração Bush.
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6/30/08

Ronda pela imprensa moçambicana: Burocracia oficial apodrece madeira apreendida em situação ilegal...



Apreendida em situação ilegal, madeira apodrece - Reconhece Raimundo Cossa director Nacional de Terras e Florestas avançando que Isso deve-se a lentidão na tomada de decisão por parte das instituições encarregues a este trabalho.


(Maputo) O director nacional de Terras e Florestas, Raimundo Cossa, reconhece que grandes quantidades de madeira apreendida em situação ilegal no pais acaba apodrecendo devido a demora na tomade de decisão por pertedas instituições encarregues por este trabalho, facto aliado as deploráveis condições de armazenamento.

Estima-se que a madeira produzida ilegalmente no Pais representa entre 10 a 15 por cento daquela que é explorada em situação legal.

Este fenómeno origina a perca de grandes somas monetárias, segundo Cossa e explicando que a lei estabeleceo prazo de 15 dias, contados a partir da data da apreensão, para o acusado apresentar justificativos. Expirado este tempo, o produto reverte a favor do Estado e consequentemente accionado o mecanismo para sua venda em hasta pública. Depois da reversão, o processo é remetido as finanças, orgão encarregue pela gestão das vendas em hasta pública dos bens apreendidos em situação ilegal a favor do Estado, sendo nestas instituições que existem problemas de demora.

A nivel de todo o territorio nacional, “onde temos madeira apreendida, o processo de venda é lento” e com as condições deploráveis de armazenamento o produto acaba perdendo a qualidade e apodrece.

Entretato, a reclassificação das espécies de madeira, com destaque para as de primeira classe, para promover o processamento local e a exportação de produtos com maior valor acrescentado, aliada ao surgimento e/ou reactivação de algumas industrias de transformação, contribuiu para o crescimento do sector madeireiro em 2007.

As exportações de produtos florestais em 2007 situaram-se em pouco mais de 87 mil metros cúbicos, com a madeira em toros a liderar a lista ao exportar 56 mil metros cúbicos, seguida de madeira serrada (31 mil metros cubicos), parquet (234 metros quadrados), folheado (27.064 metros quadrados) e travessas (100 metros cúbicos). Esta evolução deveu-se a reclassificação das espécies Mondzo, Pau Ferro, Muaga e Chanato, que ascenderam a primeira classe, cujas espécies estão interditas a exportação em toros. As espécies em referência, segundo fonte da Direcção Nacional de Terras e Florestas, em 2006 forma bastante procuradas pelo mercado chinês.

Mercê desta medida, em 2007, as exportações de madeira em toros reduziram cerca de metade em relação a igual periodo anterior e, em contrapartida, a madeira serrada e travessas incrementaram suas exportações em dois e doze por cento, respectivamente. Dos cerca de 57 mil metros cúbicos de madeira em toros exportados, as espécies Pau Ferro, Mondzo e Muaga foram as que registaram maior contribuição, representando cerca de 27, 24 e 15 por cento do volume total, respectivamente.

Segundo a Direcção Nacional de Terras e Florestas, a produção total de madeira em toros registada em 2007 foi de128 mil metros cúbicos, de um total de 197 mil metros cúbicos licenciados.

As Provincias de Sofala (35 por cento), Cabo Delgado (19 por cento) e Zambézia (12 por cento) foram as que se destacaram.

O volume de madeira em toros explorado e transportado representou cerca de 65 por cento do licenciado e os restante 35 por cento corresponderam ao volume inscrito que não foi explorado ou não transportado pelos operadores devido a dificuldade diversas.

Contribuiram para isso as chuvas e/ou inundações, problemas de organização e a fraca capacidade de exploração por parte dos operadores.

Na área industrial, foram processados cerca de 50 mil metros cúbicos de madeira serrada, 2.300 de parquet, 1200 de travessas e 28 mil metros quadrados de folheado. Neste processo, as provincias de Manica e Cabo Delgado, ambas com cerca de 12 metros cubicos cada e Maputo com 10 ocuparam as posicões cimeiras.

Estes indices representam um crescimento de 38 por cento em relação à produção alcançada em igual periodo anterior (2006).

Maputo, Diário de Notícias, Sexta-feira 27 de Junho de 2008 – Edição nº1169

6/25/08

Biocombustíveis levam 30 milhões à pobreza, diz ong Oxfam.

(Clique na imagem para ampliar. Imagem original daqui.)
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Os biocombustíveis são responsáveis por um aumento de 30 por cento nos preços dos alimentos em todo o mundo, levando 30 milhões de pessoas à pobreza, disse em um relatório a agência humanitária Oxfam.
O uso de biocombustíveis está disparando conforme os países ricos tentam reduzir sua dependência do petróleo importado e reduzir emissões de dióxido de carbono, mas os críticos dizem que isso levou à falta de grãos, o que impulsiona os preços das commodities.
As exigências dos países industrializados por mais biocombustíveis nos seus combustíveis para transporte estão causando a espiral na produção e a inflação dos alimentos", disse o assessor de política de biocombustível da Oxfam, Rob Bailey, que escreveu o relatório. "As reservas de grãos estão agora em uma mínima histórica."
A Oxfam convocou os países ricos a retirar os subsídios para os biocombustíveis e reduzir as tarifas de importação.
"Os países ricos gastaram até 15 bilhões de dólares no ano passado dando apoio aos biocombustíveis enquanto bloqueiam o etanol brasileiro, mais barato e que é muito menos prejudicial para a segurança alimentar global", afirma o texto.
A agência também pediu aos países industrializados que acabem com as metas de biocombustíveis, incluindo os planos da União Européia para obter 10 por cento do seu combustível de transportes em fontes renováveis como os biocombustíveis até 2020.
A UE planeja critérios rígidos para garantir que os biocombustíveis não afetem mais do que ajudem. Alguns países membros querem metas condicionais por conta da disponibilidade comercial de combustíveis de segunda geração.
Por Pete Harrison, Bruxelas - Reuters, terça-feira, 24 de junho de 2008 22:53
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6/03/08

Ecos da imprensa moçambicana - APREENSÃO DE MADEIRA ILEGALMENTE EXPLORADA EM MELUCO.

Pelo que lemos no "Vertical" de hoje, é notório que em Moçambique e específicamente em Cabo Delgado também se trava uma luta quase inglória e de "resistência" para combater os "assassinos da floresta".
Transcrevo:
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No dia 28 de Maio de 2008, ao abrigo de um evento organizado pela delegação do MISA da província de Cabo Delgado, tivemos a oportunidade de acompanhar um grupo de jornalistas ao distrito de Meluco, sito nesta província, para cobrir um caso de exploração ilegal de recursos florestais, que culminou na apreensão de dois camiões carregados de toros de madeira pau-preto, no posto administrativo de Muaguide, na noite de 26 para 27 de Março de 2008, pelos fiscais do Parque Nacional do Arquipélago das Quirimbas, com apoio da Polícia da República de Moçambique afecta a este distrito.
Muito resumidamente, a reportagem decorreu na sede do Distrito de Meluco (onde foram entrevistados o Director Distrital de Actividades Económicas, bem como alguns fiscais do turismo e da agricultura envolvidos na operação de apreensão da madeira), na sede do posto administrativo de Muaguide (local da apreensão da madeira, tendo sido entrevistada a respectiva chefe do posto), em Montepuez (donde era proveniente o infractor, que foi igualmente entrevistado, sendo nesta cidade onde foram alugados os dois camiões) e, finalmente, na cidade de Pemba (onde se procurou, sem sucesso, ouvir o substituto do Director Provincial da Agricultura).
Em termos resumidos, o infractor, de nome Fernando Elias, proveniente de Montepuez, recorreu ao aluguer de dois camiões, a um cidadão de nome Juma Combola, para transportar madeira da espécie pau preto adquirida na aldeia de Namitie, junto a Meluco sede, em plena zona tampão do Parque Nacional do Arquipélago das Quirimbas. O infractor utilizou o período da noite, de modo a se aproveitar de uma eventual fragilidade no corpo de fiscalização, fazendo passar os dois camiões a alta velocidade na sede do Distrito, facto que alertou de imediato as autoridades locais, as quais ordenaram de imediato a perseguição das viaturas.
Os camiões vieram a ser interceptados em Muaguide, após uma tentativa inicial de não acatar a ordem de paragem, onde a jovem fiscal Zaina Bandi, afecta ao Parque Nacional do Arquipélago das Quirimbas, levantou o auto de notícia, traduzido na aplicação ao infractor de uma multa de 80 000,00 Meticais.
No entanto, a equipa de reportagem constatou que os camiões foram libertos às primeiras horas do dia 27 de Março, depois de descarregar a madeira pau-preto junto à sede do posto administrativo de Muaguide, onde ainda hoje pode ser vista.
Estranhamente, não foi respeitado o disposto no n.º 5 do artigo 37. º da Lei de Florestas e Fauna Bravia (Lei n.º 10/99, de 7 de Julho), segundo o qual "é obrigatória a apreensão, pelos fiscais de florestas e fauna bravia, dos produtos florestais e faunísticos e dos instrumentos utilizados na prática da infracção".
Sabe-se ainda que a multa não foi paga até ao presente momento.
Segundo informações obtidas juntos dos fiscais, a ordem foi emitida pelo Director Distrital de actividades Económicas de Meluco, Sr. Faustino Alberto.
Em entrevista ao próprio, este alegou que "o receio é termos os camiões à nossa responsabilidade e alguém tirar os pneus".
A equipa de reportagem constatou ainda, por trás da Direcção Distrital de Actividades Económicas, a existência de 40 toros de madeira pau-ferro, apreendidas ao mesmo cidadão Fernando Elias, num caso que remonta ano de 2006, o que torna o mesmo em reincidente, e, portanto, sujeito a eventuais sanções acessórias mais gravosas, nos termos do artigo 44.° da Lei de Florestas e Fauna Bravia.
Para além deste caso, constamos ainda a ocorrência de uma outra infracção, desta vez no passado dia 24 de Abril, quando um camião alugado, de marca Mercedes Benz, ostentando a chapa de matrícula MLX 20 - 16, carregado de barrotes e tábuas de três espécies florestais -metonha, chanfuta e umbila, foi interceptado, por volta das 22 horas, no posto administrativo de Muaguide, pelos fiscais do Parque Nacional do Arquipélago das Quirimbas.
O camião foi alugado por um empresário de Pemba, unicamente referido como Sr. Sábado, a a organização não governamental de nome UMOCAZ, para transportar produtos florestais adquiridos a comunidades locais no distrito de Meluco. Todo o processo foi feito sem obedecer ao disposto na legislação de florestas e fauna bravia. Desta vez, o camião foi apreendido como mecanismo para pressionar o pagamento da multa aplicada, ainda que, com enorme prejuízo para a referida organização, que invoca não ter nenhum tipo de envolvimento no cometimento da
infracção.
Da leitura destes factos podemos extrair as seguintes ilações:
O corpo de fiscalização actua unicamente após o dano ter sido cometido na floresta, com impactos irreversíveis no equilíbrio ecológico;
O sistema de sanções baseado fundamentalmente na aplicação de multas nem sempre tem-se revelado adequado e satisfatório, tendo presente, por um lado, o facto de muitas vezes estas não serem pagas, e, por outro lado, não visarem a reparação dos danos ambientais.
Aliás, verifica-se a falta de uma sanção direccionada efectivamente para a restauração ou compensação ecológica dos danos causados na floresta;
O Parque Nacional do Arquipélago das Quirimbas tem vindo a ser alvo de uma pressão intensa por parte de operadores florestais ilegais, indiciando quem fora dos seus limites, já possa estar a rarear as espécies florestais com valor comercial. Colhemos um dado referente ao aumento de operadores florestais de Cabo Delgado que passou a exercer a sua actividade na província do Niassa.
Os nossos parabéns ao fiscais a trabalhar no distrito de Meluco por, não obstante as inúmeras dificuldades quanto a condições de trabalho, tendo presentes ainda os constantes riscos e ameaças a que estão sujeitos, conforme nos foi reportado pelos próprios.
Entretanto, a título de informação, vai realizar-se, nos dias 2 a 3 de Junho, na vila da Namaacha, a III Reunião da Direcção Nacional de Terras e Florestas, que esperamos vir a produzir resultados para muitos dos problemas que enfermam o sector florestal.
Tendo tido acesso à respectiva agenda, ficámos a saber que serão abordados diversos temas importantes, com especial destaque para a apresentação do Relatório Anual de Terras e Florestas - 2007, para os constrangimentos e lições na Implementação do Diploma Ministerial sobre os mecanismos e utilização dos 20% destinados às comunidades locais e para os mecanismos de distribuição dos 50% das Multas aos Fiscais.
Logo a seguir, nos dias 4 a 6 de Junho, no mesmo local, terá lugar o Fórum Nacional de Florestas e Fauna Bravia, para o qual o movimento Amigos da Floresta foi convidado, e em que vão ser abordados temas bastante diversificados com enorme importância para a sustentabilidade florestal. Faremos cobertura deste evento oportunamente.
Protegendo as florestas, construindo o desenvolvimento sustentável...
*Carlos Serra (Amigos da Floresta) - Vertical de 03/06/2008

Brasil - O desmatamento da Amazónia assusta...

(Imagem original daqui. Clique na imagem para ampliar)
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Lamentável mas real. Impunidade e interesses económicos privados permitem a destruição crescente da floresta amazônica.
Transcrevo do blogue da jornalista brasileira Miriam Leitão:
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Notícias da floresta
O termômetro mostra: o desmatamento é assustador.
Os dados, afinal divulgados pelo Inpe, mostram que o desmatamento se acelerou em abril.
O Inpe explicou que, em março, houve mais cobertura de nuvens do que em abril.
Isso significa que os dados de março podem estar subestimados, mas os de abril, com mais visibilidade, não deixam dúvidas: o ritmo do desmatamento está crescendo, e ele é mais acentuado nos estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia.
Desses três, só o Pará tem demonstrado preocupação em enfrentar o problema.
O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, quis quebrar o termômetro do Inpe, quis criar um "Inpe do B" para ele mesmo, brigou com a ex-ministra Marina Silva e acusou a Polícia Federal.
O fato que os números não deixam duvida é que a devastação avança mais no estado que ele governa.
E não por acaso, afinal ele tem defendido de forma cada vez mais explícita a idéia de que a produção cresça às custas da Amazônia.
É bom lembrar que o Brasil tem terras disponíveis em extensão maior do que a hoje ocupada para produzir 142 milhões de toneladas de grãos.
O Inpe fez a divulgação em São José dos Campos, cercando cada informação com as devidas qualificações técnicas para lembrar algumas coisas.
Primeiro, ele não é um órgão que está no meio da briga política.
Segundo, que ele é uma instituição científica à disposição da sociedade brasileira e que sua preocupação não é ideológica, nem partidária, mas, sim, em melhorar as condições científicas de cumprir seu papel, dando à sociedade brasileira os meios para decidir os caminhos da Amazônia.
O país perdeu um campo de futebol a cada dez minutos na Amazônia, nos últimos 20 anos.
Pode escolher continuar perdendo, ou mudar a curva.
Miriam Leitão - 02/06/08 - 18h24.

3/28/08

A Amazónia, os biocombustíveis e o meio ambiente...

(Imagens originais daqui e daqui)
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Repito o que já afirmei em post anterior sobre biocombustíveis:
Estão na moda!
Muito se fala, confabula em todos os níveis intelectuais e até nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento.
Apontam-se com imensos benefícios e poucas contra-indicações.
Apresentam-se como a salvação do planeta, milagreiros na geração de empregos, incentivadores do mundo industrial, preponderantes na gestão do aquecimento global.
Eufóricos, governantes viram arautos entusiasmados destas novas fontes de energia.
Justificam até a volta da energia nuclear e passam por cima do terrível acidente de Chernobil ocorrido dia 26 de abril de 1986 na Ucrânia.
Moçambique não foge a este emergente e entusiasmado fenómeno globalizado.
Entretanto, não esqueçamos por favor os aspectos ecológicos consequentes, ressaltados por ambientalistas conscientes.
Consciência é o mínimo que se exige.
Nossos filhos e netos agradecem, pois é este o único planeta que lhes deixaremos.
Gotael
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Para ler e refletir:
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Brasil vive efeito destrutivo dos biocombustíveis, diz Time.
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Bruno Garcez da BBC Brasil em Washington - 27 de março, 2008 - 20h27 GMT - A mais recente edição da revista Time afirma, em reportagem que ilustra a sua capa, que o Brasil oferece um exemplo "vívido da dinâmica destrutiva dos biocombustíveis".
A reportagem, intitulada "O Mito da Energia Limpa", afirma que políticos e grandes empresas estimulam bicombustíveis como alternativas ao petróleo, mas isso está provocando uma alta do preço de alimentos, intensificando o aquecimento global e fazendo o contribuinte pagar a conta.
A reportagem afirma que o desmatamento na Amazônia está sendo acelerado por uma "fonte improvável: os biocombustíveis".
De acordo com o texto, "uma explosão da demanda por combustíveis agrícolas tem provocado uma alta recorde do preço mundial de colheitas, o que tem causado uma expansão dramática da agricultura brasileira, que está invadindo a Amazônia em um ritmo alarmante".
A reportagem diz que apenas uma pequena fração da floresta vem sendo usada para o plantio da cana-de-açúcar que gera o etanol brasileiro, mas acrescenta que o desmatamento resulta de uma "reação em cadeia tão vasta que chega a ser sutil".
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Efeito em cadeia.
E
sse efeito em cadeia, de acordo com a Time, tem início nos Estados Unidos, com o cultivo do milho usado para a fabricação da versão americana do etanol.
Segundo a revista, os fazendeiros americanos estão destinando um quinto do milho que cultivam para a produção de etanol, o que obriga os produtores de soja dos Estados Unidos a trocarem sua colheita tradicional pela do milho.
Essa transição vem fazendo com que fazendeiros de soja no Brasil expandam seus terrenos de cultivo, tomando áreas antes destinadas a pastos de gado. E obrigando produtores de gado a levarem suas fazendas para a Amazônia.
O artigo afirma que "é injusto pedir a países em desenvolvimento que deixem de desenvolver regiões sem dar qualquer compensação".
Mas acrescenta que, mesmo com incentivos financeiros suficientes para manter a Amazônia intacta, os elevados preços de commodities estimulariam o desmatamento em outras partes do mundo.
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3/03/08

Moçambique, turismo e a ocupação desordenada do litoral de Pemba...III

(Clique na imagem para ampliar. Imagem original daqui)
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Sobre a ocupação desordenada e irresponsável do litoral de Pemba, os "alertas" vêm sendo feitos já hà alguma tempo. Será que os escutam ?...
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Do livro “O MAR QUE TOCA EM TI” escrito e publicado por Inez Andrade Paes em 2006:

Dia de Natal.
Um dia como os outros, talvez mais sereno que o anterior. As ondas também calmas convidam a chegar à água.
A manhã passou como habitualmente com a companhia das crianças e de alguns jovens. Antes da hora de maior calor surgem com mais ventos e ondas no Mar, no passeio que vem dar à casa dois homens.
Um que trabalha na recepção e um jornalista da rádio local.
- Podemos fazer-lhe uma entrevista?
- Sim!?
- Estamos a entrevistar todos os estrangeiros que vieram para passar esta época connosco e saber o que estão a achar de Pemba.
- Eu não sou estrangeira. Nasci em Pemba e tenho muito gosto em falar da minha terra e de vos dizer o que acho depois de anos de ausência.
O jornalista ainda hesitou em fazer-me a entrevista, porque era só para estrangeiros, mas ligou na mesma o microfone. Esta poderia ser sempre incluída noutro programa.

- Falei da beleza do Mar da forma como cada um de nós olha para ele e transmite a sua voz. Do recorte da praia que foi alterado, para um recorte protuberante e enriquecido só para uma minoria, devastado para aqueles que só dali vivem. A barreira de coral que meticulosamente vai perdendo o seu bordado, impedindo-a de fazer o seu trabalho. O Mar entra agora com mais fúria, uma fúria preventiva a mostrar um alerta urgente.
Venho de longe mas aqui pertenço. Venho de longe o Mar me chamou para dar som a vozes adormecidas a olhares perdidos e desencantados. Moralmente me obrigo e pela voz do Mar o faço.-

A entrevista foi dada.
O jornalista curiosamente tinha o mesmo nome que o de minha Mãe, fora ela que tinha inaugurado aquele emissor. O Emissor Regional de Cabo Delgado.
Não consegui ouvir a entrevista que foi transmitida duas vezes em dias separados. Soube-o mais tarde já na capital, mas consegui ouvir o som do martelo com ponta de borracha que batia nas placas de metal cada vez que se fazia uma pausa de programa ou principiava ou acabava a emissão. Como fez rir e sorrir e voltar a rir o seu som a tocar na memória tão presente.

Vejo-os ir. O jornalista com o gravador à tiracolo com os fios do microfone a tombar de lado e o recepcionista com seu olhar cativante e simpático. Tinha feito parte da promessa ao Mar...
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Inez Andrade Paes, natural de Pemba - Moçambique e residente em Portugal é também, além de poetisa, artista plástica e escritora.
Alguns de seus trabalhos podem ser apreciados na net aqui:

2/28/08

Moçambique, turismo e a ocupação desordenada do litoral de Pemba...II

(Imagem original daqui. Clique sobre a mesma para ampliar)
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Em Janeiro deste ano, dia 4, disse aqui que algo vai mal quando se pensa e age em relação a turismo e progresso na cidade de Pemba, seu litoral e à própria cidade em si.
Leio agora no melhor e consequente blog luso-moçambicano - Ma-Schamba, a justificada insurreição verbal do JPT perante o contra-senso arquitetural que por lá vai acontecendo... e, conhecedor além de amante da sempre bela Pemba, aqui coloco, contaminado pela revolta, o texto integral do referido JPT:
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O FIM DA PRAIA DO WIMBE
Qual The Artist Formerly Known as Prince, mas não como se crisálida, que não será de borboletas o futuro feito. Sim, dentro de pouco poderemos falar sobre The Beach Formerly Known as Wimbe.
Praia ícone em Moçambique, um pouco pela beleza natural, amena enseada olhando a baía de Pemba, mesmo ladeando-lhe a barra. Englobando aquela meia-dúzia de praias mais célebres desde o tempo colonial, talvez não tanto pela sua excelência - que partilham com tantos outros recantos da costa - mas pela antiguidade das suas infraestruturas turísticas: Tofo, Ponta do Ouro, Bilene, Zalala, Fernão Veloso. E o Wimbe, claro.
Ainda assim o Wimbe tem uma excelência única, exactamente o aconchego, a baía como horizonte, a (ainda) pacatez sob o arvoredo.
Memórias a manter, a guardar, agora que tudo isso mudará. Tive o “privilégio” de ver o novo projecto turístico para a praia, que gente ufana me mostrou, dessas crentes no progresso e isso, desenvolvimento turístico chamam-lhe e até acreditam. Na praia! exactamente na praia, no seio do arvoredo protector (a sul do Nautilus, para quem conhece) vão espetar um hotel, a deslizar para a água.
Este será uma construção da Vovó Donalda e do Tio Patinhas, puro Walt Disney. Tem a forma de um barco, como se paquete. Honestamente julguei que estivessem a brincar quando me mostraram as coloridas fotocópias. “Mas quem é que faz uma merda destas?” - perguntei, malcriadíssimo, ainda surpreeendido pois acreditava já ter visto tudo o que é possível nisto do campeonato do mau-gosto dos arquitectos em Moçambique (a colecção de cromos Sommerschield B - Bairro do Triunfo seria um must como programa cómico num sítio onde se saiba soletrar b-o-m-g-o-s-t-o). “Investidores moçambicanos“, dizem-me com orgulho, até nacionalista, ainda que ali um pouco desapontado dada a minha truculência, “arquitecto indiano … da Índia“.
Um arquitecto indiano aqui arribado para brincar ao Huguinho, Zezinho e Luisinho. Uns investidores moçambicanos a derrubarem o arvoredo protector, a alteraram a enseada, a assumirem a linha de água. Em suma, uma aliança internacional para foder o Wimbe. Será só cupidez e ignorância? Ou é mesmo má-vontade demencial?
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E acrescento - É JPT! Bem reportado… Está na hora de dar um basta nessa falsa onda de progresso que levará inevitávelmente à destruição dos últimos redutos ecológicos que ainda sobrevivem neste decadente planeta. Aqui “de longe” já venho observando essa verdadeira e demente estupidez que também ocorre em Cabo Delgado faz algum tempo…e até me atrevi a “denunciar” no ForEver PEMBA, alertado pelas imagens fotográficas que recebo da “apesar de tudo” sempre bela e estimada Pemba. Mas parece-me que o alheamento generalizado da população simples, como a “ganância” pura, egoísta, vaidosa de determinados empresários e também de cidadãos mais “abonados” dessa região, desvinculada de qualquer preceito ecológico, torna-os convenientemente cegos, preocupados mais com o saldo crescente de suas poupanças bancárias e seus privilégios do que com o próprio País Moçambique e os cuidados que a cidade precisa e merece. Estes - Moçambique e Pemba - que se danem! E “cada um por si”…como se usa dizer por aqui.
Mas, cá entre nós e se a inteligência se sobrepuzer à "esperteza", acho melhor abraçar o parecer do Amigo e Professor Carlos Lopes Bento, profundo conhecedor desse Cabo Delgado e seu mar azul: "...basta só cuidar do ambiente e não matar a galinha de ovos de ouro ainda com grandes potencialidades." ...ou a bela praia do Wimbe como pressagia o sempre lido JPT!
  • O blog Ma-Schamba aqui !

1/04/08

Moçambique, turismo e a ocupação desordenada do litoral de Pemba...

(Clique sobre a imagem para ampliar)
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Moçambique: Receitas do turismo atingem 160 milhões de dólares em 2007
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""""MacauHub - Maputo, Moçambique, 02 Jan/08 - As receitas do turismo em Moçambique em 2007 atingiram 160 milhões de dólares, um aumento de 3 milhões de dólares relativamente ao número de 2006, afirmou terça-feira em Maputo o ministro do turismo, Fernando Sumbana.
O ministro precisou que o número referido diz apenas respeito ao dinheiro gasto por turistas que em 2007 visitaram Moçambique, que deverão ter sido 1,1 milhões, um aumento signficativo face à média de 650 mil turistas em anos anteriores.
“Para além de turistas provenientes da África do Sul, Zimbabwe e outros países da região... ...""""

Acrescento
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É bom que se fale de turismo, que se divulguem Moçambique, suas belezas naturais, que se acentuem receitas crescentes ano a ano.
Moçambique sempre teve vocação turistica, desde os tempos coloniais. Portanto não é novidade.
Tardou demais para acontecer, mas é um início prometedor.
Há que reconhecer, entretanto, com humildade, que o turismo em Moçambique ainda se encontra em estado embrionário, quase rudimentar, muito aquém do potencial que o país possui e carente de bases sólidas de educação ecológica, ambiental que consolidarão e perpetuarão os atrativos naturais que tanto encantam quem visita Moçambique.
O turismo olhado a sério, com profissionalismo, aliado à educação e valorização ambiental, trará benesses para a economia moçambicana desencadeando desenvolvimento, modernização. Conduzido por profissionais do ramo, gerará postos de trabalho, melhorias sociais, etç., etç.
Faz alguns anos que vou acompanhando por afinidade Moçambique - Pemba, razão deste blogue.
Considero Pemba e todo o litoral de Cabo Delgado últimos (entre outros cada dia mais raros) paraísos/refúgios do nosso planeta globalizado, tão fustigado pelo destempero do ser humano na questão ecológica. E por isso merecedores de todo o cuidado, sobretudo por parte dos habitantes locais, maiores favorecidos se souberem zelar e fazer que respeitem este espaço do norte de Moçambique.
Aos poucos, o litoral de Cabo Delgado e seus recantos magníficos vão ficando reconhecidos e cobiçados pelos amantes da natureza, do imenso mar azul de Pemba e do calor dos trópicos. Normalmente vêm para conhecer, julgam e voltam trazendo novos passeantes abonados em euros e dólares úteis para a renovação e criação de infraestruturas turisticas e sociais planejadas, sustentáveis, de futuro e interesse geral da região. Ou que assim deveriam ser.
Pemba cresceu desde que deixou de ser Porto Amélia em 1975.
Tornou-se densa em população de várias origens e países vizinhos, algo cosmopolita, mercado a céu aberto informal, de lixo raramente recolhido em ruas mal conservadas e terrenos vazios, com meia dúzia de comerciantes predominando em algumas empresas mantidas desde o tempo colonial e também de pai para filho, com ruínas que florescem entre predios abandonados uns, sem pintura outros, mas que contam História que poucos escutam.
Paralelamente surgem aqui e ali insuficientes, esporádicas iniciativas e alguns empreendimentos atuais voltados para a sociedade local ou para turistas que aportam ao velho aeroporto e se abrigam de imediato em hoteis/resort´s voltados para o mar, desfrutando comodidades e iguarias amortizadas a preço internacional salgado, indiferentes ou desconhecendo a penúria, mendicância e outras negligências sociais envolvendo uma população numerosa, forçosamente impelida para bairros simples, humildes que vão proliferando, ocupando e ampliando desordenadamente o contorno da cidade de Pemba. Uma Pemba que continua crescendo, crescendo, sem ordem, sem saneamento básico, invadindo as fronteiras da vida da selva que expulsa, se revolta e hostiliza os invasores (caso dos elefantes abatidos por atacarem a população)...
Vêm também notícias preocupantes de que o crescimento urbano intenso e desorganizado à volta desses que deveriam ser redutos ou templos ecológicos sagrados a respeitar, está a descaracterizar, a aniquilar a beleza das praias de Pemba, substituindo o espetáculo da natureza sadia pelo cimento de construções de todo o tipo, muitas inadequadas, sem regras ou respeito a normas de saneamento, padrões urbanisticos adequados, loteadas mercantilmente a particulares e turistas para férias.
As consequências já se vão notando, segundo nos contam: lixo, mendicância, poluição das águas, áreas verdes escassas, cólera, assaltos em plena rua, etç....
Há que despertar a municipalidade da apatia cómoda e complacência perante esse tipo de "progresso" sem planejamento.
Há que educar a população a acarinhar e cuidar da natureza de Pemba.
Esta é a riqueza e o "tesouro-escondido" de Pemba...a tal jóia rara ! Não se pode perder pela irresponsabilidade e ambição.
O turista vem pela beleza natural de Pemba, de seu clima, de sua geografia visualmente despoluida, de seu povo hospitaleiro, de sua História, de sua tradição, folclore, do seu mar azul transparente e límpido... E só continuará chegando a Pemba e arredores se tiver a certeza que tudo isso continuará existindo, preservado, melhorado, sem o constrangimento da brutalidade do concreto firmado no reino encantado das areias brancas da sempre bela praia do Wimbe quase abraçando a Maringanha do velho farol !

11/29/07

Moçambique - Praia do Tofo - Milésimo tubarão-baleia é identificado.

Quinta, 29 de novembro de 2007, 17h03 - Michael Perry/Reuters-Terra - Cientistas comemoraram a marca de mil tubarões-baleia já observados, com a ajuda de um programa global em que ecoturistas e pesquisadores identificam os animais e armazenam suas fotos numa biblioteca online.
"É uma marca importante, para a ciência e para o conservacionismo", disse o líder do projeto Ecocean, Brad Norman.
O tubarão-baleia é uma espécie rara e ameaçada.
"Foi conquistada com a ajuda de pessoas comuns no mundo inteiro, que querem estudar e proteger essa criatura maravilhosa", disse ele à Reuters na quinta-feira desde a cidade australiana de Perth.
O tubarão-baleia é o maior peixe do mundo.
Ele se alimenta através do sistema de filtro, movimenta-se devagar e pode chegar a 12 metros de comprimento e 21 toneladas de peso.
Mas é difícil de estudar porque vive em grandes profundidades e raramente sobe à superfície.
O Ecocean registra os animais usando uma biblioteca de fotos online que cataloga os pontos característicos de cada exemplar.
O milésimo tubarão-baleia a ser catalogado, um macho de 6,5 metros, foi avistado pelo biólogo marinho Simon Percea em Moçambique.
Em três anos de estudo no local, o biólogo já contribuiu com mais de cem tubarões.
"Nossa expectativa é que haja bem mais que mil tubarões vivos hoje no mundo", disse Norman.
"Mas, ainda assim, é uma população minúscula que precisa de monitoramento de perto para garantir sua sobrevivência."
Demorou três anos para se chegar ao 500 tubarão, mas em apenas um ano já foi possível a chegar aos mil, com o crescimento na participação dos observadores.
O site da Ecocean orienta os leitores a fotografar o animal, mantendo-se a pelo menos três metros dele.
Também explica como fotografar os padrões de manchas que identificam cada exemplar.
"Convocamos o público no mundo todo a virar ''cidadãos cientistas'' e nos ajudar a estudar esse animal maravilhoso registrando suas imagens e os detalhes do avistamento", disse Norman.
"Os dados vão nos ajudar a determinar seu número e seus movimentos, e identificar áreas de reprodução e alimentação que têm de ser protegidas."