1/19/09

Lamentável... Em Moçambique ainda se abatem rinocerontes!


Caça furtiva de rinocerontes.
Autoridades moçambicanas acusadas de complacência e corrupção.
* Implicado veterano da luta armada.
“A forma como a lei é aplicada em Moçambique contribui para o problema” (…)
“Nem um único caçador furtivo preso em Moçambique pelo abate de rinocerontes esteve sujeito aos temos da lei da conservação” (…)
“A legislação moçambicana não consegue lidar com os métodos modernos de caça furtiva, e os senhores da caça furtiva tiram partido disso” – fiscal de caça sul-africano.

Pretoria (Canal de Moçambique) - As autoridades moçambicanas foram acusadas de não tomarem medidas eficazes para pôr cobro ao abate ilegal de rinocerontes, uma espécie animal em perigo de extinção.

A acusação é de um fiscal de caça da província sul-africana de Mpumalanga, citado num artigo da autoria da jornalista Yolandi Groenewald do semanário «Mail & Guardian».

A fonte refere que “o abate ilegal de pelo menos 12 rinocerontes durante a quadra festiva eleva para quase 100 o número de animais caçados furtivamente na África do Sul no último ano”.

O número crescente de rinocerontes abatidos tem como pano de fundo alegações de que “as autoridades moçambicanas não estão a fazer o suficiente para combater conhecidos suspeitos de caça furtiva e em alguns casos poderão estar a apoiar essa actividade”.

O referido fiscal de caça sul-africano seguiu as pegadas de caçadores a actuar na província de Mpumalanga, as quais foram dar ao território moçambicano. Segundo ele, “a forma como a lei é aplicada em Moçambique contribui para o problema”, acrescentando que “nem um único caçador furtivo preso em Moçambique pelo abate de rinocerontes esteve sujeito aos temos da lei da conservação”. Infelizmente, adiantou, “a legislação moçambicana não consegue lidar com os métodos modernos de caça furtiva, e os senhores da caça furtiva tiram partido disso”.

O fiscal de caça salientou que “nenhum dos caçadores furtivos detidos em Moçambique por actividades ilegais no Parque Nacional de Kruger e no Parque Nacional do Sabié na província moçambicana de Gaza, permaneceu na cadeia por mais de duas semanas”. Ele disse que as pessoas nestas condições “incluem transgressores que foram apanhados por duas vezes por práticas idênticas.”

A jornalista Yolandi Groenewald afirma que “os principais suspeitos do abate de rinocerontes são cidadãos moçambicanos ao serviço de sindicatos vietnamitas que operam a partir da África do Sul. Esses sindicatos fornecem armas de grande calibre aos caçadores furtivos, incluindo arcos e flechas por serem armas silenciosas.”

Ainda segundo o mesmo fiscal de caça sul-africano, “um líder comunitário moçambicano, residente no Parque Nacional do Limpopo, havia abatido rinocerontes no Parque Nacional de Kruger em três ocasiões diferentes. As autoridades perseguiram o líder comunitário, tendo penetrado em território moçambicano onde veio a ser preso em cada uma das vezes. Todavia, nunca foi condenado em tribunal, tendo regressado uma quarta vez ao Parque Nacional de Kruger para caçar rinocerontes, encontrando-se agora sob custódia das autoridades sul-africanas”.

Em 2007, foram abatidos cinco rinocerontes na fronteira do Parque Nacional de Kruger com Moçambique. Uma equipa formada por elementos da polícia de guarda fronteira de Moçambique e pessoal dos parques de Kruger e Sabié prendeu dois suspeitos que tinham em sua posse armas de grande calibre, equipamento de rasteio e binóculos. Os suspeitos e as provas foram entregues ao comandante da polícia da Moamba.

O fiscal de caça sul-africano atrás citado informou ainda as autoridades policiais na cidade de Maputo da ocorrência. Não obstante estas diligências, os dois suspeitos foram condenados ao pagamento de uma multa de 1.250 randes e postos em liberdade. Na opinião do fiscal de caça citado no artigo do «Mail & Guardian», “a multa deveria ter sido de pelo menos 1,5 milhões de randes” pois esse é o valor das pontas de rinoceronte encontradas na posse dos malfeitores.

A fonte citada pelo semanário sul-africano disse suspeitar que “a polícia da Moamba é corrupta e presta ajuda a caçadores furtivos”, acrescentando que “num dos casos, obteve-se o nome da pessoa que estava por detrás dos caçadores furtivos, a qual foi detida. Porém, essa pessoa era um veterano da luta armada e com estreitas ligações a políticos e à própria polícia. Num espaço de uma semana, essa pessoa foi posta em liberdade, acreditando-se que não tenha sequer pago nenhuma multa.”

O «Mail & Guardian» tentou obter um comentário das autoridades policiais moçambicanas, mas tudo em vão. Ao contactar Carlos Comé, um alto quadro da polícia moçambicana, este disse apenas que “haviam sido criadas comissões mistas entre a África do Sul e Moçambique com o objectivo de ajudar Moçambique e lidar com os desafios que enfrenta.”

Entretanto, num despacho de Joanesburgo, a Agência de Notícias Francesa, AFP, refere que “11 caçadores furtivos, incluindo três cidadãos chineses, para além de sul-africanos e moçambicanos, que fazem parte de um sindicato, haviam sido detidos sob a acusação de abate de rinocerontes em parques na África do Sul”.

A AFP cita uma fonte da polícia sul-africana como tendo referido que as pontas de rinocerontes são vendidas em mercados asiáticos por um valor que oscila entre os 1.820 e os 2.530 dólares por quilograma. Cada ponta pesa entre 8 e 11 quilos.
- Canal de Moçambique, Redacção / Mail & Guardian / AFP), 2009-01-19, 06:27:00.

3 comentários:

  1. Fico revoltada de ver como os animais são perseguidos, ainda esses dias li um artigo na Folha de São Paulo a favor da caça. Amigo, levei seu selo p/ meu blog tutora ead.bjs

    ResponderEliminar
  2. Grato "EAD" pela gentileza da divulgação do selo e pela visita. Ficarei feliz em "vê-la" por aqui mais vezes.
    Quanto a "caça" & "caçadores" o assunto renderia páginas e páginas... Mas e para resumir é só inverter os papéis imaginando o ser humano sendo "caçado" pela "caça"... o que já vai acontecendo em Moçambique e outros locais de selva, invadidos, alterados e destruidos em sua fauna e flora naturais.
    Depois o ser humano lamenta-se e "reclama" da "violência" dos animais...????!!!!!!

    Jaime

    ResponderEliminar
  3. "As pontas de rinoceronte são vendidas a mercados asiáticos"....reza o final do texto.
    E para quê???
    Para fazerem com eles "poções mágicas" às quais atribuem poderes afrodisíacos, virilidade, etc.etc..
    Ao ler a notícia revoltei-me, pois quando se se mata por uma questão de sobrevivência ou defesa, até aceito, mas não elefantes nem rinocerontes, que se encontram em vias de extinção; agora, pelo simples prazer de colocar uma cabeça de rinoceronte ornamentando as paredes de um Bar ou um hotel tipicamente africano ou para lhe retirarem as suas presas para negócio, isso revolta-me!!!
    São temas muito pertinentes, que como dizes Jaime, nos devíamos debruçar muito mais, mas que o teu blog, honra lhe seja feita, está sempre a lançar alertas.Não só para isto como para a protecção das florestas, dos oceanos, do ar, da vida!
    Parabéns uma vez mais pelo teu blog que, continuo a afirmar, tem projecção mundial, pois é lido em praticamente todos os continentes.
    Abração
    Anel

    ResponderEliminar

Aviso:
- O comentário precisa ter relação com o assunto;
- Spams serão deletados sumariamente;
- Para deixar sua URL comente com OpenID;
- Backlinks são automáticos.
Obs: os comentários não refletem as opiniões do editor.