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7/05/08

Ronda pela imprensa lusa: O que escreve Albano Loureiro - ESTÁ A MUDAR!

Não tenho jeito para futurologia embora o lamente por aquilo que ouço sobre o que ganham os que lêem na bola de cristal, ou nas cartas. Estava pois longe de adivinhar que das duas entrevistas muito na berra, aquela que mais haveria de gostar era da… terceira.
Mesmo sem poderes adivinhos, já sabia que Ferreira Leite não teria descanso.
A entrevistadora sabia ao que ia e levava boa encomenda. Ela não estava era à espera de tanta franqueza. Lá se foi o discurso do politicamente correcto. Do agradar a gregos e troianos. Do embuste para cair nas graças do votante. Falou-se olhos nos olhos. É intelectualmente desonesto, para ser benigno, quem desmentir que houve pressão forte e que quiseram carregar pesado em cima da entrevistada. Apesar de tudo, as respostas foram sempre claras e sem fugir. Elogiou-se o governo quando era para elogiar. Criticou-se quando era para criticar. Foi tudo afirmado com verdade e sem falsos pudores. E porque os entrevistadores estão habituados a que os políticos comecem a tergiversar quando são apertados com questões delicadas, não podia faltar a pergunta sobre a homossexualidade e a pretensa homofobia. Outra resposta sem equívocos. Respeita a opção sexual mas não admite tratar coisas diferentes de forma igual. Claro, os do costume já por aí andam a clamar contra a descriminação, preconceito e tudo o mais que inventam. Mas quantos políticos que conhecemos na nossa praça seriam capazes de dizer o mesmo que Ferreira Leite? Esses, que em privado são campeões da escola de piadas e anedotas sobre homossexuais, teriam respondido com o politicamente correcto e que fica sempre bem na fotografia. Ferreira Leite pode até não ganhar eleições com o seu discurso. Mas pelo menos começamos a ver qualquer coisa de diferente na política portuguesa.
Depois foi a entrevista de Sócrates. È importante serviço público dar-lhe tempo de antena porque ele tem pouco. Já aqui falei sobre estas entrevistas montadas e com teleponto. Sobre entrevistadores encomendados e de uma macieza que não deixam margem para dúvidas de quem lhes paga. A subserviência é doentia e não demora muito, ainda pedem desculpa por fazer alguma pergunta mais complicada. Quando a tv do Estado entender que é do interesse de todos nós, o público, ouvirmos a Dra. Manuela, sabe-se lá quando será, pode ela estar descansada que não vai encontrar a mesma atitude seráfica dos entrevistadores nem a disposição de todo o marketing televisivo para aparecer bem no boneco. Vai ser tudo bem diferente deste tipo de conversas em família do Eng. Sócrates. Lá avançou com mais algumas medidas de propaganda que depois no concreto, logo veremos não ter nenhum efeito. E porque já estou vacinado contra isso, nada me espantou, nem o facto de tanta gente me ter dito que estava pouco interessada em ouvir o chefe do governo.
Estava nestas cogitações e no zapping do costume e aparece-me o Prof. Medina Carreira. O que é que ele está a dizer? O primeiro-ministro manifesta incompetência porque devia dedicar-se à sua função em vez de andar a distribuir computadores. O ministro devia deixar-se de palhaçadas como aquela de andar a fiscalizar preços no supermercado como se fossem essas as suas competências. A comunicação social é irresponsável porque anda atrás deles a dar cobertura a essa propaganda de trazer por casa. Os entrevistadores do primeiro-ministro foram incompetentes e incapazes de lhe colocarem as questões essenciais para o país. Sou contra o TGV. Sou pela Portela. Quando todo esse investimento tiver de ser pago já esses senhores se terão posto a andar mas nós cá estaremos para pagar sem sabermos como. Sem papas na língua. Em completa liberdade. E, ainda por cima, muito bem justificado por números e argumentação. A resposta do jornalista foi bem exemplificativa da mediocridade reinante. “Temos de o fazer porque se não formos nós, outros serão”. A falar assim, Medina Carreira não pode pensar em ir à televisão do Estado tão cedo. Não é do interesse público. Nem do poder reinante, digo eu. Ficou-se pela pequenina SIC-Notícias, pouco vista. Mesmo assim cresce a minha esperança de que está a mudar o redondo do discurso político. Está mais livre da grilheta eleitoralista.
Por falar em liberdade, não posso deixar de me congratular com a libertação de Ingrid Bettancourt. Com maior satisfação por ficar demonstrado que um tal de Chavez não é imprescindível quando há vontade de liberdade.
Albano Loureiro-Advogado
- O "Primeiro de Janeiro" de 04/07/2008
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O Autor é advogado, nascido em Porto Amélia/Pemba, filho dos antigos residentes Sr. Loureiro (A. Teixeira) e da Professora D. Ana Alcina, sobrinha do Administrador do posto de Metuge (na época colonial), próximo a Bandar e à Companhia Agricola de Muaguide, Fernandes Pinto. Escreve periódicamente para jornal diário "O Primeiro de Janeiro" - Porto, na coluna Opinião.
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Textos anteriores de Albano Loureiro reproduzidos neste blogue:
  • 06/06/2008 - Mais Português - Aqui!
  • 28/04/2008 - Triste comemoração - Aqui !
  • 15/12/2007 - Triste recorde - Aqui !
  • 05/04/2005 - Uma das muitas histórias do Dr. Alves da Farmácia - Aqui !
  • 14/08/2007 - Opinião - Monotonia - Aqui !
  • 28/08/2007 - Opinião - Universidade de Verão - Aqui !
  • 08/09/2007 - Opinião - Que Luiz ? - Aqui !

6/06/08

Ronda pela imprensa lusa - O que escreve Albano Loureiro: MAIS PORTUGUÊS !

Esta coisa dos grandes eventos continua a ser pretexto para descanso dos governos e responsáveis políticos, deles se desviando a atenção. É por isso que me rio sempre quando se fala do tempo da outra senhora e do exercício da política com base na trilogia de Fátima, futebol e fado. Como se hoje não se passasse o mesmo. Como vem aí o Euro e anda tudo com a cabeça no ar, nem se dá devida atenção a factos bem importantes e que tanto nos envergonham. A propósito, no mundo do futebol, duas situações deixaram-me absolutamente revoltado pelo completo desprezo dos princípios e valores que devem nortear um comportamento digno. Um ilustre, será que é, português, a quem todos tecem loas e promovem à divindade, em pleno acto público de divulgação mundial, com o maior desplante e descaramento, não hesitou em renegar a língua da sua nacionalidade, Eu até aceitaria, com dificuldade, a justificação usada pelo senhor de que naquele acto apenas utilizaria a língua do país onde se encontrava e que lhe dá trabalho pago a peso de ouro. Mas o que se passou depois em que permitiu exprimir-se noutra língua esquecendo a sua anterior argumentação, deixou-me esclarecido. Não se pode deixar de considerar aquele acto como um enxovalho ao país e à língua daquele senhor, por ele perpetrado e a que os órgãos de comunicação social dos diversos países não deixaram de dar ênfase, como se pôde verificar. E, mais uma vez, fomos alvo da chacota de inúmeros jornalistas estrangeiros, de novo contribuindo para que Portugal e os portugueses sejam tratados com soberba e sobranceria. Cá dentro, qual foi a reacção? Zero. Como o senhor é gente importante, não se corra o risco de beliscar a sua fina sensibilidade. Fosse com qualquer outro e haveria de pagar com língua de palmo. Se até nós próprios nos permitimos este tipo de comportamento, como havemos de fazer com que nos respeitem lá fora? Não há pois que estranhar a resposta do mundo do futebol. A UEFA decidiu suspender o FC Porto das competições europeias. Não vou discutir se o Porto praticou ou não as infracções por que foi condenado. Tão pouco a má estratégia de não ter recorrido, reconhecendo e aceitando a decisão. O que me importa é o facto de uma instituição portuguesa ter merecido do organismo europeu que gere o futebol um tratamento com diferenciação negativa face a casos idênticos. Na verdade, relevante neste caso é que a UEFA decidiu aplicar um regulamento ao clube português que não existia à data dos factos objecto da sanção interna. Erro jurídico. Mais, aplicou o regulamento, condenou o clube, sem que igual prática tenha assumido em casos anteriores que envolveram outras agremiações de países diferentes. Porquê? Fácil a resposta. Porque somos pequenos e não temos dimensão nem peso para fazer valer as nossas posições, facto que até é ajudado pela circunstância de quem tem algum poder e protagonismo, não os usar na defesa dos valores nacionais. Claro que também podemos vislumbrar os interesses económicos e políticos dos lobbys que imperam no futebol europeu. Mas não é só. Se fosse um clube inglês, italiano, alemão, francês, acham que teria o mesmo destino? Esta decisão é aviltante e deve merecer dos portugueses, sem excepção, repúdio e protesto, seja de que forma for, esquecendo-se as clubites agudas e as capelinhas de devoção. Permito-me esta sugestão. Por mim vou já ver quem são os patrocinadores e sponsors da UEFA e ficam já a saber que dessas marcas mais nada comprarei e vou pô-las na lista negra da minha divulgação. É a minha forma de protesto. Pode ser pequena mas não cedo na minha dignidade. Sou mais português e nem por isso sou menos benfiquista.
Albano Loureiro - Advogado
*O autor é advogado e nascido em Porto Amélia/Pemba, filho dos antigos residentes Sr. Loureiro do A. Teixeira e da Professora D. Ana Alcina, sobrinha do Administrador do posto de Metuge (na época colonial), próximo a Bandar e à Companhia Agricola de Muaguide, Fernandes Pinto.Escreve periódicamente para jornal diário "O Primeiro de Janeiro" - Porto, a coluna Opinião.
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Textos anteriores de Albano Loureiro reproduzidos neste blogue:
  • 28/04/2008 - Triste comemoração - Aqui !
  • 15/12/2007 - Triste recorde - Aqui !
  • 05/04/2005 - Uma das muitas histórias do Dr. Alves da Farmácia - Aqui !
  • 14/08/2007 - Opinião - Monotonia - Aqui !
  • 28/08/2007 - Opinião - Universidade de Verão - Aqui !
  • 08/09/2007 - Opinião - Que Luiz ? - Aqui !

4/28/08

Ronda pela imprensa lusa - O que escreve Albano Loureiro.

O Primeiro de Janeiro - 25/04/08 - Opinião por Albano Loureiro*
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Triste comemoração.
Há trinta e quatro anos Portugal vivia uma revolução que se apregoava de novos valores e princípios para a vida política, social e económica do país. Liberdade, igualdade, solidariedade, fraternidade. Como em todos os movimentos, a mudança nem sempre tem a velocidade e continuidade desejada. Há repelões, solavancos, avanços e recuos. Não será por isso que vai desmerecer o 25 de Abril. Podia aqui desfiar-se um rosário de coisas que correram mal. Com o correr da história e desaparecimento dos mantos de fumo que ainda persistem, outras vergonhas aparecerão. Mas eu ainda continuo a dizer valeu a pena. Menos entusiasmado, talvez. Porquê? É cansativo combater a politiqueirice de gente sem escrúpulos, com pouco ou nenhum sentido de estado e espírito de serviço à causa pública. Regra geral a que, como é evidente, há excepções, os nossos políticos, comentadores, jornalistas e quejandos que intervêm na vida pública, movimentam-se por interesses pessoais ou de grupo, pouco se preocupando com o comum dos mortais que só serve para os servir. Alguns dirão, “lá vem ele outra vez”. Repito o que já aqui deixei escrito, “Não desisto”. Há dias um companheiro desta cruzada dizia-me que se eu quisesse enveredar por uma carreira política e manter alguma da qualidade de vida que tenho à custa exclusiva do meu trabalho, tinha dois caminhos: ou vendia alguma coisa do meu património para sustentar o decréscimo dos rendimentos, ou entrava no jogo de interesses e troca de favores que é corrente. E isto é aceite por todos da forma mais natural possível. Não tenho pruridos e sou dos que pensa que todo o homem tem um preço. Mas durmo mal com esse tipo de coisas e porque ainda não tenho a capacidade económica de andar a desfazer-me de bens para suportar desvarios, respondi-lhe que lá iria a continuar na minha vida profissional e a dedicar-me à causa pública apenas na medida da disponibilidade das minhas ocupações de trabalho. O certo é que nesta democracia sequência do 25 de Abril, há políticos que permitem ao estado gastar 450 milhões de euros para a aquisição de helicópteros que em pouco tempo estão parados por avaria. Ou gastar 2 milhões de euros pagos a um privado pela elaboração de um documento que os serviços de contencioso desse organismo do estado já tinham concretizado em dois dias sem qualquer acréscimo de despesa. Ou 1,07 mil milhões na aquisição de submarinos sem qualquer interesse para a nossa defesa nacional, por meio de um contrato que está sob investigação judicial. Ou pagar avenças mensais de 400 mil euros a escritório de advogados cujo representante salta de partido político e apoios conforme a proximidade do poder. E o que vão permitir que se gaste em tantas outras coisas supérfluas.É escandaloso. Mas o que mais me choca é que este é o mesmo estado que não pode disponibilizar a ridicularia de 30 mil euros para pagamento do tratamento nos Estados Unidos de uma criança de seis anos que padece de uma forma rara de cancro e para a qual a última esperança ali reside. Que liberdade tem esta criança? Onde está a solidariedade e a fraternidade deste estado que nada faz perante estes casos gritantes, antes esperando que as comunidades se movimentem em esforços, tantas vezes inglórios enquanto os figurões do costume se continuam por aí a pavonear? Dir-se-á que isto é demagogia. Até aceito embora essa não seja, de certeza, a opinião dos pais e da criança em causa. E até daqueles que com muito sacrifício pessoal têm contribuído para a ajuda. Não seria triste comemoração do 25 de Abril ver no horizonte a esperança de contrariar estes políticos que, sem pudor, ainda afirmam que o Estado quando falha, não lhe acontece nada. Como se eles não fossem responsáveis dessa impunidade.
*Albano Loureiro - Advogado
e.mail
albanoloureiro@mail.telepac.pt
O autor é advogado e nascido em Porto Amélia/Pemba, filho dos antigos residentes Sr. Loureiro do A. Teixeira e da Professora D. Ana Alcina, sobrinha do Administrador do posto de Metuge (na época colonial), próximo a Bandar e à Companhia Agricola de Muaguide, Fernandes Pinto.
Escreve periódicamente para jornal diário "
O Primeiro de Janeiro" - Porto, a coluna Opinião.
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Textos anteriores de Albano Loureiro neste blogue:

  • 15/12/2007 - Triste recorde - aqui !
  • 05/04/2005 - Uma das muitas histórias do Dr. Alves da Farmácia - aqui !
  • 14/08/2007 - Opinião - Monotonia - aqui !
  • 28/08/2007 - Opinião - Universidade de Verão - aqui !
  • 08/09/2007 - Opinião - Que Luiz ? - aqui !

12/15/07

Ronda pela imprensa lusa - O que escreve Albano Loureiro.

O Primeiro de Janeiro - 15/12/07 - Opinião por Albano Loureiro*
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Triste recorde
A cimeira da União Europeia o os estados de África teve, pelo menos, o condão de nos pôr a pensar sobre alguns, a maior parte deles, regimes que governam aquele continente.
Li muitas tiradas e artigos de opinião.
Em todos eles fui vislumbrando um quê de complexo de culpa.
E em muitos até actos de contrição, quantas vezes a encapotar saudosismos ideológicos de quem ainda não ultrapassou os traumas da queda do muro de Berlim.História é história e ninguém a pode apagar.
Verdade que houve época em que os estados europeus, fruto de um maior progresso e avanço tecnológico, exerceram o seu poder na África e nas Américas.
A isso se chamou colonização.
Dispenso-me, não por qualquer sentimento de vergonha ou complexo de culpa, de comentar esse evento.
Aliás, há tantos prós e contras sobre esse período de vivências que, dificilmente, poderemos chegar a um consenso embora nem sequer o procure.
O que de todo não aceito é que se impute à história da colonização a responsabilidade da actual situação desses estados.
Já não falo sobre o contributo dos colonizadores para o desenvolvimento desses povos.
Positivo ou negativo, sempre foi contributo e terá consequências no seu modo de vida.
Mas é inquestionável que as independências desses países foram resultado da abertura e democratização dos regimes europeus no pós guerra.
Portugal só foi o último a descolonizar porque foi o último a atingir a democracia.
Anos passados sobre a independência de uma ex-colónia portuguesa tive oportunidade de a revisitar. Vive-se pior. Muito pior. Mas são independentes e não poderão culpar o colonizador por isso.
Já liberdade e democracia é outra coisa.
Não têm ou têm pouca.
E continuam a viver explorados por novos poderes, tão ou mais ilegítimos do que o das anteriores potências colonizadoras.
De quem é a culpa?
Nossa por termos avançado no processo de descolonização e independência?
Não tenho para com África apenas um sentimento de saudade.
Quase todos os dias recordo gente, pessoas, por quem me preocupo e de cuja sorte me apoquento.
Ao ver desfilar os líderes africanos não pude deixar de me revoltar perante a indiferença e até branqueamneto das suas governações.
Como se aquilo que se passa na maior parte das nações africanas fosse uma inevitabilidade.
Ora o que aqui quero deixar bem expresso é que não me envergonho do passado e, muito menos, aceito a versão posta a circular por um dos canalhas que por aí se passeou de que o Mal começou com o colonialismo e que o terrorismo de que o mesmo canalha é principal motor, se deve à acção predatória do Ocidente branco.
Até se deu ao luxo de pedir indemnizações.
É bem feito.
A Europa teve a resposta que merecia.
Ou o que é que esperava de uma chusma de déspotas e corruptos ditadores desumanos a quem trataram com honrarias e teceram loas de elogiosa prática?
Tenho sérias dúvidas que esta cimeira ou lá o que lhe queiram chamar, tenha alguma consequência positiva para os meus amigos que vivem em África e para a melhoria da sua qualidade de vida.
Tenha-se presente que nenhum desses amigos faz parte da classe governante.
Tenho mesmo para mim que esta cimeira não passou de uma feira de vaidades onde conseguiram realizar um recorde, o de maior concentração de facínoras por metro quadrado como por aí vi escrito.
Tenham todos um Feliz Natal.
*Albano Loureiro -Advogado

O autor é advogado e nascido em Porto Amélia/Pemba, filho dos antigos residentes Sr. Loureiro do A. Teixeira e da Professora D. Ana Alcina, sobrinha do Administrador do posto de Metuge (na época colonial), próximo a Bandar e à Companhia Agricola de Muaguide, Fernandes Pinto.
Escreve periódicamente para jornal diário "O Primeiro de Janeiro" - Porto, a coluna Opinião.
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Textos anteriores de Albano Loureiro neste blogue:

  • 05/04/2005 - Uma das muitas histórias do Dr. Alves da Farmácia - aqui !
  • 14/08/2007 - Opinião - Monotonia - aqui !
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11/04/07

Arca de ZOÉ - Afastem de África essa Arca...

O nome não poderia ser mais sugestivo: Arca de Zoé.
O cenário de actuação também não poderia ser o mais apropriado: Darfur, no Sudão, como pretexto, porque a acção, essa, parece ter encontrado um lugar mais seguro para decorrer ou ser levada a cabo – o Chade.
Arca de Zoé alega estar a desenvolver uma acção humanitária.
Quer salvar centenas de crianças alegadamente órfãs da região do Darfur.
Uma região onde a morte passeia todos os dias, há anos.
Os Estados hesitam, em negociações sem fim.
A União Africana (UA) nada consegue.
A União Europeia (UE), idem.
A Organização das Nações Unidas (ONU) é impotente.
Há milhares de vidas em riscos, numa região onde já morreram mais de 200 mil pessoas.
Eis que entra em acção a organização humanitária de Eric Breteau – a Arca de Zoé, que teve como primeiro palco de actuação a Ásia, socorrendo os afectados pelo Tsunami de 2004.
Onde Estados e organizações internacionais nada conseguem fazer para salvar uma tragédia humanitária, a Arca de Zoé propôs-se, por meios próprios, salvar um povo em risco de extinção. Organizou-se numa equipa capaz de contornar todos os obstáculos para tirar mais de uma centena de crianças em risco da zona do Darfur.
As crianças são órfãs, defende a Arca de Zoé, que tinha tudo pronto para levar as crianças à Europa, onde as esperavam diversas famílias que, afinal, veio a saber-se, agora, pagaram milhares de euros para receberem as criancinhas.
A dita organização humanitária Arca de Zoé não quis saber das leis do país por onde iria tirar as crianças – o Chade, de onde são, afinal, a maioria das crianças.
Crianças que, desconfia-se, agora, não são órfãs, e que terão sido enganadas com rebuçados.
A Arca de Zoé, com os pormenores que vão ficando conhecidos, parece tudo menos uma organização humanitária.
E prestou um mau serviço, pelo mau exemplo que deu, a muitas outras organizações não-governamentais que têm África como terreno de trabalho.
A Arca de Zoé quis dar a entender que estava a resolver um problema humanitário, salvando uma centena de crianças e, quem sabe, prevenindo o risco de parte delas virem a arriscarem a vida na aventura de tentarem chegar a Europa, como acontece a muitos africanos que tentam alcançar o próspero continente europeu.
Mas a Arca de Zoé fez pior do que se pode fazer em matéria de ajuda humanitária.
África não precisa deste tipo de Arcas…
Por Leonardo Júnior - O Primeiro de Janeiro de 02/11/07

9/08/07

Ronda pela imprensa lusa: O que escreve Albano Loureiro...

Opinião - Que Luiz ?
Tenho olhado com a disponibilidade possível para esta questão da disputa de liderança no PSD. Coloco-me a questão, o que pensará um militante do partido neste momento?Desde logo um militante responsável não se pode demitir de exercer a militância. Ainda que exista desmotivação. Ainda que não esteja empenhado. Ainda que não se reveja totalmente nos candidatos. É dever do militante, pelo menos, votar.Depois, haverão muitas razões de ambas as partes para argumentar a favor do seu candidato. Como sempre, nem todas válidas ou sequer verdadeiras. De entre elas deve aferir-se a sua validade, antes de tudo pela veracidade. É frequente, nestas circunstâncias, assistirmos a invocações muito fantasiosas. Agora todos são campeões de eleições. Agora todos querem mais participação dos militantes na vida do partido. É bom saber que ambos os candidatos tiveram ou têm funções de liderança nas mais diversas estruturas partidárias. Qual foi a sua postura nessas funções? Reagiram bem ao pluralismo de ideias? Aceitaram opiniões divergentes e respeitaram quem as tinha, ou retaliaram colocando os discordantes na prateleira?Sou franco que prefiro a avaliação da argumentação com base na razão, decidindo sempre motivado por princípios e como tal…Já aqui deixei dito que este partido é tremendamente autofágico. Detesto quem, sistematicamente, faz oposição interna apenas para benefício de protagonismo pessoal e sem cuidar de respeitar a vontade de maiorias expressas nos momentos próprios. Já critiquei isso a Marques Mendes em relação a Barroso e Santana. Já o havia feito a Barroso em relação a Nogueira e Marcelo e em muitos outros casos. Agora, como é evidente, faço-o a Menezes em relação a Mendes. E não aceito a teoria de quem com ferros mata, com ferros deve morrer.O partido decidiu uma liderança para uma legislatura. A meio da mesma, não vislumbro circunstância excepcional que motive alteração dessa decisão. Mendes revelou-se assim tão mau líder? O trabalho desenvolvido será assim tão negativo? Dizem, perdeu as eleições em Lisboa. É capcioso, atenta a excepcionalidade daquele acto eleitoral, até porque o somatório das candidaturas que emergem do universo do PSD ganhava de novo. E a seu favor ficou a coerência na escolha do candidato. Mas também se pode dizer que ganhou as presidenciais e as regionais da Madeira.Um dos argumentos mais fortes utilizados pelos menezistas é o de que o seu candidato é melhor a fazer oposição. É argumento redutor e pouco sábio. É sempre a mesma coisa. Há gente que anda na política há tantos anos mas não consegue, ou não quer, deixar de ser ignorante em termos de estratégia. Mas então vão eleger um líder para ser candidato a Primeiro-Ministro ou a chefe da oposição? Quando chegarem a 2009 vão procurar o Primeiro-Ministro, se ganharem as eleições, com o oposicionista Menezes? Ou estão já a assumir que não conseguem ganhar as eleições a Sócrates? Pior do que isso, estão é a reconhecer que o seu candidato é pior do que Mendes como Primeiro-Ministro, o que a seu favor é muito pouco abonatório. Este argumento assenta na ideia de que Menezes passa melhor na comunicação social. Mais asneira de quem não aprende com a história. Os nossos media estão sempre disponíveis para dar voz a quem no PSD ataca as lideranças. Já se esqueceram de exemplos anteriores a quem os microfones e câmaras sempre deram guarida enquanto opositores internos mas que depois de chegados ao poder foram votados ao completo ostracismo e até atacados e vilipendiados da forma mais torpe pela comunicação social? Acham que com Menezes vai ser diferente? Se ele ganhar as eleições no PSD, aposto que as primeiras imagens que vão passar são as daquela pérola dos “sulistas, elitistas e liberais” e respectiva saída do congresso de Lisboa em lágrimas com cara de coitadinho. Não se trata de escolher o menos mau, ideia que também recuso. Numa eleição a escolha é sempre feita em função da oferta e opta-se pelo melhor. Por isso os militantes do PSD, a quem se deparam dois bons candidatos à liderança, não se devem reduzir a escolher um simples candidato à oposição mas sim um que o seja a 1º Ministro na óptica dos restantes portugueses. Sim, porque a responsabilidade é essa de analisar a escolha dos portugueses. Ora, entre os dois Luíses, como a mim, também me parece que os portugueses se revêem mais no Mendes como 1º Ministro do que no Menezes. A escolha é óbvia, basta andar na rua…
*Advogado

8/28/07

Ronda pela imprensa lusa: O que escreve Albano Loureiro.

Opinião - Universidade de Verão.
As coisas que eu aprendo em férias. Desculpem a ignorância que para alguns possam representar estas minhas lucubrações mas, na realidade, no ócio deste Verão fingido dei-me conta de algumas evidências que desconhecia de todo. De uma forma ou de outra, já todos demos de caras com esses canais de televisão exclusivamente dedicados ao anúncio e promoção para venda directa dos mais variados produtos milagrosos e com resultados retumbantes.
Ele é pentes para carecas, unguentos para emagrecer, aparelhos para transformar as barriguinhas em corpos esculturais e por aí fora. Claro, tudo sem qualquer esforço, basta comprar a coisa. Há tempos dei-me conta também de canais do mesmo género a anunciar pacotes de férias. E, como não podia deixar de ser, para além dos preços milagrosos, logo se oferecia crédito para pagamento em prestações. Num destes dias em que o tempo, mais uma vez, não dava para trabalhar pró bronze, resolvi fazer “mappling”. É um exercício assim como o “jogging” ou “footing” só que praticado sentado no sofá. Para ajudar ao esforço, comando na mão e toca de explorar o satélite. Dei então com um canal que vende casas e apartamentos de sonho em destinos turísticos. Destinado essencialmente ao mercado inglês lá se anunciavam os belos imóveis em Creta, Chipre, Grécia, Baleares e até no Algarve. Preços exorbitantes anunciados como pechinchas mas que, tomando por base os mercados alvo, soam atractivos. A técnica de venda consiste em proporcionar uma viagem ao potencial comprador para exploração e visualização dos locais dos imóveis, viagem essa a preço incrível de saldo e, uma vez apanhado lá o incauto, prega-se-lhe com uma lavagem ao cérebro e tortura chinesa tipo venda de colchões. Os resultados parecem ser bons, até porque se o comprador não fizer nenhum negócio é logo tratado abaixo de cão e, com algum azar, abandonado à sua sorte, tendo de pagar a viagem de regresso e suportar restantes despesas. Claro, para ajudar a entusiasmar o adquirente, as imagens da tv são divinas, quase sempre digitalizadas e distorcidas, apresentando jardins e piscinas enormes que na realidade não passam de quadradinhos de relva ou tanques de água onde mal cabem duas pessoas.Atente-se que o reverso da moeda foi-me dado por casal “very british” com o qual comentei o conteúdo do canal e que também me falou de como essas televendas têm dado celeuma nas ilhas inglesas. Logo desataram num ataque às civilizações do sul e do pouco escrúpulo desses vendedores que usavam a boa fé e honestidade intrínseca dos cidadãos britânicos para depois os vigarizarem. Uns malandros estes latinos. Ou seja, a postura é a mesma a que assistimos recorrentemente cada vez que essa gente tem de qualificar os restantes povos. Eles são os melhores e os mais santinhos que andam a aguentar com a corja do mundo. Lembre-se o recente caso da pequenita raptada no Algarve e de como a comunicação social britânica tratou as autoridades portuguesas e até o nosso país. Reconheço que fiquei danado com o desplante do dito casal e da forma ligeira como generalizavam logo as suas apreciações. Por isso dediquei mais algum tempo ao tema e fui tentar saber as origens daquela empresa promotora. Como era de esperar, sede na Inglaterra, controlada por ingleses, com os serviços em Londres prestados por ingleses para ingleses. O que a promotora faz é adquirir aos empreiteiros nacionais daqueles países os direitos de comercialização a preços esmagados e com comissões chorudas que lhes extorquem, controlando completamente o negócio sem qualquer intervenção, quer dos construtores, quer dos proprietários dos imóveis. Aliás, é a mesma empresa britânica que dispõe de um site na net para arrendamentos de casas de férias, com excelentes fotografias e descrições deslumbrantes que depois se revelam desoladoras mas já não há nada a fazer porque é exigido um pagamento de 50% antecipado. E aqui o mercado alvo é também o dos incautos cidadãos do sul.Virou-se o feitiço contra o feiticeiro. Afinal quem são os verdadeiros doutorados da vigarice?
*Albano Loureiro-Advogado
* O autor é advogado e nascido em Porto Amélia/Pemba, filho dos antigos residentes Sr. Loureiro do A. Teixeira e da Professora D. Ana Alcina, sobrinha do Administrador do posto de Metuge (na época colonial), próximo a Bandar e à Companhia Agricola de Muaguide, Fernandes Pinto.
Leiam também : - OPINIÃO - Monotonia

8/14/07

Ronda pela imprensa lusa: O que escreve Albano Loureiro.

Artigo publicado no diário "O Primeiro de Janeiro" do Porto - Agosto/2007.
O autor é o advogado e "macua" de Porto Amélia/Pemba Dr. Albano Loureiro, filho dos antigos residentes de nossa cidade, Sr. Loureiro do A. Teixeira e da Professora D. Ana Alcina, sobrinha do Administrador do posto de Metuge (na época colonial), próximo a Bandar e à Companhia Agricola de Muaguide, Sr. Fernandes Pinto :
OPINIÃO - Monotonia - Por Albano Loureiro*
Estar longe de casa na aldeia globalizada de hoje, já não é desculpa para se desconhecer o que se passa na nossa pacata terrinha. Mas julgo que todos experimentam esta sensação de diferença entre aquilo que nos chega quando estamos longe, ou o que percepcionamos quando estamos por cá. Com esta coisa da net, então tudo é mais evidente. Por alguns dias na Catalunha, olho os meios de comunicação locais e, de Portugal, chegam notícias sobre o caso Maddie. Bem sopesadas, com alguma estupefacção mas sem grande alarido, até porque a aparente inversão dos acontecimentos é quase inacreditável. Do BCP, nem palavra. Creio mesmo que não sabem o que é. Se lhes perguntasse, quase aposto, atentas as letrinhas, julgariam tratar-se de alguma sucursal do pomposíssimo “blau grana” do tipo “Barcelona Club de Portugal”. Mas não se ficam por aqui. Será que não se deram conta de quem preside à União Europeia? Oh senhores, somos nós, os portugas e “su” chefe maior, José Sócrates. Santa ignorância. Viro a agulha para os jornais, rádios e televisões portuguesas com a ajuda do Wireless. Ah, cheguei, estou de volta ao cume da pirâmide. O mundo gira à volta de Portugal e dos portugueses. Não há casos de polícia como os nossos, não há bancos maiores que os nossos e se não fosse Portugal, a Europa não era conhecida. Na questão da pequenita inglesa, já estamos a ganhar aos tablóides ingleses que parecem feitos por aprendizes da função se comparados com os nossos enormes jornalistas de investigação, tal é a grandeza dos seus comentários. Sobretudo a grandeza do espaço que ocupam sem nada dizerem. Depois a questão do BCP. O maior banco privado português tem a seus pés o sistema financeiro do mundo que está a tremer com os problemas da informática que impediram a continuação da Assembleia. Aliás nunca me tinha ocorrido que uma Assembleia desta importância pudesse ser suspensa por questões de informática. Se bem conheço as regras daquela instituição, os responsáveis pela área em causa podem preparar os trastes pois não devem ficar lá por muito tempo. Ou então, não havia problema nenhum e tudo não passou de pretexto para saída airosa ou adiamento da contenda até melhor oportunidade. Já vejo a banca mundial em testes contínuos dos seus sistemas de informação, prevenindo situações idênticas às ocorridas nesta proeminente instituição bancária classificada para baixo dos cem maiores bancos do mundo. Muito para baixo.E dos nossos líderes políticos o que alcanço é que … estão de férias. Bom, mas são as férias mais importantes do mundo. De resto, é precisamente porque estão de férias que tudo corre mais parado, quiçá, melhor. Volto à comunicação social local do sítio em que me encontro. Não é diferente. Um energúmeno alvejou a tiro a filha de dezoito meses e depois suicidou-se, tudo por causa de divergências com a Mãe. O caso de polícia deles é o melhor e mais entusiasmante. Longas dissertações de jornalistas, comentadores e investigadores para explicarem o sucedido. Horas de antena para não dizerem nada que não se soubesse, ou para dizerem coisa nenhuma. Em poucos dias, dois apagões na segunda cidade de Espanha. Os políticos fazem um festim. Como cá, a culpa morre solteira. A oposição diz que o Governo não reconhece erros e despreza os cidadãos. O governo responde que a culpa é da oposição que não tratou da rede eléctrica quando era governo e deixou esta pesada herança. Esta coisa da globalização também teve este efeito de tornar tudo igual porque todos se espiam uns aos outros e vão copiando o que ouvem e vêem. Políticos, polícias, jornalistas e tudo o mais, até o turista em férias, se tornaram uniformes, monótonos e sensaborões. Bem queria eu ser diferente mas também me deixei levar na moda. Há contudo nesta monotonia um traço comum. Um egocentrismo implacável bem contrário à tão propalada solidariedade entre todos. Afinal vivemos cada vez mais para nós e dos nossos problemas. Tudo o resto é paisagem.