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11/22/09

Numa tarde de domingo...


(Clique na imagem para ampliar)

QUADRO

tanto oiro na tarde
escorrendo do poente

as silhuetas das árvores
são fímbrias de poemas

e quantos horizontes
me esqueceram?

- GLÓRIA DE SANT'ANNA, in Algures no Tempo.

(Wonderful Africa Chill Out Music - Video "partilhado" por Leonor D'Orey/FaceBook)

7/29/06

II FNCMT: Um apontamento de Glória de Sant'Anna a respeito do Estádio de Pemba.


Muito me alegrou ter visto transmitido na televisão um trecho do Festival Nacional da Canção e Música Tradicionais de Moçambique no Estádio de Pemba.
Aquele estádio foi projectado e orientada a sua construção pelo Arquitecto Andrade Paes, aquando da visita do Presidente da Répública de Portugal - General Craveiro Lopes - A Pemba (naquela época chamada Vila de Porto Amélia, a fim de ser aquela Vila elevada a Cidade).
A construção do estádio, gerou um movimento muito simpático de solidariedade, pela disponibilidade dos que se juntaram (trabalhadores e outros) para gratuitamente colaborarem com esforço de trabalho e oferta de materiais, sem qualquer outro encargo.
Porto Amélia (cujo nome foi posto pelo Rei de Portugal D. Carlos I em honra de sua Mulher a Rainha D. Amélia) - o historiador Ungulana Ba Ca Cossa sabe isso com certeza -.
Porto Amélia ( Pemba ) dizia eu, era nessa altura uma povoação sossegada.
Nesses festejos de elevação a cidade, o Estádio foi estreado à noite com grupos de batuque e a assistência de altas individualidades.
O Arquitecto Andrade Paes pintou um mural simples na parede exterior à entrada do estádio.
Muito me apraz que o trabalho dos que deram longos anos da sua vida com humanismo e generosidade, seja agora ainda mais valorizado pela alegria dessa gente dançarinos e cantantes movimentando-se para o futuro dessa terra bendita de Moçambique.

Glória de Sant'Anna - 29/06/2006

11/07/07

RECADO PARA PEMBA ! - Onde se recorda Afonso Henriques Manta d' Andrade Paes...

Voto a que os mais velhos e aos que com ele trabalharam, também aos jovens o conhecimento histórico e humano deste homem que deu a maior parte da sua vida a Moçambique.

Afonso Henriques Manta d'Andrade Paes, nasce em Válega distrito de Aveiro em 1924.
Cursa Arquitectura na Escola Superior de Belas Artes do Porto.
Ainda estudante dá aulas de Inglês e de desenho num colégio em Ovar.
E projecta a entrada do Estádio da Associação Desportiva Ovarense - colunas lisas e altas que ainda lá estão.
Em 1949 casa-se.
Segue depois para Moçambique onde inicia um longo caminho de arquitectura, que começa em Nampula com um projecto para um edifício que se chamará Lopes Cravo - nome do dono.
A convite do Governador do distrito segue para Pemba com a Família ( mulher e dois filhos ) - a fim de com a construção de seis casas de um bairro económico, começar a estruturar a sua empresa de arquitectura, engenharia e construção civil ( A.H.A.P. ) cuja actividade não se circunscreve apenas a Pemba mas se alonga a todo o distrito de Cabo Delgado, e mais tarde ao Chimoio.
Trabalha para o estado, para outras empresas e para particulares, com projectos seus e empreitadas de construção civil.
Uma das suas preocupações é transmitir conhecimentos, tanto aos desenhadores no atelier, como a operários nas obras.
Tem uma característica muito curiosa - quando a trabalhar no estirador muitas vezes lhe vão surgindo soluções no próprio projecto.
É muito exigente e perfeccionista. E tem um enorme espírito inventivo que muitas vezes ultrapassa a época.
Tudo lhe capta a atenção e o engenho.
(Antes da ida para Nampula, onde residiu dois anos, Andrade Paes viveu com a mulher numa plantação de tabaco em Riane - Ribáué, onde desenhou e orientou a contrução de uma ponte de madeira sobre um rio que atravessava a área. Cativou-o também, nesses meses em que viveu no Riane, a cultura do tabaco, o que o levou a estudar o plantio do vegetal e todo o processo inerente até às folhas secas nas estufas).
Segue uma lista de trabalhos efectuados em Pemba - Cabo Delgado:
  1. Um bairro de seis casas económicas.
  2. Várias habitações de particulares.
  3. Cinco casas na praia do Wimbe, aliás casas completas com quatro divisões, banho sanitário e varanda.
  4. Casa de praia do governador, na mesma praia do Wimbe.
  5. Casa de praia da Marinha.
  6. Edifício da Marinha ( 3 andares na cidade ).
  7. Quartel dos fusileiros.
  8. Estádio com um mural pintado por ele.
  9. Decoração do interior do Hotel Cabo Delgado, em madeiras da região,incluindo mobiliário cujo desenho é de sua autoria.
  10. No mesmo hotel o Bar "Barbatana", seguindo a mesma linha de decoração.
  11. Decoração do interior do Montepio de Moçambique em que pela primeira vez é usada escultura Maconde.
  12. Decoração do interior do edifício do Tribunal, em madeiras da região e desenho de sua autoria.
  13. Habitações sociais no bairro do Cariacó.
  14. Edifício da Fazenda.
  15. Armazém para o algodão da empresa Sagal.
  16. Jardins do Palácio do Governador ( desenho e orientação).
  17. Trabalho de urbanização para Montepuez.
  18. Diversas pontes.
  19. Restauro do tecto da Igreja de S.Paulo em Pemba.
  20. Restauro da Mesquita no bairro do Paquitequete.
  21. Quarteis em Mueda.
  22. Esplanada do Bar Marítimo.
  23. Decoração da Gelataria Glaciar, que era simultaneamente casa de chá.
  24. Após elaboração de estudo económico proposto aos serviços respectivos, criação de uma carreira aérea ( OCAPA - Organização de Carreira Aérea de Porto Amélia ) sobrevoava todo o distrito de Cabo Delgado, a distribuir correio e a transportar passageiros. Tinha dois aviões monomotores e um bimotor. A OCAPA fez intercâmbio turístico com as Ilhas Comores. E foi pioneira nas carreiras aéreas em Cabo Delgado.
    Aliás o Arquitecto Andrade Paes foi também delegado do turismo em Cabo Delgado.
    Levado também pelo seu espírito inquieto e de pesquisa exprimentalista - factor da sua personalidade - o Arq.Andrade Paes tinha mais de mil horas de vôo efectuadas nos aviões da OCAPA.
    Porém não quis tirar o brevet.
Após o processo de descolonização e durante o governo de transição, o Arq. Andrade Paes rumou ao Chimoio (Vila Pery) para trabalhando com a empresa Minas Gerais de Moçambique fazer a urbanização de uma área em Mavita, que compreendia:
  • a) Uma fábrica para extracção de asbestos.
  • b) Um bairro de casas económicas para os trabalhadores.
  • c) Um posto médico.
  • d) O traçado de um campo de aviação.
Após a independência, o Arq. Andrade Paes, foi nomeado em Diário da República como um dos arquitectos junto da Presidência em Maputo.
Quando passado o prazo estipulado voltou a Portugal, colaborou no movimento cooperativo SAAL.
Desagregado este movimento, abriu um gabinete de Arquitectura e Topografia no distrito de Aveiro.
Andrade Paes, faleceu em 1987.
Por Glória de Sant'Anna- 04.11.07
.
(transcrição da home Pemba e Régua)
Jornal João Semana - Ovar - 1 de Junho de 2004:
Sobre Afonso Henriques Andrade Paes:
Memórias a preto e branco.
Achámos curiosa e digna de registo esta referência do Dr. Camilo de Araújo Correia, filho do grande escritor João de Araújo Correia, a um Vareiro que conheceu bem em Porto Amélia, Moçambique, publicada no jornal "O Arrais", da Régua.
“(...) No meu tempo, o grande construtor civil de Porto Amélia era o arquitecto Afonso Henriques de Andrade Paes. Os seus camiões amarelos com grandes letras da cada lado (A.H.A.P.) estavam sempre a passar e repassar.
O encarregado das obras de Andrade Paes era um homem simpático, eficiente e surdo. Para ir ouvindo alguma coisa, usava um aparelho.Um aparelho auditivo de quarenta anos... Constava de uma grande pilha metida no bolso do lado esquerdo do peito e de um fio que, partindo daí, terminava numa oliva introduzida no ouvido. Foi este fio que veio a caracterizar o homem de confiança de Andrade Paes. Entre negros era conhecido por mucunha narame (senhor arame).
Porto Amélia... Porto Amélia...”
Camilo de Araújo Correia ("O Arrais")
O Arquitecto Afonso Henriques Andrade Paes, natural de Válega (da família Soares Paes, comerciantes em Ovar), formado na Escola de Belas Artes do Porto, casado com a escritora Glória de Sant’Ana, nossa ilustre colaboradora, partiu, aos 25 anos, para Moçambique, onde fez trabalhos da sua especialidade em Nampula, cidade onde viveu 2 anos e onde fez o seu 1° projecto de construção civil, e em Porto Amélia, para onde partiu, a pedido do Governador, que lhe encomendou um projecto de casas sociais, ali constituindo a sua empresa (A.H.A.P) de Arquitectura, Engenharia e Construção.
Obs.: As cidades de Ovar e Peso da Régua são consideradas "Irmãs"... Existe em Ovar a "rua da Régua" e na Régua a "rua das Vareiras".
*Vareiros(as) são designados os naturais de Ovar.
E é bom lembrar e repetir que as ruas e recantos de
Pemba sempre irão "falar" deste seu incansável obreiro...
J. L. Gabão

7/02/09

Apontamentos do Tito Xavier: Festas da Cidade de Porto Amélia no ano de 1968

(Clique na imagem para ampliar)

Este documento histórico foi publicado pela Câmara Municipal de Porto Amélia nas Festas da Cidade em 1968 e é da autoria da saudosa poetisa Glória de Sant'Anna.

Recordo ainda que foi Glória de Sant'Anna uma das fortes apoiantes da minha decisão de termos na Câmara um PELOURO DA JUVENTUDE, com um vereador jovem - Carrilho, que participava nas sessões e votava como qualquer outro vereador!

Segundo a imprensa da época, a Câmara Municipal de Porto Amélia era considerada a mais arrojada e avançada de todo o Moçambique, tendo sido também a primeira Câmara a estar presente com um Stand dedicado ao turismo e artezanato na FACIM na então Lourenço Marques.
- Por Tito Xavier*

* O autor deste apontamento Oficial da P.S.P aposentado e ainda piloto de aviões e helicópteros em Cabo Delgado foi, à época pré-independência, um dos mais eficientes e produtivos, em termos de desenvolvimento, presidentes da Câmara Municipal de Porto Amélia. Pemba, que foi Porto Amélia, está hoje estruturada arquitetonicamente, em plano de urbanização desenhado na gestão municipal de Tito Xavier e, toda a sua beleza atual se deve em muito a esta figura importante, de destaque e imerecidamente esquecida nestes "novos tempos", entre outras.
Tentaremos, futuramente, trazer aqui para registro, notas sobre seu trabalho como Presidente da Câmara Municipal de Porto Amélia.

  • Festas da Cidade de Porto Amélia no ano de 1968 (documento "pdf") - Aqui!

1/17/10

Exposição de Rui Paes - Ausência e Desejo.



Clique na imagem para ampliar e ler melhor. Rui Andrade Paes é natural de Pemba e filho da Poetisa Glória de Sant'Anna. A exposição inicia-se em 22 de Janeiro de 2010 pelas 22h00 e ficará até 24 de Fevereiro na ÁRVORE - Copperativa de Atividades Artísticas, CRL, na Rua Azevedo Albuquerque, 1 - 4050 076 Porto - Portugal; Telefone 351 222 076 010; Fax 351 222 076 019; geral@arvorecoop.pt - http://www.arvorecoop.pt; Horário - Seg. a sexta - 09h30 às 20h00; Sab. 15h00 às 19h00.

Simultaneamente à inauguração da exposição será apresentado o livro Gritoacanto (poesia) de Glória de Sant’Anna com breve nota elegíaca de Rui Paes e texto de Eugénio Lisboa.
  •  Rui Paes nasceu em Moçambique/Pemba em 1957.
    Concluiu o curso de Artes Plásticas – Pintura, da Escola Superior de Belas-Artes do Porto, em 1981 e foi Prémio Revelação Arús em 1982.
    Em 1988 concluiu o Mestrado em Pintura no Royal College Of Art – M.A. (RCA), como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e da Beal Foundation, Boston (EUA).
    Para além do trabalho de atelier, colaborou no teatro e tem executado pintura mural em várias partes do mundo.
    Em 2005 ilustrou o livro infantil “Pipas de Massa” de Madonna (Publicações D. Quixote).
    Em 2008 foi o criador da ideia, Comissário Geral e co-organizador, com a Cooperativa Árvore, da exposição “[Olhar Picasso] Picasso e a Arte Portuguesa do Séc. XX”, na Galeria Arade da Câmara Municipal de Portimão.

5/04/10

Retalhos - De Porto Amélia a Pemba - História

A baía de Pemba, a 13º00’ Sul e 40º30’ Este da costa de África, é vulgarmente considerada a terceira maior do mundo, sendo a primeira a de Guanabara no Brasil seguida da de Sidney na Austrália.

As suas águas ondeando tons, ora azuis ora verdes, apresentam-se mansas em dias de bom sol e agradável tempo mas também escarpadas, rugindo de encontro aos rochedos ou regalando pela areia quando os ventos sopram furiosos do Sul.

Este ventos mais conhecidos na região por “kussi” originam, não raras vezes centros depressionários bastante fortes do tipo tropical que arrasam quase por completo a cidade.
O mais antigo temporal que a documentação disponível nos pôde recordar data de 18 de Dezembro de 1904 que causou vários danos assim como levou ao afundamento um pequeno vapor e um iate. É feita referência nessa altura à falta de faróis ao largo da baía, sendo o único o da ponta Said Ali que, para além de ter somente 6 milhas de alcance e não 9 como indicavam as cartas de então, não era aconselhável aos navios que passassem no alto mar.

Outro grande temporal devasta Pemba em 1914, destruindo pratica­mente todas as habitações e provocando grandes embaraços aos serviços da Companhia. (1)

Estes ciclones assolam de tempos a tempos a região de Pemba, tendo o mais recente ocorrido em 1987.

Em sua extensão a baía de Pemba atinge os valores de 9 milhas de Norte a Sul e 6 de Leste a Oeste, perfazendo um perímetro de 28 a 30 milhas.
Mas não só por isso ela goza de tal fama como também pela pro­fundidade do canal de acesso e do porto, com sondas que variam entre 60-70 metros na entrada e 10-40 na parte média, para atingir os 25 metros no fundeadouro junto ao cais diminuindo em direcção á costa.

A sua entrada é, pois, franca a qualquer tempo e hora, podendo nela penetrar à vontade navios até cerca de 6 metros de calado. No entanto, devido a alguns perigos isolados formados por rochas e bancos de coral, é necessária a pilotagem para os navios de alto mar.
A boca de entrada a partir da qual é feita a pilotagem é delimitada a Norte pela ponta Said Ali e a Sul pela ponta Romero, havendo actualmente farolins em ambos os lados.

Desaguam na baía alguns pequenos rios sendo o maior o Meridi cuja foz desemboca nas proximidades do baixo Mueve.

A baía de Pemba constitui, sem dúvida, um porto natural bastante seguro e, apesar de tudo, abrigado dos temporais regionais, tendo sido qualificado por Elton - Cônsul britânico em Moçambique a finais de 1890 - como "O melhor desde Lourenço Marques a Zanzibar”.
Alguns autores supõem que a baía de Pemba possa ter tido uma origem vulcânica, baseando-se no facto de ali se encontrar com abundância a "pedra pomes" própria de rocha vulcanizada. Mas a sua constituição calcária e não basáltica vem a contradizer tal suposição.

Das origens do nome pouco mais se sabe do que as escassas informações recolhidas da tradição oral, algumas das quais baseadas em lendas, e deve tomar-se em consideração que a designação de Pemba para nome da região não foi a única ao longo dos tempos.

Em anos muito recuados da nossa história a baía de Pemba era frequentada apenas por alguns pescadores malgaches e swahilis que em suas pequenas lanchas e pangaios arrecadavam o alimento sem nunca ali se fixarem.

Conta então uma antiga lenda que por essa altura uma de tais embarcações apanhadas por um temporal naufragou tendo como sobrevivente uma mulher que se viu obrigada a procurar algum refúgio nas proximidades da baía.

A mulher importante (“nuno” em língua local ) conseguiu sobreviver e montar ali a sua guarita. Naturalmente conotada a "Nuno" pelos pescadores como "mensageira divina" demonstrando que a zona poderia ser perfeitamente habitada, ela fê-los seguir o seu exemplo.
Nasce a zona de Nuno pelo qual foi conhecido por longos anos o actual bairro do Paquitequete. Mais tarde viria a anexar-se a esta designação a expressão “pampira” (no sitio da borracha) em virtude da grande quantidade da árvore da borracha que no local nascia espontaneamente.

A região servida pela baía de Pemba foi também já conhecida por Mambe expressão que pode simultaneamente significar quantidade e longitude.

Embora certos autores relacionem “mambe” à baía de Pemba, a região a que a administração colonial designa por esse nome se situa mais a norte, no distrito de Macomia.

Uma outra tradição oral refere que um europeu, em data também não precisa, proveniente de Zanzibar faz desembarcar na baía os indígenas que o acompanhavam e, estes, vendo-se assaltados por grandes enxames de moscas gritavam dizendo “pembe” que em swahhili significa mosca.

Teria sido mambe, pembe ou outra a origem da expressão "Pemba" no território moçambicano (2), certo é que ela figura nas primeiras cartas inglesas como "Pembe Bay”.
- Clique nas imagens acima para ampliar.
 VII - A ocupação colonial definitiva

Abandonada a região de Pemba pelos portugueses, e mais tarde praticamente pelos povos macuas da regedoria Muária, alguns baneanes e mouros ocuparam-na nos finais da década de 1880 sob a chefia de um tal malgache chamado “Muenhe Amade”, fundador da povoação do mesmo nome em Pampira.

Instituída a Companhia do Niassa esta manda, 4 anos mais tarde, ocupar a baía, tomando em consideração o então notável desenvol­vimento comercial dos territórios a Sul de Quissanga bem como a necessidade de controlar o comércio do sertão.

Por outro lado, porque o posto militar criado em Pemba há mais de um ano havia permitido um clima de boas relações com os régulos e consideradas garantidas as condições de segurança, é instituído o Concelho de Pemba com sede na povoação de Pampira.

Assim o comandante do posto militar de Pemba é nomeado chefe do Concelho em acumulação com as anteriores funções.

Projectara a companhia magestática a construção de uma linha férrea que ligasse Pemba ao Niassa no intuito de monopolizar o tráfico de Tanganica /Niassalândia:

"O caminho de ferro de Pemba ao Niassa chamará a meio caminho a mercadoria que for descendo pela boca de Chire, inclusive a que, por ventura proceda da própria bacia do Congo. Hoje que à nossa com­panhia foram concedidos os territórios, será pratica­da a ligação ferroviária do lago com a excelente baía de Pemba, realizando-se assim não só um desideratum da moderna civilização mas também o caminho que será o único e incontestado para o grande co­mércio da África" (12).

Esperava-se que Pemba pudesse ser o porto para o abastecimento do carvão do Medo e do Itule, bem como madeira, metais, nomea­damente o ferro e o cobre e ainda o marfim entre outros artigos originários de zonas do interior.

Para o lisonjeio de Coutinho (13):

"... a explêndida baia de Pemba - está entre aqueles dois empórios comerciais (Zanzibar e Moçambique) em excepcionais condições geográficas numas cir­cunstâncias tais que aproveitadas convenientemen­te, lhe chamarão o que lhe pertence de direito, e pertence de facto o exclusivo do tráfico do Tanganica-Niassalândia”.

Por outro lado, Pemba a um dia das Comores poderia daí receber a borracha, a cera, a copal, a urzela, o marfim e peles.

É ainda a finais do século passado, mais concretamente em 1899 que a companhia do Niassa contrata Gilbom Spilsbury (delegado do Conselho da Administração da Companhia) para uma expedição militar para avaliar as possibilidades de desenvolvimento dos territórios de Cabo Delgado e Niassa mas o facto de se pretender atingir zonas mais para o interior Pemba foi nesse projecto relevada para segundo plano.

Porque se pretendia reabilitar o processo de desenvolvimento de Pemba num momento em que a povoação estava ameaçada ao isolamento devido ao internamento de comerciantes e indígenas no interior para fugir à alçada da autoridade colonial (14) ela é inicialmente considerada terra de terceira ordem e são dispensados de direitos e emolumentos de portos aos vapores que para ali fazem carreiras regulares, nos primeiros anos do nosso século.

Também na primeira década de 1900 é criada em Porto Amélia no ano de 1908 uma escola de sexo masculino denominada "António Centeno” nome de um Administrador de Companhia em Portugal, no qual logo se matricularam 14 alunos dos quais 2 europeus, 1 branco natural, 6 mestiços e 5 negros. (15)

Dados estatísticos da população de Porto Amélia em 1908 indicam haver nessa altura 18.604 habitantes, sendo 18.498 negros, 50 asiá­ticos, 26 europeus e 17 brancos naturais. (16)

Em 1909 é ocupado todo o concelho de Porto Amélia.

A finais de 1917 desembarca em Porto Amélia uma expedição militar inglesa para colaborar com o exército português na luta contra os alemães no decurso da primeira Guerra Mundial.

Foi esta expedição que, aproveitando as condições da lagoa existente na planície de Natite, colocou uma bomba de água e um pequeno sistema de abastecimento de água canalizado.

Como memória dos militares ingleses tombados durante a 1ª Guerra Mundial, ainda hoje se pode ver no cemitério de Pemba uma zona com as suas sepulturas que o governo de Sua Magestade Britânica mandava visitar periodicamente, deslocando navios de guerra com oficiais que no local procediam às cerimónias na presença do capelão do Navio. Este cemitério particular esteve durante longos anos à responsabilidade de Carlos Delgado da Silva.

Pelo Decreto nº 16.757 de 20 de abril de 1929, foram retirados à Companhia do Niassa os poderes de administração dos territórios concedidos em 1894, tomando o Estado posse dos mesmos a 27 de Outubro do mesmo ano. Foi assim restabelecido o Distrito de Cabo Delgado, na Província do Niassa com sede em Porto Amélia, deixando assim esta povoação de estar agregada ao Distrito de Niassa.

Para o período a que nos referimos duas reclassificações sucessivas para o terreno de Porto Amélia têm lugar na sequência da restrutu­ração que se inicia em 1930. A primeira verifica-se a 11 de Janeiro desse mesmo ano classificando-a em 1ª ordem e a outra em Agosto seguinte descendo-a para 2ª alegadamente por se encontrar tal como o Ibo criada à data da passagem dos territórios para a administração portuguesa com aquela ordem.

Em 1936 é aprovada a planta de modificação da vila de "Porto Amélia, Concelho e Distrito do mesmo nome, província do Niassa" (17), constituída inicialmente por 232 talhões para em 1941 entrar em vigor uma portaria delimitando a zona urbana e a suburbana.

Um bairro económico constituído por 16 blocos de aproximadamente 50/80 metros é criado no Cariacó em Porto Amélia no ano de 1943.

Ainda nesse mesmo ano e tomando em conta a necessidade de autonomizar o município da vila e dotá-la de poderes mais amplos em vista do desenvolvimento local é concedido o foral de Porto Amélia.

Em 1953 determinou o Secretário Provincial, Eng. Pinto Teixeira, em nome do Governador Geral, comandante Gabriel Teixeira empreender a construção de um cais acostável para navios de grande porte, obra que viria a ser inaugurada a 26 de Janeiro de 1957 com a acostagem inaugural do paquete "Angola".

Foi só com a materialização desta obra que Porto Amélia inicia a sua arrancada ao desenvolvimento. Assim constata-se que o movimento de mercadorias eleva-se de cerca de 40 mil para 48 mil toneladas aproximadamente.

A Vila de Porto Amélia é elevada à categoria de cidade a 18 de Outubro de 1958.

Contudo o desenvolvimento esperado talvez nunca tenha passado de sonhos e pequenas iniciativas. Um jovem da cidade em 1971 desa­bafava numa entrevista a um jornal:

"... É pena Porto Amélia ser muitas vezes esquecida, pois se podia fazer mais por ela e só os seus ver­dadeiros habitantes é que a podem desenvolver e engrandecer, mas nenhum deles é Onassis ou Rockfeller” (18).

Pemba... A solidão da sua simplicidade parece tão natural quanto a sua beleza e destino à sorte do acaso...
- Luis Alvarinho.

Sobre Luis Alvarinho -  20/06/2002 - Estando em preparação um livro de crónicas em que esta será incluída, envio-a como homenagem ao Luís Alvarinho - Glória de Sant'Anna.

Moçambique – Cabo Delgado - A Escuna Angra é um marco histórico navegando o mar no reinado de D. Pedro V, para as terras de Cabo Delgado ao norte de Moçambique. Comandada por Jerónimo Romero, 1º tenente da Armada, leva consigo sessenta colonos que irão fundar a colónia agrícola de Pemba, em 1857.

Mãos amigas fizeram chegar até mim um livro sóbrio que relata o facto.

Baseia-se ele essencialmente na adenda à memória descritiva de Jerónimo Romero, e na recolha da tradição oral de toda a região que abraça a baía de Pemba.

É seu autor Luís Alvarinho nascido em Pemba em 1959. (1)

Este jovem que na sua meninice por certo correu pela orla das ondas, colheu búzios na praia do Wimbe, bebeu sumo dos cajus, trincou maçanicas e jambalão: e na sua juventude se sentou frente aos microfones do Emissor Regional de Cabo Delgado, cativado pela magia e o poder da Rádio: este jovem, também ele elemento de mudanças políticas, inicia com o livro "PEMBA, SUA GENTE, MITOS E A HISTÒRIA – 1850 / 1960", datado de 1991, um caminho de pesquisa etnográfica e política das terras de Cabo Delgado – Pemba – nos séculos XIX e XX.

Da recolha oral conta o autor uma terna história que transcrevo:

" em anos muito recuados da nossa história a baía de Pemba era frequentada apenas por alguns pescadores malgaches e swailis que em suas pequenas lanchas e pangaios arrecadavam o alimento sem nunca ali se fixarem.

Conta então uma antiga lenda que por essa altura uma de tais embarcações apanhada por um temporal naufragou tendo como sobrevivente uma mulher que se viu obrigada a procurar algum refúgio nas proximidades da baía.

A mulher importante ( NUNO em língua local ) conseguiu sobreviver e montar aí a sua guarita.

Naturalmente conotada a NUNO pelos pescadores como "mensageira divina" demonstrando que a zona poderia ser perfeitamente habitada, ela fê-los seguir o seu exemplo."

Esta obra com a qual me congratulo, não apenas pelo valor que tem, é uma pedra angular no espaço das letras moçambicanas.

Como o próprio autor diz em nota introdutória, "este trabalho não tem pretenções de um rigor histórico, como talvez se possa interpretar. A pesquisa histórica com certa sistematização poderá, isso sim, permitir identificar as raízes do local e da sua gente...

A principal motivação para este empreendimento, foi precisamente a de preservar a tradição oral de Pemba, já bastante perdida."

(1) – Foi meu aluno no ensino secundário e faleceu alguns anos depois de ter escrito este livro histórico a que se refere esta crónica. - Glória de Sant'Anna .

(Transferência de arquivos do sitio "Pemba" que será desativado em breve)

5/26/08

Glória de Sant'Anna - FELIZ ANIVERSÁRIO !

(Clique na imagem para ampliar)
No aniversário da poetisa do mar azul de Pemba, referência de muitos de nós que fomos seus alunos, aqui deixo um abraço ainda quente e com saudades... PARABÉNS PROFESSORA GLÓRIA DE SANT'ANNA !

6/01/08

Baía de Pemba - A mais bela entre as belas...

(Imagem original daqui. Clique na imagem para ampliar)
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Não é novidade. Mas é de justiça!
Repito o tema e transcrevo na íntegra do DN de hoje:
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A baía de Pemba é bela !
A baía de Pemba, situada na província de Cabo Delgado, passou a integrar o restrito clube das mais belas baías do mundo, um projecto nascido em 1997 e que visa preservar e promover internacionalmente espaços de grande beleza na ligação entre a terra e o mar.
Pemba é a terceira maior baía do mundo, mais de 40 km de extensão, numa área de quase 150 km2 de superfície diversa, com estuários e mangais, superada, apenas, pelas baías de Guanabara (Brasil) e Sydney (Austrália).
Antiga zona de Porto Amélia, na época colonial, foi atingida pela primeira vaga colonial portuguesa em 1857 (um grupo de 60 colonos minhotos, embarcados no Tejo no navio Angra, uma das referências históricas nas terras de macuas, macondes e muanis) quando ali chegou liderada por um tenente da armada, Romero de seu nome, ainda hoje referenciado na ponta sul da boca de entrada da baía, tendo a oposta o nome do interlocutor dele na época, o régulo Said Ali.
De Pemba é, também, Rui Andrade Paes, pintor, famoso desde o momento em que assinou as gravuras de Pipas de Massa, um livro infantil de Madonna, e da terra onde nasceu e cresceu guarda o fascínio "por anatomias e texturas", fixado "nos animais da tradição africana, que caminham e falam com consciência humana", e reconhece que ali, em Pemba, a luz lhe ensinou "a clareza das coisas". Ficou, para sempre, "com mente europeia e coração africano", e não são raras as referências a esse ilustre filho da baía de Pemba.
Silva Barros-Diário de Notícias OnLine - 01/06/08
.
Alguns post's anteriores deste blogue sobre o a bela Baía de Pemba:
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 1 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 2 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 3 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 4 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas...5 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas II - 18OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas III- Histórias e lendas - 20OUT2007 - Aqui !
  • Ecos da Imprensa Moçambicana - Pemba e o turismo... - 28ABR2008 - Aqui !
  • Ecos da Imprensa Moçambicana - Nunca é demais repetir... - 29ABR2008 - Aqui !

Algumas páginas virtuais da Família Andrade Paes:

  • Glória de Sant'Anna - a poetisa do mar azul de Pemba - Aqui !
  • A Arte de Inez Andrade Paes - Aqui !
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4/05/05

Moçambique - Cabo Delgado - anos cinquenta...


Transferindo "post" do ForEver Pemba 3:

Vamos a Palma... - Glória de Sant'Anna

Vamos. Vamos rodando mais para o norte no que se considera o melhor carro para solavancos - o pequeno e útil 'carocha'.
É tempo seco. O perigo do matope não existe. Há sim a paisagem intensa de verdes e de água plana apenas mormurante do rio com nenúfares lilazes. E os pássaros gritadores colorindo de riscos de fulgor o largo espaço aberto.
A baixa do M'salo preocupa-me porque é uma enorme extensão percorrida por caça grossa que ali vem beber ao pôr do sol, desafiando os olhos sornas dos grandes crocodilos.
Mas o pôr do sol vem muito longe ainda.
(É hora dos animais beberem. Ninguém sai de casa. - digo eu algumas vezes às crianças.)
Pára-se para o batelão puxado por cordas. Sai-se. Há uma grandiosidade de princípio do mundo no silêncio de mil olhos escondidos.
Algo me identifica com o sangue vegetal vibrante e vivo.
Já alguém reparou que nos troncos rugosos há uma aura suave de calor?
"Disseste alguma coisa?"
"Não. Não disse."
Está passado o M'salo e os rastos dos animais nas margens.
São ravinas, agora. Terreno onde a luz chispa vagamente, e que os antílopes eoutros, vêm lamber porque é área de sal e gema. Uma vez por outra juntam-se em manadas e saciam-se.
Terra de macondes. Os artistas guerreiros cujas mulheres faladoras e descontraídas de repente me sorriem. E algumas aconchegando-se, apalpam o pano do meu vestido para ver como é. E conversam. E riem.
Nas mais novas o disco de pau preto ainda pequeno inserido no lábio superior, dá-lhes uma expressão de amuo.
(Foi em Pemba que vi o primeiro maconde. Novo, alto, de rosto tatuado e sorriso largo aberto sobre os dentes em serrilha.
Olhou os quadros dos pintores brancos postos nas paredes, com uma seriedade curiosa.
Aliás ele tinha sido convidado a ver outra forma de arte. E frente a um óleo estendeu a mão e percorreu a textura. Um dedo cauteloso e atento.
Ele, como eu, ouviu a explicação breve do dono da casa sobre técnicas e formas e materiais usados pelos artistas em concepções de estética.
Dias depois voltou sempre com aquela maneira de sorrir, trazendo a mulher tão nova como ele, bonita e de rosto liso.
E como marco de um ínicio de amizade, ofereceu um pequeno jacaré de marfim que esculpira na missão cristã onde estudou.)
Em casa do chefe de posto somos convidados a comer e a ficar. (Este hábito africano de portas abertas para a hospitalidade).
A dona da casa tem olhos verdes e cabelo preto encaracolado. Nasceu-lhe há pouco o primeiro filho.
"Palma é a solidão, é o extremo de tudo. Estou cansada. Tão cansada que nem pode supôr" - diz ela que na manhã seguinte na praia de areia muito fina, me adverte num sobressalto nervoso:
"Nunca se sente debaixo de um coqueiro! Um côco maduro cai sozinho!"
Há risadas espontâneas.
Quantos anos passaram já desde que os palmares são meus conhecidos? A sombra das longas folhas, a casca fibrosa do fruto melhor do que uma escova para dar brilho ao chão, a magnífica e fresca 'água do lenho' - bebida do côco verde.
A conversa incide sobre assuntos diversos: o decorrer dos dias; contentamentos; e descontetamentos, que não levarão muito tempo a surgir à tona da estrutura social.
Um cipaio aproxima-se dizendo que andam elefantes por perto.
"Vamos afugentá-los para não destruirem as culturas", diz o chefe de posto. "Alguém quer vir?"
Eu deixo-me ficar com Elsa sempre queixosa, mas que tem um bom senso de humor.
Continuo na tranquilidade da praia fresca de sabor salgado em terra de macondes, de entre os quais poucos anos depois e em tempo de guerra haverá um novo amigo escultor.

(In Ao Ritmo da Memória - recolha de algumas crónocas publicadas no jornal Letras & Letras do Porto)
Posted by Hello

11/24/06

Poesia do momento...



PERGUNTAS

à minha angústia

1 - eu só quero saber
em que flor se abre o teu sorriso
agora

2 - em que brisa o teu cabelo anda
perdido

3 - em que horizonte moras

Extraído do livro "Algures no Tempo" de autoria da poetisa do mar azul de Pemba, Glória de Sant'Anna.
Leia mais sobre Glória de Sant'Anna aqui:

http://br.geocities.com/andradepaes/

5/26/10

Glória de Sant'Anna - POEMA DA SOLIDÃO DO VENTO

É o vento.

O vento vivo e claro
que percorre e não prende
o corpo nu das árvores.

É o vento.

O vento que se inclina
junto às portas fechadas
e tateia as vidraças
com longos dedos de ágata.

É o vento.

O vento que se humilha
- e partirá tão só
como à chegada.

- Glória de Sant'Anna, “Um Denso Azul Silêncio”.

10/07/06

Exposição de aguarelas de Rui Andrade Paes (de Pemba).


Não faltem.
A não perder.
Exposição de aguarelas originais do livro de Madonna "Pipas de Massa" por Rui Andrade Paes (de Pemba) no Teatro Nacional de São Carlos de 17 a 26 de Outubro das 13 às 19 horas.
A inauguração é no dia 16 às 21 horas...
Pena que estou longe, deste lado do mar !
===========================
"Post" deste blog de 28/04/2005 (http://foreverpemba.blogspot.com/2005/04/rui-paesoutro-nome-de-pemba-em.html#links):
O Rui Andrade Paes (Filho da poetisa do mar azul de Pemba, Glória de Sant'Anna e irmão da também artista plástica Inez Andrade Paes ) ilustrou o próximo livro infantil da Madonna, que irá sair no próximo dia 1 de Junho.
Eis aqui a referência à notícia no DN:
Texto integral: http://www.jtm.com.mo/news/20050404/08jet-7.htm
...“Desde há uns cinco anos, muitos editores a apostam na ilustração”, refere, salientado, aí, o papel da Bedeteca e do Salão de Lisboa na divulgação de talentos portugueses “O ilustrador tem vindo a ganhar um estatuto que já lhe permite partilhar a autoria de um livro com quem o escreve.” Um reconhecimento que passa fronteiras: Madonna escolheu o português Rui Paes para ilustrar o seu próximo livro Pipa de Massa, com edição marcada para 1 de Junho.
© JTM/Diário de Notícias
Imagem de autoria de Rui Paes, ilustrativa do livro:
http://www.madonnaonline.com.br/novosite/livros/lotsa.jpg
Imagem da capa do Livro:
http://www.mad-eyes.net/news/2005/05_03b.htm#pic
ou
http://www.amazon.com/exec/obidos/tg/detail/-/0670058882/ref=ase_madeyes-20/104-2467809-1160744?v=glance&s=books
O livro vai-se chamar em Português "Pipa de Massa".
Esperamos para a semana um artigo na revista Visão...

4/17/05

Notas no tempo... 1


Posted by Hello (imagem de emblema usado pelos pilotos da "OCAPA" cedido pela Família Andrade Paes)

ou simples homenagem...

Jornal "Diário de Lourenço Marques" de 23/09/1966

Nota da Semana


A NOSSA RAZÃO CONCRETIZA-SE !
-TURISTAS EM PORTO AMÉLIA!


Estiveram em Porto Amélia alguns turistas, vindos das Ilhas Comores.

O facto poderia passar despercebido, já que quem tinha obrigação para amparar estas iniciativas queda-se no mais absoluto comodismo e, deste modo, eram mais uns estrangeiros que nos visitavam... e tudo ficaria por aí.

Mas não. Já há muitos anos que, nestas colunas, temos pugnado pelo desenvolvimento turístico de Porto Amélia, porquanto ninguém poderá contestar que a capital de Cabo Delgado é uma das cidades da Província de Moçambique que mais condições oferece — em muitos aspectos — para dar aos estrangeiros condições ideais para as suas férias.

Estar a enumerar esses aspectos, escusado será. Todos os conhecem de sobejo.

É certo que falta um hotel em condições para receber os visitantes, mas com boa vontade — como agora sucedeu — tudo se resolve a contento e todos regressaram ao ponto de partida radiantes e maravilhados com o que viram e da forma como foram tratados.

Os turistas invadiram a cidade e não deixaram de adquirir as mais variadas lembranças no comércio.

Partiram com saudade e prometeram voltar. Outros virão dentro em breve.

Para tudo isto, temos que felicitar o Sr. Afonso Henrique Andrade Pais*, Director da «OCAPA» que, sem qualquer colaboração especial, deu início a uma tarefa em que muitos pessimistas não acreditavam e com ela soube granjear a melhor propaganda para Porto Amélia.

Os visitantes viajaram num avião especial da «Air-Comores», que trabalha em colaboração com a «OCAPA»."

In “DIÁRIO” de Lourenço Marques – 23/09/1966 – Jaime Ferraz Gabão**

*Afonso Henrique Andrade Paes - O Arquitecto Afonso Henriques Andrade Paes, natural de Válega (da família Soares Paes, comerciantes em Ovar), formado na Escola de Belas Artes do Porto, casado com a poetisa e escritora Glória de Sant’Anna, partiu aos 25 anos para Moçambique. Ali fez trabalhos da sua especialidade em Nampula, cidade onde viveu dois anos e fez o seu 1° projecto de construção civil, e em Porto Amélia, para onde partiu, a pedido do Governador, que lhe encomendou um projecto de casas sociais.Em Porto Amélia constituiu a sua empresa (A.H.A.P) de Arquitectura, Engenharia e Construção. Foi, portanto, dedicado “construtor” da cidade que é hoje PEMBA.

**Jaime Ferraz Rodrigues Gabão - Natural da cidade de Peso da Régua-Portugal, tesoureiro até 1975 de empresa algodoeira SAGAL sediada na então Porto Amélia, era também correspondente em Cabo Delgado do jornal Diário de Lourenço Marques, onde mantinha uma página semanal com notícias daquela região de Moçambique. Colaborou e foi correspondente de diversos jornais moçambicanos e portugueses. Faleceu em Portugal dia 18 de Junho de 1992 na sua cidade natal – Peso da Régua .
-CONTINUA... ... ...

4/10/07

Desde Porto Amélia: A Avó "Jóia"...


Tributo
Durante 24 anos, foi a 9 de Abril que lhe cantei os parabéns. À Avó Jóia, como lhe chamavam os netos - e as crianças não mentem. - É a Pessoa de que mais me orgulho de descender.

Mulher, num mundo de homens. Melhor (como já aqui contei), Mulher inteira, apesar do mundo para os homens que a lei da ditadura protegia. Agradeço, mais uma vez, esta fotografia ao jovem oficial que cumprimenta a minha avó materna na então Porto Amélia. Chama-se Fernando Gil, o ‘macua’, como é conhecido na net.
Continuamos na capital de Cabo Delgado, em 1971, segundo depreendo do ficheiro que a Inez me passou, no dia em que, tão espantadas como maravilhadas, descobrimos que havia uma certa Amiga comum... para a Inez e para o Rui, contou-me ela, a Professora (de Desenho) Adelaide Maltez* foi peça importante no caminho de Artistas que hoje são. Já agora falta dizer que, lá no canto ao fundo da mesa onde a Sub-Directora da Escola Comercial Jerónimo Romero discursa, estão os pais dos manos Andrade Paes - a Professora de Inglês era nem mais nem menos do que a enorme Poeta Glória de Sant’Anna. * nome de baptismo, foi, também T.R. e, depois, Bastos de casamento(s).
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Adelaide Marques Maltez, 9 de Abril de 1908 - 19 de Janeiro de 1981.
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adenda: acabo de me lembrar que, nesta escola (JR), tinha a alcunha de 'mariposa' por, incansável, andar sempre de um lado para o outro - e se não for só este o motivo, os ex-alunos que corrijam.
Transcrito do "Chuinga L. "
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- Meu recado para a IO -...crescemos, amadurecemos, continuamos sensíveis ao passado na então Porto Amélia... Assim, foi fácil, comemorando através do teu "ChuingaL.", emocionar-me ao rever a "Mestra" que esculpiu a personalidade de muitos de nós com o cinzel de seu terno coração e a habilidade de seu sorriso transigente.
Nunca a esqueceremos e também aqui permanecerá (se me permites) enquanto durar o ForEver PEMBA !
Jaime

4/05/05

Uma viagem na OCAPA...


Transferindo "post" do ForEver Pemba 3:

"Moçambique - Cabo Delgado - anos sessenta - Glória de Sant'Anna
A noite está tranquila de mar manso que sussura. O silêncio instalou-se no trinar dos insectos. Tudo se prepara para o sono deslizante e indefeso.
O anúncio chega inesperado. Há feridos junto do Rovuma, o rio fronteira ao norte. Das transmissões pede-se incessantemente um avião da OCAPA (1). E a torre de controle do aeroporto, que se ergue pintada de muito feio a substituir já de cimento a antiga palhota do Alto Jingone, a torre mantém-se em "stand by".
A organização de carreiras aéreas tem a finalidade de manter rotas diárias de transporte de passageiros, bagagem e correio em todo o Cabo Delgado. E faz implicitamente a aproximação de populações isoladas no tempo das chuvas quando as estradas se tornam quase ribeiras ou passadeiras de matope. Quando toda a baixa do rio M 'salo se alaga e o batelão preso por cordas é uma jangada inútil.
Há pequenos campos de aviação e o cuidado de os manter operacionais.
Porém a OCAPA não foge a pôr no ar o transporte indicado para casos urgentes.
Mas qual dos pilotos acede a ir a esta hora pelo escuro a dentro até à zona referida ?
Qualquer deles o fará. E vai o que é solteiro (2) que espontaneamente se oferece. É um excelente piloto e a camaradagem na orgânica da empresa é verdadeira.
A noite desdobra-se morna, preguiçosa, de uma beleza intensa e insensível.
Os apelos mantêm-se a um ritmo angustiado. Estão dadas as cordenadas do lugar. Não há grande extensão de campo aberto. Há árvores. O piloto não conhece o terreno.
O avião está na pista. Descola. O plioto pede o máximo de faróis, lampiões, luzes que iluminem o local e incidam na margem do Rovuma, no limite da água.
Mantém-se constante o contato pela rádio: frases breves. Interrupções. Perguntas.
O tempo toma uma pesadíssima e incalculável medida.
E do meio da noite o aviso: "É aqui. Vou aterrar. Seja o que Deus quiser."
.. ..
Pela madrugada é o regresso. A ambulância espera.
Todos estão cansados.
Cansados os que intervieram neste voo cego.
Cansados os que todos os dias ao nascer do sol olham o fio branco do horizonte e com raiva ou amargura mas sem palavras, votam ao fim da guerra.
=============
(1) - Organização de carreiras Aéreas de Porto Amélia, empreendimento pioneiro da iniciativa do Arquitecto Andrade Paes. Operava com dois monomotores e um bimotor "mininor". Fazia também intercâmbio com os aviões bimotor da empresa de Mr. Lebret (das Ilhas Comores), para promoção do turismo en tre Moçambique e essas Ilhas.
(2) - José Quental - ex piloto da Força Aerea Portuguesa.

(In Ao Ritmo da Memória - recolha de algumas crónicas publicadas no jornal Letras & Letras do Porto)

Posted by Hello

12/08/13

RIP Virgílio de Lemos!

Recebido de um Amigo, via e-mail:

Faleceu o grande poeta moçambicano, natural da ilha do Ibo, Virgílio de Lemos, ontem, em Paris. Pela mão de outra grande poeta (poetisa) de Cabo Delgado, Glória de Sant'Anna pude "conhecer", em Pemba, a poesia daquela grande figura das Letras. Leiam este lindo poema escrito,em 1995, em Pemba/Ibo, "Ibo, eu calo a minha pena". - Assina JNC.
Clique na imagem para ampliar

Virgílio de Lemos nasceu na Ilha do Ibo em Cabo Delgado - Moçambique em 1929. Cresceu e estudou entre Lourenço Marques e Joanesburgo. É uma das figuras fundamentais da poesia moçambicana, ao lado de Rui Knopfli e José Craveirinha. Fundador da revista de poesia Msaho em 1952, que simboliza a ruptura com a literatura colonial. No seu primeiro número figuram Noémia de Sousa, Reinaldo Ferreira e Alberto Lacerda. A sua obra conta poemas, contos e crónicas, e um estudo sobre o "barroco estético" na literatura de Moçambique. Ele teve uma parte activa na vida política e na resistência ao regime colonial entre 1958 e 1963, altura em que opta pelo exílio em França. O seu livro de poesia, Para fazer um mar, editado pelo Instituto Camões foi lançado a 31 de Maio 2001 na Feira do Livro de Lisboa, com prefácio de Luís Carlos Patraquim. - In António Miranda, Setembro de 2009.
  • Notícia do falecimento de Virgílio de Lemos em "PÚBLICO"

11/17/07

Relembrando a Empresa de Táxis Aéreos OCAPA - Parte 3

(Clique na imagem para ampliar)
Fotos cedidas por Inez Andrade Paes.
.
OCAPA III - Alguns dados disseminados pelos arquivos deste blogue ao longo do tempo e que servirão de apontamento para a história da aviação cívil em Cabo Delgado:
.
...O anúncio chega inesperado.
Há feridos junto do Rovuma, o rio fronteira ao norte.
Das transmissões pede-se incessantemente um avião da OCAPA.
E a torre de controle do aeroporto, que se ergue pintada de muito feio a substituir já de cimento a antiga palhota do Alto Jingone, a torre mantém-se em "stand by".
A organização de carreiras aéreas tem a finalidade de manter rotas diárias de transporte de passageiros, bagagem e correio em todo o Cabo Delgado.
E faz implicitamente a aproximação de populações isoladas no tempo das chuvas quando as estradas se tornam quase ribeiras ou passadeiras de matope. Quando toda a baixa do rio M 'salo se alaga e o batelão preso por cordas é uma jangada inútil.
Há pequenos campos de aviação e o cuidado de os manter operacionais.
Porém a OCAPA não foge a pôr no ar o transporte indicado para casos urgentes...
(Do texto "Uma viagem na OCAPA" de Glória de Sant'Anna).
.
Se possuir informações, documentos, notícias que possam contribuir para informar e registrar o que foi e o que é Pemba - Cabo Delgado em Moçambique, poderá enviar-nos pelo e.mail gotaelbr@yahoo.com.br.
Colocamos o espaço virtual deste blogue à disposição.

8/07/05

A poesia de um Rosto...



Posted by Picasa

...rosto que desperta saudade, ternura e vontade de abraçar.

DELENDA GLÓRIA

eis-me solta de todas as amarras
da canga a que forcei o pensamento
de novo imersa nesta pura água
em que me identifico e apresento

limpa dos sulcos de súbitas grades
a que me expus de rosto claro e isento
- medida consciente para a mágoa
que é do tempo sem horas o sustento

de novo as mãos abertas e sem nada
estendidas à ternura do momento
a cada dia pronto que me alaga

de novo tão adulta como o vento
completa dentro desta pura água
por onde me procuram e me ausento

Glória de Sant'Anna - livro de poesias Amaranto

Mais poesias da poetisa do mar azul de Pemba em:
http://geocities.yahoo.com.br/andradepaes/

(Autor da foto - Artur Silva/Agosto-2005)

4/29/05

Rui Paes...outro nome de Pemba em destaque nas artes...


Posted by Hello (Ilustração de Rui Andrade Paes)

O Rui Andrade Paes (Filho da poetisa do mar azul de Pemba, Glória de Sant'Anna e irmão da também artista plástica Inez Andrade Paes ) ilustrou o próximo livro infantil da Madonna, que irá sair no próximo dia 1 de Junho.
Eis aqui a referência à notícia no DN:
...“Desde há uns cinco anos, muitos editores a apostam na ilustração”, refere, salientado, aí, o papel da Bedeteca e do Salão de Lisboa na divulgação de talentos portugueses “O ilustrador tem vindo a ganhar um estatuto que já lhe permite partilhar a autoria de um livro com quem o escreve.” Um reconhecimento que passa fronteiras: Madonna escolheu o português Rui Paes para ilustrar o seu próximo livro Pipa de Massa, com edição marcada para 1 de Junho.
© JTM/Diário de Notícias
Imagem de autoria de Rui Paes, ilustrativa do livro:

Imagem da capa do Livro:
ou
O livro vai-se chamar em Português "Pipa de Massa".

Esperamos para a semana um artigo na revista Visão...
Para nossa alegria ninguém "segura" esta Família Andrade Paes !!!!!!!!!!!!!!!!!!!

7/17/06

Pemba - Três irmãs ficam paralíticas depois do parto (2)



Dizem-nos, com sentimento, ainda sobre este "post" (Três irmãs ficam paralíticas depois do parto) de 6 de Julho corrente:

"...e as lágrimas apareceram quando vi a notícia do Burai.
Sabes que desde que voltei a primeira vez a Pemba fui procurá-lo e encontrei-o no Hotel Cabo Delgado a fazer de mainato, o que passámos para encontrá-lo....foi nosso cozinheiro era eu pequenita...andamos a procurar saber como arranjar cadeiras de rodas para as filhas.
Sabes que parece que ficaram assim por causa das injecções que levaram no parto.
É outro grande problema em Moçambique, as agulhas para a anestesia epidural, que só podem ser usadas uma vez e deitadas fora porque são de um material plástico e ficam rombas, usam-nas mais que uma vez e provocam paralisia...foi-me contado por uma médica amiga que esteve no hospital central de Maputo...
=========
De Glória de Sant'Anna para Burai Salihina (referido nos "posts" acima) :
quando chegaste vinhas
hesitando
como quem corta o vento
-
não sabendo
se haveria lugar
para o que querias
-
o sossego da casa
as frases breves
de uma outra língua
-
mas hoje anos passados
sentas-te ao sol coado
na varanda
lendo o teu alcorão
-
sem que ninguém te impeça
de seres um dia chefe
e de quereres fazer serviços de homem
para sujar as mãos
-
In "Algures No Tempo".