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4/30/08

Ecos da imprensa moçambicana - AZAGAIA intimado...??!! - Segundo Ato...

Para responder a perguntas Azagaia hoje na PGR - Alice Mabota vai acompanhar o jovem e interventivo Raper.
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Maputo - O rapper moçambicano, Edson da Luz, mais conhecido por Azagaia, apresenta- se esta manhã, na Procuradoria da República da Cidade de Maputo para responder a perguntas, tal como diz a notificação a ele entregue pelo oficial daquela instância. Segundo soubemos, este caso está a ser seguida de perto pela Liga Moçambicana dos Direitos Humanos e a respectiva Presidente, Alice Mabota, o vai acompanhar na audição que hoje terá lugar.
Não se conhece o conteúdo das perguntas a este rapper, bastante crítico do poder do dia, mas suspeita-se que tudo esteja relacionado com a verticalidade que o visado demonstra na abordagem musical de vários problemas que afectam a sociedade moçambicana. (Redacção)
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Acrescento - A atitude da PGR leva-nos a relembrar cenários arcaicos de regimes ditatoriais onde polícias políticas odiadas e muito criticadas pelos "novos democratas"...mais populistas que democratas, atuavam e intimidavam !
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Post's anteriores deste blog sobre Azagaia:
  • Hip-Hop repreende o poder em Moçambique - 09/11/07 - Aqui !
  • Azagaia volta a repreender com "Povo no Poder" - 13/02/08 - Aqui !
  • Azagaia intimado ?? !! - 12/04/08 - Aqui !

4/23/08

Ronda pela net: Universidade de Brasília - Onde os estudantes repôem ética, respeito por recursos da propriedade pública e pelos próprios estudantes!

O uso abusivo de recursos públicos desviados para vaidades pessoais ou regalias individuais ilegítimas é comum em redutos sociais repletos de carências que emergem para a democracia. Acontece quando se mistura, confunde poder ou função delegados e já pagos a alto custo pela sociedade humilde e pobre, com o direito a prerrogativas ilegais, aéticas, que não têm sentido de existir individualmente porque se destinam sim e sómente para essa sociedade carente, beneficiária por direito e razão, da existência dos mesmos.
Os alunos da Universidade de Brasília - Brasil, muito recentemente, revoltados com as regalias e luxos dispensados ao reitor da dita instituição, com a agravante de serem custeados esses luxos e regalias por fundos destinados a pesquisa e estudo, resolveram acabar com a "farra" (termo muito em voga no Brasil atual) do reitor e apadrinhados, ocupando a Universidade e impondo a demissão do tal senhor. O que acabou por acontecer após um período tenso de duas semanas e por mérito desses corajosos jovens.
O caso me faz lembrar outros espaços de ensino em outros recantos onde "padrinhos" e "apadrinhados" convívem e comungam de privilégios exclusivos, troca de favores, uso da estrutura e do tempo públicos em proveito próprio e de suas vaidades em detrimento dos estudantes que, imensamente carentes, nem possibilidades têm de uso de um computador e internet em suas modestas residências.
Mas para que se compreenda melhor o "exemplo" dos alunos da Universidade de Brasília, aqui coloco, dedicado a meus amigos estudantes de Portugal e Moçambique, o link para o blog "Ocupação UnB" e texto publicado pelo jornal "Estado de São Paulo" em 10 de Abril último:
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Entenda as denúncias contra o reitor da UnB.
São Paulo - As denúncias contra o reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, surgiram no início de fevereiro, em meio ao escândalo da farra com os cartões corporativos, que resultou na saída da ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro. A universidade apareceu como líder no ranking de instituições federais em gastos com cartões, e Mulholland teria usado recursos públicos de uma fundação, no total de R$ 470 mil, para mobiliar o apartamento funcional ocupado pelo reitor.
Menos de uma semana após a denúncia de desvio da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), Mulholland deixou o apartamento. Dos R$ 470 mil, ele admitiu ter gasto R$ 350 mil em móveis e utensílios. O reitor chegou a comprar uma lixeira no valor de quase R$ 1 mil. A denúncia do Ministério Público do Distrito Federal aponta que a Finatec gastou R$ 470 mil para equipar o apartamento de Mulholland.
O caso foi parar na CPI das ONGs, que ouviu o reitor e também o presidente da Finatec. Questionado pelos parlamentares sobre o porquê da escolha de objetos tão caros, como a lixeira, Mulholland foi evasivo: "O material foi especificado pela área técnica da universidade, e a Finatec tinha total liberdade para rejeitar", disse.
Em 3 de abril, cerca de 300 estudantes ocuparam o prédio da reitoria da UnB para exigir que o reitor deixe o cargo a fim de permitir que possam ser realizadas com isenção as investigações sobre uso irregular de recursos da instituição. Pressionado, Mulholland anuncia uma semana após a invasão o afastamento de 60 dias do cargo. Professores da universidade também votam por sua saída.
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Quem é Timothy Mulholland.
A produção científica é mirrada, mas a carreira burocrática, extensa. Timothy Mulholland chegou à UnB em 1979, três anos depois de terminar seu doutorado em psicologia na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. Assumiu um posto no departamento de Psicologia como subchefe e, desde então, exerceu funções em hierarquias mais altas - chefe, diretor, presidente de departamento - até chegar ao posto de reitor. Com exceção de pequenos intervalos, sua vida profissional se confunde com a UnB.
Segundo site do Ministério da Ciência e Tecnologia, que registra a produção científica dos pesquisadores no Brasil, Mulholland publicou apenas três artigos completos em periódicos estrangeiros. O último deles, em 1978.
Eleito em 2005 com 57,11% de votos, numa eleição onde apenas 15% dos eleitores exerceram seus direitos, Mulholland era tido como um homem da casa. Para muitos o reitor era controlador, vaidoso e, sobretudo o homem do dinheiro - e, por isso, temido. Entre alunos, a explicação é clara. Quem não fazia parte do seu grupo, tinha maiores dificuldades para conseguir recursos para financiar projetos de pesquisa. Esta semana, por exemplo, ele atribuiu a onda de acusações a sua gestão arrojada na área social. Algo que, segundo ele, sempre desagradou a vários grupos.

Pequim, desinteressada e generosa, admite venda de armas ao Zimbabué.

Pequim admite venda (i)legal de armas que vão a caminho de Luanda.
A China admitiu ontem ter vendido ao Governo do Zimbabué as armas a bordo do navio chinês em rota para Angola, com Pequim a defender a legalidade do negócio depois de Moçambique ter recusado à embarcação licença para aportar. “A venda de armas chinesas ao Zimbabué é legal. A imprensa ocidental está simplesmente a usar o assunto para pressionar a China”, disse ontem a agência noticiosa estatal chinesa Nova China, que cita declarações de Guo Xiaobin, investigador do Instituto de Relações Internacionais Contemporâneas da China, uma instituição estatal.
A Nova China não refere quais os objectivos que a “imprensa ocidental” visa atingir, nem comenta o facto de o navio An Yue Jiang, que carrega o armamento, terá abandonado águas sul africanas na sexta-feira depois de um tribunal sul-africano ter recusado que as armas fossem transportadas através do País para o Zimbabué.
Em Fevereiro, um relatório da Comissão dos Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu apelou à União Europeia para que pressione a China a deixar de vender armas aos países africanos e ao Zimbabué em particular.
Maputo - O Observador, Nº 0197, terça-feira, 22 de Abril de 2008.
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Eleições no Zimbawe - Diz o ditador Mugabe: Daqui não saio, daqui ninguém me tira...
Alguns post's anteriores deste blog sobre a situação social e política vivenciada no Zimbábue - Aqui; Aqui; Aqui; Aqui ; Aqui; Aqui; Aqui; Aqui e Aqui !
Religiosos acusam Mugabe de campanha de violência.
Líderes religiosos do Zimbábue pediram hoje ajuda internacional para conter uma campanha de violência do governo de Robert Mugabe que poderia derivar em "genocídio".
"Pessoas são seqüestradas, torturadas e humilhadas ao serem ordenadas a repetir slogans do partido político (Zanu-PF) que supostamente não apóiam", de acordo com um comunicado de uma coalizão religiosa do país divulgado hoje.
"Em alguns casos, elas são assassinadas."
Ao mesmo tempo, países vizinhos do Zimbábue uniram-se para bloquear a entrada de um navio chinês carregado de armas que supostamente iriam para o governo do presidente Robert Mugabe para serem usadas contra a oposição.
Governos, sindicatos, líderes religiosos e grupos de direitos humanos de países que evitam criticar Mugabe - como Angola e Moçambique - intensificaram os protestos para impedir a embarcação de atracar.
O navio está ancorado em alto-mar desde a semana passada, quando foi impedido de entrar na África do Sul.
O presidente da Zâmbia, Levy Mwanawasa, fez um apelo aos países da região que não permitam a entrada do navio. Mwannawasa é um dos poucos líderes africanos críticos de Mugabe, que enfrenta crescente pressão por não divulgar o resultado das eleições presidenciais três semanas após a votação.
Os Estados Unidos também pressionaram países da região para barrar o barco.
O governo chinês defendeu-se hoje, afirmando que o armamento "era parte de um carregamento de produtos militares comercializados entre a China e o Zimbábue", mas admitiu que está considerando levar o carregamento de volta. A embarcação chegou à costa sul-africana na quinta-feira com 77 toneladas de munição, foguetes e morteiros de fabricação chinesa e avaliados em US$ 1,4 milhão. A princípio, o governo da África do Sul afirmou que não tinha razões legais para impedir a embarcação de descarregar o armamento e transportá-lo até o Zimbábue, que não tem acesso ao mar. Isso porque não há um embargo internacional sobre a venda de armas para o país. No entanto, Organizações Não-Governamentais (ONGs) locais e padres da igreja anglicana convenceram um juiz a barrar a entrada do barco.
A embarcação tentou então entrar em Angola, Moçambique e Namíbia, mas foi impedida por ONGs e autoridades dos governos locais.
In " A Tarde OnLine" - Salvador- Bahia - 22/04/2008 (18:41), Agência Estado.

4/17/08

Em Cabo Delgado, Ibraimo Binamo Ibraimo é um bom professor !

Interessante texto de Pedro Nacuo para o Notícias - Maputo de hoje que transcrevo. Só quem conhece o belo e agreste interior de Cabo Delgado pode dar valor ao trabalho e dificuldades encaradas com dedicação por esses jovens apostados em ensinar e educar as populações irmãs e carentes locais:
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Ibraimo Binamo Ibraimo: Um exemplo de professor!
Imbada, 21 de Fevereiro de 2008. É uma aldeia da localidade de Iba, posto administrativo de Muaguide, distrito de Meluco. Está a chover, logo a seguir ao início da sessão extraordinária do governo distrital, que estava sendo orientada por Eliseu Machava, governador provincial, que pela primeira vez ia visitar aquela divisão administrativa no centro da província setentrional de Cabo Delgado.
A chuva interrompe a reunião e o governador, afinal, havia decidido pernoitar naquela aldeia que fica a perto de 200 quilómetros da capital provincial. Escurece, o protocolo vai distribuindo os hóspedes pelas casas, cujos donos previamente haviam sido contactados. O “Notícias”, o Instituto de Comunicação Social e um fotógrafo do gabinete do governador, foram alojados numa residência cujo quintal nas noites servia de sala de sessões de vídeo, com música moçambicana.
Cá fora, numa barraca onde se vendia tudo quente, um grupo de jovens e adultos discutia os assuntos a apresentar, na manhã do dia seguinte, durante o comício de Eliseu Machava, um dos quais era a solicitação, ao governante, da devolução do professor Binamo, que acabava de ser transferido para uma outra aldeia. Era preciso que todos falassem da necessidade de o ver de volta!
A nossa Reportagem, curiosa, intrometeu-se no assunto e soube que havia ideias contrárias, que sustentavam que tal gesto seria prejudicial a ele, pois havia informações de que a referida transferência era-lhe benéfica, pois subira de grau na função, se bem que passara a coordenador duma Zona de Influência Pedagógica (ZIP).
Mesmo assim, era preciso saber quem de facto foi ele e com que magia era desejado que voltasse à Imbada. Na verdade, não custou muito encontrar as respostas. Foi-nos dito que o nome completo do professor é Ibraimo Binamo Ibraimo. Fazia parte de um grupo de oito professores. Foi adjunto-pedagógico da Escola Completa local, que no ano lectivo passado teve, até ao fim, 362 alunos de ambas as classes, discriminadamente, 231 da primeira à quinta classes e 82 da sexta à sétima classes.
O grupo de Ibraimo recebeu alunos provenientes de Nangororo, Iba (a sede da Localidade), Roma, Koko e Ntapuala, numa escola sem internato e criou condições para que os alunos fossem viver em casas de conhecidos ou fizessem as suas próprias cabanas e aos fins-de-semana fossem às suas aldeias para o reabastecimento em víveres.
Ao fim do ano, o quadro visto pelo “Notícias” apresentou o seguinte resultado: da primeira à quinta classes, 97 por cento de aproveitamento pedagógico e da sexta à sétima, 78,7 por cento. Desistências, abaixo de 2 por cento. Um servente da escola onde Ibraimo era professor, de nome José Omar Muahau, é a primeira pessoa que nos fala dos traços profissionais deste professor .
“Era um professor que sabia coordenar muito bem, a sua saída é para nós uma perda. Estamos a chorar por ele”, diz o servente, na presença da pessoa que substituiu, nas funções, Ibraimo Binamo, no caso o professor Ermelindo Sinoia Lapuane.
No segundo dia, as nossas dúvidas a respeito do professor citado acabaram definitivamente. Afinal, em algumas barracas, na sede da aldeia e na escola, estão colocados documentos dactilografados, que serviram para a despedida do professor, com o título “Adeus a todos” onde se pode encontrar uma boa parte da sua vida como ser social e, sobretudo, educador. Vamos ler:
“Por necessidade de serviço e segundo despacho do senhor director dos Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia, ficou transferido desta escola, onde exercia a função de director Adjunto Pedagógico, para a EPC de Sitate, onde vai assumir o cargo de Director da Escola e Coordenador da ZIP, o vosso amigo, colega, irmão, filho, de nome Ibraimo Binamo Ibraimo”, começa o documento.
“Vou, mas um dia aqui voltarei”, prossegue, “tanto em viagens de serviço, como privadas, na perspectiva de que poderão de novo me acolher como sempre acolheram-me durante este longo e curto tempo que aqui vivi e convivi. Imbada fica marcada no meu coração e faz parte do meu pobre currículo, pelo facto de ter sido aqui onde: (1) pela primeira vez entrei numa sala de aulas como professor (2) onde pela primeira vez aprendi a assumir um cargo de chefia”.
Ibraimo acrescenta ainda: “estes factores fizeram com que Imbada ficasse inscrito no meu coração e que neste momento de despedida me torna difícil dizer ADEUS A TODOS (...) se durante este período terei ofendido ou maltratado a alguém, julgo que não foi por minha vontade. Talvez por se tratar de humano cometi erros, mas repito, não por minha vontade.
Seria difícil, senão mesmo impossível, viver numa comunidade mais de cinco anos sem errar. Errei, sou humano e para os ofendidos as minhas sinceras desculpas”, penitenciou-se, antes de entrar no rol dos agradecimentos.
“O meu grande agradecimento vai para toda a comunidade de Imbada, por ter-me acolhido e me dado o calor necessário como filho e irmão. Convosco aprendi muita coisa boa e foi convosco que aprendi a ser o que hoje sou. Mais uma vez, obrigado” e vira-se para os seus alunos:
“Desejo-vos boa sorte na vossa vida estudantil, de modo que amanhã estejamos juntos, não como alunos e professor, mas sim, meus colegas ou mesmo meus superiores hierárquicos. Estou convencido de que saberão aplicar melhor aquilo que comigo aprenderam”.
Aos colegas, Ibraimo Binamo Ibrahimo agradece a companhia na batalha contra o analfabetismo e diz que com eles também aprendeu muito e que foi fácil trabalhar por terem constituído um bom grupo, coeso e quase homogéneo. Pede desculpas aos que, mesmo assim, se tenham sentido, por qualquer motivo, ofendidos e termina justificando que quem trabalha erra.
Procurámos saber do dono da barraca onde lemos a despedida do professor, Cadre Momade, quem era o professor e a resposta não se fez esperar: era simplesmente um santo, sem exagero, gostava de todos e todos gostavam dele. Parecia natural desta aldeia. Ibraimo é um raro exemplo de como se pode trabalhar com a comunidade, seja ela do campo ou urbana!
Numa das ruas arenosas e poeirentas da aldeia deparámo-nos com Rachid Yahaia Árabe. Apresenta-se-nos como antigo aluno de Ibraimo Binamo, que nos explica que o seu professor havia começado a sua profissão precisamente naquela aldeia, em 2003. Em 2005 ascende ao cargo de adjunto pedagógico e que gostava das suas capacidades.
“Foi ele que começou a escrever a história desta escola, que criou um conselho onde a população tinha palavra e reunia com ela todos os meses. Tratava ao mesmo tempo dos problemas da escola e da comunidade, até ligados à saúde ou agricultura. Às vezes levava por escrito os problemas que a aldeia tinha, até ir falar com as direcções provinciais respectivas. Não discriminava a ninguém, fosse macua, maconde ou de outra etnia ou língua. A fonte de água que temos aqui foi graças ao seu esforço”, relata-nos Rachid Árabe.
Foi-nos indicado um aldeão que por pouco teria uma rixa com Ibraimo Binamo, resultante de uma relação que o professor quis sustentar com a sua filha, a viver na cidade de Pemba. Eduardo Issufo, mesmo assim, desvaloriza esse pequeno mal-estar que se havia instalado e justifica que, no cômputo geral, “ele era muito bom. É só ver que foi provocar a minha filha na cidade e não aqui. Ninguém desta aldeia dirá que ficou alguma vez ofendido com Ibraimo Binamo. Ele dava-se com toda a população e sempre estava à frente de todas as dificuldades da comunidade, porque mais esclarecido”.
No prosseguimento da viagem pelo distrito de Meluco, não sendo possível passar pela escola onde actualmente Ibraimo Binamo se encontra a trabalhar, cruzámos, mesmo assim, com o professor que era director em Imbada, no ano lectivo passado, quando aquele era adjunto pedagógico. Chama-se Inácio Maita Intapi Muapia, ora igualmente transferido para outra escola no interior do mesmo distrito. Muapia diz-nos que Binamo era um “professor de muita experiência de liderança. O seu exemplo de participação nas actividades programadas pela escola desmobilizava a qualquer colega ou aluno que quisesse ser relutante. Era um organizador, planificador”!
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AFINAL, UM PROFESSOR SEM FORMAÇÃO!
Todos os depoimentos à volta deste professor aumentavam a nossa curiosidade. Ibraimo Binamo não trabalha na rota escolhida, daquela vez, pelo governador, por isso, não seria daquela. De passagem pela sua actual escola, deixámos um bilhetinho, a pedir que fosse ter connosco na sede do distrito, para uma entrevista ao nosso jornal. Recebeu o recado, mas teve um acidente com a motorizada alocada pela Educação, na qualidade de coordenador da ZIP de Sitate, quando ia ao nosso encontro.
Tivemos que organizar mais uma viagem, no dia 26 de Março passado, especificamente para falar com este professor, cheio de dotes actualmente raros nos profissionais, não só da Educação. Encontrámo-lo no intervalo do almoço, na aldeia Sitate. Quem é o senhor, de que tanto se fala na aldeia Imbada?, perguntámo-lo, ao que respondeu:
“Sou professor que lá viveu como se fosse natural, durante cinco anos. A minha transferência foi um momento difícil, as pessoas estavam nos seus locais de produção, nas machambas. Não foi fácil! E não havia muito tempo, senão eu esperaria que voltassem das machambas e faria um encontro público para me despedir. Não sendo possível optei por escrever aquilo que o senhor chama documento, que colei nas paredes de algumas casas...”
Perguntámos a Ibraimo Binamo sobre a razão de o seu nome estar a resistir na comunidade de Imbada, sendo que já se encontra irreversivelmente em Sitate, uma aldeia muito distante daquela.
“É que se estamos na escola, estamos na comunidade. Não temos outra maneira de viver fora dela. Os problemas de água, higiene, as carências de todo o tipo são colectivos, por isso, eu estive na dianteira na organização de programas de limpeza, fazíamos encontros para falarmos da higiene, da saúde e da necessidade de evitarmos doenças. Todos nós fazíamos limpeza e nessa altura eu participava como uma pessoa da comunidade”, explica-nos.
Ibraimo Binamo notabilizou-se ainda mais na organização do desporto e na agricultura, abrindo hortas e diz que a maior parte das tarefas aqui referidas não deveria ser os alunos a realizar, nessa qualidade, mas sim, a própria população.
“ Nunca levei alunos para limpar poços de água, ainda que eu participasse nessa limpeza, na qualidade de aldeão, ou membro da comunidade. São essas coisas que as pessoas levam a sério e dizem o que dizem de mim. Mas falando a verdade, custou-me sair de Imbada. Estava mais ou menos organizado, a maior parte dos meus bens ainda está lá, não os transportei na totalidade”.
Voltamos, mesmo assim, à questão: quem é o professor Ibraimo Binamo?
“Sou meio de Nangade (por isso maconde) e meio de Montepuez (por isso macua), a minha mãe era de um lado e o meu pai do outro. Nasci dum feliz casamento entre maconde e macua. Estudei na Escola Secundária de Nangade e depois em Pemba, onde fiz a 12-classe. Fiquei um ano sem fazer nada e em 2003 comecei a trabalhar como professor contratado, directamente colocado no distrito de Meluco e muito precisamente na aldeia Imbada”.
Foi o ano em que se introduziu o segundo grau do ensino primário em Imbada, sendo que a responsabilidade ficou acrescida, tanto é que “quando cheguei a Imbada não havia nenhum professor formado. Éramos todos não formados, embora alguns tivessem alguma experiência”.
E mais tarde formou-se?, quisemos saber. Tendo dito que “eu não sou professor formado, meti agora documentos para pedir nomeação para ter um vínculo contratual com o Estado e daí poderei pedir uma formação. Falando sinceramente, eu estava à procura de emprego, porque não estava a fazer nada e encontrei este. Não estou arrependido, nunca enfrentei problemas que me fizessem pensar que falhei na escolha”.
Curiosamente, o director distrital de Educação, Juventude e Tecnologia em Meluco, Afonso Bacar, não sabia que o seu coordenador de ZIP não tinha uma formação psico-pedagógica. Suspeitámos que fosse pelas suas qualidades que não fazem prever que ele esteja a precisar de se armar com outros conhecimentos, desta feita, de índole teórico, já que a nível prático, o seu currículo diz muito.
Afonso Bacar quis convencer-nos que não havia nenhum director ou coordenador de ZIP sem formação. Entre Imbada, Muaguide, Meluco-sede, Minhanha, Mitepo, Ravia, Mitambo e Sitate, escolhemos esta última para lhe recordar que, sim, havia quem precisava dessa oportunidade, apesar da competência já revelada.
“É verdade, Ibraimo Binamo, mas é dos nossos melhores directores, um jovem dinâmico”, reconheceu o director distrital da Educação, Juventude e Tecnologia.
PEDRO NACUO - Maputo, Quinta-Feira, 17 de Abril de 2008:: Notícias

Eleições no Zimbabwe - Diz o ditador Mugabe: Daqui não saio...daqui ninguém me tira ! - V

A "farsa" e a "vergonha" (ou sem) continuam no reino da opressão e do medo perante a complacente benevolência de vizinhos e aliados:
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Apoiantes do MDC são detidos no Zimbabwe !
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"A polícia justificou as detenções com a alegação de que as pessoas encontravam-se a bloquear ruas impedindo a passagem de trabalhadores que se dirigiam aos seus postos de trabalho.
Ontem, o MDC pediu às pessoas para ficarem em casa de forma a evitarem confrontos com a polícia. Centenas de guardas armados continuam a patrulhar a capital impedindo manifestações públicas.
A polícia do Zimbabwe acusou ontem , o partido de Morgan Tsvangirai de incitar a violência com o apelo à greve em virtude de a comissão das eleições não querer divulgar os resultados reais das eleições.
De acordo com várias fontes de imprensa, a greve convocada para ontem pelo MDC, não teve grande impacto devido à elevada taxa de desemprego que ultrapassa os 80 por cento.
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Quintas invadidas.
Em zonas rurais, agricultores afirmam que mais de cento e trinta quintas foram afectadas pelas recentes invasões às plantações. Previa- se que a crise política no Zimbabwe fosse discutida ontem numa reunião de emergência da ONU, convocada pelo presidente sul-africano Tabu Mbeki.
Embora o Zimbabue não faça parte da agenda, o Reino Unido e os Estados Unidos da América afirmam querer debater o assunto.
De acordo com o embaixador norte-americano na ONU, Zalmay Kalilzad, um debate oficial sobre o Zimbabue terá certamente lugar na sessão.
“Seria de surpreender num encontro sobre África no qual estarão presentes uma série de lideres africanos, que um tema tão importante como este não fosse debatido”".
mediaFAX - Maputo, quinta-feira, 17.04.08 * Nº4019
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Mugabe "dispara" para todo o lado.
No Zimbabwe continua tudo na mesma, ou seja mais violência, prisões e intimidações contra todos os que se atrevem a contestar a autoridade de Robert Mugabe que, entretanto, acusou os EUA e o Reino Unido de estarem a forçar a ONU a dar luz verde a um ataque contra o seu país.
Ontem, 50 elementos da Oposição foram detidos, porque, no âmbito da greve geral, exigiam a divulgação dos resultados das eleições de 29 de Março.
Em velocidade de ponta continua também a campanha de intimidação e agressões contra trabalhadores agrícolas e residentes das zonas rurais.
Segundo a Associação de Fazendeiros, foram invadidas 134 propriedades agrícolas, desde o passado dia 5, pelos "veteranos de guerra", que "raptam e torturam os trabalhadores como punição pelo voto errado" nas eleições de 29 de Março.
Ontem, através do jornal estatal "The Herald", o Zimbabwe acusou Londres e Washington de quererem aproveitar a reunião do Conselho de Segurança da ONU para preparar uma intervenção militar no país.
"O plano consiste em obter uma resolução do Conselho de Segurança que permita uma intervenção militar para derrubar o presidente Mugabe", afirma o jornal.
Sobre a situação no Zimbabwe, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu "uma acção decisiva" para resolver a crise, sublinhando que este caso pode pôr em causa "a credibilidade do processo democrático em África".
Por outro lado, o Tribunal de Harare ilibou dois jornalistas estrangeiros acusados de terem feito a cobertura das eleições sem acreditação. O correspondente do "The New York Times", Barry Bearak, e o jornalista "free lancer" britânico Stephen Bevan saíram do tribunal em liberdade.
Jornal de Notícias - Porto - 17/04/2008
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Comissão Europeia considera situação "inaceitável".
A Comissão Europeia exigiu hoje a publicação imediata dos resultados das eleições presidenciais no Zimbabwe, estimando que qualquer novo adiamento será "inaceitável".
As eleições presidenciais e legislativas tiveram lugar no passado dia 29 de Março, há mais de 15 dias, e a comissão eleitoral do Zimbabwe ainda não divulgou os resultados da votação presidencial, que opunha o líder da oposição (Movimento para a Mudança Democrática), Morgan Tsvangirai, ao actual Presidente, Robert Mugabe, que ocupa o cargo desde 1980.
Tsvangirai reivindica a vitória à primeira volta, ao passo que o partido no poder pede a organização de uma segunda volta, argumentando haver um empate entre os dois candidatos.
"A publicação dos resultados é necessária e (...) novos atrasos [a essa divulgação] são inaceitáveis e serão entendidos como um bloqueio ao processo democrático no país", declarou um dos porta-vozes da Comissão, John Clancy, numa conferência de imprensa.
17.04.2008 - 11h24 AFP - Público.pt

4/14/08

Fome no mundo - Antevisão sinistra...

(Imagem original daqui)
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A "descoberta" recente(?) da alta a nível mundial de preços dos alimentos alarma as nações. Políticas, muitas vezes de cariz populista voltadas para a angariação de votos através da pobreza e ignorância humanas se vêm em perigo de frustar, a médio prazo, multidões e povos esfaimados que cobrarão inevitávelmente o preço a seus eleitos.
Tal era prevísivel pois o mundo é limitado e, sobrecarregado a cada dia por mais "gente" que vai nascendo imprevidentemente, sem planejamento nos grotões de pobreza, está sendo castigado sistemáticamente por desmatamento selvagem, poluição irresponsável, aquecimento global inconsequente, industrialização e consumismo exagerados, etç., etç. como demanda de toda essa "população" excessiva, de custo também alto em programas sociais consequentemente necessários e sustentados por impostos crescentes oriundos dum rol concentrado, propenso a rarear de contribuintes.
África será, lamentávelmente, por todas as suas fraquezas sociais, um dos primeiros continentes atingidos por essa onda gigantesca que se aproxima. Díficil será evitar...Mas há que correr contra o tempo... ...
Transcrevo abaixo o que acabo de ler na edição eletrónica do Jornal Folha de São Paulo/BBC-Brasil, deste final de tarde de domingo, a respeito:
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FMI E BIRD PEDEM AÇÃO URGENTE CONTRA ALTA ALIMENTAR
O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, e o diretor do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, defenderam neste domingo a adoção de medidas urgentes para conter a atual inflação de alimentos.
"Temos agora que colocar nosso dinheiro onde está a nossa boca, para que possamos colocar comida em bocas famintas", disse Zoellick, usando uma expressão idiomática da língua inglesa que significa algo como não ficar apenas no discurso, mas tomar uma ação.
Os comentários dos dois líderes foram feitos na entrevista coletiva que marcou o encerramento da reunião de primavera do FMI e do Bird, em Washington, neste domingo.
De acordo com Zoellick, o fato de o preço de alimentos ter dobrado nos últimos três anos poderá fazer com que 100 milhões de pessoas em países de baixa renda mergulhem ainda mais na pobreza.
O presidente do Banco Mundial lembrou que o Programa Mundial de Alimentos da ONU pediu que até o início de maio sejam feitas contribuições para que o órgão possa sanar seu rombo de US$ 500 milhões.
"Já há indicações de contribuições que chegam quase à metade da cifra exigida, mas não é o bastante. É crucial que governos confirmem seus compromissos o quanto antes e que outros também comecem a fazê-lo."
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INSTABILIDADE
O líder do Bird saudou o fato de que o elevado preço das commodities e seu impacto no crescimento e no desenvolvimento será um dos temas da reunião dos ministros das Finanças do G8, que será realizada em junho, no Japão.
"Mas, falando honestamente, a reunião do G8 será em junho. E não podemos esperar tanto assim."
Tanto Zoellick como Strauss-Kanh destacaram que a inflação poderá causar graves instabilidade políticas. No sábado, o diretor do fundo chegou a afirmar que a crise alimentar poderá levar a guerras em diferentes países.
"Ontem mesmo, nós vimos a queda do governo do Haiti", lembrou, Zoellick, comentando a queda do primeiro-ministro haitiano, Jacques Edouard Alexis, que perdeu seu cargo após uma série de protestos violentos contra a alta do preço de alimentos no país.
Zoellick destacou que o Bird destinou US$ 10 milhões ao Haiti e lembrou que o governo brasileiro também fez uma contribuição ao país caribenho.
O presidente do Banco Mundial lembrou, no entanto, que a contribuição emergencial do Bird exigirá uma "ginástica" para contornar trâmites burocráticos atualmente exigidos já que "muito do nosso dinheiro está alocado mediante determinadas fórmulas e categorias".
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ADAPTAÇÃO
A necessidade de adaptação também foi destacada pelo diretor do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss Kahn, que afirmou que a atual crise obrigará o órgão a reestruturar algumas de suas "ferramentas financeiras" que não são apropriadas para lidar com crises como a atual.
Stauss-Kahn chegou a ironizar a maneira como o fundo é visto, muitas vezes associado à recomendação de políticas macroeconômicas duras e com um pesado custo social.
"Muitos podem se surpreender ao ver o diretor do FMI preocupado com crise de alimentos". Mas acrescentou: "Não se surpreendam, nós iremos destinar tempo, recurso e expertise para lidar com isso".
13/04/2008 - 20h42 - BRUNO GARCEZ da BBC, em Washington.
  • ONU - Uso de biocombustíveis se tornou um crime contra a humanidade - O GLOBO OnLine - 14/04/08, 13h00 - Leia o texto Aqui !

Eleições no Zimbabwe - Diz o ditador Mugabe: Daqui não saio...daqui ninguém me tira ! - IV

Ainda sobre o "espetáculo" ou análogo armados no Zimbawe e arredores para tentar manter no poder o regime ditatorial de Robert Mugabe, quando tudo indica a vitória do opositor Movimento para a Mudança Democrática (MDC) nas recentes eleições cujos resultados "forças burocráticas" aliadas ao caudilhismo vigente tentam "abafar" servindo-se de pretensos motivos legais(?), pesquisando informação imparcial e isenta encontrei há momentos na net-jornal Folha de São Paulo, Brasil:
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OPOSIÇÃO NO ZIMBÁBUE REJEITA RECONTAGEM DE VOTOS.
O opositor Movimento para a Mudança Democrática (MDC, em inglês) rejeitou neste domingo uma recontagem de votos em 23 circunscrições do país ordenada ontem pela Comissão Eleitoral zimbabuana, que aceitou as razões apresentadas pela governamental União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (Zanu-PF).
"Não aceitaremos nenhuma apuração, porque seria como aceitar resultados fraudulentos. Tiveram em seu poder as urnas durante duas semanas e podem ter colocado seus votos", disse aos jornalistas o porta-voz do MDC, Nelson Chamisa.
As eleições gerais aconteceram no dia 29 de março, mas só são conhecidos os resultados do pleito parlamentar, e nenhum dado, nem sequer parcial, do presidencial. Nas eleições parlamentares, as duas facções do MDC obtiveram 109 cadeiras, enquanto a Zanu-PF conseguiu 97 vagas. A oposição recorreu à Justiça pedindo a divulgação de todos os resultados.
O tribunal de Harare que intervém no caso ditará seu veredicto nesta segunda-feira, mas qualquer das duas partes pode apelar da decisão, o que pode gerar mais atrasos, especialmente depois que a Comissão, cujos membros foram nomeados pelo presidente zimbabuano, Robert Mugabe, ordenou a recontagem dos votos.
O líder do MDC, Morgan Tsvangirai, afirma que venceu as eleições presidenciais no Zimbábue com 50,3% dos votos, frente aos 43,8% de Mugabe, tornando desnecessário um segundo turno, como este último exige.
O MDC compilou os resultados recolhendo os dados da lista publicada em cada mesa eleitoral no final do pleito, enquanto a Zanu-PF utilizou projeções de analistas para reunir suas informações.
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CÚPULA
Os presidentes e chefes de governo dos países do sul da África pediram neste domingo às autoridades eleitorais do Zimbábue que acelerem a divulgação dos resultados das últimas eleições presidenciais no país.
A fim de analisar este atraso e as possíveis conseqüências regionais, a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) promoveu uma cúpula extraordinária que começou no sábado à tarde e se prolongou até esta madrugada.
"A cúpula faz um apelo às autoridades eleitorais do Zimbábue para que o processo de verificação e difusão dos resultados seja acelerado de acordo com as leis", diz o comunicado final.
O texto aprovado por representantes dos 14 países da região pede também que as partes envolvidas neste processo "aceitem os resultados que forem anunciados" finalmente pela Comissão Eleitoral.
13/04/2008 - 11h17 - da Efe, em Harare -Folha Online.

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Especial:

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4/12/08

AZAGAIA intimado...?? !!

(Clique na imagem para ampliar - Imagem original daqui.)
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Acabei de ler na net. E transcrevo:
PGR INTIMA AZAGAIA...
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O rapper está a espera de uma segunda ordem, uma vez que teve intimação tarde - A procuradoria da cidade de Maputo intimou o rapper moçambicano Azagaia, uma das vozes mais críticas do poder instituído, a apresentar-se naquela instância no dia 21 de Março para "responder a perguntas". Mas, porque, só esta terça-feira, 8 de Abril, o rapper teve acesso a intimação deixada na sua faculdade a 12 de Março, não foi possível apresentar-se naquela data.
Azagaia diz desconhecer o conteúdo das perguntas a que fora intimado a responder no processo 139/PRC/08.
Sem precisar a data, Edson da Luz, seu nome de registo, diz que a procuradoria terá feito um pedido formal do seu contacto na Faculdade onde cursa Geologia.
"Ainda não sei. Estou a espera de uma segunda ordem", respondeu, quando questionado sobre o que pensa fazer.
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DESCONHECEMOS O CONTEÚDO, LDH
O advogado Custódio Duma, da Liga dos Direitos Humanos(LDH), disse ao SAVANA que a sua instituição tem conhecimento de que Azagaia foi notificado pela Procuradoria da Cidade. Mas disse desconhecer o conteúdo da notificação e o propósito a que a mesma foi produzida. "Ainda não temos dados, estamos a fazer diligências junto à Procuradoria da Cidade", apontou.
O rapper Azagaia popularizou-se com as suas letras incisivas e criticas ao poder instituído. "As mentiras da verdade", "A Marcha", e "Povo no Poder" foram as mais ovacionadas pelo povo e que mais debates na esfera pública levantou.
Dada a falta de informação sobre os motivos que levaram a instituição guardiã da legalidade do país a intimar o jovem, multiplicam-se as especulações na praça. Mas a hipótese mais evidente indica que o conteúdo da música "Povo no Poder" que Azagaia fez a propósito das memoráveis manifestações de 5 de Fevereiro nas cidades de Maputo e Matola está na base da intimação. É que aquando da sua publicação, vozes há que consideram-na como instrumento de incitação à violência.
- Por Emílio Beula, SAVANA - 11.04.2008 - In "Moçambique Para Todos".
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Reveja "Povo no Poder" de Azagaia:
Post's anteriores sobre Azagaia:
  • Hip-Hop repreende o poder em Moçambique - 09/11/07 - Aqui !
  • Azagaia volta a repreender com "Povo no Poder" - 13/02/08 - Aqui !

4/11/08

Eleições no Zimbabwe - Diz o ditador Mugabe: Daqui não saio...daqui ninguém me tira ! - III

Ano 3 - N.º 548 Maputo, Sexta-feira, 11 de Abril de 2008
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Volte face na África do Sul sobre tentativa de fraude eleitoral no Zimbabwe
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Joanesburgo (Canal de Moçambique) 11/04/2008 - O vice-ministro dos negócios estrangeiros da África do Sul, Aziz Pahad, declarou ontem que a Comissão Eleitoral do Zimbabwe devia explicar a razão do silêncio a que se remeteu quanto aos resultados das eleições presidenciais de 29 de Março último. As declarações de Pahad surgem alguns dias após o presidente sul-africano, Thabo Mbeki, ter declarado a correspondentes no Reino Unido que “se devia aguardar pelo resultado das eleições” realizadas naquele país faz no próximo domingo duas semanas.
O governo sul-africano havia inclusivamente rejeitado a possibilidade de uma intervenção das Nações Unidas, tal como fora solicitado pelo Movimento para a Mudança Democrática (MDC), partido vencedor das eleições no Zimbabwe. A África do Sul, que presentemente detém a presidência do Conselho de Segurança, havia igualmente manifestado a sua oposição à hipótese de uma sessão extraordinária deste órgão da ONU destinada a analisar a crise naquele país.
O volte face do governo sulafricano surge na sequência da iniciativa do chefe de estado zambiano, Levy Mwanawasa, que é o presidente em exercício da SADC, em tomar a dianteira, convocando uma cimeira de emergência para discutir o problema zimbabweano. A cimeira da SADC, a realizar-se amanhã em Lusaka, tem como pano de fundo o coro de protestos por parte das forças vivas do Zimbabwe em virtude da tentativa de fraude eleitoral ensaiada pelo regime no poder neste país. Impossibilitado de repetir a burla de 2002, em que a oposição se viu privada de assumir o poder, não obstante o mandato que lhe fora conferido pelo eleitorado, o regime encabeçado por Robert Mugabe optou desta vez por proibir a ZEC (Comissão de Eleições do Zimbabwe) de divulgar os resultados das eleições presidenciais ao mesmo tempo que, numa clara manobra de intimidação, desdobrava efectivos do seu aparelho repressivo um pouco por toda a parte do país, e, no melhor estilo populista, ordenava os seus «Tom Tom Macoutes» a invadir propriedades agrícolas.
A política de apaziguamento até agora seguida pelos chefes de Estado da SADC será confrontada em Lusaka com o dilema deles continuarem a pactuar com um regime corrupto, que não hesita em recorrer de forma sistemática à burla eleitoral, ou tomarem em linha de conta a vontade da esmagadora maioria de um povo que nas urnas deu nota negativa a uma partido e a um chefe que há muito caíram no descrédito. Ao chefe de fila do regime caduco de Harare resta a esperança de, em Lusaka, os seus tradicionais aliados da SADC virem a pressionar os vencedores do escrutínio de 29 de Março a integrarem um “governo de unidade nacional” em que a “figura histórica”, isto é, o próprio Mugabe, continuaria como timoneiro de um país na bancarrota devido à ruinosa política económica da ZANU-PF.
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4/10/08

Eleições no Zimbabwe - Diz o ditador Mugabe: Daqui não saio...daqui ninguém me tira ! - II

(Imagem original daqui)
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Tendai Biti apelou à Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e à União Africana (UA) para que intervenham de forma "a evitar um banho de sangue" no Zimbábue.
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Harare, 9 abr (Lusa) - O silêncio dos líderes regionais sobre a crise eleitoral e institucional no Zimbábue é criminoso, disse nesta quarta-feira à Agência Lusa o secretário-geral do Movimento para a Mudança Democrática (MDC, oposição), Tendai Biti.
Tendai Biti apelou à Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e à União Africana (UA) para que intervenham de forma "a evitar um banho de sangue" no Zimbábue.
Só uma condenação regional e uma intervenção dos líderes africanos poderá impedir que o Zimbábue mergulhe no caos, disse Biti, que destacou o aumento de incidentes violentos entre forças de segurança, milícias do partido no poder (a Zanu-PF, do presidente Robert Mugabe) e veteranos da guerra de libertação leais a Mugabe, de um lado, e a população que votou na oposição, de outro.
"África foi lenta a reagir no caso de Ruanda e em outros países, o que resultou em genocídios e conflitos desnecessários. A África está sendo muito lenta a responder aos apelos do povo do Zimbábue e a situação está ficando insustentável", disse Tendai Biti.
As preocupações de Biti são partilhadas por Jestine Mukoko, diretora da Zimbabwe Peace Project, organização não-governamental que está recolhendo diariamente um número considerável de queixas contra as forças de segurança.
"Desde 29 de março que em vários pontos do país cidadãos indefesos têm sido visitados, espancados e intimidados verbalmente por agentes da polícia e apoiadores do partido Zanu-PF", disse Mukoko à Agência Lusa em seu escritório, em Harare.
As 15 operadoras que recebem telefonemas de todos os pontos do Zimbábue têm recebido constantemente relatos de incidentes de violência contra a população, especialmente nas áreas onde o MDC obteve a maioria dos votos, que lhe deu vitória nas legislativas. O mais recente relatório divulgado pela Zimbabwe Peace Project menciona casos como o ocorrido em Gweru. Várias pessoas relataram terem sido agredidas por policiais uniformizados, que diziam: "Votaram de forma errada". Matabeleland North e Binga são outras regiões que a ONG, que tem por missão recolher dados sobre a violação aos direitos humanos e a violência do Estado contra os cidadãos, está monitorando com grande apreensão.
Na capital, Harare, a situação é tensa. Os residentes continuam seguindo com grande ansiedade a situação. O impasse na divulgação dos resultados eleitorais levou a esmagadora maioria das pessoas a acreditar que Robert Mugabe perdeu as presidenciais e não aceita a derrota. Vários residentes da capital disseram à Agência Lusa que a frustração e o desespero são os sentimentos dominantes e que muitos zimbabuanos sentem que a única saída é emigrar para os países vizinhos. Na fronteira com a África do Sul, em Beit Bridge, observadores afirmaram que um número crescente de zimbabuanos tem abandonado o país desde 29 de março. "Não sabemos o que fazer das nossas vidas: se vamos para as ruas e começamos a quebrar e a queimar tudo, o presidente terá, então, a oportunidade de mandar as forças policiais agredir e matar o povo. Se nos mantivermos calmos e ordeiros, nos chamam de covardes. Estamos entre a espada e a parede e morrendo lentamente de fome", disse à Lusa Moses Matara, um técnico de informática da capital.
Por António Pina, da Agência Lusa - 09-04-2008 14:21:50.

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4/03/08

Pemba - Só 45,3% da população se interessa por política !

O grau de interesse do cidadão pela actividade política em Moçambique, particularmente em Cabo Delegado, constitui um bom indicador do actual estado de desenvolvimento e exercício da cidadania e democracia.
É importante sublinhar que vários factores podem estar a encorajar algumas pessoas a envolverem-se na política, diz a pesquisa "A interacção entre o eleitorado do norte e deputados no contexto democrático moçambicano" de Barbosa Morais e António Gaspar, publicado nos finais de 2007.
Com efeito, a política deve ser vista no sentido holístico para capturar as mais diversas percepções dos cidadãos entrevistados. Estes cidadãos apresentam uma enorme heterogeneidade em termos de back ground político, académico e sócio cultural. A política pode ser entendida como uma das esferas do exercício do poder político, dentro da qual os processos de governação e eleitoral ocorrem. Estas actividades são de domínio da maioria dos cidadãos. É importante equacionar a política como âmbito de governação, sobre a qual o eleitorado moçambicano é mobilizado e encorajado a participar.
A política deve ser analisada e entendida como uma das actividades normais de interesse e utilidade pública em que o povo se deve envolver em benefício da sua família, comunidade e da sociedade em geral. O interesse do eleitorado pela política funda-se uma série de factores políticos e sócio-económicos que motivam a impulsionarem a participação das pessoas em actividades de utilidade pública. Primeiro como forma de exercício da cidadania, o que desperta a consciência do cidadão para a sua apropriação do processo.
O interesse do eleitorado pela política pode estar subjacente aos interesses colectivos (formações políticas, grupos cívicos de interesse ou individuais, busca de bem estar).
Os resultados do estudo mostram que, em Cabo Delgado, o interesse pelas actividades políticas é expressivo. A taxa de participação dos cidadãos entrevistados sobre este assunto é elucidativa, na medida em que se situou muito acima da média, ou seja, foi de 96% de pessoas.
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Os cidadãos entrevistados em Chiúre, Mocímboa da Praia e Pemba.
Os entrevistados, de uma forma inequívoca, revelam o seu forte interesse pela política. De um total de 290 entrevistados, 82.0% mostram o seu forte interesse pela política, contra 14.0% daqueles que não se mostram interessados por esta actividade política e os restantes por outras palavras, significa dizer que, em cada 10 cidadãos entrevistados, 8 disseram que tinham interesse pela política e os restantes 2 mostram-se desinteressados. Este posicionamento deve-se à lealdade política baseada em considerações históricas das populações desta província. A sua lucidez política desenvolve-se e consolida-se no contexto da emancipação de Moçambique do colonialismo português.
Uma pequena percentagem de pessoas inquiridas disseram que nem sempre (3,8%) se interessa pela política.
Os dados mostram que no distrito de Chiúre, o interesse dos cidadãos entrevistados pela política é acentuado (89,6%).
Pemba, que é a capital da província, apresenta uma posição situada na fronteira entre o sim (45.3%) e o não (43,2%).
Na situação intermédia, a figura do município da Mocimboa da Praia (53%). Os últimos desenvolvimentos políticos registados na região demonstram que a população tem se envolvido na actividade politica.
O desinteresse pela politica em Pemba, que figura na ordem dos 43,2%, não é desprezível e pode constituir uma clara indicação de que os pembenses têm outras prioridades.
A TribunaFAX-Maputo, terça-feira 02 de Abril de 2008, N° 685

4/02/08

Beira - Cidade do sexo ?...

(imagem original recolhida na net)
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Prostituição - a mais velha profissão do mundo, assim falam !
E, em Moçambique também existe atravessando em todas as suas nuances o período colonial e a violência da guerra de libertação chegando com acentuado realce e sofisticação aos dias atuais onde grupos de ralcionamento virtual na internet, como por exemplo "Orkut" e "Hi5" servem disfarçadamente de "vitrine" ou "portfólio". Moçambique não foge à regra como consequência de uma sociedade desiquilibrada, injusta, de padrões éticos confusos onde os valores materiais e consumistas se sobrepôem à moral e ao princípio/conceito de Família. Similar afinal a outros pontos desta orbe globalizada, instável, repleta de progressos científicos mas também de problemas crescentes e violentos em todo o sentido... ...
Assim, porque se trata de Moçambique, com foco na Beira (segunda cidade Moçambicana em importância económica e populacional), aqui transcrevo itens de reportagem do dia 7 de março último, do jornal diário "Notícias" - Maputo, onde poderemos "vivenciar" como se desenvolve essa atividade que depaupera, empobrece a sociedade e a mulher pelo mundo afora e, neste caso, de Moçambique:
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PROSTITUTAS DE "LUXO" GANHAM ESPAÇO NA BEIRA.
U
m novo cenário vive-se na capital provincial de Sofala, Beira, com as chamadas prostitutas de luxo a ganharem espaço naquela urbe. Trata-se de um número considerável de trabalhadoras de sexo que andam em viaturas de último grito, como são os casos dos famosos Toyota Surf, Mitsubish Sport Gear, entre outras de tracção às quatro rodas. Estas frequentam restaurantes de alta classe sofisticando a profissão mais antiga do mundo. Ainda aliado a este grupo, pode-se encontrar estudantes universitárias que fazem desta prática o garante para pagar as luxuosas mensalidades e outras necessidades em estabelecimentos de ensino superior privados existentes no "Chiveve".
A maior parte dos elementos deste grupo vivem sozinhas em "flats" luxuosas de diferentes prédios da cidade da Beira. Não frequentam pensões, muito menos os famosos cabarés daquela urbe. São raparigas que vivem sempre na moda, facto que dificulta a qualquer um descobrir que se trata de uma trabalhadora de sexo. Num belo dia, o articulista destas linhas esteve num destes luxuosos restaurantes da cidade da Beira. Era um reencontro de amigos que não se viam há longa data. Naquela confraternização, de repente, entrou uma senhora que aparentava possuir 30 anos, com sensivelmente um metro e 70 centímetros, olhos castanhos-escuros, cabelos desfrisados, sapatos altos (bico fino) e um vestido moderno bem comprido, à executiva. E acabou se sentando numa mesa próxima à nossa, o que ainda não era algum problema. "Um duplo de wiskey velho, por favor! Mas tem que ser seco. Rápido" - imperou em voz alta, despertando atenção de todos os presentes. E, de seguida, foi consumindo aquele líquido por muito tempo, como se alguém de espionagem se tratasse, numa clara tentativa de estudar o terreno e descobrir quem é que era o "manda chuva da noite". Curiosamente, a rapariga orientou ao servente para que entregasse uma "rodada" aos principais contribuintes da nossa mesa e uma outra próxima. "Esta é na conta daquela senhorita" - disse, carinhosamente, o "barman". E, em contrapartida, os supostos sortudos reagiram, primeiro com agradecimentos verbais, depois pagando, um de cada vez, duplo de wiskey para a visada. De seguida, a menina se juntou à mesa próxima da nossa. E para sossegar a minha curiosidade, tive uma conversa particular com o servente, tendo este clarificado que "esta é uma prostituta de luxo. Faz isso sempre. São muitas, outra é aquela sentada sozinha na mesa do fundo" - disse. Dito e feito, um dos elementos da mesa próxima, por sinal, o que foi presenteado com uma bebida, acabou recebendo um convite para um passeio de carro à cidade. Era um Toyota Surf, de cor vermelha, cuja matrícula não precisamos. Mas relatos do visado dão conta que, depois foi levado para uma residência luxuosa, no centro da capital provincial de Sofala. Conta-nos que a taxa varia de mil a cinco mil meticais, com direito a bebida e/ou um jantar. Quer dizer, o preço é proporcional ao tempo que levar, o que significa que pernoitar na referida moradia dá direito a um valor mais alto.
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... E ANDAM ARMADAS.
U
ma delas chegou a confessar à nossa Reportagem que, em média, consegue arrecadar seis mil meticais/dia. Quartas-feiras e finais de semana o valor conseguido sobe um pouco mais, chegando, às vezes, a obter 10 mil meticais, um dinheiro que pode superar o salário mensal base de um bacharel no Aparelho do Estado. Mas nem sempre tem sido um mar de rosas, porque, vezes há em que o cliente não aceita, à última hora, pagar tal montante. E para evitar situações do género, usa-se o sistema pré-pago. Só que nem isso tem sido solução, porque alguns clientes são oportunistas e/ou consumidores de droga que, no final, fazem ameaças e a trabalhadora acaba cedendo, devolvendo o valor. Para tal, já existem "prostitutas de luxo" que andam armadas. "Há muitos homens bandidos hoje em dia. Mas quem brincar comigo desta maneira estoiro os miolos com a minha pistola" - referiu A. Martinho. Todas as prostitutas de luxo que já abordamos têm sempre uma história triste por contar para justificar a sua entrada naquela "turma". A. Martinho, por exemplo, conta que teve uma infância dolorosa. Vivia com o seu pai e uma madrasta que procurava a todo o custo provar que a menina roubava dinheiro em sua própria casa. Este facto fez com que passasse a viver num centro internato com o estatuto de órfã, mas que tinha um pai capaz de dar um leito de luxo. Mas não foi bem sucedida na escola, tendo feito apenas a oitava classe. Decidiu, portanto, fazer negócios para a sua sobrevivência. Transportava camarão da Beira para o Zimbabwe e da "terra do tio Mugas" trazia cartolinas, só que foi "sol de pouca dura". Hoje, a A. Martinho preferiu prostituir-se para garantir o seu sustento. O mesmo pode-se dizer de B. António que diz que já esteve casada com um homem financeiramente estável, só que perdeu a vida muito cedo, vítima de acidente de viação e os familiares do finado retiraram-lhe todos os bens sob alegação de que a viúva é que teria orquestrado a morte. "Acusaram-me de feiticeira, por isso tiraram tudo o que tínhamos. Como não estudei muito, preferi optar por esta vida bastante dura, mas rentável" - ajuntou, mas visivelmente triste. Disse que antes frequentava as famosas pensões da cidade que servem de prostíbulo. Mas agora, porque já conseguiu uma viatura, aluga uma "flat" de onde desenvolve a sua "profissão", aumentando, assim, o número de prostitutas de "luxo" na cidade da Beira. "Agora não é rentável em pensões porque as zimbabweanas invadiram tudo. Esta forma de prostituir é que está a dar, também o esforço é menor e o dinheiro é elevado"- sublinhou, sorrindo.
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COM DROGA À MISTURA.
As trabalhadoras de sexo não só se limitam a este exercício, como também têm-se dedicado à venda de drogas pesadas. As mesmas servem de receptoras de drogas a partir de vários pontos e têm estado a comercializar nos estabelecimentos hoteleiros e/ou em diferentes casas de pasto de luxo, sobretudo onde frequentam cidadãos de nacionalidade estrangeira com um poder financeiro considerado estável. A nossa reportagem ficou a saber que a entrada de muitos estrangeiros da África do norte e/ou central, como são os casos de nigerianos, líbios e somalis, tem vindo de alguma maneira a fazer do "Chiveve" um forte corredor de drogas. Contam as nossas fontes que eles usam as trabalhadoras de sexo para transaccionar as drogas pesadas, como são os casos de haxixe, mandrax, heroína, entre outras. "Acha que algum polícia vai desconfiar de uma mulher bem vestida? Certamente que não. Nestas nossas bolsas transportamos muitas coisas. Para além de objectos de beleza, capulana, lenços, também as drogas podem aqui entrar" - disse, para depois sossegar o nosso repórter dizendo que "mas eu não faço. Só que tenho muitas amigas envolvidas nisto. Mas não vou te mostrar, porque em vocês jornalistas não podemos confiar. Vamos mudar já de assunto"(sorriu).
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PARQUES DE ESTACIONAMENTO DE VIATURAS VIRAM PROSTÍBULOS.
E
ntretanto, falar de zimbabweanas que vêm prostituir na cidade da Beira deixou de ser novidade, mas acontece que estas já estão em número bastante assustador sob olhar passivo de quem de direito. Ao que se sabe, de dia, as visadas vendem produtos trazidos da "terra do tio Mugas", mas nas noites muitas delas inundam as pensões transformadas em prostíbulos no "Chiveve". A famosa zona da Praia Nova é um dos locais preferidos. Ali frequentam as que cobram preços relativamente baixos que variam de 15 a 30 meticais. Enquanto que na zona de cimento, sobretudo nos prostíbulos dos bairros de Maquinino e Chaimite, as taxas vão de 50 a 250 meticais, dependendo do dia da semana e/ou horas. Às quarta e sexta- feiras, bem como nos finais de semana são os dias que a procura é maior e os preços são também altos. Uma famosa pensão localizada nas proximidades da zona da terminal de transportes semicolectivo de passageiros é onde mais casos notáveis acontecem. Nas sextas-feiras, os frequentadores chegam a fazer bichas para terem acesso a um quarto para tal prática, que custa 50 meticais/hora. Pelo facto um novo cenário se vive. Trata-se do recurso aos parques de estacionamento de viaturas e cantinas, cujos guardas procuram ganhar algum dinheiro facilitando aos interessados algumas horas. Aí a taxa de pagamento do local varia de 10 a 20 meticais/hora. Ali as trabalhadoras de sexo ficam mais à vontade porque os guardas destes locais acabam tendo a missão de protegê-las para evitar que haja algum escândalo que poderá causar desemprego aos visados. E, ao que tudo indica, o negócio está a ganhar corpo.
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OPORTUNISMO DOS POLÍCIAS.
Apesar deste negócio estar a ser rentável para os guardas que, regra geral, os seus salários não são grande coisa, nem sempre a vida tem sido fácil tanto para eles como para as trabalhadoras de sexo. Sabe-se, no entanto, que maior parte das zimbabwanas que frequentam tais locais entraram no nosso país ilegalmente, facto que tem criado espaço para alguns agentes da lei e ordem oportunistas. A nossa Reportagem testemunhou num dia um cenário triste, com os vulgo "cinzentinhos" a simularem uma vasculha num dos parques de estacionamento localizado nas proximidades da Messe da Polícia. Todas as zimbabweanas que estavam no local foram recolhidas, mas sabido que elas estavam ilegalmente tinham que pagar algum valor para se safarem. Não tem sido raras vezes ver agentes da polícia fardados a forçarem zimbabwenas a pagar um "copo" e/ou cobrar valores monetários nestes locais. Relatos há de polícias que frequentam tais sítios sem pagar a suposta taxa de uso do parque de estacionamento e mesmo valor para a trabalhadora do sexo sob pretexto de levar a visada à esquadra. "Estamos mal aqui. Às vezes estes polícias cobram-nos dinheiro e nós não podemos negar porque vão nos prender. Nós estamos contra que os polícias frequentem aqui, mas devem pagar-nos como acontece com outros homens que procuraram pelos nossos serviços" - J. Paticai, que falava em Shona.
- Eduardo Sixpence - Maputo, Sexta-Feira, 7 de Março de 2008:: Notícias

3/17/08

Ronda pela net - Faz o que eu digo, não faças o que eu faço...

(Imagem original daqui)
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O títular do governo de NY foi pego na "contra-mão" da moralidade que tanto apregoava. Ficou feio e perdeu o cargo, ao contrário do que acontece por outros "condados geográficos".
Acreditamos que os custos de sua luxuosa aventura extra-conjugal com a moçoila acima foram quitados a expensas próprias, já que por lá (US) não devem existir cartões de crédito vinculados a contas do herário público.
Entretanto e na ronda diária pela net peguei, ainda sobre o assunto, este post no Nonsense de Luiz António Ryff :
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O governador de Nova York, Eliot Spitzer, foi obrigado a renunciar por ter sido flagrado, numa investigação do FBI, desfrutando dos serviços de uma prostituta. Pagou US$ 4.300 para uma profissional do Emperor’s Club VIP apelidada de Kristen (o cachê era de US$ 1.000 por hora e o preço final inclui todos os extras, hotel, trem e táxi). Na vida real, a moça se chama Ashley Youmans e, como aspirante a cantora de rhythm & blues, responde como Ashley Alexandra Dupré.
Mas o curioso é que, até então, Spitzer era reconhecido pelos grupos de direitos humanos como um político extremamente duro contra a prostituição, que foi definida por ele como “a escravidão dos tempos modernos”. Ganhou fama como procurador combatendo o problema. E, em seus primeiros meses de governo, assinou uma lei que punia os homens que pagavam por sexo, passíveis a partir de então de pegar até um ano de prisão. A idéia era reprimir a demanda com rigor. Ironicamente, é justamente essa lei que ele aprovou que agora pode mandá-lo para a cadeia.
O caso de Spitzer reforça a tese de quem acredita que por trás de todo moralista se esconde um hipócrita.

1/18/08

Ana Alzira Ferreira da Costa Soares Macedo - Missa de Sétimo Dia.

Os filhos, genros e netos residentes em Portugal, comunicam que será rezada missa comemorativa do 7º dia do seu falecimento, no próximo sábado, dia 19 de Janeiro de 2008, pelas 19h00 (horário de Portugal), na Igreja de Samora Correia próximo a Lisboa-Portugal, localidade onde reside sua filha Isabel (Bélita).

No mesmo dia 19 de Janeiro de 2008 pelas 18h00 (horário de Moçambique) será rezada uma missa comemorativa do 7º dia do seu falecimento na Igreja de Maria Auxiliadora na cidade de Pemba em Moçambique.
  • Falecimento de Ana Alzira Ferreira da Costa Soares Macedo - leia aqui !

1/14/08

Faleceu Ana Alzira Ferreira da Costa Soares

Nome - Ana Alzira Ferreira da Costa Soares.
Nasceu no Ibo em 30 de Junho de 1926. Residiu a maior parte de sua vida em Porto Amélia hoje Pemba.
Foi casada 60 anos com o Senhor Pantaleão António Macedo, também natural do Ibo e já falecido, sepultado em Nampula.
Veio para Lisboa faz poucos anos.
Mâe de Arsénio António Macedo, Estefânia, Maínho, Caucho, Belita, John e António.
Faleceu ontem de manhã com 81 anos de idade.
O corpo está na Igreja de Patameiras - Odivelas.
Seu funeral realiza-se hoje às 16h00 para o cemitério de Odivelas que fica na antiga estrada de Paiã - Rua Antero de Quental (às Patameiras) - Odivelas.
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Acrescento:
Foi e é uma grande MÃE e uma SENHORA !
As pessoas só passam da parte física para a espíritual...Permanecem em espírito pairando, olhando por nós...
A D. Ana Alzira, de olhar bonito, genuínamente Moçambicana até na forma de vestir, recebeu-me vezes sem conta, de braços abertos, quando criança, em sua casa de macuti e barro mas repleta de conforto humano e amizade, na Porto Amélia colonial, como se seu filho fosse.
Para lá "fugia" com meu companheiro Arsénio, depois das aulas, para ouvir eternas melodias de Roberto e Erasmo Carlos, tocadas em um Teppaz a pilhas e com intervalos onde nos presenteava Mãe Ana Alzira com umas chamussas sem igual.
Sentia-me muito bem naquela casa lá do Natite que jamais esquecerei !!!
Voltei a abraçá-la hà pouco mais de um ano atrás em Loures.
Já não estava bem.
Mas o sorriso e os olhos bonitos eram os mesmos...Acariciaram meu coração longamente e agarrou minhas mãos com a força da saudade de muitos anos...
Pouco falava...Queria voltar para Moçambique para perto do seu saudoso Pantaleão falecido em Nampula...queria voltar a sentir o calor de África.
Vim embora com o pressentimento que não a voltaria a ver no mundo terreno. Mas abraçá-la-ei no futuro, no mundo espíritual. E sei que me receberá e abraçará como sempre, sorridente com seu olhar bonito e meigo.
Jaime Luis Gabão - Brasil, 13/01/08

1/02/08

Moçambique: Onde se rouba dos mais vulneráveis.

- Save the Children descobre vários casos de roubo de bens por familiares, deixando órfãos de SIDA sem nada.
- 1,6 milhões de jovens moçambicanos com SIDA.
- Explosão de número de órfãos destabiliza estruturas sociais.
Num programa efectuado em 4 distritos moçambicanos, Save the Children descobriu que é comum para familiares roubarem os bens deixados por pais às suas crianças quando morrem.
Com a taxa de mortalidade por SIDA a disparar – 1,6 dos 10 milhões de crianças em Moçambique são seropositivos e 380.000 perderam um ou os dois pais e a taxa de prevalência nacional é de 16,2 por cento – a situação de desprotecção está a causar ruptura social em alguns distritos.
O código civil de Moçambique estipula que os bens passam automaticamente aos filhos e esposo/a.
No entanto, o estudo efectuado por Save the Children demonstrou que cerca de metade dos inquiridos no distrito de Bárue não sabiam dos seus direitos.
Muitas vezes o código entra em conflito com a lei tradicional, que estipula que os bens passam para os homens e por esta razão é frequente para familiares masculinos ficarem com a casa, a maior parte das propriedades, os animais e o dinheiro, enquanto familiares do sexo feminino recebem roupas e utensílios de cozinha.
Além disso, a prática de poligamia leva a uma situação em que a primeira mulher geralmente tem mais poder e influência e só ela sabe quais são os bens do marido e 80 por cento dos inquiridos no estudo declararam que um testamento oral (e não escrito) seria suficiente e que é a prática normal.
Além disso, a burocracia e a dificuldade envolvida em fazer um testamento escrito desencoraja as pessoas, que muitas vezes têm de fazer várias visitas a um tribunal.
Save the Children, uma ONG sem fins lucrativos, revela no estudo que os órfãos de pais com SIDA são frequentemente vítimas de abusos, exploração sexual e laboral.
Várias ONG estão a efectuar campanhas de sensibilização e informação, para que as populações saibam os seus direitos, para não se tornarem vítimas de exploração.
Bento Moreira - Pravda.Ru

12/05/07

A sociedade civil moçambicana pouco se faz sentir.

Sociedade civil moçambicana é frágil
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Eleutério Fenita-Maputo-04 Dezembro, 2007 - Publicado em 20:43 GMT BBCÁfrica.com - Em Moçambique existem cerca de 5 mil organizações não governamentais.
Apesar disso uma pesquisa revela uma estrutura da sociedade civil frágil e ainda sem o impacto desejado, particularmente no respeitante a mecanismos de monitoria das acções de combate à pobreza.
"A Sociedade Civil Moçambicana por Dentro: Avaliação, Desafios, Oportunidades e Acção" é assim que se intitula o estudo, o primeiro do género neste país e o qual teve como base inquéritos, consultas, estudos de caso e várias outras fontes.
De uma maneira geral, disse à BBC, António Francisco, a sociedade cívil tem uma estrutura fraca, tem um ambiente político, económico e social que não é fácil, os valores (democracia, transparência, funcionamento da própria organização) são fracos e o impacto é consequentemente fraco.
Portanto, conclui, a sociedade civil não tem peso quando se trata de influenciar políticas públicas, monitorar as despesas do orçamento do Estado ou as despesas e funcionamento das empresas, e não tem impacto quandos e trata de canalizar e representar as necessidades da sociedade.
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Sociedade civil recente
O estudo indica, por exemplo, que cerca de 50 por cento dos inquiridos não se lembrava de qualquer exemplo de campanhas públicas, acções ou programas dedicados à promoção da transparência no governo organizadas pela sociedade civil durante o ano passado.
O que poderá então explicar este cenário, em que a sociedade civil moçambicana aparentemente pouco se faz sentir apesar de estar representada por cerca cinco mil organizações com um total de cento e quarenta mil pessoas?
João Pereira Director do Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil, diz que uma das razões pode ser o facto de ser uma sociedade civil muito recente e a outra a necessidade de melhor coordenação das estratégias de apoio.
A avaliação do actual estágio da sociedade civil moçambicana é uma iniciativa encabeçada pela Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade.
Graça Machel, conhecida activista dos direitos da criança e da mulher é a Presidente daquela organização não governamental, que neste exercício contou com a parceria do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Fundação Aga Kan e a CIVICUS, que a nível internacional lida, entre outros, com a questão dos direitos humanos.

11/12/07

Moçambique - Como enfrentar o crime...ou resignação com humor !

(foto cedida por A. C.)
Desnecessários mais comentários...

10/27/07

Ronda pela net - Ainda sobre ÉTICA EM MOÇAMBIQUE.

Dois portais indicados por leitores do blogue, que gostariamos de ver prosperar pelo valor cultural, social e didático de seu conteúdo:

Colocaremos por aqui, sites, blogs e fotologs que valham a pena ser acessados.
Mandem sugestões para gotaelbr@yahoo.com.br .

10/24/07

Moçambique em busca da ÉTICA.

É de destacar...e dar continuidade:

O que é?
É
uma organização não governamental sem fins lucrativos, criada em Maputo a 22 de Agosto de 2001, com o objectivo de promover e fortalecer a integridade, a transparência, a probidade e o interesse público, através da defesa de valores éticos.
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Porquê foi fundada?
Como resultado do processo de liberalização económica que teve lugar em Moçambique nos finais dos anos 80, a década de 90 foi marcada por um aumento significativo e preocupante de casos de corrupção a nível da administração pública e privada.
Esta situação levou a que importantes recursos do país fossem drenados por corruptos sem escrúpulos, muitas vezes sem a necessária tomada de medidas punitivas por parte das autoridades competentes.
Emergiu assim a necessidade de a sociedade civil se organizar por forma a contribuir para instituição de uma boa governação, transparência e negócios limpos.
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MISSÃO
Capacitar as pessoas com conhecimentos apropriados sobre comportamentos éticos como prevenir e combater a corrupção.
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Fundadores
Ética Moçambique foi fundada por um grupo de cidadãos com considerável experiência de liderança em diferentes domínios da esfera social, económica, académica, religiosa, judicial e política.
Também participaram na fundação da Ética Moçambique instituições de âmbito sócial e económicas de direito privado.
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Membros fundadores:
  • Abdul Carimo Mahomed Issá
  • Artemiza Franco
  • Brazão Mazula
  • Xehe Cássimo David
  • Graça Machel
  • Dom Dinis Sengulane
  • Jorge Soeiro
  • José Norberto Carrilho
  • Lourenço do Rosário
  • Maria Alice Mabota
  • Mário Ussene
  • Miguel de Brito
  • Salimo Abdula
  • Salomão Moyana
  • ACB - Associação Comercial da Beira
  • ACM - Associação Comercial de Moçambique
  • ACIZA - Associação Comercial e Industrial da Zambézia
  • FDC - Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade
  • DHD - Direitos Humanos e Desenvolvimento
  • LDH - Liga dos Direitos Humanos
  • ISPU - Instituto Superior Politécnico e Universitário